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Cristãos e Democracia - Igor Miguel PDF
Cristãos e Democracia - Igor Miguel PDF
Igor Miguel1
Importante observar que esta crise, que no caso brasileiro, se tornou evidente durante as
manifestações de junho de 2013, seguem uma tendência global a reboque do Occupy
Movement (Wall Street em 2011). Tais manifestações apontam para uma incredulidade
radical em relação às instituições políticas que se mostram impotentes ante o lobby e a
pressão de grandes corporações financeiras, o fenômeno conhecido por capitalismo de
estado. Neste caso, o estado que, em tese, deveria ser o ente político responsável pela
garantia da justiça pública, é instrumentalizado para favorecer interesses privados.
Como a maioria dos países ocidentais, o Brasil, enquanto república federativa, adota um
regime democrático representativo. Neste caso, representantes políticos são eleitos por
sufrágio universal, isto é, os eleitores têm a liberdade de votar nos candidatos que melhor
se alinham com suas sensibilidades e demandas políticas. Assim, são escolhidos por uma
quantidade majoritária de votos os diferentes representantes para o exercício de suas
funções públicas nas instâncias do poder executivo e legislativo.
Todo período eleitoral parece que cristãos, em geral, experimentam um tipo de tensão,
pois de fato, se por um lado prestam devoção radical ao senhorio de Cristo, não podem
ignorar que vivem uma república em que indivíduos de várias crenças residem sob um
regime democrático e um estado laico. Enquanto cidadãos, cristãos têm o direito (no caso
do Brasil, obrigação) ao papel cívico de comparecer às urnas e exercer o “poder do voto”.
Então, em um esforço para lidar com a tensão da dupla cidadania - cidadãos da Cidade
de Deus e da Cidade dos Homens - algumas questões são fundamentais: o que é
democracia? Como cristãos deveriam agir em um Estado Democrático de Direito?
1
Teólogo, pedagogo e mestre em letras (língua hebraica) pela USP. Pastor na Igreja Esperança em Belo
Horizonte - MG, entusiasta do Movimento Mosaico, co-autor do livro Igreja Sinfônica e vice-presidente da
AKET (Associação Kuyper).
1
O que é democracia?
Há ampla e histórica discussão sobre a natureza da democracia. Como alguém que
aprecia política apenas como um teólogo interessado nos desdobramentos públicos de fé
cristã, reservo-me a uma definição básica, para a partir dela, caminhar em direção a
alguns princípios que possam dar fôlego a nosso papel cristão na república.
1. Sufrágio universal
Ampla participação popular e igualitária de todos os membros de uma comunidade
política em idade adulta, independente de sexo, religião ou adesão partidária, em
condições racionais, podem participar na eleição de seus representantes políticos, por
meio do voto.
4. Eleições Competitivas
O processo eleitoral deve ser realizado sob ampla, livre e justa competição entre os
candidatos. Ficando a cargo de cada candidato o direito de exporem as razões de sua
candidatura e seu respectivo projeto ou intento para o exercício do poder. Desta forma, os
eleitores terão condições de escolher os que melhores representam suas sensibilidades
ou interesses políticos.
5. Liberdade de Expressão
Em sociedades democráticas, há uma ampla valorização do direito humano à opinião
pública, a livre consciência e a expressão de sua visão e inclinação política. Ninguém
2
pode ser coagido ao silêncio ou sofrer algum tipo de censura ou repressão por se
posicionar publicamente sobre assuntos diversos, mesmo que o mesmo, vá em direção
contrária à posição de outro membro da comunidade política. Claro, que há limites para
tal liberdade, pois por razões óbvias, ela não pode ferir o princípio da dignidade alheia em
termos da lei.
“Nós, seres humanos, somos criaturas finitas. Não podemos fazer tudo. A vida em
comunidade, especialmente numa comunidade ampla, demanda certa divisão do
trabalho… mesmo se fosse possível para quase todas as pessoas dedicarem parte
3
das suas energias à vida política, elas jamais seriam capazes de se especializar
suficientemente nela.”2
2
Koyzis, David. Visões & Ilusões Políticas: uma análise & crítica cristã das ideologias contemporâneas. São
Paulo: Vida Nova, 2014. p.174-175.
3
Em as Origens do Totalitarismo.
4
Sou democrata porque creio na queda do homem. Creio que a maioria das
pessoas são democratas pela razão contrária… O ser humano é tão caído que
nenhum deles é confiável no exercício não-verificável de poder sobre seu próximo.4
As razões porque um cristão deveria ser um democrata são diferentes da maioria das
pessoas. Cristãos optaram por uma percepção não-ingênua do ser humano, e
consequentemente, exigem daqueles que exercem poder alternância e prestação de
contas:
Reinhold Niebuhr opta por uma dupla antropologia, reconhecendo por um lado as
capacidades humanas que podem beneficiar uma dada sociedade, mas por outro, por
causa de sua falibilidade, a necessidade de alternância e controle democráticos dos que
exercem o poder representativo: “A capacidade humana para a justiça faz a democracia
possível; porém, a inclinação humana para a injustiça faz a democracia necessária." 6
Como alerta Robert P. Krayna8, por causa do princípio de antítese e a evidente tensão
entre a “Cidade de Deus” e a “Cidade dos Homens”9, não se deve equalizar (sintetizar)
cristianismo e democracia. Entretanto, inspirados na noção reformada de providência
histórica, há teólogos públicos que insistem que a distinção (antítese) não pode ser
4
Trecho do artigo de C.S. Lewis intitulado “Equality” publicado na revista britânica “The Spectator” em 27 de
Agosto de 1943, disponível em: http://archive.spectator.co.uk/article/27th-august-1943/8/equality
5
Koyzis, p. 152.
6
Niebuhr, Reinhold. The Children of Light and the Children of Darkness. Chicago: The University of Chicago
Press, 2011. p. xxxii (tradução nossa).
7
Trecho do comentário do livro de Samuel por João Calvino citado em Kuyper, Abraham. O Calvinismo. São
Paulo: Cultura Cristã, 2004.
8
Kraynak, Robert P. Christian Faith and Modern Democracy: God and Politics in the Fallen World. Notre
Dame: Notre Dam Press, 2016.
9
Terminologia utilizada na famosa obra “Civitas Dei” (Cidade de Deus) de Santo Agostinho.
5
superestimada. Esta precaução se deve ao fato de que a democracia ocidental seria
inviável sem Cristo e o cristianismo.
James K.A. Smith em seu recente livro Awaiting the King, inspirado nos trabalhos de
Oliver O’Donovan10, insiste na necessidade de uma genealogia das raízes cristãs da
democracia ocidental. Nas palavras de O’Donovan:
Considere que foi da liturgia, do púlpito e da missão cristã que se espalhou o “Evangelho
do Reino” que afirmava que Jesus Cristo é o kyriós (Senhor), esta mensagem que custou
a vida de mártires em arenas e duras perseguições a cristãos, corroía qualquer
10
Resurrection and Moral Order, The Desire of the Nations e The Ways of Judgment
O’Donovan, Oliver. The Desire of the Nations: rediscovering the roots of political theology. Cambridge:
11
1. Tentação Constatinianista
Cristãos concebem seres humanos como portadores de dignidade, mas também, como
seres moralmente corruptíveis. Combinado a isto, cristãos também possuem um telos
(propósito) escatológico, a esperança bíblica que aponta para a “Nova Jerusalém que
Desce do Céu”, mas que não é produzida por iniciativa humana, seja individualista ou
coletivista.
Sendo assim, toda tentativa de impor uma sociedade teocrática deve ser resistida por
cristãos por causa da doutrina da queda e seu horizonte escatológico. Abraham Kuyper,
no programa político de seu partido13, adiciona ainda duas razões bem práticas:
Não desejamos uma teocracia; ao contrário, nos opomos a isso com todas as
nossas forças, e por duas razões óbvias: (1) Onde quer que o governo da igreja foi
estabelecido, ele sempre terminou em tirania e corrupção de um povo. (2) Faltam
à igreja os dons necessários, para fornecer leis à sociedade civil, que sejam
derivadas de um evidente conhecimento e entendimento da vida civil.14
12
Smith, James K.A. Awaiting the Kingdom: reforming public theology. Grand Rapids: Baker Academic,
2017. p. 111 (tradução nossa).
13
Anti-Revolutionaire Partij (Partido Anti-Revolucionário) que perdurou entre 1879-1980, antes de fundir-se
com
14
Kuyper, Abraham. Our Program: a Christian political manifesto. Belllingham: Lexham Press, 2015
(tradução nossa).
7
partir da igreja. Claro que isso é muito diferente de se considerar que cristãos e o
cristianismo têm muito a contribuir com esfera pública, como já vimos. Para Kuyper o que
não pode ocorrer é um controle eclesiástico da sociedade, o que feriria a noção reformada
de laicidade estatal.
James K.A. Smith em matéria no Washington Post16 levantou uma séria objeção à
proposta de Dreher, alegando que o autor foi alarmista, e que não há nada no cenário
cultural contemporâneo que não seja familiar, como observa R.R. Reno, “nossos tempos
são como qualquer outra época histórica entre a ascensão de Cristo aos céus e seu
retorno em glória: uma complicada combinação de tendências entre bem e mal.”17 Smith
insiste: “falta esperança cristã”, então a opção deve ser não se retirar da arena pública,
mas encará-la com prudência, neste caso, a opção não é beneditina, mas agostiniana18.
3. Tentação Secularista
Com raízes no iluminismo (séc. XVII), o secularismo é um fenômeno em que a dimensão
religiosa é pressionada a se manter segregada à vida privada, e por esta razão, não deve
estar envolvida em questões de natureza pública. Um cristão secularizado é aquele que
se nega - a partir da cosmovisão cristã ortodoxa - a se posicionar em questões da vida
comum em sociedade. Importante mencionar, que esse é um comportamento comum
15
O anabatismo, identificado com o que se chama de reforma radical, tendia a criar uma separação radical
entre estado e a igreja. Resultado de uma ênfase exagerada na devoção pessoal, resultando um tipo de
espiritualidade indiferente em relação às questões públicas. Recomenda-se o capítulo de autoria do
neo-anabatista Thomas W. Heilke sobre o separatismo anabatista no livro multiautoral “Five Views on the
Church and Politics”.
16
The New Alarmism: how some Christians are stoking fear rather than hope.
https://www.washingtonpost.com/news/acts-of-faith/wp/2017/03/10/the-new-alarmism-how-some-christians-a
re-stoking-fear-rather-than-hope/?utm_term=.3a2cbb86ee28
17
Benedict Option https://www.firstthings.com/article/2017/05/benedict-option
18
The Benedict Option or the Augustinian Call?
https://www.cardus.ca/comment/article/the-benedict-option-or-the-augustinian-call/
8
entre progressistas e anabatistas retirantes. H. Richard Niebuhr19, pode ajudar aqui, a
diferença é que cristãos de inclinação anabatista se ausentam por verem “Cristo contra a
cultura” e progressistas insistem em um “Cristo da cultura”. Ou seja, estes ao perceberem
claras ofensas do cristianismo ortodoxo à cultura dominante, ignoram, ressignificam ou
re-imaginam o cristianismo a partir das exigências simbólicas e morais do zeitgeist.
Uma vez que seres humanos possuem aquilo que Herman Dooyeweerd denominava de
“impulso religioso inato do ego”21, não há como evitar a dimensão religiosa em questões
públicas. Roy Clouser sintetiza o assunto nos seguintes termos:
19
Niebuhr, H. Richard. Christ and Culture. New York: Harper & Row, 1975.
20
Koyzis, 2014, p.32-33.
21
Dooyeweerd, Herman. No Crepúsculo do Pensamento: estudos sobre a pretensa autonomia do
pensamento filosófico. São Paulo: Hagnos, 2010. p.82.
22
Clouser, Roy A. The Myth of Religious Neutrality: an essay on the hidden role of religious belief in theories.
Indiana: Notre Dame Press, 2005. p. 96.
23
Taylor, Charles. Modern Social Imaginaries. Durhan: Duke University Press, 2004. p.23.
9
Uma recomendação política propositiva de ativismo evangélico em contextos
democráticos exige uma retomada daquilo que forma o imaginário social cristão, ou seja,
sua cosmovisão.
Depois de Cristo, é evidente a todo cristão que a história caminha para um propósito
derradeiro, quando todas as coisas serão restauradas, e desfrutarão do fulgor e da glória
de Deus pela eternidade. Nesse dia, o governo de Deus será providencialmente
estabelecido (Ap. 21) independente de qualquer esforço político-histórico. Diferente de
Babel (Gn 11), esta “pátria celestial” (Hb 11:16) não será produzida por livre iniciativa ou
forças revolucionárias, antes virá como resultado dos feitos de Deus em Jesus de Nazaré.
Evangélicos esperam por uma realidade dada, não construída, edificada pela graça divina
e não por obras humanas.
Tais cristãos assemelham-se a Noé, que era ‘justo e íntegro entre seus contemporâneos’
(Gn 6:9), ou como Davi, que ‘serviu sua própria geração’ (At 13:36). Evitando as
tentações que os segregam ou assimilam culturalmente, eles se mantêm enraizados a
uma comunidade interpretativa e formativa (a igreja), onde são formados e re-encantados
com a narrativa criação-queda-redenção. E, ao fim desses encontros litúrgicos25
regulares, são enviados em missão ao mundo, onde cumprem seus diversos papéis
sociais (pai, mãe, profissional, cidadão etc) marcados por uma profunda identidade cristã,
conscientes de seu sacerdócio e mandato de ser imagem de Deus26 na Civitas Mundi.
24
Hunter, James D. To Change the World: the irony, tragedy & possibility of Christianity in the late modern
world. Oxford: Oxford University Press, 2010.
25
Smith, James K.A. Você é Aquilo que Ama: o poder espiritual do hábito. São Paulo: Vida Nova, 2017.
26
Middleton, Richard J. The Liberating Image: The Imago Dei in Genesis 1. Grand Rapids: Brazos Press,
2005.
10
Resumida a narrativa que dá sentido ao modo como evangélicos operam no mundo
presente, pode-se agora, considerar alguns princípios para a participação evangélica em
contextos democráticos.
Depois de apresentar essas três teorias cristãs pela democracia, Chaplin faz uma síntese
entre elas, propondo uma abordagem cristã mais robusta de democracia. A noção cristã
reformada de soberania divina fornece um profundo senso de providência: Deus institui a
autoridade política (Rm 13:4), e de maneira compatibilista, cristãos consentem com a
decisão tomada pelo voto, mesmo que seu candidato não tenha ganhado. Para se evitar a
indiferença, e inspirado em noções defensivas, cristãos reforçam e apóiam movimentos e
instituições de cobrança, contextos de controle social, instituições democráticas, jurídicas
e investigativas, para apurar casos de abuso, corrupção e irresponsabilidades políticas. E,
finalmente, baseado na noção de sacerdócio comum de todos os santos, participam e/ou
apóiam iniciativas da sociedade civil para melhoramento da vida comum. Exigindo o papel
das autoridades e instituições públicas na garantia da justiça pública, bem como,
encorajando iniciativas não-estatais para o melhoramento da vida comum, principalmente,
aos mais vulneráveis.
Cristãos: coragem!
No cenário brasileiro, não raras vezes, nos deparamos com a “feiúra” da participação de
alguns cristãos no cenário político. O discurso é pouco polido, mas, nem sempre
incompatível com valores cristãos fundamentais no conteúdo. Pastores públicos que
27
Considero aqui a participação política de cristãos que não são políticos profissionais. Me preocupo aqui
com o impacto da identidade cristã sobre o papel do cristão enquanto cidadão.
28
Chaplin, Jonathan. Christian Justifications for Democracy. In.: Ethics in Brief. Vol. 11 No.3. Autumn 2006.
11
vociferam sua defesa contra a legalização do aborto ou pautas relacionadas à
disseminação da ideologia de gênero, aparentam pouco preparo retórico e elegância para
a defesa de ideias na ágora. Mas, é inegável que seus argumentos, em grande medida,
baseiam-se em princípios caros ao cristianismo. E, mais, muitos acabam tendo os meios
e a coragem de se posicionarem contra projetos antropológicos e civilizatórios
(ingenuidade quem acha que a questão é só chatice moralista evangélica) que possuem
pouca capacidade de produzir exatamente as virtudes que são tão necessárias para a
vida em sociedades plurais como a brasileira.
Smith (sob clara influência de Charles Taylor) levanta um problema sério: “Uma sociedade
secularizada, pós-cristã, crescentemente antirreligiosa, possui as fontes (comunidades
formativas) para engendrar as disposições/virtudes necessárias para uma ‘unidade
modesta’ e um pluralismo tolerante?”29. Duvido! Ironicamente, os movimentos que mais
afirmam a pluralidade são os mesmos que corroem as instituições necessárias para a
formação daquelas virtudes que são fundamentais para o convívio em sociedades plurais
e democráticas. Em outras palavras, nenhum movimento cultural, política educacional ou
pública podem formar virtudes como tolerância, paciência, amor sacrificial, misericórdia,
generosidade e senso de responsabilidade. Quem pode então?
Nesse momento, é necessário coragem. Se por um lado, trabalha-se pelo bem comum,
por outro, é fundamental afirmar que muitos dos benefícios desfrutados pelas
democracias ocidentais seriam inimagináveis sem a influência do cristianismo. Deve-se
deixar claro a singularidade de contextos religiosos, particularmente a igreja cristã, em
formar e fornecer as virtudes necessárias ao convívio e o ativismo democráticos. No lastro
de O’Donovan, considere que muitas das virtudes cívicas não são meramente fornecidas
pela graça comum, mas produzidas pela pregação, o discipulado, o evangelho e o culto
cristão, elas procedem da graça especial. É na dinâmica do contexto do encontro
comunitário cristão que se encontra o DNA do que há de melhor em sociedades
democráticas.
29
Smith, 2017, p. 147 (tradução nossa).
12
duelo constante com os campeões de outros campos e deve provar sua
mesmo se
superioridade moral triunfando estritamente em uma batalha espiritual…
uma igreja de ateus desejar estabelecer-se, ela deve ser tolerada. Nenhuma
proteção especial, mas também nenhum impedimento ou repressão.30
Kuyper não está sendo generoso demais, é que ele tinha uma profunda noção calvinista
de providência, e que uma vez que cristãos estivessem livres do controle estatal
(favorecendo-os ou coagindo-os), a igreja, e somente ela, se encarregaria de defender a
plausibilidade pública de sua fé, liberdade que deveria ser igualmente garantida a outras
comunidades credais. Pode-se dizer que esta é uma típica noção reformacional de
pluralismo democrático.
Conclusão
Enfim, cristãos carecem de mais sobriedade e de mais educação em sua visão de mundo.
Eles devem ser discipulados no evangelho e na realidade do senhorio de Cristo. Precisam
reconhecer que, por mais difícil que as coisas estejam neste momento, ainda se vive, por
graça, sob um estado democrático de direito. Já vimos como este regime político desfruta
de influência cristã em suas raízes, por isso, não se deve temer o debate, o ativismo e a
articulação democrática. Ao contrário, esse direito além de garantido por lei, é também um
chamado, ao menos no exercício de um voto responsável.
O ativismo político cristão não deve perder o horizonte da prudência, e que, a melhor
coisa que cristãos podem oferecer a essa sociedade são pessoas cheias do Evangelho,
que sejam virtuosas e éticas em suas escolhas, e principalmente, ativas em sua
participação no fortalecimento da sociedade civil e na supervisão do poder estatal em sua
função de garantir a justiça pública. Cristãos devem evitar o triunfalismo, a indiferença e a
secularização, mais isso exigirá presença cristã pública que seja missional e fiel ao Trino
Deus em todas as esferas da vida humana.
30
Kuyper, 2015, posição 1524 (Kindle Version) - tradução nossa.
31
https://www.facebook.com/notes/igreja-na-rua/doze-teses-sobre-o-pluralismo-social/403574646417698/
32
Our Program, 2015.
13