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NR-10 SEP - Curso Complementar

de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)
NR-10-SEP - Curso Complementar de
Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

Macaé, RJ
Abril 2017
Nome do NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Curso Elétrico de Potência (SEP)

Nome do
20170403_AP_SEP_PT_REV02
Arquivo
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Elétrico de Potência (SEP)

ÍNDICE
1. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA ........................... 10
1.1. PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ....................................................... 10
1.2. TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉTRICA .................................................... 11
2. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .............................................................. 13
2.1. PROGRAMAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS ............................... 13
2.2. DEFINIÇÕES.......................................................................................... 13
2.3. TRABALHO EM EQUIPE .......................................................................... 33
2.4. PRONTUÁRIO E CADASTRO DAS INSTALAÇÕES ..................................... 34
2.5. COMUNICAÇÃO ..................................................................................... 35
3. ASPECTOS COMPORTAMENTAIS ............................................................ 36
3.1. TEORIA DE MASLOW – A HIERARQUIA DAS NECESSIDADES ................. 36
3.2. O FATOR HUMANO NO ACIDENTE .......................................................... 37
3.3. UMA ANÁLISE DE RISCO DEFICIENTE OU INCOMPLETA ........................ 38
4. CONDIÇÕES IMPEDITIVAS PARA SERVIÇOS ......................................... 40
4.1. PROCEDIMENTOS .................................................................................. 40
4.2. CUIDADOS PRELIMINARES ................................................................... 41
4.3. CHEGANDO AO LOCAL DE SERVIÇO ....................................................... 41
5. RISCOS TÍPICOS NO SEP E SUA PREVENÇÃO ........................................ 44
5.1. PROXIMIDADE E CONTATOS COM PARTES ENERGIZADAS ..................... 44
5.2. INDUÇÃO .............................................................................................. 45
5.3. DESCARGAS ATMOFÉRICAS ................................................................... 46
5.4. ESTÁTICA ............................................................................................. 48
5.5. CAMPOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS ..................................................... 51
5.6. DISRUPÇÃO .......................................................................................... 54
5.7. FUSÍVEIS E DISJUNTORES .................................................................... 54
5.8. COMUNICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO ........................................................ 56
5.9. TRABALHOS EM ALTURA ....................................................................... 57
6. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO NO SEP ............................................. 61
6.1. RISCOS ................................................................................................. 61
6.2. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO (APR) ................................................ 63
6.3. CHECK LIST ........................................................................................... 63
7. PROCEDIMENTOS DE TRABALHO – ANÁLISE DE DISCUSSÃO ................ 64
8. TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO ................................................. 65

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8.1. EM LINHA VIVA ..................................................................................... 65


8.2. AO POTENCIAL ...................................................................................... 68
8.3. TRABALHO À DISTÂNCIA ...................................................................... 68
8.4. TRABALHOS NOTURNOS ........................................................................ 70
8.5. AMBIENTES SUBTERRÂNEOS................................................................. 70
9. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO .................................. 72
9.1. CLASSIFICAÇÃO DAS FERRAMENTAS E OU EQUIPAMENTOS.................. 73
10. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA ....................................................... 74
10.1. COBERTURAS E PROTEÇÃO.................................................................... 74
10.2. COBERTURA PARA POSTES.................................................................... 74
10.3. COBERTURAS PARA CONDUTOR E ISOLADOR DE PINO ATÉ 46KV ......... 75
10.4. COBERTURAS PARA CONDUTOR, ISOLADOR DE PINO E SUSPENSÃO ATÉ
15KV 75
10.5. COBERTURAS PARA CRUZETA ............................................................... 76
10.6. COBERTURAS PARA CHAVE FUSÍVEL ..................................................... 76
10.7. MANTA DE BORRACHA (LENÇOL INTERIÇO / LENÇOL SEMI-PARTIDO) . 76
10.8. COBERTURA FLEXÍVEL PARA CONDUTOR .............................................. 77
11. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ........................................ 77
11.1. LUVAS DE PROTEÇÃO E COBERTURA ..................................................... 77
11.2. LUVAS DE BORRACHA (PARA LINHA VIVA) ........................................... 78
11.3. MANGAS DE BORRACHA ........................................................................ 78
12. POSTURAS E VESTUÁRIO DE TRABALHO ............................................... 79
12.1. DADOS DE EXPOSIÇÃO AO ARCO ELÉTRICO .......................................... 79
12.2. REQUISITOS DA NFPA 70E .................................................................... 79
12.3. EXIGÊNCIAS DA OSHA .......................................................................... 80
13. SEGURANÇA COM VEÍCULOS E TRANSPORTE DE PESSOAS, MATERIAIS E
EQUIPAMENTOS ............................................................................................... 80
13.1. LOCAL DE GUARDA E ACONDICIONAMENTO .......................................... 80
13.2. TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS NO VEÍCULO
81
14. SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DE ÁREAS DE TRABALHO ....................... 81
14.1. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA .............................................................. 81
15. LIBERAÇÃO DE INSTALAÇÃO PARA SERVIÇO E PARA OPERAÇÃO E USO 82
15.1. LIBERAÇÃO PARA SERVIÇOS................................................................. 82
16. TREINAMENTO EM TÉCNICAS DE REMOÇÃO, ATENDIMENTO E

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TRANSPORTE DE ACIDENTADOS ...................................................................... 83


17. ACIDENTES TÍPICOS – ANÁLISE, DISCUSSÃO E MEDIDAS DE PROTEÇÃO
94
18. RESPONSABILIDADES ........................................................................... 97
18.1. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR NAS RELAÇÕES DE
TRABALHO ....................................................................................................... 97
18.2. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR POR ATO DO
EMPREGADO .................................................................................................... 98
19. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................... 101

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REGRAS FALCK
 Respeite todos os sinais de advertência, avisos de segurança e instruções;
 Roupas soltas, jóias, piercings etc. não devem ser usados durante os
exercícios práticos;
 Não é permitido o uso de camiseta sem manga, “shorts” ou minissaias,
sendo obrigatório o uso de calças compridas e de calçados fechados;
 Terão prioridade de acessar o refeitório, instrutores e assistentes;
 Não transite pelas áreas de treinamento sem prévia autorização. Use o EPI
nas áreas recomendadas;
 Os treinandos são responsáveis por seus valores. Armários com cadeado e
chaves estão disponíveis e será avisado quando devem ser usados. A FALCK Safety
Services não se responsabiliza por quaisquer perdas ou danos;
 O fumo é prejudicial à saúde. Só é permitido fumar em áreas previamente
demarcadas;
 Indivíduos considerados sob o efeito do consumo de álcool ou drogas ilícitas
serão desligados do treinamento e reencaminhados ao seu empregador;
 Durante as instruções telefones celulares devem ser desligados;
 Aconselha-se que as mulheres não façam o uso de sapato de salto fino;
 Não são permitidas brincadeiras inconvenientes, empurrões, discussões e
discriminação de qualquer natureza;
 Os treinandos devem seguir instruções dos funcionários da FALCK durante
todo o tempo;
 É responsabilidade de todo treinando assegurar a segurança do treinamento
dentro das melhores condições possíveis. Condições ou atos inseguros devem ser
informados imediatamente aos instrutores;
 Fotografias, filmagens ou qualquer imagem de propriedade da empresa,
somente poderá ser obtida com prévia autorização;
 Gestantes não poderão realizar os treinamentos devido aos exercícios
práticos;
 Se, por motivo de força maior, for necessário ausentar-se durante o período
de treinamento, solicite o formulário específico para autorização de saída. Seu período de
ausência será informado ao seu empregador e se extrapolar o limite de 10% da carga
horária da Disciplina, será motivo para desligamento;
 A Falck Safety Services garante a segurança do transporte dos treinandos
durante a permanência na Empresa em veículos por ela designados, não podendo ser
responsabilizada em caso de transporte em veículo particular;
 Os Certificados/Carteiras serão entregues à Empresa contratante. A entrega
ao portador somente mediante prévia autorização da Empresa contratante. Alunos
particulares deverão aguardar o resultado das Avaliações e, quando aprovados,
receberem a Carteira do Treinamento;
 Pessoas que agirem em desacordo com essas regras ou que
intencionalmente subtraírem ou danificarem equipamentos serão responsabilizadas e
tomadas às providências que o caso venha a exigir.

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DIRETRIZES GERAIS DO CURSO

 Quanto à Estruturação do Curso


O candidato, no ato da matrícula, deverá apresentar à instituição que vai ministrar
o curso, cópia e o original (para verificação) ou cópia autenticada dos seguintes
comprovantes:
 Atestado de boas condições de saúde física e mental;
 RG e CPF originais.

 Quanto à Frequência às Aulas


a) A frequência às aulas e atividades práticas são obrigatórias.
O aluno deverá obter o mínimo de 90% de frequência no total das aulas ministradas no
curso. Para efeito das alíneas descritas acima, será considerada falta: o não
comparecimento às aulas, o atraso superior a 10 minutos em relação ao início de
qualquer atividade programada ou a saída não autorizada durante o seu
desenvolvimento.

 Quanto à Aprovação no Curso


Será considerado aprovado o aluno que:
 Obtiver nota igual ou superior a 6,0 (seis) em uma escala de 0 a 10 (zero a
dez) na avaliação teórica e alcançar o conceito satisfatório nas atividades
práticas.
 Tiver a frequência mínima exigida (90%).
 Caso o aluno não cumpra as condições descritas nas alíneas acima, será
considerado reprovado.

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1. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA

A indústria de energia elétrica tem as seguintes atividades clássicas:


• Produção;
• Transmissão;
• Distribuição;
• Comercialização.
Sendo que esta última engloba a medição e faturamento dos consumidores.
Em muitos casos, como o de fornecimento de energia elétrica para as residências, a
atividade de comercialização é realizada juntamente com a de distribuição. Entre a
produção da energia elétrica até o seu consumo final existe um longo caminho pelo
qual a energia elétrica é transportada, o qual é composto pelas redes de transmissão e
de distribuição. Entre as redes de transmissão e de distribuição existe, em muitas
situações, uma outra rede com a função de repartir a energia. Esta rede intermediária é
chamada de “rede de subtransmissão”.
Ao conjunto das instalações e equipamentos que se prestam para a geração
(conversão de uma dada forma de energia em energia elétrica) e transmissão de grandes
blocos de energia dá-se o nome de sistema elétrico de potência.

1.1. PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A energia elétrica pode ser obtida de diversas formas. Normalmente as fontes


de energia elétrica ditas convencionais são as usinas hidrelétricas de grande porte (com
potência acima de 30 MW) e as usinas termelétricas movidas a carvão mineral, óleo
combustível, gás natural ou nucleares, consumindo neste último caso o urânio
enriquecido. Como fontes alternativas de energia elétrica existem uma gama de
possibilidades, incluindo energia solar fotovoltaica, usinas eólicas, usinas utilizando-se
da queima da biomassa (madeira e cana de açúcar, por exemplo), pequenas centrais
hidrelétricas, e outras fontes menos usuais como as que utilizam a força das marés.
A maior parte da energia elétrica gerada no Brasil é proveniente de usinas
hidrelétricas. O Brasil apresenta um grande potencial hidráulico para a geração de
energia elétrica. Uma parte deste potencial se encontra aproveitada. Há atualmente
mais de 110 usinas hidrelétricas em funcionamento. Por outro lado, há muitos locais nos
quais essa modalidade de energia primária ainda pode ser explorada, principalmente na
Amazônia.
Nas grandes usinas geradoras o nível de tensão na saída dos geradores está
normalmente na faixa de 6 a 25 kV.
No caso das hidrelétricas e termelétricas os geradores são do tipo síncrono
operando na frequência nominal de 60 Hz, que é a frequência dos sistemas elétricos
brasileiros. Observa-se que as máquinas da maior usina do Brasil, a Usina de Itaipu-
Binacional, do lado paraguaio funcionam em 50 Hz, mas são interligadas por um sistema
de corrente contínua com a região Sudeste do Brasil. Conversores retificadores são
utilizados para produzir a corrente contínua em Foz do Iguaçu - PR, enquanto que em
Ibiúna-SP há inversores para produzir a corrente alternada.
A tensão de saída dos geradores é ampliada a níveis mais altos por meio dos

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transformadores elevadores das usinas. Isto é feito para viabilizar as transmissões à


média e longa distâncias, diminuindo-se desta forma, a corrente elétrica e, portanto
possibilitando o uso de cabos condutores de bitolas razoáveis, com adequados níveis de
perdas joule e de queda de tensão ao longo das linhas de transmissão.

1.2. TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉTRICA

TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉTRICA

Junto às usinas, subestações elevadoras transformam a energia para um nível de


tensão adequado, o qual é função da potência a transportar e às distâncias envolvidas. O
transporte de energia é realizado por diferentes segmentos da rede elétrica que são
definidos com base na função que exercem:

Transmissão: redes que interligam a geração aos centros de carga;


Interconexão: interligação entre sistemas independentes;
Subtransmissão: rede para casos onde a distribuição não se conecta a transmissão,
havendo estágio intermediário de repartição da energia entre várias regiões;
Distribuição: rede que interliga a transmissão (ou subtransmissão) aos pontos de
consumo sendo subdividida em distribuição primária (nível de média tensão - MT) ou
distribuição secundária (nível de uso residencial).
As tensões usuais de transmissão adotadas no Brasil, em corrente alternada,
podem variar de 138 kV até 765 kV incluindo neste intervalo as tensões de 230 kV, 345
kV, 440 kV e 500 kV.
Os sistemas ditos de subtransmissão contam com níveis mais baixos de tensão,
tais como 34,5 kV, 69 kV ou 88 kV e 138 kV e alimentam subestações de distribuição,
cujos alimentadores primários de saída operam usualmente em níveis de 13,8 kV. Junto
aos pequenos consumidores existe uma outra redução do nível de tensão para valores
entre 110 V e 440 V, na qual operam os alimentadores secundários.
As redes com tensões nominais iguais ou superiores a 230 kV são denominadas de

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Redes em EHV - Extra Alta Tensão e no Brasil formam a chamada rede “Básica” de
transmissão. As redes com tensões nominais iguais e entre 69 kV e 138 kV são
denominadas Redes em AT – Alta Tensão.
As redes com tensão nominal entre 1 kV e 69 kV são denominadas Redes em MT
– Média Tensão (ou em Tensão Primária) e os sistemas com tensões abaixo de 1 kV
formam as Redes em Baixa Tensão (ou em Tensão Secundária). No Brasil existe um
sistema que opera em corrente contínua, o Sistema de Itaipu, com nível de tensão de ±
600 kVDC.
Para se escolher transmissão entre sistemas de corrente alternada ou corrente
contínua são feitos estudos técnicos e econômicos. Sistemas de corrente contínua
começam a se mostrar viáveis para distâncias acima de 600 ~ 800 km.
No caso de transmissão em corrente alternada, o sistema elétrico de potência é
constituído basicamente pelos geradores, estações de elevação de tensão, linhas de
transmissão, estações seccionadoras e estações transformadoras abaixadoras.
Na transmissão em corrente contínua a estrutura é essencialmente a mesma,
diferindo apenas pela presença das estações conversoras junto à subestação elevadora
(para retificação da corrente) e junto à subestação abaixadora (para inversão da
corrente) e ainda pela ausência de subestações intermediárias abaixadoras ou de
seccionamento.
As linhas de transmissão em corrente contínua apresentam custo inferior ao de
linhas em corrente alternada enquanto que as estações conversoras ainda apresentam
custo relativamente alto, portanto a transmissão em corrente contínua somente se
mostra vantajosa em aplicações específicas como na interligação de sistemas com
frequências diferentes ou para transmissão de energia a grandes distâncias.
A necessidade de sistemas de transmissão em tensão superior à de geração e de
distribuição se deve a impossibilidade de transmitir diretamente, mesmo em distâncias
relativamente pequenas, a potência elétrica gerada nas usinas, pois as correntes seriam
elevadas e as quedas de tensão e as perdas de potência na transmissão inviabilizariam
técnica e economicamente as transmissões. Esse problema é tanto mais grave quanto
maior for à distância de transmissão e quanto maior for a potência a ser transmitida.
Com a elevação da tensão, a potência gerada nas usinas (que é função do produto da
tensão pela corrente) pode ser transmitida com correntes inferiores às de geração, o que
viabiliza a transmissão.
Um fator importante na minimização dos custos de transmissão e de distribuição
está ligado à escolha da seção dos cabos condutores das linhas, ou seja, de sua
resistência ôhmica. Como o custo das linhas (e do sistema de transmissão) aumenta
de forma linear com a seção condutora e as perdas ôhmicas (e, portanto o seu custo)
variam com o inverso da seção dos condutores, existe um ponto de mínimo custo, que
corresponde à seção condutora ótima.
Os consumidores, individualmente, requerem potências inferiores às transmitidas.
Portanto, são previstas estações abaixadoras nas quais as tensões de transmissão são
transformadas para níveis compatíveis com as cargas que vão alimentar regionalmente.
Observa-se que as pequenas potências de distribuição transportadas por circuitos aéreos
ou subterrâneos nas ruas ou avenidas são adequadas às baixas tensões, também por
questões de segurança.

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2. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

2.1. PROGRAMAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS

O objetivo deste procedimento é estabelecer as diretrizes básicas de Segurança do


Trabalho a serem seguidos nas tarefas de operação, conservação e manutenção de
equipamentos em Redes de Distribuição Aérea Energizadas, (Linha Viva) de modo a
prevenir e controlar as causas que possam provocar acidentes, sendo também muito útil
como material didático para uso pelos Técnicos Supervisores como fonte de consulta.
As Normas e Procedimento descritos a seguir possibilitam um melhor
acompanhamento dos princípios de trabalho, através de um melhor planejamento e
acompanhamento dos serviços.
Esta normalização de métodos possibilita:
• Uma melhor avaliação de desempenho de uma equipe.
• Uma melhor inspeção de segurança relativamente à execução dos trabalhos
• A sistematização do treinamento e reciclagem dos componentes das equipes.

2.2. DEFINIÇÕES

Esclarecimentos de alguns conceitos ou termos utilizados neste material:

MT - Média Tensão, redes de distribuição trifásica, bifásicas ou mesmo monofásicas,


normalmente com tensões entre 750 volts e 34500 volts;
BT - Baixa Tensão, redes trifásicas, bifásicas e monofásicas com tensões até 750 Volts;
Liner - Protetor de polietileno colocado dentro das cestas aéreas de fibra de vidro para
proporcionar uma segurança a mais aos eletricistas contra acidentes elétricos e
mecânicos;
À Distância - Os eletricistas trabalham em locais que são considerados no potencial de
terra, ou seja, se posicionando em escadas executando todo o serviço usando
ferramentas e equipamentos adequados;
Ao Contato - Os eletricistas ficam em potencial intermediário, isolados dos potenciais
de terra e da rede, executando as tarefas ao contato, através de cestas aéreas ou
plataformas, usando ferramentas e equipamentos adequados;
By-pass - É a interligação provisória entre pontos da mesma fase para dar continuidade
ao circuito elétrico;
Jumper – É a continuidade do condutor, que faz interligação entre pontos da mesma
fase para dar continuidade ao circuito elétrico;
Taco - É a interligação feita entre a fase de circuito elétrico e um equipamento (chaves
fusíveis, interruptores de circuitos, para-raios, transformadores, derivações de circuitos
etc.);
Corrente Elétrica - Podemos dizer que é o movimento dos elétrons através de um
material condutor. Símbolo => I ou i, Unidade => Ampère- A. ex: 10 A;
Tensão ou Voltagem – Pode-se dizer que é a força responsável pelo deslocamento da
corrente elétrica. Símbolo => V ou E, Unidade => Volts- V. ex: 127 V;

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Resistência - Pode-se dizer que é a oposição à passagem da corrente elétrica no


condutor. Símbolo => R, Unidade Ohm. Ex: 2 Ohm;
Potência - Pode-se dizer que é a quantidade de calor dissipada numa resistência
quando da passagem de uma corrente elétrica. Símbolo => P, Unidade => Watts W ou
hp. Ex: 1600 W ou 2 hp;
Frequência - Pode-se dizer que é relacionada ao número de vezes que a corrente
elétrica muda de sentido em um circuito elétrico. Símbolo => F, Unidade -> Hertz, Hz ou
Ciclo. Ex: 60 Hz;
Transformador - Pode-se dizer que é uma máquina estática que transfere energia
elétrica de um circuito para outro, através da indução eletromagnética modificando os
valores de tensão e corrente.

O potencial elétrico e o campo elétrico

As expressões potencial elétrico e campo elétrico parecem sinônimas, soam muito


parecidas. São, porém, conceitos diferentes, se referindo a diferentes grandezas
elétricas.
A grandeza com a qual mais lidamos no dia a dia é o conhecido Volt, que é uma
medida de potencial elétrico.

O Volt
Potencial elétrico_ V= J/ C

Definição prática:
Isto significa que um potencial elétrico de 220V consegue impor uma energia de
220J a cada Coulomb de carga sob sua influência.

Exemplos práticos:
Por exemplo, sob 220V, 2 Coulombs receberão uma energia de 440J.
220V= 440J/ 2C

Sob 220V, 0,5 Coulombs receberão uma energia de 110J.


220V= 110J/ 0,5C

Sob 55V, 2 Coulombs receberão uma energia de 110J.


55V= 110J/ 2C

Analogias mecânicas:
Pode-se fazer uma analogia com uma ladeira. Imagine uma ladeira bem inclinada,
com uma descida bem íngreme, digamos de 10 metros de altura (um prédio de 3
andares) em apenas 2 quarteirões, ou seja, 5 metros por quarteirão. Se deixarmos uma
camionete de 3 toneladas descer solta nesta ladeira, ela ao final se chocará com algum
obstáculo e produzirá uma energia “x”. Se deixarmos um caminhão de 9 toneladas
descer solto nesta ladeira, ele ao final se chocará com algum obstáculo e produzirá uma
energia “3x”.

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Conclusões:
Daí pode-se concluir que o potencial elétrico só realiza trabalho em presença de
uma carga a ser acelerada. Sem carga a ser acelerada, a voltagem permaneceria
inalterada pelos milênios, como uma ladeira bem inclinada, mas sem nenhum veículo
para descer por ela.

O Volt/ m
Campo elétrico_ E= N/ C

Transformações:

TRANSFORMAÇÕES

Definição prática:
Isto significa que um campo elétrico de 220V/m consegue aplicar uma força de
220N a cada Coulomb de carga sob sua influência a uma distância de 1m.

Analogias mecânicas:
Pode-se aqui também fazer uma analogia com uma ladeira. Imagine uma ladeira
cuja inclinação varie com a posição. A 1m da origem ela tem uma inclinação “x”, a 2m
sua inclinação cai à metade, a 4m cai à metade novamente e assim por diante. Se
deixarmos um carro solto nesta ladeira, ele acelerará sempre, mas conforme se afasta
da origem sua aceleração diminuirá (embora a velocidade sempre aumente).
Conclusões:
Daí pode-se concluir que o campo elétrico a princípio não chega a definir o total de
energia ou de trabalho realizado, apenas determina qual força elétrica atuará sobre uma
carga a cada distância da origem.
Considerações gerais
Condições perigosas nos circuitos elétricos

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As seguintes condições podem ocorrer nos circuitos elétricos:

• Curto-circuito – Contato ou ligação intencional e ou acidental entre dois pontos


de diferentes tensões elétricas de um circuito, através de impedância relativamente
insignificante;
• Corrente de curto-circuito – Sobrecorrente que resulta de um contato através de
impedância relativamente insignificante entre diferentes pontos energizados e que
apresentam uma diferença de potencial quando em funcionamento normal. Ocorre
quando o isolamento de um condutor energizado se estraga; na abertura lenta das
chaves, provocando um arco longo que pode saltar para terra ou outra fase; provocada
por manuseio descuidado de ferramentas metálicas ou pelo contato de um condutor
energizado com a terra ou com uma outra fase. Nessas condições, a resistência natural
do circuito é evitada pela corrente, que deste modo passará livremente e com tal
intensidade que provoca aquecimentos elevados, abertura de arco, incêndios, explosões
e destruição dos elementos por onde passa, a menos que os equipamentos de proteção
entrem imediatamente em ação interrompendo a correspondente corrente de curto-
circuito;
• Energização acidental de estruturas – Ocorre quando um condutor energizado nu
ou com isolamento comprometido encosta numa árvore, num poste, numa cruzeta ou em
qualquer estrutura condutora que não esteja adequadamente ligada à terra. Para evitar
acidente por contato humano com essas estruturas energizadas acidentalmente deve-se
onde for possível, ligar-se à terra firmemente e de modo intencional as carcaças e demais
estruturas energizáveis com o propósito de proteger os operadores no caso de ocorrer
comprometimento no isolamento ou queda da fixação de algum condutor que possa vir a
encostar nessas estruturas. A mesma ligação deve ser feita nas carrocerias das cestas
aéreas dos guindautos e outros equipamentos que estejam auxiliando no serviço, junto
às redes energizadas;
• Sobrecarga – Cada condutor pode ser percorrido por uma determinada corrente
até certo valor em ampères sem se aquecer demasiadamente. Passando este limite, seu
aquecimento aumenta rapidamente e pode se tornar perigoso. Conclui-se, portanto que
a corrente de um circuito não pode ultrapassar certo valor; se for além, isto é, se houver
o que se chama sobrecarga, o perigo deve ser afastado pelos fusíveis que se fundem
ou pelos equipamentos de proteção que operam, interrompendo assim a corrente de
sobrecarga;
• Contato defeituoso ou mau contato – Ao ligar um condutor a outro ou a um
equipamento e ao ligar uma chave de faca, se não houver um contato perfeito e firme
nas conexões, ocorre aquecimento que pode causar acidentes ou danos materiais;

Muitas condições anormais são detectadas por componentes de alarme ou de proteção e


são codificadas por uma tabela ANSI, reproduzida a seguir.

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1 Elemento principal – Dispositivo de inicialização como uma chave de


controle etc., que serve, diretamente ou através de dispositivos
permissivos como relés de proteção e temporizado, para colocar o
dispositivo em ou fora de operação.

2 Relé de partida ou fechamento temporizado – Dispositivo cuja função é


oferecer uma quantidade desejada de tempo antes ou depois de
qualquer ponto de operação em uma sequência de comutação ou
sistema do relé de proteção, exceto quando fornecido especificamente
pelas funções dos dispositivos 48, 62 e 79.

3 Relé de verificação ou intertravamento – Relé que opera em resposta à


posição de vários outros dispositivos (ou para um número de condições
predeterminadas) no equipamento para permitir que uma sequência de
operação avance, pare ou para fornecer uma verificação de uma
posição destes dispositivos ou condições para qualquer fim.

4 Contato principal – Dispositivo, geralmente controlado pela função do


dispositivo 1 ou equivalente e dispositivos de proteção e permissivos
requeridos, que serve para fechar e interromper os circuitos de
controle necessários para colocar o dispositivo em operação sob
condições desejadas e colocá-lo fora de operação sob condições
anormais.

5 Dispositivo de interrupção – Dispositivo de controle usado


principalmente para desligar o equipamento e mantê-lo fora de
operação. (Este dispositivo pode ser acionado de maneira manual ou
elétrica, mas exclui a função de travamento elétrico [consulte da
função do dispositivo 86] em condições anormais.)

6 Disjuntor de partida – Dispositivo cuja principal função é conectar a


máquina à sua fonte de tensão de partida.

7 Relé de taxa de variação – Relé que funciona em caso de uma variação


excessiva de corrente.

8 Dispositivo de desconexão da energia de controle – Dispositivo de


desconexão, como uma chave de faca, disjuntor ou bornes fusíveis
removíveis, usado para conectar e desconectar a fonte de tensão de
comando para e do barramento de controle ou equipamento. OBS:
Considera-se a tensão de comando para incluir alimentação auxiliar
que abastece estes equipamentos, como motores pequenos e
aquecedores.

9 Dispositivo de reversão – Um dispositivo que é usado para reverter um


campo da máquina ou para o desempenho de outras funções de

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reversão.

10 Chave de sequência das unidades – Chave que é usada para mudar a


sequência na qual as unidades podem ser colocadas dentro e fora de
serviço em equipamentos de unidades múltiplas.

11 Dispositivo multifunção

12 Dispositivo de sobrevelocidade – Frequentemente, uma chave de


velocidade conectada diretamente que funciona na sobrevelocidade da
máquina.

13 Dispositivo de rotação síncrona – Dispositivo como uma chave de


velocidade centrífuga, um relé de frequência de escorregamento, um
relé de tensão, um relé de baixa corrente ou qualquer tipo de
dispositivo que opera com aproximadamente a velocidade síncrona de
uma máquina.

14 Dispositivo de subvelocidade – Dispositivo que funciona quando a


velocidade de uma máquina diminui abaixo de um valor
predeterminado.

15 Dispositivo de ajuste ou comparação de velocidade ou frequência –


Dispositivo que funciona para ajustar e manter a velocidade ou a
frequência de uma máquina ou de um sistema igual ou
aproximadamente igual que outra máquina, fonte ou sistema.

16 Dispositivo de comunicação de dados

17 Chave de derivação ou descarga – Chave que serve para abrir ou


fechar um circuito de derivação ao redor de qualquer peça ou
equipamento (com exceção de um resistor), como um campo da
máquina, uma armadura da máquina, um capacitor ou um reator.
OBS: Isto inclui dispositivos que realizam estas operações de derivação
já que podem ser necessários no processo de partida de uma máquina
pelos dispositivos 6 ou 42 (ou seus equivalentes), e também exclui
função do dispositivo 73 que serve para a comutação dos resistores.

18 Dispositivo de aceleração ou desaceleração – Dispositivo que é usado


para fechar ou para gerar o fechamento de circuitos que são usados
para aumentar ou diminuir a velocidade de uma máquina.

19 Contator de transição partida-marcha – Dispositivo que opera para


iniciar ou gerar a transferência automática de uma máquina da partida
à conexão de tensão de execução.

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20 Válvula operada eletricamente – Válvula operada, controlada ou


monitorada eletricamente em uma linha de vácuo, gás, ar ou fluido.
OBS: A função da válvula pode ser indicada de maneira mais completa
pelo uso de sufixos, como discutido no ponto 3.2.

21 Relé de distância – Relé que funciona quando a admitância, a


impedância ou a reatância do circuito aumenta ou diminui além de um
valor predeterminado.

22 Disjuntor equalizador – Interruptor que serve para controlar ou para


fechar e interromper o equalizador ou as conexões de balanceamento
de corrente para um campo da máquina ou para um equipamento de
regulação em uma instalação de unidades múltiplas.

23 Dispositivo de controle da temperatura – Dispositivo que funciona para


aumentar ou abaixar a temperatura de uma máquina, de um
equipamento ou de qualquer meio quando esta temperatura diminui
abaixo ou aumenta acima de um valor predeterminado. OBS: Um
exemplo é um termostato que liga um aquecedor em um conjunto de
comutadores quando a temperatura cai abaixo do valor desejado. O
mesmo deve ser diferenciado de um dispositivo que é usado para
fornecer regulação automática da temperatura entre limites próximos e
poderia ser designado como função do dispositivo 90T.

24 Relé de sobreexcitação ou Relé de Volts por hertz – Relé que funciona


quando o índice de tensão para frequência excede um valor
predeterminado. O relé pode ter uma característica programada ou
instantânea.

25 Dispositivo de verificação de sincronismo ou sincronização – Dispositivo


que funciona quando dois circuitos CA estão dentro dos limites
desejados de frequência, ângulo de fase e tensão para permitir ou
gerar o paralelismo destes dois circuitos.

26 Dispositivo térmico do equipamento – Dispositivo que funciona quando


a temperatura do equipamento protegido (exceto a enrolamentos de
transporte de carga das máquinas e transformadores, como
mencionado pela função do dispositivo número 49) ou de um líquido ou
outro meio exceder um valor predeterminado; ou quando a
temperatura de um equipamento protegido ou qualquer outro meio
diminuir abaixo de um valor predeterminado.

27 Relé de subtensão – Relé que funciona quando a tensão de entrada é


menor do que um valor predeterminado.

28 Detector de chamas – Dispositivo que monitora a presença da chama

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piloto ou principal como em equipamentos com turbina a gás ou


caldeira.

29 Contator de isolamento – Dispositivo que é usado principalmente para


desconectar um circuito do outro em operações de emergência,
manutenção ou teste.

30 Relé anunciador – Dispositivo de reset não automático que fornece


diversas indicações visuais separadas sobre o funcionamento dos
dispositivos de proteção e que poderiam ser organizadas para realizar
uma função de travamento.

31 Dispositivo de excitação em separado – Dispositivo que conecta um


circuito, como um campo de derivação de um conversor síncrono, a
uma fonte de excitação separada durante a sequência de partida.

32 Relé direcional de potência – Relé que funciona em um valor


predeterminado do fluxo de tensão em uma determinada direção ou
em um fluxo de tensão reverso, como o resultante do ciclo de motor de
um gerador após a perda do seu motor principal.

33 Chave de posicionamento – Chave que fecha ou interrompe o contato


quando o dispositivo principal ou parte do equipamento que não possui
número de função do dispositivo atinge uma determinada posição.

34 Dispositivo master de sequência ou Dispositivo de inversão –


Dispositivo como uma chave de contatos múltiplos operada por motor
ou equivalente, ou um dispositivo de programação como um
computador, que estabelece ou determina a sequência de operação do
dispositivo principal no equipamento durante a partida e a parada ou
durante outras operações de comutação sequencial.

35 Dispositivo para operação das escovas ou para curto-circuitar os anéis


coletores – Dispositivo para elevar, abaixar ou desviar as escovas de
uma máquina, curtocircuitando seus anéis do coletor, ou conectando e
desconectando os contatos de um retificador mecânico.

36 Dispositivo de polaridade ou de tensão de polarização – Dispositivo que


funciona ou permite a operação de outro dispositivo apenas em uma
polaridade predeterminada ou verifica a presença de uma tensão de
polarização no equipamento.

37 Relé de subcorrente ou subpotência – Relé que funciona quando a


corrente ou fluxo de tensão diminui abaixo de um valor
predeterminado.

38 Dispositivo de proteção do mancal – Dispositivo que funciona na

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temperatura excessiva do mancal ou em condições mecânicas


anormais associadas ao rolamento como o desgaste indevido, que
poderia eventualmente resultar na falha ou na temperatura excessiva
do rolamento.

39 Monitor da condição mecânica – Dispositivo que funciona após a


ocorrência de uma condição mecânica anormal (exceto aquela
associada aos mancais como relatado na função do dispositivo 38),
como vibração excessiva, excentricidade, expansão, choque, balanço
ou falha do selo.

40 Relé de perda de excitação ou Relé de perda de campo – Relé que


funciona em um determinado valor ou anormalmente abaixo do
mesmo, ou na falha da corrente de campo da máquina, ou em um
valor excessivo do componente reativo da corrente da armadura em
uma máquina CA, indicando excitação de campo anormalmente baixo.

41 Disjuntor de campo – Dispositivo que funciona para aplicar ou remover


a excitação de campo de uma máquina

42 Disjuntor de operação normal – Dispositivo cuja principal função é


conectar a máquina à sua fonte de execução ou tensão de operação.
Esta função pode ser usada também para um dispositivo, como um
contator, que é usado em série com um disjuntor ou outro meio de
proteção contra falhas, principalmente para abertura e fechamento
frequente do circuito.

43 Dispositivo seletor ou transferência manual – Dispositivo operado


manualmente que transfere os circuitos de controle para modificar o
plano de operação do equipamento de comutação ou de algum dos
dispositivos.

44 Relé de sequência de partida das unidades – Relé que funciona para


iniciar a próxima unidade disponível no equipamento de unidades
múltiplas após a falha ou não disponibilidade da unidade normalmente
anterior.

45 Monitor da condição atmosférica – Dispositivo que funciona após a


ocorrência de uma condição atmosférica normal, como vapores
nocivos, misturas explosivas, fumaça ou fogo.

46 Relé de reversão ou balanceamento de corrente da fase – Relé que


funciona quando as correntes polifásicas são de sequência de fase
reversa, ou quando as correntes polifásicas estão desequilibradas ou
contêm componentes de sequência de fase negativos acima de um
determinado volume.

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47 Relé de reversão ou desbalanceamento de tensão ou Relé de sequência


da fase de tensão – Relé que funciona após um determinado valor
predeterminado de tensão polifásica na sequência de fase desejada,
quando as tensões polifásicas estão desequilibradas ou quando a
tensão da sequência de fase negativa excede um determinado volume.

48 Relé de sequência incompleta – Relé que normalmente retorna o


equipamento à posição normal ou off, e bloqueia caso a partida
normal, operação ou sequência de parada não foi concluída
corretamente dentro de um tempo predeterminado.

49 Relé térmico para máquina ou transformador – Relé que funciona


quando a temperatura de um enrolamento da armadura da máquina
ou outro enrolamento ou elemento de transporte de carga de uma
máquina ou transformador de tensão excede um valor predeterminado.

50 Relé de sobrecorrente instantâneo – Relé que funciona


instantaneamente em um valor excessivo de corrente.

51 Relé de sobrecorrente temporizado CA – Relé que funciona quando a


corrente de entrada CA excede um valor predeterminado, e em que a
corrente de entrada e o tempo de operação estão inversamente
relacionados através de uma porção substancial de uma faixa de
desempenho.

52 Disjuntor de corrente alternada – Dispositivo que é usado para fechar e


interromper um circuito de alimentação CA sob condições normais ou
para interromper este circuito sob falha ou condições de emergência.

53 Relé para excitador ou gerador CC – Relé que força a excitação do


campo da máquina CC para acumular durante a partida ou que
funciona quando a tensão da máquina acumulou em um determinado
valor.

54 Dispositivo de acoplamento ou Dispositivo de engate da engrenagem


rotativa – Dispositivo operado, controlado ou monitorado eletricamente
que funciona para que a engrenagem rotativa se engate (ou
desengate) ao eixo da máquina.

55 Relé de fator de potência – Relé que funciona quando o fator de


potência em um circuito CA aumenta acima ou cai abaixo de um valor
predeterminado.

56 Relé de aplicação de campo – Relé que controla automaticamente a


aplicação da excitação do campo em um motor CA em algum ponto
predeterminado no ciclo de escorregamento.

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57 Dispositivo para aterramento ou curtocircuito – Dispositivo de


comutação do circuito primário que funciona para curtocircuitar ou
aterrar um circuito em resposta a um meio manual ou automático.

58 Relé de falha de retificação – Relé que funciona se um retificador de


alimentação falhar em conduzir ou bloquear adequadamente.

59 Relé de sobretensão – Um relé que funciona quando a tensão de


entrada é maior do que um valor predeterminado.

60 Relé de balanço de tensão ou corrente – Relé que funciona em uma


determinada diferença de tensão ou na entrada ou saída de corrente
de dois circuitos.

61 Sensor ou chave de densidade – Dispositivo que funciona em um valor


determinado, ou em uma faixa de mudança determinada de densidade
de gás.

62 Relé de interrupção ou abertura temporizada – Um relé temporizado


que funciona em conjunto com o dispositivo que inicia a operação de
desligamento, parada ou abertura em uma sequência automática ou
sistema do relé protetor.

63 Relé de pressão de gás (Buchholz) ou Pressostato – Chave que


funciona em um determinado valor, ou em uma determinada faixa de
mudança de pressão.

64 Relé de proteção de terra – Relé que funciona em caso de falha da


máquina ou outro equipamento de isolamento a terra. OBS: Esta
função não é aplicada a um dispositivo conectado em um circuito
secundário de transformadores de corrente em um sistema de
alimentação aterrado normalmente, onde outros números de
dispositivo com o sufixo G ou N devem ser usados; ou seja, 51N para
um relé de sobrecorrente temporizado CA conectado em um neutro se

65 Regulador – Conjunto de equipamento de controle elétrico, mecânico e


de fluido usado para regular o fluxo de água, vapor e outro meio para
o motor principal para propósitos como partida, velocidade de espera
ou carga, ou parada.

66 Relé de supervisão do número de partidas ou Dispositivo de


intercalação ou escapamento de operação – Dispositivo que funciona
para permitir apenas um número específico de operações de um
determinado dispositivo ou equipamento ou um número específico de
operações sucessivas dentro de um determinado tempo de cada um. É
também um dispositivo que funciona para energizar um circuito
periodicamente ou por frações de intervalos de tempo, ou que é usado

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para permitir uma aceleração intermitente ou jogging de uma máquina


em velocidades baixas para o posicionamento mecânico.

67 Relé direcional de sobrecorrente CA – Relé que funciona em um valor


desejado de sobrecorrente CA fluindo em uma direção predeterminada.

68 Relé de bloqueio por oscilação de potência – Relé que inicia um sinal


piloto para bloquear o desarme em falhas externas em uma linha de
transmissão ou em outro equipamento sob condições predeterminadas,
ou que coopera com outros dispositivos para bloquear o desarme ou
para bloquear o fechamento em uma condição de fora de sincronismo
ou de oscilação da alimentação.

69 Dispositivo de controle permissivo – Normalmente, um dispositivo de


duas posições que em uma posição permite o fechamento de um
disjuntor ou a colocação de um equipamento em operação, e em outra
posição evita que o disjuntor ou o equipamento seja operado.

70 Reostato – Dispositivo de resistência variável usado em um circuito


elétrico quando o dispositivo é operado eletricamente ou possui outros
acessórios elétricos como chaves de fim de curso, posição ou auxiliar.

71 Dispositivo de detecção de nível ou Chave de nível – Chave que


funciona em um determinado valor, ou em uma determinada faixa de
mudança de nível.

72 Disjuntor de corrente contínua – Disjuntor usado para fechar e


interromper um circuito de alimentação CC sob condições normais ou
para interromper este circuito sob falha ou condições de emergência.

73 Contator de resistência de carga – Contator usado para derivar ou


inserir um passo de carga limitando, desviando ou indicando
resistência em um circuito de alimentação; para comutar um
aquecedor no circuito; ou para comutar uma luz ou resistor de carga
regenerativa de um retificador de tensão.

74 Relé de alarme – Um relé diferente do anunciador, como relatado na


função do dispositivo 30, que é usado para operar ou que opera uma
conexão com um alarme sonoro ou visual.

75 Mecanismo de mudança de posição – Mecanismo usado para


movimentar um dispositivo principal de uma posição a outra no
equipamento; por exemplo, desviando a unidade do disjuntor
removível para e das posições conectada, desconectadas e de teste.

76 Relé de sobrecorrente CC – Relé que funciona quando a corrente em


um circuito CC excede um determinado valor.

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77 Dispositivo de telemetria – Transmissor usado para gerar e transmitir


para um local remoto um sinal elétrico que representa uma quantidade
medida ou um receptor usado para receber um sinal elétrico de um
transmissor remoto e converte o sinal para representar a quantidade
medida original.

78 Relé de medição de ângulo de fase ou proteção contra falta de


sincronismo – Relé que funciona em um ângulo de fase
predeterminado entre duas tensões ou entre duas correntes, ou entre
tensão e corrente.

79 Relé de religamento CA – Relé que controla o fechamento automático e


o travamento de um interruptor de circuito CA.

80 Chave de fluxo – Chave que funciona em um determinado valor, ou em


uma determinada faixa de mudança de fluxo.

81 Relé de frequência (sub ou sobre) – Relé que responde à frequência de


uma quantidade elétrica, funcionando quando a frequência ou faixa de
mudança de frequência excede ou é menor do que um valor
predeterminado.

82 Relé de religamento de medição de carga CC – Relé que controla o


fechamento e o religamento de um interruptor de circuito CC,
normalmente como resposta às condições de circuito da carga.

83 Relé de seleção de controle ou de transferência automática – Relé que


funciona para selecionar automaticamente entre certas fontes ou
condições em equipamentos ou que realiza automaticamente uma
operação de transferência.

84 Mecanismo de operação – Mecanismo elétrico equipado com


servomecanismo, incluindo o motor de operação, solenóides, chaves
de posição, etc., para um comutador de derivação, regulador de
indução ou qualquer peça similar do equipamento que não possua
número de funcionamento de dispositivo.

85 Relé de receiver ou fio piloto portador – Relé que é operado ou


restringido por um sinal usado em conexão com corrente portadora ou
retransmissão de falha do fio piloto CC.

86 Relé de bloqueio – Relé auxiliar de reset operado elétrica ou


manualmente que é operado após a ocorrência de condições anormais
para manter os dispositivos ou o equipamento associado inoperante
até o seu reset.

87 Relé de proteção diferencial – Relé de proteção que funciona em uma

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porcentagem, ângulo de fase ou outra diferença de quantidade entre


duas correntes ou outras quantidades elétricas.

88 Motor auxiliar ou motor gerador – Dispositivo usado para operar


equipamento auxiliar como bombas, sopradores, excitadores,
amplificadores magnéticos rotatórios, etc.

89 Chave separadora – Chave usada como uma chave seccionada, de


interrupção de carga ou desconexão em um circuito de alimentação CA
ou CC. (Este número de função do dispositivo normalmente não é
necessário a menos que a chave seja operada eletricamente ou possua
acessórios elétricos, como uma chave auxiliar, uma trava magnética,
etc.)

90 Dispositivo de regulação – Dispositivo que regula quantidades, como


tensão, corrente, alimentação, velocidade, frequência, temperatura e
carga em um determinado valor ou entre certos limites (geralmente
próximos) para máquinas, linhas de contato ou outros equipamentos.

91 Relé direcional de tensão – Relé que funciona quando a tensão através


de um disjuntor aberto ou contator excede um determinado valor em
uma determinada direção.

92 Relé direcional de tensão e potência – Relé que permite ou gera a


conexão de dois circuitos quando a diferença de tensão entre eles
excede um valor determinado em uma direção predeterminada e faz
com que estes dois circuitos sejam desconectados entre si quando o
fluxo de alimentação entre eles excede um valor determinado em uma
direção oposta.

93 Contator de variação de campo – Contator que funciona para aumentar


ou diminuir, em um passo, o valor de excitação de campo em uma
máquina.

94 Relé de desligamento ou disparo livre – Relé que funciona para


desarmar um disjuntor, contator ou equipamento para permitir o
desarme imediato através de outros dispositivos ou evitar o
religamento imediato de um interruptor de circuito se tiver que ser
aberto automaticamente, mesmo se o seu circuito de fechamento
permanecer fechado.

95 Usado para aplicações específicas

96 Relé auxiliar de bloqueio de barra

97 a Usado para aplicações específicas


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150 Indicador de falta à terra

AFD Detector de arco voltaico

CLK Clock

DDR Sistema dinâmico de armazenamento de perturbações

DFR Sistema de armazenamento de faltas digital

ENV Dados do ambiente

HIZ Detector de faltas com alta impedância

HMI Interface Homem-Máquina

HST Histórico

LGC Esquema lógico

MET Medição de Subestação

PDC Concentrador de dados de fasores

PMU Unidade de medição de fasores

PQM Esquema de monitoramento de potência

RIO Dispositivo Remoto de Inputs/Outputs

RTU Unidade de terminal remoto / Concentrador de Dados

SER Sistema de armazenamento de eventos

TCM Esquema de monitoramento de Trip

SOTF Fechamento sob falta

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Religamento automático (Bloqueio de Circuito)


A rede aérea é normalmente afetada por defeitos transitórios cuja causa
desaparece rapidamente permitindo que seja reenergizada, logo após, com sucesso.
Essa reenergização é comandada por atuação do relé religador (função 79 ANSI) no
caso dos disjuntores, ou pelos dispositivos de religamento automático no caso dos
religadores (de subestação ou de linha), com redução expressiva do tempo de
interrupções aos clientes, razão porque esses dispositivos e relés devem permanecer
fora de operação durante apenas o tempo necessário à segurança do serviço em linha
energizada.

Planejamento de serviço
Planejamento do serviço é um dos fatores essenciais para a Prevenção de
Acidentes de Trabalho. É durante esta fase que podemos detectar as condições
inseguras e os riscos de acidentes que poderão ocorrer durante a realização de uma
determinada tarefa a ser executada. Conhecendo-se as condições inseguras e os riscos,
podem-se determinar as medidas de controle. Compete ao Supervisor de uma equipe a
responsabilidade direta pela realização das tarefas livres de acidentes do trabalho,
portanto deve planejar cuidadosamente os serviços, de forma a garantir que todos os
Métodos e Procedimentos de Segurança sejam adotados, para o controle efetivo dos
riscos de acidentes. Considera-se Supervisor qualquer empregado designado pelo
superior hierárquico, como responsável pela execução de um serviço. Logicamente,
espera-se que somente sejam indicados como supervisores, empregados que tenham
perfil para atender às exigências da função.
A seguir abordaremos os principais elementos que devem ser observados pelo
Supervisor para o planejamento de um serviço.
“Os serviços somente devem ser atribuídos a empregados que estiverem
habilitados e autorizados a executá-los e distribuir as tarefas de acordo com a
capacidade técnica de cada um.”
Os empregados que forem designados para executar trabalhos em instalações
elétricas devem possuir capacitação através de treinamento para as tarefas específicas,
para prestar os primeiros socorros em caso de acidentes e utilização de agentes
extintores para combater princípios de incêndios.
Não permitir que empregados, mesmo que tecnicamente capacitados, façam
serviços de ajustes em equipamentos, dirijam veículos, subam em escadas ou estruturas,
durante o período que estiverem fazendo uso de medicamentos que alterem o seu
comportamento.
O supervisor deve ter uma visão global do que é de sua incumbência realizar; ele
não poderá se deter em minúcias, perdendo a noção do todo. Deve ser capaz de prever
os resultados sem subestimar possíveis falhas e fazer a distribuição de tarefas.
Determinar o número de empregados suficiente para que a tarefa seja realizada com
segurança, explicar aos empregados o serviço a ser executado e os resultados desejados.
Identificar os riscos do serviço sob sua orientação, alertar devidamente seus
subordinados sobre os controles desses riscos, transmitir-lhes claramente as Normas e
Procedimentos aplicáveis, dedicando especial atenção à execução das tarefas fora da
rotina.

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Cabe também à supervisão corrigir as irregularidades e as situações que possam


comprometer a Segurança no Trabalho. Podemos citar alguns exemplos, como:

• Antes de sair para o local de trabalho assegurar-se que os membros da equipe


sob sua responsabilidade possuam todos os materiais, ferramentas, equipamentos de
proteção individual e coletiva necessários ao serviço e se estão em perfeitas condições
de utilização;
• Lembrar aos integrantes da equipe que as condições de execução de um serviço
nem sempre são as mesmas;
• Procurar iniciar o serviço quando existir a total certeza de que todos os
integrantes da equipe estão conscientes do que devem fazer, de como fazer e quando
fazer;
• Todo condutor ou equipamento elétrico, somente poderá ser considerado
desenergizado, depois de testado para verificação de ausência de tensão e devidamente
aterrado;
• Qualquer trabalho a ser efetuado em instalações elétricas energizadas ou que
possam ficar acidentalmente sob tensão, somente poderá ser realizado com a utilização
de luvas de borracha para eletricista, da classe de tensão compatível com a das
instalações, cobertas pelas luvas de proteção mecânica;
• O planejamento deve prever os riscos de contato do empregado com os
componentes energizados das instalações, para os quais deverão ser adotados protetores
isolantes e sinalização delimitando a área de risco;
• Especial cautela deve ser destacada na sinalização da área de trabalho, de forma
a evitar que pessoas estranhas entrem na área de risco. Nos logradouros públicos, caso
seja inevitável a obstrução total do passeio, deve-se providenciar a devida sinalização de
proteção e orientação para os pedestres;
• Iniciar o serviço somente depois de constatado que todos os dispositivos de
segurança estão colocados em seus lugares e oferecem segurança efetiva;
• Após a realização da tarefa, o supervisor deve reunir a equipe para discutir as
dificuldades encontradas durante a realização do serviço, objetivando utilizá-las como
experiência, com a finalidade de introduzir melhorias em planejamentos futuros.

Cuidados durante e após a execução dos serviços:

Alguns cuidados devem ser tomados, durante e após execução de um serviço em


redes aéreas de distribuições.

a) Religação do circuito caso haja algum desarme:


Após o início dos serviços o Órgão de Operação da Distribuição somente religará o
circuito, caso haja algum desarme da proteção, após contato direto com o Órgão
Executor responsável pelos serviços, no caso o encarregado que está no campo
executando serviço.
b) Falta de energia no circuito com turma de linha viva trabalhando:
Sempre que algum componente da turma de linha viva notar falta de energia no
circuito em que esteja trabalhando, o responsável pela turma deve ligar imediatamente

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para o Órgão de Operação da Distribuição informando se houver algum problema, para


que este órgão decida pela religação manual do equipamento e o restabelecimento do
trecho trabalhado.
c) Treinamento e uso de EPI’s e EPC’s
Todos os eletricistas que forem incumbidos de trabalho com linha energizada
deverão estar treinados e equipados com materiais de segurança individual EPI’s e
coletivo EPC’s conforme a necessidade do serviço.
d) Integrantes da turma somente com treinamento de linha energizada:
Somente poderão integrar turmas de linha energizada os empregados que possuam
treinamento especializado para os serviços pelos métodos de serviço à distância,
contato direto e de segurança do trabalho.

Executando as tarefas com linhas energizadas

É expressamente proibido durante a execução de qualquer tarefa que o eletricista


venha a tocar em qualquer parte do sistema energizado ou que possa a vir a ser
energizado, com as mãos ou qualquer parte do corpo desprotegido, mesmo que esteja
trabalhando dentro de caçambas isoladas e ou plataformas, seja esta, parte do primário,
secundário, condutor neutro, estais, cruzetas, mão francesa, aterramento, poste etc.
NOTA: Da mesma forma é expressamente proibido dois eletricistas trabalharem ao
mesmo tempo em 2 (duas) fases ou potenciais diferentes.

Atenção da equipe durante a execução das tarefas com linhas


energizadas:
O Encarregado e todos os componentes da equipe deverão manter-se atentos,
especialmente o encarregado que terá de se posicionar de forma a ter o melhor ângulo de
visão possível para ter controle total da situação, durante as diversas fases de execução
das tarefas, sobre tudo diante dos fatores adversos ou imprevisíveis que venham
acarretar riscos ao pessoal, como por exemplo, chuvas sobrevindas após o início dos
trabalhos ou mudança na operação do sistema elétrico.
Quanto à liberação do circuito para normalização do religamento automático,
imediatamente após a conclusão do serviço, o órgão executor responsável pelo mesmo
deverá cientificar o responsável pelas manobras do término do serviço, dando a linha
(circuito) como liberada, para que o Órgão de Operação da Distribuição providencie a
normalização do religamento automático do circuito e retirada da etiqueta de segurança e
ou placa de impedimento identificando Turma de Linha Viva trabalhando.

Cuidados com equipamentos e ferramentas


Certos cuidados deverão ser tomados pelos componentes da turma na conservação
e proteção dos equipamentos e ferramentas de linha energizadas para tê-los sempre
pronto para o uso. O cuidado adequado resultará não somente na prevenção dos
equipamentos, bem como também inspirará maior confiança no pessoal que os utiliza.

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São os seguintes cuidados a serem observados:

Limpeza:
Além dos itens contidos nas normas e documentos complementares e específicos
de cada equipamento, recomenda-se que sejam adotados alguns critérios para limpeza e
conservação das ferramentas e equipamentos.
Os equipamentos de linha viva energizada, com exceção das luvas, mangas e
bastões, deverão ser limpos e conservados pelo menos uma vez por mês pelos próprios
componentes da turma.
Os bastões deverão ser limpos diariamente, antes e depois do serviço, com um
pano de limpeza tratado com silicone apropriado para tal fim. As coberturas de borracha
(lençóis, cobertura para condutor, etc.) deverão ser lavadas com água e sabão neutro e
colocadas em seguida para secar a sombra. Não deverão ser usados derivados de
petróleo nem detergentes para limpeza destes equipamentos.
As luvas e mangas isolantes deverão ser lavadas, após o serviço com água e
sabão neutro (sabão de coco). Depois de secas à sombra, deverão receber aplicação de
talco industrial. As coberturas termoplásticas poderão ser lavadas com água e sabão
comum e, havendo necessidade, pode-se esfregar com bastante fricção. Na limpeza
deste equipamento deverá ser evitada a utilização de compostos químicos do tipo da
acetona, thinner e tricloroetileno;
As plataformas isolantes não deverão ser lavadas com água e sabão comuns,
devido a sua superfície antiderrapante. Sua Limpeza deverá ser feita com acetona
industrial. Os estropos de nylon e cordas de poly dracon deverão ser lavados com sabão
neutro, deixando-os de molho por 1 hora e colocando-os em seguida para secar ao sol;
Para limpeza de sujeiras em geral, deverão ser utilizados água e sabão neutro. Na
existência de manchas ou contaminação da superfície dos bastões com (óleo, graxa),
estes deverão ser limpos com acetona industrial, aplicada com tecido de algodão cru e
posteriormente restaurador de brilho o serviço deve ser realizado em local ventilado e
seco.
Após a limpeza os bastões deverão ser colocados para secagem em local
apropriado (isento de poeira e protegido dos raios ultravioleta). Esta secagem poderá ser
obtida com um pernoite em tempo seco ou então por um período mais curto, em uma
estufa apropriada; Quando os bastões tiverem partes metálicas, estas deverão ser
lubrificadas, moderadamente com lubrificantes anticorrosivos e não tóxicos. (Usar óleo
fluido dispersante para lubrificação das peças).

Cuidados nos serviços:

Antes de iniciado o serviço, os equipamentos e ferramentas da turma deverão ser


conservadas nos locais apropriados, existentes no veículo especial ou mantidos no carro
de apoio, até o momento de uso.
Antes da execução do serviço poderá ser estendido no chão um encerado de lona
de dimensões apropriadas, limpo e seco evitando assim, que as peças se sujem, raspem
no chão e fiquem úmidas. Deverá ser evitado pisar sobre o encerado de lona.

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Elétrico de Potência (SEP)

Quando em serviço, os equipamentos de linha energizada não deverão ser


colocados diretamente sobre o solo e sim sobre o encerado de lona ou cavalete para
bastão. Recomendam-se os seguintes cuidados para utilização dos equipamentos e
ferramentas de linha energizada, a serem seguidos pelos componentes da turma.

a) Proteção para luva de borracha


Sobre a luva de borracha para eletricista seja usada uma luva de vaqueta que lhe
dará a proteção mecânica necessária (existem vários tipos, de acordo com o tamanho,
classe de tensão de isolamento e fabricante).
Em caso de necessidade, o eletricista poderá usar uma luva fina de malha em
algodão ou suedine, para absorver os suores das mãos. No caso de recomendações
médicas, o eletricista poderá usar também uma camiseta de manga comprida em malha
de algodão para absorver o suor, quando da utilização das mangas protetoras de
borracha.

b) Conduta para execução de serviço


Ao utilizar esses equipamentos de proteção, o eletricista deverá estar com as
unhas aparadas não devendo usar anéis, relógios ou objetos metálicos de adorno, a fim
de evitar a danificação das luvas e mangas de borracha. Quando estiver usando estes
equipamentos o eletricista não poderá fumar.

c) Manuseio dos equipamentos ao executar os serviços


As coberturas de borracha e protetores isolantes não devem ser deixadas ao
tempo , durante longos períodos, pois poderão danificar-se devido a ação dos raios ultra
violeta. O mesmo cuidado deve ser tomado para os bastões e demais protetores. É
proibido o uso dessas ferramentas e equipamentos isolantes para atender solicitações de
proteções e afastamentos para reformas de prédios e atender pedidos de terceiros com
outras finalidades diferentes da execução dos serviços em rede aérea energizadas.

d) Bastões_ Utilização e Conservação


Os bastões a serem utilizados sejam conservados sempre limpos e secos. Deverão
ser mantidos no veículo ou quarto de materiais, livres de atritos com partes metálicas
ou apoiados sobre o encerado de lona ou cavaletes. Quando os bastões forem passados
de baixo para cima da estrutura ou vice-versa, deverá sempre ser usada a corda com
carretilha e evitando-se choques com estruturas ou outras partes metálicas. Cada
bastão deverá ser utilizado de acordo com sua carga de trabalho e somente executar o
serviço para qual foi projetado.
O uso apropriado dos bastões envolve o conhecimento das cargas de
trabalho das ferramentas, o método correto de operação e, ainda, o conhecimento do
peso aproximado do condutor no vão e das tensões mecânicas da linha ou rede na qual
se trabalha. Cabe ao Centro de Treinamento estabelecer o uso apropriado desses
bastões e estabelecer melhor o serviço para os quais foram especialmente projetados.

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Elétrico de Potência (SEP)

2.3. TRABALHO EM EQUIPE

Cada vez mais o trabalho em equipe é


valorizado. Porque ativa a criatividade e quase
sempre produz melhores resultados do que o
trabalho individual. Por tudo esses motivos, ficam
aqui dez dicas para trabalhar bem em equipe. E
trabalhar em equipe é uma questão de
sobrevivência do nosso mercado atual. Você poderá
até encontrar empresas em que uma pessoa faz
tudo, mas com certeza esta empresa está fadada,
em caso de crescimento, a falência. E de acordo
TRABALHO EM EQUIPE com o dicionário, temos:
“Trabalho em equipe ou trabalho de equipe é
quando um grupo ou uma sociedade resolve criar um esforço coletivo para resolver um
problema”.
O trabalho em equipe pode também ser descrito como um conjunto ou grupo de
pessoas que se dedicam a realizar uma tarefa ou determinado trabalho.
O trabalho em equipe possibilita a troca de conhecimento e agilidade no
cumprimento de metas e objetivos compartilhados. “Exemplo de uma atuação de um
trabalho em equipe são os esportes em que times ou seleções jogam uns contra os
outros.”

Seja paciente
Nem sempre é fácil conciliar opiniões diversas, afinal “cada cabeça uma sentença”.
Por isso é importante que seja paciente. Procure expor os seus pontos de vista com
moderação e procure ouvir o que os outros têm a dizer. Respeite sempre os outros,
mesmo que não esteja de acordo com as suas opiniões.

Aceite as ideias dos outros


Às vezes é difícil aceitar ideias novas ou admitir que não temos razão; mas é
importante saber reconhecer que a ideia de um colega pode ser melhor do que a nossa.
Afinal de contas, mais importante do que o nosso orgulho, é o objetivo comum que o
grupo pretende alcançar.

Não critique os colegas


Às vezes podem surgir conflitos entre os colegas de grupo; é muito importante não
deixar que isso interfira no trabalho em equipe. Avalie as ideias do colega,
independentemente daquilo que achar dele. Critique as ideias, nunca a pessoa.

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Elétrico de Potência (SEP)

Saiba dividir
Ao trabalhar em equipe, é importante dividir tarefas. Não parta do princípio que é
o único que pode e sabe realizar uma determinada tarefa. Compartilhar
responsabilidades e informação é fundamental.

Trabalhe
Não é por trabalhar em equipe que deve esquecer suas obrigações. Dividir tarefas é
uma coisa, deixar de trabalhar é outra completamente diferente.
6. Seja participativo e solidário
Procure dar o seu melhor e procure ajudar os seus colegas, sempre que seja
necessário. Da mesma forma, não deverá sentir-se constrangido quando necessitar pedir
ajuda.
Dialogue
Ao sentir-se desconfortável com alguma situação ou função que lhe tenha sido
atribuída, é importante que explique o problema, para que seja possível alcançar uma
solução de compromisso que agrade a todos.

Planeje
Quando várias pessoas trabalham em conjunto, é natural que surja uma tendência
para se dispersarem; o planejamento e a organização são ferramentas importantes para
que o trabalho em equipe seja eficiente e eficaz. É importante fazer o balanço entre as
metas a que o grupo se propôs e o que conseguiu alcançar no tempo previsto.

Evite cair no “pensamento de grupo”


Quando todas as barreiras já foram ultrapassadas, e um grupo é muito coeso e
homogêneo, existe a possibilidade de se tornar resistente a mudanças e a opiniões
discordantes. É importante que o grupo ouça opiniões externas e que aceite a ideia de
que pode errar.

Aproveite o trabalho em equipe


Afinal o trabalho de equipe, acaba por ser uma oportunidade de conviver mais
perto de seus colegas, e também de aprender com eles.

2.4. PRONTUÁRIO E CADASTRO DAS INSTALAÇÕES

É um documento na forma de um manual que estabelece o sistema de segurança


elétrica da empresa. O PIE sintetiza o conjunto de procedimentos, ações,
documentações e programas que a empresa mantém ou planeja executar para proteger
o trabalhador dos riscos elétricos. Todas as empresas com potência instalada superior a
75 kW devem manter o PIE atualizado.
O Prontuário, segundo a NR10, deverá conter, no mínimo:
10.2.3: As empresas estão obrigadas a manter esquemas unifilares atualizados
das instalações elétricas dos seus estabelecimentos com as especificações do sistema de
aterramento e demais equipamentos e dispositivos de proteção.
10.2.4:

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a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de


segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de
controle existentes;
b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção contra
descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o ferramental
aplicáveis conforme determina esta NR;
d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação, capacitação,
autorização dos trabalhadores e dos treinamentos realizados;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em equipamentos de
proteção individual e coletiva;
f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas classificadas;
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações, cronogramas
de adequações, contemplando as alíneas de “a” a “f”.

2.5. COMUNICAÇÃO

Todo trabalhador em instalações elétricas energizadas em AT, bem como aqueles


envolvidos em atividades no SEP devem dispor de equipamento que permita a
comunicação permanente com os demais membros da equipe ou com o centro de
operação durante a realização do serviço.
O equipamento que permita a comunicação é aquele que promove a transmissão
de todos os sinais convencionais (fala, códigos, sinais luminosos ou sonoros, por meio
de fios, guias ou radiação). No caso em comento, destina-se ao trânsito de
informações entre equipes de trabalho e ou o centro de operações responsável pelo
controle da instalação elétrica energizada em AT, ou do SEP, objeto do serviço. O
equipamento de comunicação pode ser q u alquer tipo, porém deve permitir a
comunicação permanente entre seus usuários em qualquer local ou distância e ser
utilizado estritamente para os serviços em execução. Devem, também, receber
manutenção rotineira a fim de assegurar-lhe boa qualidade e confiabilidade durante o
uso. O desempenho do equipamento de comunicação está diretamente relacionado
com a segurança, qualidade e rapidez nos serviços, principalmente aqueles
relacionados com a localização e repara de defeitos e atendimentos a consumidores.
Deve ter procedimento de uso e funcionamento, sendo os usuários treinados
quanto aos procedimentos, à legislação e conduta ética operacional no sistema de
comunicação. O registro das comunicações é uma medida recomendável.

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3. ASPECTOS COMPORTAMENTAIS

PIRÂMIDE DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES

3.1. TEORIA DE MASLOW – A HIERARQUIA DAS


NECESSIDADES

Maslow cita o comportamento motivacional, que é explicado pelas necessidades


humanas. Entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos que agem com força
sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para que haja ação ou reação é preciso que um
estímulo seja implementado, seja decorrente de coisa externa ou proveniente do próprio
organismo. Esta teoria nos dá ideia de um ciclo, o Ciclo Motivacional.
Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo
que poderá assumir várias atitudes:
• Comportamento ilógico ou sem normalidade;
• Agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida;
• Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios e digestivos;
• Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;
• Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às modificações,
insegurança, não colaboração, etc.
Quando a necessidade não é satisfeita e não sobrevindo as situações
anteriormente mencionadas, não significa que o indivíduo permanecerá eternamente
frustrado. De alguma maneira a necessidade será transferida ou compensada. Daí
percebe-se que a motivação é um estado cíclico e constante na vida pessoal.

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A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais importantes teorias de


motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou
seja, uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que
o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as
pessoas busquem meios para satisfazê-la. Por exemplo, poucas pessoas ou nenhuma
pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se suas necessidades básicas
estiverem insatisfeitas.
O comportamento humano, neste contexto, foi objeto de análise pelo próprio
Taylor, quando enunciava os princípios da Administração Científica. A diferença entre
Taylor e Maslow é que o primeiro somente enxergou as necessidades básicas como
elemento motivacional, enquanto o segundo percebeu que o indivíduo não sente única e
exclusivamente necessidade financeira.
Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades
humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de
influência, numa pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas
(necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (as necessidades
de auto realização).
De acordo com Maslow, as necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do
indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo, etc. Em um
segundo nível, as necessidades de segurança constituem a busca de proteção contra a
ameaça ou privação e o perigo. N um t e rce ir o n ív e l , a s necessidades sociais
incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos
companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor.
A necessidade de estima envolvem a auto apreciação, a autoconfiança, a
necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além
de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e
autonomia. A necessidade de auto realização são as mais elevadas, de cada pessoa
realizar o seu próprio potencial e de auto desenvolver-se continuamente.

3.2. O FATOR HUMANO NO ACIDENTE

A análise de muitos acidentes acaba determinando como causa principal o erro humano.
O operador é considerado um elo fraco na cadeia de prevenção, tese esta reforçada
pelas estatísticas. Ocorre que boa parte dos erros humanos de operações que
deflagraram um evento de acidente são por sua vez causados pelo stress de ter que
tomar decisões sob pressão do tempo ou outras ameaças paralelas. As ameaças que
forçam a tomada de decisões difíceis muitas vezes são causadas por falhas de
equipamentos.
Sendo assim, uma tarefa importantíssima da manutenção, evitando ao máximo a
ocorrência de falhas que poderiam levar os operadores ou líderes a tomar decisões
potencialmente catastróficas.

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3.3. UMA ANÁLISE DE RISCO DEFICIENTE OU INCOMPLETA

O operador só pode estar seguro de que não está se expondo a uma situação em
que será pressionado pelos eventos se fizer uma boa análise de risco da tarefa a ser
executada. Veja a seguir, como uma análise de risco pode ser deficiente ou incompleta,
expondo o trabalhador.
O principal em um curso de NR é o enfoque na segurança. Algo que não pode
faltar no treinamento de NR é, além da parte técnica, a parte da segurança. E o que o
profissional pode levar de bom de um curso de NR na área da segurança é um bom
treinamento sobre análise de risco.
A primeira coisa importante a se dizer sobre uma análise de riscos de qualquer
tarefa é que ela é mais abrangente do que a tarefa em si, somente. Isto significa que, se
ocorrer um acidente o motivo quase sempre não terá sido algo que ocorreu de maneira
errada na execução do trabalho, mas em tarefas preparatórias ou paralelas.
Por exemplo, ao substituir uma lâmpada, o trabalhador não se acidentará por algo
que faça de errado na troca da lâmpada. Esta tarefa ele faz “de olhos fechados”. Uma
análise de riscos somente da tarefa em si é quase que um exercício de perda de tempo.

Se algo der errado, poderá ter sido originado em alguns dos itens listados a
seguir:
1 - Profissionais, auxiliares e profissionais de apoio quanto à preparação técnica
(qualificação/ capacitação) e preparação física e psicológica (autorização);
2 - Decisão de se fazer a tarefa, quanto à sua real necessidade frente a outras
opções;
3 - Decisão de se fazer a tarefa, quanto à sua aplicabilidade frente a possíveis
outras causas ocultas que estejam gerando o problema;
4 - Decisão de se fazer a tarefa, quanto à sua conveniência frente a impedimentos
ou dificuldades impostas pelo momento escolhido;
5 - Procedimentos, quanto à clareza, detalhamento, atualização, aplicabilidade e
cumprimento;
6 - Ferramentas e equipamentos, quanto à adequação (certificação, calibração);
7 - Peças de reposição e materiais de consumo, quanto à adequação
(especificações);
8 - Acesso ao local de trabalho e transporte de equipamentos e materiais, quanto
à segurança e conhecimento;
9 - Isolações de área e de energias, quanto à possibilidade de execução e correção
na execução; e
10 - A tarefa em si, finalmente, quanto à sua execução.

Como vimos, há pelo menos 10 etapas que podem gerar as condições que iniciam
um acidente, e somente uma delas é a execução da tarefa em si.
Portanto, fazer uma análise de risco de uma tarefa (apenas ela, em si) sem levar
em conta as outras 9 etapas, não acrescenta muito na segurança.
Uma boa maneira de garantir que nenhum destes aspectos seja esquecido antes
de se executarem tarefas (especialmente as que não sejam rotineiras), é ter um check

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list, ou melhor ainda, ter um documento mais completo que é a Permissão de Trabalho.
A permissão de Trabalho, a conhecida PT, não é uma burocracia com o objetivo de
atrapalhar o trabalho. Ela deve ser vista como aliada, para que não esqueçamos nada
essencial na preparação de uma tarefa.
A segunda coisa importante a se dizer sobre uma análise de riscos de qualquer
tarefa é que, sendo o risco definido como uma quantidade, que é o produto da gravidade
das consequências do acidente e da probabilidade de este acidente ocorrer, deve-se
levar em conta estes dois fatores ao analisar o risco.

ANÁLISE DE RISCO

Mas não é só isto. Seria simples demais. E o pior: uma análise tão superficial não
funcionaria. Do que mais precisamos para quantificar o risco?

Para realmente compreendermos a probabilidade de um acidente ocorrer devemos


saber que ela na verdade é função de três outros parâmetros que precisamos monitorar.
A probabilidade de um acidente ocorrer depende de:
 Exposição ao evento – (chamamos a isto de frequência);
 O quanto o evento ocorre – (chamamos a isto de ocorrência), e
 O quanto podemos evitar o evento, uma vez que ele tenha sido desencadeado -
(chamamos a isto de possibilidades de evitação).

Vejamos alguns exemplos de frequência, ocorrência e possibilidades de evitação:

A frequência da exposição pode ser, por exemplo:


Alta: 5 pessoas atravessam uma rua movimentada de 2 pistas 4 vezes por dia.
Baixa: 1 pessoa atravessa uma rua movimentada de 1 pista 1 vez por semana.

A ocorrência do perigo pode ser, por exemplo:


Densa: A rua tem tráfego pesado o dia inteiro, com cerca de 20 carros por minuto.
Rarefeita: A rua tem tráfego leve o dia inteiro, com cerca de 1 carro a cada 5
minutos.

As possibilidades evitação podem ser, por exemplo:


Grandes: As pessoas que atravessam a rua são jovens, saudáveis e ágeis.
Pequenas: As pessoas que atravessam a rua são idosas ou têm problemas de
locomoção.

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PROBABILIDADE DA OCORRÊNCIA

Esta análise mais detalhada é indicada pela norma ISO 14.121_ Safety of
Machinery - Risk Assessment (Segurança de Máquinas- Avaliação de Risco).

Resumo da análise de riscos

Resumindo, para que uma análise de riscos mereça este nome, deve-se analisar a
tarefa como um todo desde sua preparação (10 etapas), e não somente a execução da
tarefa em si. Além disso, o risco deve ser quantificado levando-se em conta, para o item
probabilidade, seus 3 fatores, que são a frequência, a ocorrência e as possibilidades.

4. CONDIÇÕES IMPEDITIVAS PARA SERVIÇOS

4.1. PROCEDIMENTOS

Muitas tarefas para serem executadas dispõem de procedimentos detalhados


escritos. Quando ouvimos a expressão “procedimentos” logo pensamos nas instruções
passo a passo da tarefa, mas na verdade os procedimentos de uma tarefa são
compostos por pelo menos 4 partes, sendo o item que se refere às instruções passo a
passo, apenas uma das partes dos procedimentos. Estas são as partes em que um
procedimento se divide:
 Meios humanos e materiais para a execução da tarefa;
 Medidas de segurança;
 Descrição passo a passo da execução, e
 Condições impeditivas para a realização da tarefa.

Portanto, as condições impeditivas para a realização de uma tarefa devem constar


nos seus procedimentos, o que não libera o trabalhador de analisar o ambiente e as
condições do momento para aperfeiçoar sua análise de risco.
Além das condições impeditivas listadas no procedimento, também se configuram
como condições impeditivas, quaisquer deficiências em relação à disponibilização dos
outros 3 itens. Portanto, são condições impeditivas também, a falta de meios humanos
ou materiais para a execução da tarefa, a impossibilidade de aplicação de alguma

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medida de segurança ou a impossibilidade de execução de algum dos passos da tarefa


segundo a melhor prática apontada pelo procedimento.

4.2. CUIDADOS PRELIMINARES

Alguns cuidados devem ser tomados, antes de se iniciar um serviço em redes


aéreas de distribuição, tais como:

Visita ao local: O técnico responsável pela programação dos serviços em linhas


energizada acompanhado ou não pelo Encarregado deve visitar previamente o local de
trabalho para que dificuldades como trânsito, obras civis, estacionamento ou qualquer
outro evento não previsível venham impedir a execução do serviço. Na mesma ocasião
verificam e anotam os números de identificação dos pontos elétricos anteriores e
posteriores ao poste onde será executado o serviço. Nessa identificação pode-se utilizar
número de zonas aéreas, chaves de faca, chaves fusíveis e outras placas de identificação
dos equipamentos instalados no sistema.
Comunicação com o órgão de operação da distribuição: É imprescindível a
existência de rádio transceptor ou qualquer outro meio de comunicação na viatura da
turma, para melhor atender às necessidades de comunicação com o Órgão de Operação
da Distribuição.

4.3. CHEGANDO AO LOCAL DE SERVIÇO

Chegando ao local de serviço, o Técnico e/ou Encarregado utilizando telefone,


rádio ou outro meio de comunicação disponível entra em contato com o Órgão da
Distribuição e procede da seguinte forma:
 Identifica-se, fornecendo nome, tipo de turma e o Setor de Rede correspondente;
 Informa sua localização (rua, avenida, estrada etc.);
 Informa a natureza do serviço a ser executado e o método de execução (linha
energizada);
 Fornece os números de identificação dos equipamentos levantados e anotados na
visita prévia, que caracterizam o ponto (poste) onde executará os serviços e
solicita a confirmação do nome da linha e a classe de tensão que está alimentando
o local caracterizado;
 Confirmada a identificação da linha supridora, solicita-se a retirada de serviço e
impedimento do seu relé religador (bloqueio do circuito). Conforme o caso será
solicitado à retirada de serviço do dispositivo de religamento automático do
religador na subestação ou no próprio circuito.

RETIRADA DE SERVIÇO RELÉ RELIGADOR (BLOQUEIO DE CIRCUITO)

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A retirada de serviço é realizada a mando do Órgão de Operação da Distribuição,


o relé função 79 (relé religador) ou o dispositivo de religamento automático do
religador na subestação ou no próprio circuito, conforme o caso deve ser fixado a
correspondente placa de identificação (Turma de Linha Viva Trabalhando) e ou etiqueta
de segurança no equipamento envolvido.
NOTA: Caso o dispositivo de proteção na subestação e no religador instalado ao longo
da rede não permitir o bloqueio do religamento automático, não deverá ser realizado o
serviço.
A liberação é realizada pelo Órgão de Operação da Distribuição, do trecho a ser
trabalhado para o Órgão Executante, após a confirmação da identificação do nome da
linha e do referido impedimento do dispositivo de religamento automático, antes do início
do serviço.

LIBERAÇÃO DO CIRCUITO PARA TURMA DE LINHA VIVA

Recomenda-se que as turmas não trabalhem durante a noite, e durante o dia os


serviços somente deverão ser realizados sob condições meteorológicas favoráveis, sem
os quais os serviços de conservação e manutenção não podem ser iniciados. Quando
iniciados devem ser interrompidos ou reprogramados nos casos de chuva, tempestade,
neblina ou vento forte; todos impeditivos de realizar serviços em redes aéreas de
distribuição energizadas.

CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS

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Além do exame médico periódico de rotina, os empregados que atuam diretamente


nas atividades de linha energizadas deverão semestralmente ser encaminhados ao posto
médico para reavaliação das suas aptidões específicas, requisitos físicos, sensoriais e de
personalidade prescritos pelos Órgãos de Segurança e Medicina do Trabalho.

EXAME MÉDICO E AVALIAÇÃO DOS REQUISITOS FÍSICOS

Seguir rigorosamente a sequência de operação e métodos para cada tipo de


serviço, de acordo com instruções recebidas no Centro de Treinamento para os riscos e
os controles de risco existentes na execução passo a passo da tarefa propriamente dita.

SEQUÊNCIA DE OPERAÇÃO, APLICAÇÃO DOS MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

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5. RISCOS TÍPICOS NO SEP E SUA PREVENÇÃO

5.1. PROXIMIDADE E CONTATOS COM PARTES ENERGIZADAS

O modo como os trabalhos devem ser realizados na área definida pelo SEP, não o
modo técnico e sim o procedimento administrativo dessa técnica visando a segurança.
Para acerto de conceitos deve ser esclarecida a zona de ação: o conceito de Zona de
Risco e de Zona Controlada. A NR10 define como zona de risco (ZR) a região em torno de
parte condutora energizada, não segregada, acessível inclusive involuntariamente, cuja
aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção de técnicas e
instrumentos apropriados de trabalho. Nessa zona, sem os devidos cuidados
mencionados é possível o aparecimento de um campo elétrico, que propicia a descarga
de um arco elétrico danoso.
A NR10 define como zona controlada (ZC), a distância que começa na iminência
da zona de risco cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e que não
propicia o aparecimento de um arco elétrico danoso.
Tomando-se então os exemplos acima, apenas profissionais que fazem uso do EPI especifico
para o trabalho com linhas energizadas podem estar trabalhando nessa região (ZR) e os
trabalhadores que estão devidamente informados e capacitados podem estar
trabalhando nas proximidades das instalações energizadas (ZC) respeitando as
distâncias de segurança.

Exemplo 1:
Utilizando a manta (cor alaranjada) de isolamento sobre o condutor. Nesse caso a
manta estando sobre a parte energizada, atuaria como uma barreira isolante permitindo
que a região controlada (ZC) e a zona de Risco (ZR) se estendessem até a superfície
interna da capa isolante.

Exemplo 2:
Realizando um trabalho em uma linha de energia ao lado de uma linha energizada.
Uma vez que as linhas estão separadas por uma grade (cor alaranjada) de separação
física entre eles, a região de trabalho estaria dentro da zona controlada. Se a grade
estiver então aterrada garantindo a equipontecialidade, então ela também estará
classificada como Zona Livre (ZL).

É importante notar a palavra ‘involuntária’ na definição de Zona de Risco dada


pela NR10. Isso significa que o fato de ser delimitada uma área em torno da parte
energizada, é relevante durante a análise de risco verificar a área realmente necessária
para a instalação de materiais e equipamentos de porte e de alta condução elétrica
como vergalhões e varas de acesso. Isso requer que nesse caso, a área de risco seja
acrescida do comprimento conhecido possível e passível de classificação como
involuntário.

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O arco elétrico em 4 passos

1 - A proximidade entre os polos permite que uma centelha líder salte no ar, que
tem alta resistência ôhmica.
2 - A centelha aquece o ar por onde passa (efeito Joule).
3 - O ar aquecido se ioniza, tornando-se condutor.
4 - A corrente aumenta devido à redução da resistência do ar: ARCO!

Rigidez dielétrica

A rigidez dielétrica de um certo material é um valor limite de campo elétrico aplicado


sobre a espessura do material (kV/mm), sendo que, a partir deste valor, os átomos que
compõem o material se ionizam e o material dielétrico deixa de funcionar como
um isolante.
O valor da rigidez dielétrica depende de diversos fatores como:
 Temperatura;
 Tempo de aplicação da diferença de potencial;
 Taxa de crescimento da tensão;
 Para um gás, a pressão é fator importante.

Rigidez dielétrica
(exemplos)
 A rigidez dielétrica do ar é de 30 kV/ cm.
 A rigidez dielétrica dos vidros é de 75 a 300 kV/ cm.
 A rigidez dielétrica da mica é de 600 kV/ cm.

O efeito Corona em 4 passos


1 - A alta voltagem acelera elétrons livres no ar (N2, O2, CO2, etc) à sua volta.
2 - Os elétrons acelerados colidem com elétrons das últimas camadas dos átomos
do ar (N2, O2, CO2, etc).
3 - Os elétrons das últimas camadas dos átomos atingidos passam a orbitar em
níveis mais elevados.
4 - Estes elétrons tendem a voltar ao seu nível original, para o que liberam a
energia armazenada pela colisão, sob a forma de luz, som, etc.

5.2. INDUÇÃO

O processo de indução eletrostática ocorre quando um corpo eletrizado redistribui


cargas de um condutor neutro. O corpo eletrizado, o indutor, é colocado próximo ao
corpo neutro, o induzido e isso permite que as cargas do indutor atraiam ou repilam as
cargas negativas do corpo neutro, devido a Lei de Atração e Repulsão entre as cargas
elétricas. A distribuição de cargas no corpo induzido mantém-se apenas na presença do
corpo indutor. Para eletrizar o induzido deve-se colocá-lo em contato com outro corpo
neutro e de dimensões maiores, antes de afastá-lo do indutor.

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5.3. DESCARGAS ATMOFÉRICAS

No passado, o homem pensava que os raios e trovões eram os avisos dos Deuses
enfurecidos. Muitas crenças relacionavam estes fenômenos meteorológicos. Benjamim
Franklin em 1752 fez os primeiros experimentos sobre as descargas atmosféricas,
utilizando uma pipa com um fio metálico para comprovar que as nuvens podiam conter
cargas elétricas. Desde aquela época os fenômenos dos raios, ou descargas
atmosféricas, vêm sendo estudados. Hoje essas descargas são analisadas como os
fenômenos elétricos entre nuvens e a terra.
Ainda há quem diga que
um raio não cai no mesmo
lugar duas vezes. Este
conceito é errado e para se ter
uma ideia há registros de que
a Torre Eiffel (Paris) e o
edifício Empire State (Nova
York), são alvos de dezenas de
descargas atmosféricas todo o
ano.
A probabilidade de um raio cair
em pontos mais altos é maior
do que nos locais mais baixos.
DESCARGA ELÉTRICA
Uma vez que o objetivo da
descarga é atingir a superfície da terra, os locais altos estão a menor distância entre a
nuvem e a terra. Entretanto isto não é uma regra geral. Há frequentemente registros de
incidências em regiões baixas, mesmo entre colinas, e isto vai depender de uma série de
fatores, como ventos, dimensões da nuvem, características do ar no local, maior
ionização, etc...
A descarga elétrica (raio) ao se deslocar em direção à terra, produz um efeito
luminoso que às vezes chega a ser assustador. Esta descarga produz um efeito térmico
no canal da descida produzindo um som que nós denominamos de trovão. O trovão,
portanto não é o fator perigoso, pois se trata da expansão do ar na descida da descarga,
consequência da energia térmica dissipada.

a) Ação direta de um raio:


São os danos decorrentes da descarga diretamente na estrutura que ela destrói.
Por exemplo: quando uma árvore é destruída por um raio, isto acontece porque a
descarga ocorre da nuvem para terra, ou da terra para a nuvem, passando pela estrutura
da árvore. A brusca elevação de temperatura pela ação da elevadíssima corrente elétrica
provoca uma explosão pela evaporação ultrarrápida da água contida no tronco, o que é
comparável à ação de uma bomba colocada no interior do tronco. Outro exemplo é de
uma descarga sobre uma edificação, como uma casa, por exemplo, que provoca a
destruição total ou parcial da mesma.
Quando uma descarga ocorre numa rede de uma concessionária de energia
elétrica, essa ação direta é absorvida pelos para-raios de rede e desviada para terra sem

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Elétrico de Potência (SEP)

causar grandes danos. Se não existissem os para-raios de rede, a ação do raio seria
devastadora para os transformadores, para a fiação e para os consumidores e seus
aparelhos (computadores, TVs, etc.).

CABOS PARA-RAIOS

Para proteger uma edificação usamos o para-raios do tipo Franklin que desvia a
descarga da estrutura para a terra evitando os danos de uma ação direta. Um para-raios
só será eficiente se seu aterramento for muito bem feito e revisado pelo menos uma vez
ao ano por profissionais especializados.

b) Ação indireta de um raio:


Uma descarga elétrica costuma provocar danos num raio de até 1000 m do ponto
de impacto, é a chamada ação indireta ou secundária, que ocorre por indução
eletromagnética ou em decorrência de resíduo da ação dos para-raios de rede. Surto é
toda perturbação elétrica que pode se propagar pela rede elétrica, linha telefônica ou
outras fiações.
Por exemplo, se um raio é absorvido pelo para-raios (bem instalado) de um
edifício, a ação direta do mesmo é evitada, porém, vários aparelhos eletrônicos do
prédio em questão poderão ser danificados pelos surtos induzidos em toda fiação
elétrica, telefônica, antena coletiva, e outros.

PARA-RAIOS ISOLADOR

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Elétrico de Potência (SEP)

Cerca de 70% dos defeitos no hardware dos computadores de outros EES’s são
provocados pela ação indireta das descargas atmosféricas e outros surtos.

c) Como proteger o hardware e a vida do usuário?


A maioria dos usuários de computador acredita que se sua máquina estiver
aterrada e ligada a um estabilizador, ele pode dormir tranquilo que seu computador não
será atingido por problemas oriundos da rede elétrica. Ledo engano. O aterramento
sozinho protege a vida do usuário contra elevações da voltagem na carcaça do
computador, porém não impede que os surtos atinjam os chips e outros componentes da
máquina. Para que o aterramento proteja também os equipamentos, é necessária a
utilização de filtros de linha que desviem para a terra os surtos que chegam pela rede
elétrica ou pela linha telefônica (conectada à placa fax/modem). Quanto ao estabilizador,
a função do mesmo é manter a voltagem de alimentação constante apesar de variação
da voltagem da rede (que no caso de Goiás e DF é de 220 Volts), a maioria dos
oferecidos no comércio não serve para nada, pois a correção que os mesmos
proporcionam está abaixo de + ou – 10% e dentro desta faixa a própria fonte do
computador ou dos outros aparelhos pode compensar as variações. Outros usuários
tomam todas as precauções quanto à rede elétrica, colocando estabilizador e filtro de
linha, mas se esquecem da linha telefônica à qual está ligado o modem.
Resumindo, um aterramento deve estar associado a um filtro de linha para a rede
elétrica e outro para a linha telefônica no caso do computador estar conectado à Internet.
O SPDA (Sistema de proteção contra Descargas Atmosféricas) se divide em 3
partes: o captor, os cabos de descida e o aterramento. Cada uma das 3 partes é
essencial para o bom funcionamento do sistema.
A NBR5410 trata de para-raios no seu capítulo 6.4- Aterramento e
equipotencialização.
A NBR14039 trata de para-raios no seu capítulo 6.4- Aterramento e condutores de
proteção.

5.4. ESTÁTICA
Com o advento e subsequente miniaturização de
componentes semicondutores, a eletricidade
estática passou a ser identificada como um novo
perigo que ameaça diretamente a produtividade e
a confiabilidade dos produtos eletrônicos. Tornou-
se fundamental então criar programas para evitar
os riscos da ESD - Electrostatic Discharge. Para
tanto, é necessário compreender alguns conceitos
eletrostáticos e as leis que os governam. A geração
de cargas estáticas pode ocorrer de muitas
maneiras. Entre elas podemos citar eletrização por
contato, eletrização triboelétrica, eletrização por
ESTÁTICA
indução, etc. Compreendendo os mecanismos da
eletrização estática, é mais fácil evitar o aparecimento das cargas estáticas, ou então
reduzi-las a níveis seguros. Atualmente, com a larga utilização de materiais sintéticos

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altamente isolantes, tanto na cobertura de pisos, mesas, cadeiras, roupas, sapatos e em


quase todos os objetos de utilização diária, o aparecimento da eletricidade estática tem
sido muito frequente, pois nestas situações as cargas elétricas não podem ser escoadas.
Dentre todos os processos de geração de carga estática, o mais comum é o
carregamento triboelétrico, o qual é causado pelo atrito entre duas superfícies. A
eletrização triboelétrica se refere à transferência de cargas devido a contato e separação
de materiais. A quantidade de carga gerada por esse processo depende de muitos
fatores, como a área de contato, pressão de contato, umidade relativa, velocidade com
que uma superfície é atritada sobre a outra.
Os materiais sensíveis à descarga eletrostática são identificados pelo símbolo
oficial reproduzido na figura abaixo:

EQUIPAMENTO SENSÍVEL À DESCARGA ELETROSTÁTICA (ESD)

Os prejuízos causados pela ESD A eletricidade estática, que para nós é


imperceptível, pode danificar um componente semicondutor quando a descarga atinge
um ou mais terminais desse componente. Algumas vezes o dano ocasionado por ESD não
será imediatamente perceptível, e a falha será latente. O componente que foi atingido
sofrerá degradação de desempenho ou redução de expectativa de vida. Outras vezes o
componente se danifica imediatamente, e a falha é denominada catastrófica.
Os danos por ESD em componentes semicondutores de um produto eletrônico
podem ocorrer desde a etapa de sua fabricação até sua instalação no usuário final.
Normalmente resultam do manuseio inadequado em áreas com pouco ou nenhum
controle contra ESD.
Um defeito por ESD é um sério inconveniente quando só é observado depois de o
produto chegar ao cliente, porque sua qualidade ficou comprometida por uma falha
latente. Na atual concorrência de mercado, significa ameaça a muitos empregos. Na
tabela abaixo, podemos ver como alguns componentes são classificados por sua
sensibilidade a ESD.
a) Como evitar o risco:
Todas as medidas de proteção dos dispositivos eletrônicos contra eletricidade
estática podem ser resumidas no seguinte conselho: evite descarregamento
eletrostático sobre componentes sensíveis. A proteção de componentes e placas

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Elétrico de Potência (SEP)

eletrônicas contra ESD deve considerar uma combinação de métodos de prevenção de


geração de cargas com mecanismos de remoção das cargas existentes. Considerem-se
as seguintes áreas para um programa de controle ESD: ambiente, prevenção pessoal e
bancada de trabalho.
Deve-se ter o cuidado de evitar o surgimento de cargas eletrostáticas adotando
medidas preventivas, como o estabelecimento no ambiente de trabalho de áreas
protegidas contra a ESD, que devem ser adequadamente identificadas, possuir piso
dissipativo e controle de umidade.
O uso de guarda-pó apropriado em conjunto com um meio de descarregamento
das pessoas (pulseira de aterramento ou calçado ESD) que trabalham em contato direto
com componentes sensíveis a ESD é o requisito mínimo de prevenção pessoal.
Ainda no campo da prevenção pessoal, as pulseiras de aterramento devem ser
ajustadas ao pulso com a parte metálica em contato direto e conectadas com algum
ponto de terra por seu cabo. A função da pulseira é propiciar o aterramento pessoal, isto
é, dissipar toda a energia estática presente no corpo para a terra. Internamente, a
pulseira possui uma resistência para limitar a corrente elétrica de descarga, protegendo
e evitando também o choque elétrico do usuário.
Devido ao constante manuseio da pulseira, é muito comum ocorrer um rompimento
de sua continuidade. Por esta razão, o valor da resistência da pulseira terá de ser
monitorado frequentemente.
O teste para verificar se a pulseira está em perfeito estado de funcionamento é
bastante simples. Com um multímetro digital, seleciona-se a função ohmímetro e depois
conecta-se uma das pontas de prova ao lado metalizado da pulseira e a outra ponta ao
cabo de aterramento. O valor da resistência a ser medido é 1 MW.
Outras formas de aterramento pessoal são os calçados ou calcanheiras ESD, de
solado especial com uma determinada condutividade elétrica. Lembrando, porém, que
todas as vezes que as calcanheiras estiverem sendo usadas, a tira condutiva deve ser
colocada dentro do sapato, sob o pé. Tanto o calçado como a calcanheira só são
aplicáveis em áreas com piso dissipativo.
Uma das formas mais importantes para o controle de ESD é a utilização de
bancadas aterradas e com superfície dissipativa. A bancada deve ter um ponto de
aterramento para a conexão de pulseiras.
b) Como proteger materiais sensíveis: Todos os dispositivos sensíveis à descarga
eletrostática devem ser embalados e transportados com materiais especialmente
desenvolvidos para proteger os componentes.
O transporte será feito somente dentro de embalagens especiais - caixas
condutivas e sacos metalizados fechados.
Os sacos metalizados são sempre identificados pelo símbolo ESD. Exercem a
função de dissipar as descargas promovidas por contato ou aproximação e também
oferecem blindagem dos componentes quando expostos a um campo elétrico.
Os sacos metalizados devem estar sempre intactos, isto é, sem nenhum furo ou
rasgo. Caso contrário, a proteção contra ESD não existirá e a embalagem perderá sua
função principal.
Algumas caixas possuem um revestimento com material condutor, que oferece
proteção contra ESD ao material embalado, de forma similar ao saco metalizado. As

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Elétrico de Potência (SEP)

caixas de módulos também são identificadas com o símbolo ESD.


A abertura destas embalagens também exige cuidados. Fitas adesivas, etiquetas
e lacres nunca devem ser retirados bruscamente. O ato de puxar uma fita adesiva gera
altas cargas estáticas. As fitas devem ser sempre cortadas com uma lâmina ou tesoura.
As embalagens e materiais que não possuem identificação ESD devem ser
colocados afastados dos ESDS.
As placas de circuito impresso devem ser manuseadas sempre pelas bordas. Os
módulos, sempre pelo painel frontal. Evitar ao máximo o contato com os componentes da
placa, trilhas e pontos de conexão.

5.5. CAMPOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS

Campos elétricos e magnéticos estão presentes em nosso dia-a-dia, sendo


encontrados tanto no ambiente como fenômenos naturais quanto na rotina doméstica ou
profissional vinculados a aparelhos elétricos e eletrônicos.
Linhas de transmissão em operação também geram campos elétricos e magnéticos
em torno dos cabos energizados. O efeito biológico desses campos tem sido bastante
estudado nos últimos 20 anos, não tendo sido, até o momento, comprovada relação de
causa-efeito entre tais campos e riscos à saúde em seres humanos.
Todavia, como precaução, as entidades de pesquisa e normalização dedicadas a
esses estudos recomendam limites máximos de exposição, abaixo dos quais os valores
de campo são considerados seguros.
Campo magnético

É o campo produzido por um


íman ou por cargas eléctricas em
movimento. O campo magnético de
materiais ferromagnéticos é causado pelo
spin de partículas subatómicas.

CAMPO MAGNÉTICO

 Empregos do eletromagnetismo
As bobinas estão por trás do funcionamento da maioria dos motores, gerando
energia em larga escala, pois tal é formada por espiras que são percorridas por
corrente elétrica e formam pólos magnéticos, tal sistema é usado também nas
usinas hidrelétricas.
NBR 5410_ Anexo E (informativo)
Categorias de suportabilidade a impulsos (categorias de sobretensão ou,
ainda, níveis de proteção contra surtos).

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Elétrico de Potência (SEP)

E.1 Introdução
Há uma tabela, cuja origem é a IEC 60664-1, que especifica valores que, por
constituírem uma referência comum, podem ser identificados segundo três ângulos.
O primeiro é aquele formalmente adotado na tabela: os valores referem-se à
tensão suportável de impulso (valor mínimo) que um material de instalação ou
equipamento de utilização deve apresentar, denotando, em outras palavras, a
categoria de suportabilidade a impulsos desse produto.
O segundo ângulo antecede conceitualmente o primeiro: os valores referem-se
às categorias de sobretensão, isto é, a níveis de sobre tensão transitória que podem
ser esperados em uma instalação elétrica de edificação, alimentada por uma rede
externa, numa situação estatisticamente arbitrada. E isso em diferentes pontos ao
longo de sua extensão. Daí por que esse ângulo antecede o primeiro: como se trata de
uma sobretensão previsível, os componentes da instalação deveriam então poder
suportá-la.
O terceiro ângulo fecha o círculo: os valores da tabela traduzem,
individualmente, o nível de proteção que um dispositivo contra surtos (DPS) deve
minimamente atender para que essa proteção seja compatível com a suportabilidade
do(s) equipamento(s) protegido(s). Isto é, a tensão residual que o DPS deixa passar,
devidamente instalado, deve ser igual ou menor que a suportabilidade do(s)
equipamento(s) protegido(s).

E.2 As categorias
As quatro categorias indicadas na tabela (I, II, III e IV) representam
suportabilidades crescentes nessa ordem. Os produtos com suportabilidade a impulsos
categoria II são produtos destinados a serem conectados à instalação elétrica fixa da
edificação. São, essencialmente, equipamentos de utilização como aparelhos
eletrodomésticos, aparelhos eletro profissionais, ferramentas portáteis e cargas
análogas.
Os produtos com suportabilidade a impulsos categoria I também são destinados
a serem conectados a uma instalação fixa de edificação, mas providos de alguma
proteção específica, que se assume externa ao equipamento — e situada, portanto,
em algum ponto da instalação fixa ou entre a instalação fixa e o produto, limitando as
sobretensões transitórias a um nível especificado.
Os produtos com suportabilidade a impulsos categoria III são componentes da
instalação fixa propriamente dita e outros produtos dos quais se exige um maior nível
de confiabilidade. Aqui podem ser citados, como exemplo, quadros de distribuição,
disjuntores, linhas elétricas (o que inclui condutores, barramentos, caixas de
derivação, interruptores e tomadas de corrente) e outros elementos da instalação fixa,
bem como produtos de uso industrial e equipamentos, como motores elétricos, que
estejam unidos à instalação fixa através de uma conexão permanente.
Por fim, os produtos com suportabilidade categoria IV são aqueles utilizados na
entrada da instalação ou próximo da entrada, a montante do quadro de distribuição
principal. Exemplos: medidores de energia, dispositivos gerais de seccionamento e
proteção e outros itens usados tipicamente na interface da instalação elétrica com a
rede pública de distribuição.

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NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

Aplicação do produto
Circuitos de
Entrada da Equipamentos Especialmente
distribuição
Tensão instalação de utilização protegidos
e terminais
nominal
Categoria do produto
IV III II I
Tensão de impulso suportável em kV
120/ 208
4 2.5 1,5 0,8
127/ 220
220/ 380
230/ 400 6 4 2,5 1,5
277/ 480
400/ 690 8 6 4 2,5

FAIXAS DE TENSÃO

SEÇÕES DE FIOS

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NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

5.6. DISRUPÇÃO

Disrupção é rompimento. Em eletricidade, se um dielétrico isola duas cargas, dois


potenciais e em dado momento a voltagem entre os dois polos do dielétrico supera sua
rigidez dielétrica, ele sofrerá uma descarga que o atravessa e o destrói.
Uma disrupção em dielétrico sólido é chamada de perfuração. Em dielétrico líquido
ou gasoso é chamada de centelha.
Diz-se que o dielétrico sofreu uma disrupção. A disrupção causa perfuração do
dielétrico. Pode acontecer que antes de ocorrer a perfuração, ocorra uma descarga pela
superfície do componente a uma tensão menor do que a tensão máxima que o material
suporta, e esta descarga superficial, também chamada de flash-over depende das
condições de umidade e limpeza bem como da geometria da superfície do componente.
Quando um dielétrico está sendo polarizado é “atravessado” por uma corrente de
polarização como a dos capacitores. Esta corrente tem uma curta duração, cessando
quando a polarização está completa. Ao mesmo tempo há uma corrente que realmente
continuamente atravessa o dielétrico, e esta corrente é muito pequena em condições
normais, sendo chamada de corrente transversal.

5.7. FUSÍVEIS E DISJUNTORES

Fusíveis e disjuntores têm funções similares nos circuitos. De uma maneira


genérica pode-se dizer que os fusíveis por não terem partes móveis sujeitas a desgaste
ou danos são mais robustos do que disjuntores, podendo suportar correntes de disrupção
mais elevadas.

COORDENAÇÃO DE PROTEÇÃO

Eles são calculados para a instalação levando-se em conta não somente a carga a
jusante, mas também o valor da corrente de curto-circuito presumida para a instalação.
Esta corrente depende da resistência interna do gerador e deve ser informada ao
projetista da instalação pelo fornecedor de energia.

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Elétrico de Potência (SEP)

CURVAS DE RESPOSTA DE FUSÍVEIS E DE DISJUNTORES

TRANSFORMADORES

TESTE

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Elétrico de Potência (SEP)

TESTE DE ISOLAMENTO

5.8. COMUNICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO

Da NR-10, temos: “10.10.1 Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser


adotada sinalização adequada de segurança, destinada à advertência e à identificação,
obedecendo ao disposto na NR-26 - Sinalização de Segurança, de forma a atender,
dentre outras, as situações a seguir:
a) identificação de circuitos elétricos;
b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos;
c) restrições e impedimentos de acesso;
d) delimitações de áreas;
e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de
movimentação de cargas;
f) sinalização de impedimento de energização; e
g) identificação de equipamento ou circuito impedido. “A norma exige a adoção de
sinalização adequada de segurança nos serviços e nas instalações elétricas. Foi ética ao
remeter a responsabilidade de especificação quanto aos detalhamentos de sinalização à
NR-26, que trata especificamente de sinalização de segurança”.
A sinalização é uma medida complementar de controle de riscos. E sendo
complementar, ela necessita da adoção de outras medidas de prevenção para ser eficaz
(barreiras, invólucros, obstáculos, etc.), contudo se constitui em um item de segurança
simples e simples e eficiente para a prevenção de riscos de origem elétrica em geral.

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Elétrico de Potência (SEP)

Essa medida de proteção promove a identificação a orientação e advertência nos


ambientes de trabalho. Deve ser adotada a partir da fase de projeto de instalações
elétricas e constarem no memorial descritivo.
Há situações, no entanto, em a sonorização é um meio eficiente para a promoção
de alertas, como por exemplo, utilizar um alarme sonoro que se antecipa à energização
de equipamento.
Comumente é utilizado o sistema de sinalização visual, dotado de símbolos,
ícones, caracteres, letreiros e cores de padronização internacional e nacional, aplicados
em etiquetas, cartões, placas, avisos, cartazes, fitas de comunicação, faixas, cavaletes,
cones, etc. destinados a promover informação, instrução, avisos, alertas ou
advertências de pessoas sobre os riscos ou condições de perigo existentes no ambiente,
equipamento, dispositivo, proibições de ingresso ou acesso, impedimentos diversos,
direções e cuidados ou ainda aplicados para a identificação de circuitos ou partes. É
importante ressaltar que, apesar de não estar explícito na NORMA, os dizeres utilizados
na sinalização são obrigatórios em língua portuguesa, salvo em condições nas quais, sob
justificativa, seja necessário o uso de outro idioma.

5.9. TRABALHOS EM ALTURA

Considerando que trabalho em altura é qualquer atividade que o trabalhador atue


acima do nível do solo.
Para trabalhos em altura acima de 2 metros é obrigatório, além dos EPIs básicos a
utilização do cinturão de segurança tipo paraquedista.
Para a realização de atividades em altura os trabalhadores devem:
• Possuir os exames específicos da função comprovados no ASO – Atestado de
Saúde Ocupacional (o ASO deve indicar explicitamente que a pessoa está apta a
executar trabalho em local elevado);
• Estar em perfeitas condições físicas e psicológicas, paralisando a atividade caso
sinta qualquer alteração em suas condições;
• Estar treinado e orientado sobre todos os riscos envolvidos.
Durante vários anos os serviços executados em estruturas elevadas eram
realizados com o cinturão de segurança abdominal e toda a movimentação era feita sem
um ponto de conexão, isto é, o trabalhador só teria segurança quando estivesse
amarrado à estrutura, estando susceptível a quedas.
Este tipo de equipamento, devido a sua constituição não permitia que fossem
adotados novos procedimentos quanto à escalada, movimentação e resgate dos
trabalhadores.
Com a preocupação constante em relação à segurança dos trabalhadores, a
legislação atual exigiu a aplicação de um novo sistema de segurança para trabalhos em
estruturas elevadas que possibilitam outros métodos de escalada, movimentação e
resgate.
A filosofia de trabalho adotada é de que em nenhum momento, nas
movimentações durante a execução das tarefas, o trabalhador poderá ficar desamarrado
da estrutura.
Considerando que este processo é altamente dinâmico, a busca de novas soluções

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NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

e tecnologia deve ser uma constante meta para que a técnica e os procedimentos
adotados não fiquem ultrapassados.

1. Cadeiras suspensas,
2. Guincho para pessoas,
3. Trava-quedas móveis,
4. Trava-quedas com cabos retráteis,
5. Linha da vida fixa e móvel,
6. Cinturões e acessórios de ancoragem,
7. Trabalhos em área de cargas,
8. Trabalhos em espaços confinados,
9. Trabalhos em estruturas em construção,
10. Trabalhos em fachadas,
11. Trabalhos em telhados,
12. Cabos de aço e cordas de segurança,
13. Absorvedor de energia,
14. Inspeção do sistema de proteção contra quedas.

Conceitos de segurança e legislação


a) Havendo risco de queda em trabalhos a mais de 2 m (dois metros) de altura do
piso deve ser utilizado cinturão paraquedista (NR 18.23.3), com ligação,
obrigatoriamente, pelas costas ou peito;
b) As argolas ou alças na linha da cintura do cinturão paraquedista devem ter
seu uso restrito para posicionamento de trabalho e limitação de distância (NBR11.
370);
c) As argolas ou alças dos ombros devem ser usadas para movimentação de
emergência (resgate) com o suporte de ombros. Para movimentação constante, deve-
se usar um trava-queda ligado, obrigatoriamente, às argolas ou alças do peito ou das
costas (NBR 11.370);
d) Havendo risco de queda na movimentação vertical ou horizontal deve ser usado
trava-queda (NR 6 – Anexo I);
e) Em andaimes deve ser usado cinturão paraquedista com trava-queda ligado em
cabo independente (NR 18.23.3.1);
f) As cadeiras suspensas e seus guinchos de movimentação vertical devem
possuir duas travas de segurança (NR18.15.51);
g) São proibidas as improvisações de cadeira suspensa e seus guinchos
(NR18.15.54). A cadeira suspensa deve ser fabricada obedecendo às especificações da
NBR 14.751;
h) Os pontos de ancoragem para trava-quedas, cadeiras suspensas e guinchos
devem ter resistência de, no mínimo, 1.500 kg (NBR 14.626 / 627 / 628 / 751);
i) A realização de trabalho em espaço confinado deve ser precedida de inspeção
prévia e elaboração de Ordem de Serviço com os procedimentos a serem adotados (NR
18.20);
j) A realização de trabalho em telhados e coberturas deve ser precedida de
inspeção prévia e elaboração de Ordem de Serviço com os procedimentos a serem

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adotados (NR 18.18);


k) Só deve ser usado trava-queda com cinturão e extensor especificado no CA (NR
6.6.1c).
l) Em cadeira suspensa deve ser usado cinturão paraquedista com trava-queda
ligado em cabo independente (NR18.15.52) pelas costas ou peito.

A NR12_ Máquinas e Equipamentos tem em seu anexo XII_ EQUIPAMENTOS DE


GUINDAR PARA ELEVAÇÃO DE PESSOAS E REALIZAÇÃO DE TRABALHO EM ALTURA
várias determinações sobre cestas aéreas e outros equipamentos similares.

CESTA AÉREA: Equipamento veicular destinado à elevação de pessoas para execução de


trabalho em altura, dotado de braço móvel, articulado, telescópico ou misto, com
caçamba ou plataforma, com ou sem isolamento elétrico, podendo, desde que projetado
para este fim, também elevar material por meio de guincho e de lança complementar
(JIB), respeitadas as especificações do fabricante.

CESTO ACOPLADO: Caçamba ou plataforma acoplada a um guindaste veicular para


elevação de pessoas e execução de trabalho em altura, com ou sem isolamento elétrico,
podendo também elevar material de apoio indispensável para realização do serviço.

CESTO SUSPENSO: Conjunto formado pelo sistema de suspensão e a Caçamba ou


plataforma suspensa por equipamento de guindar que atenda aos requisitos de
segurança deste anexo, para utilização em trabalhos em altura.

Esclarecendo: a diferença entre cesta aérea e cesta acoplada é que a cesta aérea já foi
construída com a finalidade de guindar pessoas, enquanto que a cesta acoplada é uma
adaptação oferecida com um guindaste veicular originalmente projetado para elevar
cargas. Veja o texto abaixo, retirado de:
http://cranebrasil.com.br/newsite/index.php/adendo-a-norma-nr12-regulamenta-
trabalho-com-cestos-aereos/.

Diante da variedade de guindastes e guindautos


disponíveis no mercado, em termos de marcas, modelos e
capacidades, tornou-se uma prática comum a oferta de
cestos acoplados como opcional. Com isso, a empresa
otimiza seus recursos, empregando o mesmo equipamento
para elevação de cargas e pessoas. “Como eles não foram
projetados para esta finalidade, ou seja, o içamento de
profissionais nos trabalhos em grandes alturas, o Anexo
XII estabelece 36 requisitos para essa adaptação”.

Novidades na norma
Na prática, são os mesmos itens exigidos para operação
com cestas aéreas, como a existência de sistema de
nivelamento ativo e automático da caçamba, que evita

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NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

oscilações laterais acima de 5º durante as movimentações


da lança. Além disso, o comando da operação deve estar
sempre com o profissional instalado na caçamba e o
sistema precisa dispor de uma válvula seletora, que
permita habilitar o controle para a parte superior (no
cesto) ou inferior (em terra), sempre desabilitando o
outro.
Em relação aos cestos suspensos, que são caçambas ou
plataformas sustentadas por guindastes através de cabos,
o Anexo XII da NR-12 restringe essa prática apenas a
situações especiais, em que seja inviável a utilização de
cestas aéreas, cestos acoplados ou plataformas aéreas de
trabalho. “Mesmo assim, para obter a permissão para esse
tipo de trabalho, a empresa deve anexar à ART (anotação
de responsabilidade técnica) um laudo técnico que
justifique essa inviabilidade”, completa o especialista.
Nos trabalhos em redes com tensão acima de 1.000 V – ou
próximos delas – o isolamento do cesto deve atender às
exigências da NBR-16092. Se a caçamba for acoplada a
guindaste, a última lança do equipamento também deverá
dispor de isolamento. “Outro ponto importante na norma é
que agora os equipamentos devem ser submetidos a
ensaios regularmente, que podem ser diários, mensais, a
cada 12 meses ou 48 meses”.

CESTO ACOPLADO CESTO SUSPENSO

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NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

6. TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCO NO SEP

6.1. RISCOS

Os riscos à segurança e saúde dos trabalhadores no setor de energia elétrica são,


via de regra, elevados, podendo levar a lesões de grande gravidade e são específicos a
cada tipo de atividade. Contudo, o maior risco à segurança e saúde dos trabalhadores é o
de origem elétrica.
A eletricidade constitui-se um agente de alto potencial de risco ao homem. Mesmo
em baixas tensões ela representa perigo à integridade física e saúde do trabalhador.
Sua ação mais nociva é a ocorrência do choque elétrico com consequências diretas
e indiretas (quedas, batidas, queimaduras indiretas e outras). Também apresenta risco
devido à possibilidade de ocorrências de curtos-circuitos ou mau funcionamento do
sistema elétrico originando grandes incêndios e explosões.
É importante lembrar que o fato da linha estar seccionada não elimina o risco
elétrico, tampouco se pode prescindir das medidas de controle coletivas e individuais
necessárias, já que a energização acidental pode ocorrer devido a erros de manobra,
contato acidental com outros circuitos energizados, tensões induzidas por linhas
adjacentes ou que cruzam a rede, descargas atmosféricas mesmo que distantes dos
locais de trabalho, fontes de alimentação de terceiros.

Riscos de origem elétrica


• Choque elétrico;
• Campo elétrico;
• Campo eletromagnético.

Riscos de queda
As quedas constituem uma das principais causas de acidentes no setor elétrico e
ocorrem em consequência de choques elétricos, de utilização inadequada de
equipamentos de elevação (escadas, cestas, plataformas), falta ou uso inadequado de
EPI, falta de treinamento dos trabalhadores, falta de delimitação e de sinalização do
canteiro do serviço e ataque de insetos.

Riscos no transporte e com equipamentos


Neste item abordaremos riscos de acidentes envolvendo transporte de
trabalhadores e o deslocamento com veículos de serviço, bem como a utilização de
equipamentos.

• Veículos a caminho dos locais de trabalho em campo.


É comum o deslocamento diário dos trabalhadores até os efetivos pontos de
prestação de serviços. Esses deslocamentos expõem os trabalhadores aos riscos
característicos das vias de transporte.

• Veículos e equipamentos para elevação de cargas e cestas aéreas.


Nos serviços de construção e manutenção em linhas e redes elétricas nos quais são

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NR-10 – SEP - Curso Complementar de Segurança no Sistema
Elétrico de Potência (SEP)

utilizados cestas aéreas e plataformas, além de elevação de cargas (equipamentos,


postes) é necessária a aproximação dos veículos junto às estruturas (postes, torres) e do
guindauto (grua) junto das linhas ou cabos. Nestas operações podem acontecer acidentes
graves, exigindo cuidados especiais que vão desde a manutenção preventiva e corretiva
do equipamento, o correto posicionamento do veículo, adequado travamento e fixação,
até a operação precisa do equipamento.

Riscos de ataques de insetos


Na execução de serviços em torres, postes, subestações, leitura de medidores,
serviços de poda de árvores e outros podem ocorrer ataques de insetos, tais como
abelhas e formigas.

Riscos de ataque de animais peçonhentos / domésticos


Estes ocorrem, sobretudo, nas atividades externas de construção, supervisão e
manutenção em redes elétricas.
O empregado deve atentar à possibilidade de picadas de animais peçonhentos
como, por exemplo, cobras venenosas, aranhas, escorpiões e mordidas de cães.

Riscos ocupacionais
Consideram-se riscos ocupacionais, os agentes existentes nos ambientes de
trabalho, capazes de causar danos à saúde do empregado.
Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos, de acordo com a sua
natureza e a padronização das cores correspondentes.

Ruído
Presente em vários locais tais como, usinas de geração de energia
elétrica, devido ao movimento de turbinas e geradores, subestações, redes
de distribuição, necessitando de laudo técnico específico para sua
caracterização. Radiação solar
Os trabalhos em instalações elétricas ou serviços com eletricidade quando
realizados em áreas abertas podem também expor os trabalhadores à radiação solar.
Como consequências podem ocorrer queimaduras, lesões nos olhos e até câncer de
pele, provocadas pela radiação solar.

Calor
Presente nas atividades desempenhadas em espaços confinados, como por
exemplo: subestações, câmaras subterrâneas, usinas (devido deficiência de circulação
de ar e temperaturas elevadas).

Riscos ergonômicos
Os riscos ergonômicos são significativos nas atividades do setor elétrico
relacionados aos fatores:

Biomecânicos: posturas inadequadas de trabalho provocadas pela exigência de


ângulos e posições inadequadas dos membros superiores e inferiores para realização

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Elétrico de Potência (SEP)

das tarefas, principalmente em altura, sobre postes e apoios inadequados, levando a


intensas solicitações musculares, levantamento e transporte de carga, etc;
Organizacionais: pressão psicológica para atendimento a emergências ou a situações
com períodos de tempo rigidamente estabelecidos, realização rotineira de horas extras,
trabalho por produção, pressões da população com falta do fornecimento de energia
elétrica;
Psicossociais: elevada exigência cognitiva necessária ao exercício das atividades
associada à constante convivência com o risco de vida devido à presença do risco elétrico
e também do risco de queda (neste caso, sobretudo para atividades em linhas de
transmissão, executadas em grandes alturas);
Ambientais: conforme teoria, risco ambiental compreende os físicos, químicos e
biológicos; esta terminologia fica inadequada, devem-se separar os riscos provenientes
de causas naturais (raios, chuva, terremotos, ciclones, ventanias, inundações, etc.).

6.2. ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO (APR)

Trata-se de uma técnica de análise prévia de riscos que tem como objetivo
antecipar a previsão da ocorrência danosa para as pessoas, processos, equipamentos e
meio ambiente. É elaborada através do estudo, questionamento, levantamento,
detalhamento, criatividade, análise crítica e autocrítica, com consequente
estabelecimento de precauções técnicas necessárias para a execução das tarefas (etapas
de cada operação), de forma que o trabalhador tenha sempre o controle das
circunstâncias, por maiores que forem os riscos.
A Análise Preliminar de Risco é uma visão técnica antecipada do trabalho a ser
executado, que permite a identificação dos riscos envolvidos em cada passo da tarefa, e
ainda propicia condição para evitá-los ou conviver com eles em segurança. Por se tratar
de uma técnica aplicável a todas as atividades, uma grande virtude da aplicação desta
técnica de Análise Preliminar de Risco é o fato de promover e estimular o trabalho em
equipe e a responsabilidade solidária.

6.3. CHECK LIST

O objetivo deste documento é criar o hábito de verificar os itens de segurança


antes de iniciar as atividades, auxiliando na detecção, na prevenção dos riscos de
acidentes e no planejamento das tarefas, enfocando os aspectos de segurança. Esse
formulário pode ser vinculado no verso de uma “ordem de serviço”.
Será preenchido de acordo com as regras de Segurança do Trabalho. “A Equipe
somente deverá iniciar cada atividade, após realizar a identificação de todos os riscos,
medidas de controle e após concluir o respectivo planejamento da atividade”.

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Elétrico de Potência (SEP)

7. PROCEDIMENTOS DE TRABALHO – ANÁLISE DE DISCUSSÃO

Os itens da NR 10 que tratam de procedimentos de trabalho são estes a seguir.

10.2 MEDIDAS DE CONTROLE


10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada superior a 75 kW devem
constituir e manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do disposto no
subitem 10.2.3, no mínimo:
a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de
segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e descrição das medidas de
controle existentes;

10.2.5 As empresas que operam em instalações ou equipamentos integrantes do


sistema elétrico de potência devem constituir prontuário com o conteúdo do item 10.2.4
e acrescentar ao prontuário os documentos a seguir listados:
a) descrição dos procedimentos para emergências;

10.6 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ENERGIZADAS


10.6.4 Sempre que inovações tecnológicas forem implementadas ou para a
entrada em operações de novas instalações ou equipamentos elétricos devem ser
previamente elaboradas análises de risco, desenvolvidas com circuitos desenergizados, e
respectivos procedimentos de trabalho.

10.7 TRABALHOS ENVOLVENDO ALTA TENSÃO (AT)


10.7.6 Os serviços em instalações elétricas energizadas em AT somente podem ser
realizados quando houver procedimentos específicos, detalhados e assinados por
profissional autorizado.

10.11 - PROCEDIMENTOS DE TRABALHO


10.11.1 Os serviços em instalações elétricas devem ser planejados e realizados
em conformidade com procedimentos de trabalho específicos, padronizados, com
descrição detalhada de cada tarefa, passo a passo, assinados por profissional que atenda
ao que estabelece o item 10.8 desta NR.

10.11.3 Os procedimentos de trabalho devem conter, no mínimo, objetivo, campo


de aplicação, base técnica, competências e responsabilidades, disposições gerais,
medidas de controle e orientações finais.
10.11.4 Os procedimentos de trabalho, o treinamento de segurança e saúde e a
autorização de que trata o item 10.8 devem ter a participação em todo processo de
desenvolvimento do Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho - SESMT, quando houver.

Comentários adicionais
Pelo item 10.11.1 da NR 10 fica claro que todos os serviços em eletricidade devem
ter procedimentos definidos. O profissional não precisa nem deve decorar passos para

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Elétrico de Potência (SEP)

executar tarefas.
Pelo item 10.2.4 da NR 10, se a empresa tiver uma carga instalada maior que 75
kW, então os procedimentos devem estar anexados ao prontuário de instalações
elétricas.
Além dos procedimentos para a execução de serviços, há os procedimentos a
serem seguidos por ocasião de situações de emergência. O ideal é que todas as
empresas tenham seus procedimentos normais e de emergência definidos, mas pelo item
10.2.5 da NR 10, só se exigem os procedimentos de emergência para empresas que
operam o SEP.

8. TÉCNICAS DE TRABALHO SOB TENSÃO

8.1. EM LINHA VIVA

A composição das equipes de linha viva por apresentarem características


específicas das atividades em redes energizadas deve obedecer a critérios rígidos de
seleção e treinamento e ser seguida de processos de reciclagem permanente.

Perfil funcional
O perfil ideal do componente de uma equipe de linha viva é que seja um elemento
com boa desenvoltura em trabalho manuais, ter cursado no mínimo o 1º grau completo,
com habilitação e experiência para dirigir caminhão, que assimile as normas e
procedimentos com facilidade, com espírito participativo e cooperativo, com um bom
equilíbrio emocional, tranquilo, acessível, com altura mínima de 1,65 cm com uma boa
antropometria e gozando de ótima saúde.

Recrutamento
Os candidatos a eletricista deverão ser recrutados preferencialmente nas equipes
de construção ou manutenção de redes desenergizadas e os encarregados serem
selecionados entre os eletricistas que mostrar potencial para o cargo, dentro das equipes
de linha viva existentes, após cuidadoso acompanhamento, avaliando os requisitos
necessários como: liderança, capacidade individual e coletiva, equilíbrio emocional,
organização bom comportamento, atendimento a normas e procedimento etc... É
importante que não se atenha somente como base o histórico individual, mas, também
através de exames médicos e testes psicotécnicos, que permitam fornecer dados
adicionais.

Atividades funcionais
Descrição das principais atividades funcionais de uma equipe de Linha Viva, desde
o Engenheiro, passando pelo Técnico (Supervisor) o Encarregado, e por ultimo os
eletricistas.

Engenheiro
Definir as diretrizes para o planejamento, programação e organização dos
trabalhos em Redes de Distribuição Aéreas Energizadas (Linha Viva), levando em conta

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Elétrico de Potência (SEP)

a importância dos alimentadores, condições de carga, FEC e DEC dos alimentadores,


existência de consumidores especiais, etc.
• Discutir novos métodos de trabalho em Rede de Distribuição Aérea Energizadas
(Linha Viva);
• Analisar Normas Técnicas;
• Discutir Relatórios Mensais de atividades da(s) equipe(s);
• Avaliar o andamento da programação feita para os trabalhos;
• Avaliar se os recursos estão sendo bem utilizados.

Técnico (Supervisor)
Para o desenvolvimento das atividades nesta função o técnico (Supervisor) deverá
possuir uma grande experiência de Redes Aéreas de Distribuição Energizadas e ou
Desenergizadas, bem como ter trabalhado diretamente no campo e estar ciente das
normas e procedimentos para desenvolver sua atividade. Dentre suas atividades
destacamos:
• Planejar, programar e organizar racionalmente os trabalhos da(s) equipe(s);
• Periodicamente, assistir ao desenvolvimento das tarefas da(s) equipe(s)
avaliando a qualidade do serviço, o desempenho e a produtividade;
• Inteirar-se bem na parte técnica, para poder orientar a execução correta dos
trabalhos e corrigir as imperfeições ou improvisações por ventura existentes;
• Reunir a(s) equipe(s), pelo menos uma vez por mês e dialogar com o pessoal,
sobre o desenvolvimento das tarefas e as necessidades se existentes;
• Analisar o relatório de atividades da equipe, fornecido pelo encarregado, a fim de
avaliar o serviço e o tempo gasto na realização das tarefas;
• Dar a máxima condição de trabalho e assistência;
• Fiscalizar a(s) equipe(s), no que diz respeito ao emprego correto dos
equipamentos, das diversas técnicas de trabalho e das normas de segurança e a
conservação dos equipamentos;
• Programar ensaio do material, conforme recomendações;
• Providenciar a reposição de equipamentos e ferramentas danificadas;
• Programar para que as equipes se submetam a uma reciclagem dentro do prazo
estabelecido pelas normas para que seja mantido o bom desenvolvimento técnico se
atualizando com o surgimento de novas técnicas;
• Programar as férias dos componentes de sua(s) equipe(s) preferencialmente
coletiva e dentro do período chuvoso.

Encarregado
Do desenvolvimento de suas atividades é que se pode obter o sucesso de uma
equipe de Linha Viva, pois o mesmo trabalha diretamente no comando da equipe e de
sua capacidade, liderança, julgamento e iniciativa depende a qualidade, a
produtividade dos serviços, a eficiência e a segurança do pessoal. Dentre suas
atividade destacamos:
• Verificação física e psicológica de toda a equipe, para o desempenho de suas
funções;
• Analisar e programar, no local, a melhor maneira de se realizar o serviço e

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Elétrico de Potência (SEP)

detalhar as várias etapas a serem seguidas para se conseguir com segurança e


eficiência;
• Colher sugestões, discutir os detalhes e esclarecer todas as dúvidas pertinentes
à execução da tarefa;
• Comunicar ao supervisor sempre que verificar que existir algum problema na
equipe que possam comprometer a segurança dos trabalhos e o desequilíbrio de toda
equipe;
• Zelar pela guarda, limpeza e conservação das ferramentas e equipamentos;
• Observar as condições de limpeza e umidade dos equipamentos, não admitindo
a execução de serviço em dias chuvosos;
• Preencher o relatório de atividades da equipe;
• Sugerir medidas que visem aprimorar a execução das tarefas em Rede Aérea de
Distribuição Energizada.

Eletricista
Efetivamente são eles que executarão as tarefas diretamente nas redes
energizadas e que para tanto devem estar habilitados e suficientemente treinados para
ser um componente de uma equipe de Linha Viva. Dentre suas atividades destacamos:
• Antes da execução de cada tarefa, participar da programação e ouvir
atentamente as orientações dadas pelo encarregado, para que não haja nenhuma
dúvida sobre a tarefa;
• Verificar sempre, antes de iniciar qualquer tarefa, se o seu equipamento e suas
ferramentas estão em perfeitas condições e se entendeu bem a tarefa que lhe foi
confiada, caso contrário pedir esclarecimentos;
• Observar e realizar as diversas tarefas, de acordo com as determinações do
encarregado, dentro da melhor técnica, sem fugir das regras estabelecidas;
• Realizar as tarefas com calma e tranquilidade. Lembrar sempre que, na
execução das tarefas de manutenção em Redes Distribuição Aérea Energizadas, a pressa
é um fator secundário;

A imagem a seguir mostra os três tipos de técnicas de trabalho em linha viva


(energizada).
A primeira mostra o profissional trabalhando diretamente na linha sem o auxílio de
bastões, apenas protegido por luvas, mangas, etc. Ele não está no potencial de terra
nem no potencial da linha, e este método é mais utilizado em tensões médias ou
menores. Este é o método ao contato.
A segunda mostra o profissional trabalhando também diretamente na linha, mas
no mesmo potencial desta. Neste caso ele veste uma vestimenta condutiva que funciona
como uma gaiola de Faraday para seu corpo, e deve se manter a uma distancia segura
de partes aterradas do circuito. Este método é mais utilizado em altas tensões. Este é o
método ao potencial.

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Elétrico de Potência (SEP)

A terceira mostra o profissional trabalhando na linha com o auxílio de bastões e


ferramentas isoladas, a uma distancia segura. Ele está no potencial de terra. Este é o
método ao contato.

TÉCNICAS DE TRABALHO EM LINHA VIVA

8.2. AO POTENCIAL

Com este método de trabalho os eletricistas se transferem para um potencial


intermediário ficando isolado do potencial de terra posicionando dentro de cesta aérea,
plataforma isolada ou escada isolada (fiberglass) usando ferramentas e equipamentos
adequados.
Na execução de serviços neste método de trabalho o eletricista se acomoda em
uma cesta aérea, ou em cima de uma plataforma isolada ou ainda uma escada isolada
(fiberglass) devidamente paramentados com mangas de borracha, luva de borracha com
luva de cobertura na classe de tensão da rede, e todo o serviço será executado
diretamente na fase energizada.

Descrição dos serviços método ao contato


Praticamente todos os serviços que se fazem necessários nas Redes de Distribuição
Aérea podem ser executados com as redes energizadas, especialmente agora com
desenvolvimento das ferramentas e equipamentos.

8.3. TRABALHO À DISTÂNCIA

Metodologia de trabalho
Para o desenvolvimento dos trabalhos em Redes de Distribuição Aérea
Energizadas, poderão ser classificados por duas metodologias básicas a serem adotadas
nas tarefas com linha viva como à distância e ao contato. O que não inviabiliza a
utilização simultânea dos dois métodos de trabalho, que é uma técnica muito utilizada e
que se aplica perfeitamente na execução dos serviços com Linha Viva.

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Elétrico de Potência (SEP)

Por se tratar de dois métodos de trabalho diferentes para se executar serviços


com redes energizadas o treinamento dos eletricistas se inicia com o serviço em Linha
Viva à distância que só habilita a executarem serviços somente neste método, passando
por um período de avaliação de 3 a 6 meses para se adaptarem a esta nova sistemática
de trabalho. Deverá ser observada rigorosamente a distância de segurança para
trabalho, mínima necessária para que o eletricista possa se movimentar, inclusive
manipulando equipamentos ou ferramentas, de modo a não ocorrer risco de abertura de
arco elétrico em relação ao seu corpo, como sendo de 75 cm, independente da classe
de tensão da rede entre 1 kV e 26,5 kV, quando em serviços nas redes energizadas
ser à distância ou ao contato. Sempre que não for possível respeitar a distancia de
segurança para o trabalho, devem ser colocados protetores e coberturas isolantes.
Depois deste período de adaptação se inicia o treinamento com Linha Viva ao
contato e só depois de passar por esta fase de avaliação é que o eletricista estaria se
credenciando a trabalhar com rede energizada ao contato ficando apto para executar os
serviços em redes energizadas aplicando os dois métodos de trabalho de acordo com o
procedimento técnico de segurança.
Os trabalhos ao contato direto, somente poderão ser realizados desde que
disponíveis os equipamentos nas seguintes classes de tensões:
• Sistemas de baixa tensão até 1 kV - classe 0 de isolamento;
• Sistemas de media tensão até 17 kV - classe 2 de isolamento;
• Sistemas de media tensão até 26,5 kV - classe 3 de isolamento;

Método à distância
Na execução dos serviços utilizando este método, nestas tarefas com Linha Viva
os eletricistas trabalham em potencial de terra, ou seja, posicionados em escadas
comuns de madeira, ou até mesmo em esporas, executando todos os serviços usando
ferramentas e equipamentos adequados.
Na execução de serviços neste método de trabalho, o eletricista deverá estar
perfeitamente acomodado na escada, calçando luva de borracha com luva de cobertura
na classe de tensão da rede e todo serviço será executado através de bastões. Em
hipótese nenhuma será permitido que o eletricista toque nas redes diretamente, mesmo
equipado com luvas de borracha.

Descrição dos serviços método à distância


No inicio da formação de uma equipe de linha viva se aplica este método para
executar as tarefas mais simples nas Redes de Distribuição Aérea como:
• Substituição de isoladores de pino e ou acessórios como pinos ou amarração,
cadeia com isolador de suspensão em estruturas simples ou duplas;
• Substituição de cruzetas, simples ou duplas em ângulos suaves com isolador de
pino ou suspensão;
• Instalação e ou substituição de postes com estrutura simples;
• Substituição de para raio e ou equipamentos
Na pratica se executa todos os serviços de linha ao contato direto e em
determinada situações durante a execução de algumas tarefas pode ser utilizada serviços
com método à distância facilitando e agilizando o desenvolvimento das tarefas.

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Elétrico de Potência (SEP)

Nos locais de difícil acesso, como alto de morro ou local aonde não se chega com
a cesta aérea aplica-se este método de trabalho com muita eficiência para atendimento
deste tipo serviços. Também se mostra muito útil nas estruturas das subestações para se
executar manutenção, limpeza de isoladores, par raios, etc.

8.4. TRABALHOS NOTURNOS

Serviços de linha viva à noite Excepcionalmente, durante a noite, o serviço com


linha energizada deverá atender às seguintes exigências: treinamento para serviço
noturno, condições físicas favoráveis dos eletricistas no caso de prorrogação da
jornada, iluminação local de forma a permitir condição para o trânsito de veículos e
pedestres e, principalmente, para execução da tarefa.

8.5. AMBIENTES SUBTERRÂNEOS

Consideram-se os mesmos cuidados que se teria com trabalhos em espaços


confinados.
Logo: Ambiente confinado é qualquer aérea não projetada para ocupação
continua, com movimentação restrita, a qual tem meios limitados de entrada e saída e a
ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes perigosos e/ou
deficiência/enriquecimento de oxigênio que possam existir ou se desenvolver.
Podemos citar como exemplos de ambientes confinados, dutos de ventilação,
tanques em geral, rede de esgoto ou água, tonéis, containers, cisternas, minas, valas,
vasos, colunas, silos, diques, poços de inspeção, caixas subterrâneas, etc.
Estes ambientes podem possuir uma ou mais das seguintes características:
• Potencial de risco na atmosfera;
• Deficiência de O2 (menos de 19,5%) ou excesso (mais de 23%);
• Configuração interna tal que possa provocar asfixia, claustrofobia, ou que
dificultem a saída rápida de pessoas;
• Agentes contaminantes tóxicos ou inflamáveis.
Tanques abertos podem ser considerados como ambientes confinados, pois a
ventilação natural inexiste, o potencial de acúmulo de fontes geradoras ou de escape de
gás, torna atmosfera perigosa. Para reconhecer um ambiente confinado, é preciso
conhecer o potencial de risco do ambiente, processos, produtos, etc., porém o mais
sério risco se concentra na atmosfera do ambiente confinado.
Todos os ambientes confinados devem ser adequadamente sinalizados,
identificados e isolados, para evitar que pessoas não autorizadas adentrem a estes locais.
Antes de o empregado entrar num ambiente confinado, a atmosfera interna deverá
ser testada por empregado treinado e autorizado, com um instrumento de leitura direta,
calibrado e testado antes do uso, adequado para trabalho em áreas potencialmente
explosivas, intrinsecamente seguro e protegido contra emissões eletromagnéticas ou
interferências de radiofrequências, calibrado e testado antes da utilização para as
seguintes condições:
• Concentração de oxigênio;
• Gases e vapores inflamáveis;

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• Contaminantes do ar potencialmente tóxicos.


Programa de entrada em espaço confinado
• Manter procedimento de acesso;
• Implantar as medidas necessárias para prevenir as entradas não
autorizadas;
• Identificar e avaliar os riscos dos espaços confinados antes da entrada dos
empregados;
• Providenciar treinamento periódico aos empregados envolvidos com
ambientes confinados quanto aos riscos a que estão expostos, medidas de controle e
procedimentos seguros de trabalho; em locais confinados, para supervisores, vigias e
empregados autorizados com os respectivos nomes e assinaturas;
• Manter um plano de emergência o qual será de conhecimento dos
empregados, incluindo equipamentos em perfeitas condições de uso;
• Providenciar exames médicos admissionais, periódicos e demissionais –
ASO (Atestado de Saúde Ocupacional);
• Manter o espaço confinado devidamente sinalizado e isolado,
providenciando barreiras para proteger os terceiros para que não entrem na instalação;
• Proceder às manobras de travas e bloqueios, quando houver necessidade;
• Efetuar teste de resposta do equipamento de detecção de gases;
• Realizar a avaliação da atmosfera para detectar gases ou vapores
inflamáveis, gases ou vapores tóxicos e concentração de oxigênio;
• Avaliar a atmosfera quanto à presença de poeiras, quando reconhecido o
risco;
• Purgar, inertizar, lavar ou ventilar o espaço confinado, para eliminar ou
controlar os riscos atmosféricos;
• Avaliar os riscos físicos, químicos, biológicos e/ou mecânicos.

Equipamentos
Deverão estar disponíveis os seguintes equipamentos, funcionando
adequadamente e assegurando a utilização correta:
• Equipamento de sondagem inicial e monitorização contínua da atmosfera,
calibrado e testado antes do uso, adequado para trabalho em áreas potencialmente
explosivas. Os equipamentos que forem utilizados no interior dos espaços confinados
com risco de explosão deverão ser intrinsecamente seguros e protegidos contra
interferência eletromagnética e radiofrequência, assim como os equipamentos
posicionados na parte externa dos ambientes confinados que possam estar em áreas
classificadas;
• Equipamento de ventilação mecânica para obter as condições de entrada
aceitáveis, através de insuflamento e/ ou exaustão de ar. Os ventiladores que forem
instalados no interior do ambiente confinado com risco de explosão deverão ser
adequados para trabalho em atmosfera potencialmente explosivas, assim como os
ventiladores posicionados na parte externa dos ambientes confinados que possam estar
em áreas potencialmente explosivas;
• Equipamento de comunicação, adequado para trabalho em áreas potencialmente
explosivas;

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• Equipamentos para atendimento pré-hospitalar; e


• Equipamento de iluminação, adequada para trabalho em áreas potencialmente
explosivas.

Procedimentos Gerais
Todo e qualquer trabalho em ambiente confinado terá no mínimo, duas pessoas,
sendo uma delas denominada vigia. Desenvolver e implementar procedimentos para os
serviços de emergência especializado e primeiros socorros para o resgate dos
empregados em ambientes confinados.
Desenvolver e implementar um procedimento para preparação, emissão, uso e
cancelamento de permissões de acesso. Desenvolver e implementar procedimentos de
coordenação e de acesso que garantam a segurança de todos os trabalhadores,
independentemente de haver diversos grupos de empregados no local.
Interromper as operações de entrada sempre que surgir um novo risco de
comprometimento da saúde e segurança dos empregados.
Circunstâncias que requerem a revisão da permissão de entrada em espaços
confinados, porém não limitada a estas:
• Qualquer entrada não autorizada num ambiente confinado;
• Detecção de um risco no ambiente confinado não coberto pela permissão;
• Detecção de uma condição proibida pela permissão;
• Ocorrência de um dano ou acidente durante a entrada;
• Mudança no uso ou na configuração do ambiente confinado;
• Queixa dos trabalhadores sobre a segurança e saúde do trabalho.

9. EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS DE TRABALHO

Em relação às ferramentas e aos equipamentos de trabalho, pela natureza


delicada e perigosa das tarefas envolvendo alta tensão as seguintes recomendações de
segurança devem ser observadas:
• As ferramentas e ou equipamentos utilizados na manutenção de Redes de
Distribuição Energizadas, apresentam um custo muito elevado e sua disponibilidade se
constitui num importante fator para a manutenção do sistema elétrico;
• Todos os materiais, ferramentas e ou equipamentos, desde a especificação,
passando pelo processo de compra, recebem um acompanhamento técnico
extremamente rigoroso. As análises técnicas da concorrência e a aceitação dos
materiais em laboratórios passam por rígidos processos de engenharia. Além dos testes
de recebimento, os materiais são necessariamente submetidos a outros testes e ensaios
elétricos durante sua vida útil;
• Em função disso, devemos implantar uma sistemática de controle dessas
ferramentas e ou equipamentos que possam aumentar sua vida útil, reduzir custos com
reposição, aumentando sua disponibilidade para os serviços e garantir maior segurança
aos eletricistas que trabalham em redes energizadas.

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Elétrico de Potência (SEP)

9.1. CLASSIFICAÇÃO DAS FERRAMENTAS E OU


EQUIPAMENTOS
Para se ter uma visão geral das ferramentas e ou equipamentos utilizados numa
equipe de Rede de Distribuição Aérea Energizadas foram criados grupos separando-as
conforme sua aplicação no desenvolvimento dos serviços.

A NR10 faz as seguintes exigências aplicáveis a ferramentas e equipamentos:


10.2.4 10.2.4 Os estabelecimentos com carga instalada
superior a 75 kW devem constituir e manter o
Prontuário de Instalações Elétricas, contendo, além do
disposto no subitem 10.2.3, no mínimo:
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva
e individual e o ferramental, aplicáveis conforme
determina esta NR;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados
em equipamentos de proteção individual e coletiva;

10.2.5 As empresas que operam em instalações ou


equipamentos integrantes do sistema elétrico de
potência devem constituir prontuário com o conteúdo
do item 10.2.4 e acrescentar ao prontuário os
documentos a seguir listados:
b) certificações dos equipamentos de proteção coletiva e
individual;

10.7.8 Os equipamentos, ferramentas e dispositivos


isolantes ou equipados com materiais isolantes,
destinados ao trabalho em alta tensão, devem ser
submetidos a testes elétricos ou ensaios de laboratório
periódicos, obedecendo-se as especificações do
fabricante, os procedimentos da empresa e na ausência
desses, anualmente.

Ferramentas de tracionamento e suporte


• Bastões;
• Selas e Componentes;
• Talhas, esticadores e suportes;
• Conjunto de elevação e afastamento de linhas .

Ferramentas manuais
• Bastões manuais;
• Alicates e tesourões;
• Aparelhos para testes de linha;
• Jumper provisórios;
• Ferramentas universais.

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Escadas e plataformas
• Cestas aéreas;
• Escadas e acessórios;
• Plataformas e acessórios.

Equipamentos de segurança
• Coberturas e proteção;
• Equipamentos de proteção pessoal.

Manutenção, teste, acondicionamento e transporte do equipamento


• Restauradores e lubrificantes;
• Equipamentos de teste;
• Acondicionamento e transporte.

10. SISTEMA DE PROTEÇÃO COLETIVA

Os sistemas de proteção coletiva são formados pelas medidas de proteção coletiva,


como o aterramento, e pelos equipamentos de proteção coletiva, como as isolações.
O aspecto de segurança no trabalho é um dos mais importantes e que deve
merecer a maior atenção, em qualquer tarefa que se execute nos mais diversos ramos
da atividade humana. Analogamente, ao realizarmos trabalhos em Linhas Energizadas,
devemos estar atentos a todos os movimentos e ações que possam a vir a provocar um
acidente. É dever de cada um, do executante ao responsável pela turma, estar sempre
atento a tudo que ocorre no local de trabalho. Certamente o alerta do comando poderá
evitar o acidente, em diversas situações. Apresentaremos detalhes de ordem prática dos
equipamentos de segurança próprios para trabalhos em Linhas energizadas, que
compõem o nosso kit de ferramentas e ou equipamentos. Dispensamo-nos aqui de
abordar o capacete, cinto de segurança, botina de segurança etc. por serem
equipamentos de uso comum, cujo emprego permanece obrigatório.

10.1. COBERTURAS E PROTEÇÃO

As principais características e condição de uso dos diversos equipamentos


empregados para proteger e isolar condutores, isoladores, ferragens, postes, etc,
quando se trabalha com Linhas Energizadas:

10.2. COBERTURA PARA POSTES

As coberturas para postes e ou (protetores para postes) são construídos em


polipropileno, com pouca maciez e que não deformam até uma temperatura de 78
graus, podendo ser usados em redes energizadas até 34,5 kV.
As coberturas de 152 mm (6”) de diâmetro são lisas, enquanto que os 229 mm
(9”) para cima apresentam estrias internas no sentido longitudinal, propiciando assim um
espaço de ar entre o poste e o protetor, reduzindo o contato entre os mesmos.

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Elétrico de Potência (SEP)

Estes protetores podem ser encaixados uns aos outros pelo uso do botão e do
buraco de encaixe existentes nas extremidades opostas. Puxadores de corda de
polipropileno de 1/4” são atados através de buracos nas áreas sobrepostas das
coberturas. Quando instalados em um poste a ser retirado, deve se passar uma corda de
1/2” de polipropileno, ou uma corda de boa qualidade, enrolando-se na cobertura,
fixando-a aos puxadores, para não deixar cair as coberturas.

10.3. COBERTURAS PARA CONDUTOR E ISOLADOR DE PINO


ATÉ 46KV

As coberturas para condutor e isolador de pino até 46 kV são construídos em


polipropileno, com pouca maciez e que não deformam até uma temperatura de 78
graus, podendo serem usados em redes energizadas até 34,5 kV.
Estes equipamentos foram desenvolvidos, para proteger o eletricista quando este
estiver trabalhando próximo a linhas energizadas. Estas coberturas, poderão ser usadas
para dar proteção ao eletricista, entre fases até as tensões de 46 kV, podendo ser
instalado manualmente, ou com o bastão de manobras (bastão pega tudo). Uma vez
colocados, não há possibilidade das coberturas caírem dos condutores, pois existe um
fecho que pode ser aberto ou fechado, bastando girar de 1/4 de volta ao gancho a ela
interligado, no caso das coberturas para 46 kV, podendo envolver cabos de até 2” de
diâmetro. As coberturas para isoladores, são fabricados para serem usados juntamente
com duas coberturas para condutor.
Justapõem-se duas coberturas para condutor que se ajustam sobre o isolador de
pino fecham-se sobre as duas coberturas para condutor nas duas pontas. Existe uma
corda de polipropileno que se lança por baixo da cruzeta e se prende no local próprio
com o bastão de manobra (bastão pega tudo).
Isto evita que a cobertura de isolador caia de sua posição pala ação de uma
pancada ou de uma rajada de vento. O material empregado nestes equipamentos é um
polietileno duro e altamente dielétrico. A superfície encerada garante uma boa limpeza
e resiste também à ação de gorduras e outros contaminantes. A cor laranja brilhante dá
grande visibilidade quando em uso.

10.4. COBERTURAS PARA CONDUTOR, ISOLADOR DE PINO E


SUSPENSÃO ATÉ 15KV

As coberturas para condutor, isolador de pino e suspensão até 15 kv são


construídos em polipropileno, com pouca maciez e que não deformam até uma
temperatura de 78 graus, podendo ser usados em redes energizadas até 15 kV.
Estes equipamentos tem também a finalidade de proteger o eletricista quando
este estiver trabalhando próximo a redes energizadas.
Os três são facilmente instalados manualmente ou através do bastão de manobras
(pega tudo) em seus locais apropriados. São também fabricados com o mesmo
polietileno, com as mesmas características que lhe proporcionam ser altamente
dielétrico, flexível, leve e de cor laranja dos demais equipamentos de proteção. As
coberturas de condutor assentam-se em condutores de até 1” de diâmetro. Podem ser

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Elétrico de Potência (SEP)

justapostos uns aos outros, ou acoplados as coberturas para isolador de pino e ou


suspensão, para aumentar a área de trabalho protegido.
As coberturas para isoladores são projetados para cobrir isoladores tipo pino
(classe 15 kV.) mas podem também proteger o prendedor de linha.
Outro tipo de cobertura é usado para proteger um isolador tipo suspensão, o
grampo de tensão e a cavilha de sustentação do grampo.
As duas coberturas de isoladores, pino e suspensão são dotados de um pequeno
pedaço de corda de polipropileno, que é atada a um aro achatado a fim de impedir que
ele caia por causa de uma pancada ou uma rajada de vento.

10.5. COBERTURAS PARA CRUZETA

As coberturas para cruzeta, são construídas em polipropileno, com pouca maciez e


que não deformam até uma temperatura de 78 graus, podendo ser usadas em redes
energizadas até 34,5 Kv,
Estas coberturas para cruzetas são usadas para evitar o contato dos fios de
amarração com a cruzeta, quando efetuamos a operação de amarrar e ou desamarrar
condutores em isolador de pino.
O material nele empregado é o mesmo polietileno altamente dielétrico usado nas
coberturas vista anteriormente. A cobertura de cruzeta foi desenvolvida para ser
empregada em conjunto duplo, e ou estruturas simples. Neste equipamento existe
também uma corda de polipropileno, que quando atada, serve para evitar a queda da
peça.
10.6. COBERTURAS PARA CHAVE FUSÍVEL

As coberturas para chave fusível, são construídos em polipropileno, com pouca


maciez e que não deformam até uma temperatura de 78 graus, podendo ser usados em
redes energizadas até 25 Kv.
O projeto simplificado deste equipamento torna sua instalação rápida e fácil. Três
lados da cobertura são abertos para melhor adaptação sobre a chave fusível, enquanto
um pino de madeira é colocado nos dois buracos vistos na peça, para garantir maior
segurança durante as operações.

10.7. MANTA DE BORRACHA (LENÇOL INTERIÇO / LENÇOL


SEMI-PARTIDO)

As mantas de borracha também são usadas para


proteger o eletricista durante a execução dos serviços com
redes energizadas.
Estas mantas de borracha (lençol inteiriço / lençol
semipartido) são fabricados com borracha da mais alta
qualidade, altamente dielétricas, que garante a máxima
vida útil em serviço com redes energizadas. São leves
extremamente flexíveis e resistentes às mais adversas

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MANTA
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Elétrico de Potência (SEP)

condições de trabalho, As bordas têm frisos e os ilhós são reforçados.


As mantas de borracha (lençol inteiriço) são usadas para cobertura da armação
vertical de BT, cruzetas etc..., enquanto que as manta de borracha (lençol semipartido)
são empregadas para proteger cabeça de postes, pinos de isolador, cruzetas etc. Para
fixar as mantas usa-se os pregadores manuais de cobertura de plástico para evitar que
caiam ou saia de suas posição por ação de toques ou uma rajada de vento.

10.8. COBERTURA FLEXÍVEL PARA CONDUTOR

As coberturas flexíveis de borracha


também são usadas para proteger o eletricista
durante a execução dos serviços com redes
energizadas. Estas coberturas são fabricadas
com borracha da mais alta qualidade, altamente
dielétricas, que garante a máxima vida útil em
serviço com redes energizadas. São leves
extremamente flexíveis e resistentes às mais
adversas condições de trabalho. Muito útil para
proteção de jumpers, tacos, etc, pois como já
vimos anteriormente elas poderão envolver os
condutores e ser moldadas com facilidade.
COBERTURA FLEXÍVEL PARA CONDUTOR

11. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

11.1. LUVAS DE PROTEÇÃO E COBERTURA

A luva é o mais importante equipamento para se trabalhar com Linhas


Energizadas. Em todas as tarefas com Rede de Distribuição Aérea Energizadas o
eletricista é expressamente proibido trabalhar sem a luva de borracha, devidamente
protegida com a cobertura para luva de borracha e esta, na classe da tensão da rede em
que se esteja trabalhando.

LUVAS DE PROTEÇÃO E COBERTURA

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Elétrico de Potência (SEP)

11.2. LUVAS DE BORRACHA (PARA LINHA VIVA)

Fabricadas especialmente para se


tralhar com redes energizadas, estas luvas
apresentam as melhores características de
maciez e um composto de borracha altamente
dielétrico.
As luvas de borracha (para linha viva)
devem estar protegidas por luvas de cobertura
de vaqueta e estas deverão ser especialmente
preparadas para ajustarem-se bem ao formato
das luvas borracha, a fim de assegurarem a
perfeita proteção das mesmas. Antes de calçar
as luvas, deve ser feito um teste preliminar,
visando verificar se as mesmas estão em
LUVAS DE BORRACHA
perfeitas condições de uso. Encha a luva de
ar, e em seguida, force a saída do ar pela palma e pelos dedos, a fim de certifica-se que
os mesmos não estão furados.

Verificação de segurança antes do início do serviço


Os bastões, e as luvas isolantes devem ser inspecionados antes do início do
serviço. As luvas deverão ser insufladas para verificação de possíveis perfurações.

11.3. MANGAS DE BORRACHA

Fabricadas especialmente para se trabalhar


com redes energizadas, estas mangas apresentam
as melhores características de maciez e um
composto de borracha altamente dielétrico.
Existem vários fabricantes de mangas de borracha
como NORTH, ORION, SALISBURY etc... como
veremos a seguir:

As mangas de borracha (para linha


viva) tem um formato ligeiramente encurvado
que permite uma forma natural em torno da
curva do cotovelo, para dar maior liberdade de
ação e eliminar a elasticidade da borracha o que
poderá torná-la mais fina em algum ponto.

MANGAS DE BORRACHA

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12. POSTURAS E VESTUÁRIO DE TRABALHO

Nos trabalhos realizados em torres e linhas de transmissão elétrica, subestações


de alta tensão ou em outro tipo de linha viva o trabalhador está sujeito dentre outros
riscos, ao risco do campo eletromagnético gerado por esses sistemas. Já amplamente
discutido por profissionais das principais companhias de energia brasileiras, esse risco
exige o uso de vestimentas condutivas.
Produzida no Brasil, esta linha incorpora a mais moderna tecnologia em mesclas
de fibras de aramida (proteção térmica) e de aço modificado (condutibilidade), com os
materiais e acessórios mais indicados para este fim. O resultado: roupas termicamente
seguras, capacidade de blindagem elétrica superior excedendo a exigência normativa
(99,63% contra 99% da norma) e capacidade real de condutibilidade, equilibrando o
usuário ao potencial presente na linha viva onde este está conectado.
A intensa energia e a curta duração de um arco elétrico representam uma
exposição de natureza inigualável.
Uniformes de trabalho feitos de algodão ou de tecido mistos de poliéster e
algodão, independentemente de peso, podem ser inflamar em determinado nível de
exposição e continuarão a queimar, aumentando a extensão das lesões provenientes do
arco.
Utilizando roupas resistentes a chamas, em conformidade com os requisitos das
normas OSHA, pode ser garantida maior proteção a queimaduras mais graves do que as
roupas não Resistentes a Chamas. A ASTM desenvolveu um método de teste para ajudar
a determinar e comparar a capacidade protetora de vários tecidos resistentes a chamas -
ATM F1659 (Standard Test Method for Determining the Arc Thermal Performance Value
(ATPV) of Materials for Clothing).
Os testes de arco elétrico foram conduzidos considerando categorias de pesos de
“Camisas” e “Calça/Macacões” para representar com precisão as roupas comercialmente
disponíveis.

12.1. DADOS DE EXPOSIÇÃO AO ARCO ELÉTRICO

• Peso informado para tecido que foi lavado de acordo com a norma ASTM F1959
• ATPV significa Valor de Desempenho Técnico do Arco. Quanto mais alto o valor,
mais protegido contra queimaduras de segundo grau.
• HAF significa Fator de atenuação de calor. Quanto mais alto o percentual HAF
mais o tecido bloqueará calor.

12.2. REQUISITOS DA NFPA 70E

A National Fire Protection (NFPA) publicou a última edição da NFPA 70E


(Especificação padrão do desempenho para matérias têxteis para vestimentas de uso por
trabalhadores do ramo de eletricidade expostos ao arco momentâneo e riscos térmicos
relacionados) em fevereiro de 2000. A NFPA 70E estabelece requerimentos de segurança
para trabalhadores não cobertos pela OSHA 1910.269 para eletricistas e responsáveis de
manutenção. A norma revisada agora inclui trabalhadores que vestem roupas de proteção

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a chama que estão de acordo com os requerimentos da ASTM F1506 onde exista a
possibilidade de exposição ao arco elétrico. Ela especifica uma análise de risco de
exposição para os trabalhadores para determinar a distância de proteção ao arco elétrico.
O padrão é determinado para proteger trabalhadores que trabalhem dentro das áreas
que estão expostas ao risco de arco elétrico, que corresponde a uma categoria de risco
que tem um valor de arco térmico do desempenho (ATPV) para cada valor listado na
tabela padrão das “Características da Roupa de Proteção”, ilustrada abaixo. (FOTO -
PESQUISAR)

12.3. EXIGÊNCIAS DA OSHA

OSHA_ Segurança Ocupacional e Administração da Saúde, nos Estados Unidos


confirmou que as vestimentas que atendem as exigências da ASTM F1506 estão em
obediência com a OSHA 29 CFR 1910.269 Geração de Força Elétrica, Transmissão e
Distribuição, não contribuem para queimaduras sérias.
Para atender aos pedidos da indústria na utilização de roupas resistentes à
chama, baseada em análise do seu nível de exposição, a ASTM desenvolveu ASTM
F1958 pelo qual as vestimentas não resistentes à chama, que não atendessem as
exigências da ASTM F1506, fossem testadas em um manequim para determinar a
probabilidade de ignição. O empregador seria solicitado a suprir um conjunto de critérios
prescritos, detalhando o potencial de exposição de cada empregado. Para determinar a
probabilidade de ignição seguramente, numerosa série de exposição ao arco deveria
ocorrer. O maior problema associado com a aplicação desse teste é que acidentes não
seguem um conjunto de regras prescritas e o ferimento da queimadura realçado pela
ignição da roupa pode ser o resultado dos desvios das condições não antecipadas.
Utilizando as vestimentas resistentes à chama em obediência as exigências da OSHA
podem ser asseguradas que os ferimentos causados por queimadura pela ignição da
roupa potencialmente mais séria, podem ser evitados.

13. SEGURANÇA COM VEÍCULOS E TRANSPORTE DE PESSOAS,


MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

Recomendam-se os seguintes procedimentos durante a guarda e transporte de


materiais, ferramentas e equipamentos, para serviço em redes energizadas:

13.1. LOCAL DE GUARDA E ACONDICIONAMENTO

Os equipamentos deverão ser guardados em locais isentos de poeira e umidade. As


peças de borracha e as de fibra de vidro não deverão estar em contato com as peças
metálicas.
Os bastões deverão ser guardados em locais apropriados, secos, sem poeira, fora
da ação solar direta (raios ultravioleta), livres da possibilidade de choques com materiais
duros e do atrito com outra superfície. Os bastões deverão ser guardados em sacolas de
lona ou protegidos por tecidos acolchoados.

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As mantas deverão ser guardadas abertas, ou quando isto não for possível,
enroladas, mas nunca dobradas.
As coberturas de proteção das chaves e isolantes de suspensão deverão ser
colocadas, quando não estiverem em serviço, em peças de madeira especialmente
preparadas para evitar deformação nas mesmas. O local para guarda dos equipamentos,
ferramentas e materiais utilizados pela turma de rede aérea energizada poderá dispor de
um controlador de temperatura ambiente, limitado no máximo 55º Ø “C”.

13.2. TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO DOS


EQUIPAMENTOS NO VEÍCULO

Para transporte dos equipamentos deverão ser tomados cuidados especiais para
que o mesmo não sofra danos de qualquer natureza. Os bastões deverão ser
transportados em sacolas de lona apropriadas ou em suportes acolchoados instalados
nos compartimentos do veículo, de tal forma que fiquem presos, evitando danos ao
material e ao veículo. As peças metálicas não deverão entrar em contato com as de
fibra de vidro.
Quanto às peças de borracha, deverão ser transportadas livres de qualquer
contato, tanto com as peças metálicas como com as de fibra de vidro.
Os compartimentos do veículo deverão ser suficientemente vedados de forma a
evitar a entrada de água, poeira ou outro produto que possa danificar os equipamentos,
materiais e ferramentas.

14. SINALIZAÇÃO E ISOLAMENTO DE ÁREAS DE TRABALHO

A sinalização e isolamento dos veículos e da área em torno do local de trabalho


são imprescindíveis para o melhor controle de risco de veículos e pedestres na
prevenção de acidentes com terceiros.

14.1. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

Nas instalações e serviços em eletricidade deve ser adotada sinalização adequada


de segurança, destinada à advertência e à identificação, obedecendo ao disposto na NR-
26_ Sinalização de Segurança, de forma a atender, dentre outras, as situações a seguir:
a) identificação de circuitos elétricos;
b) travamentos e bloqueios de dispositivos e sistemas de manobra e comandos;
c) restrições e impedimentos de acesso;
d) delimitações de áreas;
e) sinalização de áreas de circulação, de vias públicas, de veículos e de
movimentação de cargas;
f) sinalização de impedimento de energização; e
g) identificação de equipamento ou circuito impedido.

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15. LIBERAÇÃO DE INSTALAÇÃO PARA SERVIÇO E PARA


OPERAÇÃO E USO

15.1. LIBERAÇÃO PARA SERVIÇOS

Tendo como base os procedimentos já vistos anteriormente, o circuito ou


equipamento estará liberado para intervenção, sendo a liberação executada pelo técnico
responsável pela execução dos trabalhos.
Somente estarão liderados para a execução dos serviços os profissionais
autorizados, devidamente orientados e com equipamentos de proteção e ferramental
apropriado.

Veja os procedimentos para a desenergização:


 Seccionamento onde chaves seccionadoras ou outros dispositivos de isolamento
são acionados pra desenergização dos circuitos;
 Impedimento de reenergização onde os bloqueios mecânicos, cadeados ou outros
equipamentos garantem a impossibilidade de reenergização dos circuitos, o que
fica facultado apenas ao responsável pelo bloqueio;
 Constatação da ausência de tensão onde os dispositivos de detecção de tensão
garantem a desenergização dos circuitos;
 Instalação de aterramento temporário e equipotencialização (curto- circuito das
três fases ligadas ao aterramento).

Após o travamento deve-se sinalizar a área conforme os procedimentos


abaixo:
 Observação: A sinalização de impedimento de energização deve ser feita com
etiquetas ou placas contendo avisos de proibição de religamento, tais como:
“Homens trabalhando no equipamento”, “Não ligue esta chave”, “Perigo de morte”,
“Alta-tensão”, etc.
 Para concluir os serviços devem ser inspecionados a área, o ferramental e os
equipamentos.

Após a conclusão dos serviços e com autorização de reenergização do


sistema, deve-se:
 Retirar todas as ferramentas, utensílios e equipamentos;
 Retirar todos os trabalhadores não envolvidos no processo de reenergização da
zona controlada;
 Remover o aterramento temporário da equipotencialização e as proteções
adicionais;
 Remover a sinalização de impedimento de energização;
 Destravar, se houver, e realizar os dispositivos de seccionamento.

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16. TREINAMENTO EM TÉCNICAS DE REMOÇÃO,


ATENDIMENTO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS.

 Primeiros Socorros
São ações imediatas aplicadas às vítimas em situação de trauma ou mal
súbito, cuja finalidade é manter a vitima viva e evitar o agravamento da lesão.
Considera-se trauma qualquer lesão caracterizada por uma alteração estrutural
fisiológica resultante da ação de um agente externo, que causa a exposição a
determinadas energias, como mecânicas, térmicas ou elétricas.
Considera-se mal súbito a indisposição física que surge repentinamente como por
exemplo o desmaio ou alguma indisposição relacionada a alterações do metabolismo
humano.

RISCOS DA ELETRICIDADE EM NOSSO ORGANISMO


Acidentes envolvendo eletricidade são bastante comuns, pois muitas vezes os
perigos da energia elétrica são subestimados por não serem visíveis.

A corrente elétrica quando passa pelo corpo transforma a resistência do corpo em


calor, provocando uma lesão tecidual muito profunda, porém nem sempre visível. Essa
lesão provoca lesão de fibra muscular. A lesão dos músculos libera uma grande
quantidade de potássio na corrente sanguínea, podendo a vítima ter arritmia em um
período de até 24h, devendo ficar em observação.
Outro problema que a lesão muscular oferece é sobrecarga renal, pela grande
quantidade de mioglobina que é liberada. A corrente elétrica também provoca
queimaduras profundas, principalmente em braços, dedos das mãos, perna e dedos dos
pés. A tetanização, que é a contração muscular, provoca fraturas.

AVALIAÇÃO DA CENA E BIOSSEGURANÇA


É a primeira etapa e a mais importante no atendimento inicial à vítima, pois essa
avaliação fornece informações muito úteis ao socorrista como:
 Segurança do local;
 Mecanismo da lesão;
 Número de vítimas;
 Biossegurança
 Pedir ajuda
 Triagem

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Triagem
A triagem significa separação das vitimas de acordo com sua gravidade.
Na área pré-hospitalar a triagem é definida pelo seguinte contexto:
Emergência: situação clinica onde o risco de morte é iminente. O atendimento
deve ser imediato.
Urgência: situação clínica onde a vítima não apresenta risco de morte iminente. O
atendimento pode aguardar.

Biossegurança

Abordagem primária

Nessa etapa o socorrista deverá avaliar a vítima e possíveis situações que a


coloquem em risco de morte. Sendo assim deverá o socorrista seguir as seguintes
etapas:

Chame a vítima e veja se ela responde

Senhor pode me ouvir? Eu sou o


socorrista. Caso a vítima responda o
socorrista tem uma noção sobre as vias
aéreas.

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Caso a vítima não responda o socorrista deverá abrir as vias aéreas e


verificar se a vítima respira.

Caso a vítima não respire ou respire afonicamente tipo gasping, o socorrista


deverá pedir ajuda pois a mesma se encontra em parada cardiorrespiratória.

PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA
No choque elétrico essa situação clínica é umas das mais dramáticas. A corrente
quando passa pelo coração altera a condução elétrica, provocando arritmias cardíacas.
A imagem a seguir mostra os componentes necessários à geração e condução do
estímulo elétrico no coração.

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Por isso é importante que alguém peça ajuda para o suporte avançado
trazer um DEA.

Sinais e sintomas de uma pcr


Inconsciência
Sem respiração ou respiração tipo “gasping”;
Ausência de pulso;
Pele fria, pálida e pegajosa.

REANIMAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA

Conjunto de medidas que visam prover circulação e oxigenação aos tecidos do


corpo, evitando assim suas lesões pela falta de oxigênio. Abaixo o algoritmo simplificado
do suporte básico de vida.

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Diretrizes do American Heart Association - 2015


As manobras de reanimação cardiopulmonar deverão ser seguidas pela seguinte
sequência: CAB.

COMPRESSÕES
Rítmo das compressões cardíacas:
100 a 120 por minuto.
Profundidade external: 5cm-6cm
Permitir o retorno total do tórax
Evitar excesso de interrupções

ABERTURA DAS VIAS AÉREA


Deverá ser feita a manobra adequada de acordo com o tipo da ocorrência_ trauma
ou mal súbito. O objetivo da abertura das vias aéreas é evitar a queda da língua
facilitando a passagem do ar.

BOA VENTILAÇÃO
A cada trinta compressões cardíacas o socorrista deverá realizar duas ventilações,
devendo essas ventilações ser realizadas em dois segundos. Para ventilação temos os
seguintes equipamentos: bolsa válvula máscara (AMBU), máscara de bolso (pocket
mask).

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DEA OU DESA
Chamado de desfibrilador externo automático (DEA) ou desfibrilador externo
semiautomático (DESA) tem como função normalizar o ritmo cardíaco, sendo
imprescindível em vítimas que são acometidas por choque elétrico.
Importante ressaltar que na fibrilação ventricular, assistolia e outros ritmos de
PCR, nenhuma dessas arritmias geram pulso, sendo o DEA que ira verificar se o ritmo é
chocável ou não.

ALGUNS CUIDADOS NO MANUSEIO DO DEA


Não toque na vítima no momento do choque;
Não recomendado desfibrilar a vítima em área classificada;
Remova os metais do corpo da vítima;
Retire o excesso de pelos no tórax, caso necessário.

QUEIMADURA
A passagem da corrente elétrica pelo corpo humano é acompanhada do
desenvolvimento de calor, por efeito Joule, podendo produzir queimaduras. Quanto
maior a intensidade da energia elétrica e mais longo o tempo que ela permanece, mais
graves são as queimaduras produzidas. Além disso, as queimaduras são mais intensas
nos pontos de entrada e saída da energia elétrica pelo corpo. Nas altas tensões, o calor
produz a destruição de tecidos superficiais e profundos, bem como o rompimento de
artérias com consequente hemorragia e destruição dos centros nervosos. As
queimaduras produzidas por energia elétrica podem ser internas e profundas, sendo de
difícil cura. Portanto, apesar da pele apresentar-se aparentemente normal, os músculos
podem apresentar necrose profunda.
A gravidade da queimadura irá depender de diversos fatores, tais como: tensão,
que será determinada pela fonte elétrica; resistência, que irá variar de acordo com as

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características de cada indivíduo; duração do contato com a fonte; percurso do fluxo;


tipo da corrente, ou seja, alternada ou direta; além do local e do grau da lesão.
As queimaduras elétricas podem ser geradas tanto pelo contato direto com a
energia elétrica, quanto pelo contato indireto com a mesma.
Contato indireto - a queimadura é gerada pelo arco elétrico, dependendo da
tensão da eletricidade, esse contato pode gerar desde queimaduras locais até a
carbonização parcial ou total da vítima;
Contato direto – a queimadura é gerada pela baixa tensão, onde a energia elétrica
irá atravessar o corpo, criando um ponto de queimadura no local de entrada e outro de
saída no corpo da vitima. Neste caso, a natureza alternada pode interferir com o ciclo
cardíaco originando arritmias.
A queimadura sempre deverá se analisada como um todo: profundidade, extensão
e local.

ANATOMIA DA PELE

Epiderme - É a camada mais superficial da pele. Por estar em contato direto com o
meio exterior sua espessura irá variar de acordo com a parte do corpo, sendo mais
espessa na planta do pé e mais fina na região da axila;
Derme – Encontra-se logo abaixo da epiderme. É responsável por fornecer
substâncias que conferem elasticidade à pele, como colágeno e elastina.
Hipoderme – Também conhecida como tecido celular subcutâneo, está localizada
abaixo da derme unindo-se de maneira pouco firme aos órgãos adjacentes. Essa camada
atua como isolante, amortecedor de impactos e armazém de energia.

PROFUNDIDADE (GRAU)

PRIMEIRO GRAU SEGUNDO GRAU

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TERCEIRO GRAU QUARTO GRAU

EXTENSÃO

LOCAL
Em razão dos riscos estéticos e funcionais, são mais desconfortáveis as
queimaduras que comprometem face, pescoço, tórax e mãos. Além disso, as localizadas
na face geralmente estão associadas à inalação de fumaça e queimadura de vias aéreas;
queimaduras próximas a orifícios naturais, como boca e ouvido apresentam maior risco
de contaminação; aquelas localizadas no tórax podem gerar desconforto respiratório
devido à dor, gerando consequentemente uma depressão respiratória.

CUIDADOS IMEDIATOS
Primeiramente o socorrista deve certificar-se de que o local está seguro;
Interromper, imediatamente, o contato da vítima com a fonte de energia,
desligando-a na chave específica da área ou chave geral do local;
Não tocar a vítima, se não conseguir desligar a fonte de energia;

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Elétrico de Potência (SEP)

Caso consiga desligar a fonte de energia, avalie a consciência, bem como os sinais
vitais da vítima, se o socorro especializado ainda não foi acionado, faça-o
imediatamente. Se houver necessidade inicie as manobras de RCP;
Nos pontos com queimadura, resfriar com água ou soro fisiológico em temperatura
ambiente.
Os adornos (relógios, colares e outros) devem ser removidos, com exceção dos
que estiverem grudados á pele;
A vítima deve ser coberta com a manta térmica para que ela não evolua para
estado de hipotermia (isso deve ser realizado mesmo se o ambiente que a vítima se
encontra não esteja frio, pois a pele lesionada perde a capacidade de regular a
temperatura corporal, e nunca devemos transportar a vítima com lençóis úmidos, toalhas
nem roupas úmidas e o gelo está completamente contraindicado);
Bolhas não devem ser furadas;
Procurar sempre uma segunda área queimada e tratá-la;
Roupas grudadas à pele não devem ser removidas.

HEMORRAGIAS
O sistema cardiovascular humano é formado, pelos vasos sanguíneos, além de
outras estruturas. Os vasos sanguíneos (artérias, veias e vasos capilares) têm uma
extensão aproximada de 160.000 quilômetros e por estes passam diariamente cerca de
9.500 litros de sangue. Quando alguma parte desses vasos se rompe, ocorre a
hemorragia, extravasando sangue para fora dos vasos.
As hemorragias podem ser classificadas de acordo com o tipo de vaso rompido e
também podem ser classificadas como externas ou internas. Sua gravidade se dará de
acordo com o local e tipo de vaso lesionado.
Hemorragias arteriais - O sangue arterial é rico em oxigênio, de coloração
vermelho vivo e, nos casos de hemorragias externas, sai em jato;
Hemorragias venosas – O sangue venoso é rico em dióxido de carbono, de
coloração vermelho escuro e, nos casos de hemorragia externa, sai escorrendo;
Hemorragias capilares – Como estes vasos são superficiais, ou seja, longe da
bomba (coração), nos casos de hemorragia externa, o sangue sai escorrendo.

TÉCNICAS DE CONTENÇÃO
Dependendo do volume e da pressão que o sangue está saindo do ferimento, o
uso de técnicas simples pode reverter imediatamente a situação, como:
Pressão direta – Utilizando EPI adequado, pressione diretamente o ferimento com
uma gaze seca e estéril;
Elevação do membro – Esta técnica pode ser realizada em conjunto com as outras
descritas acima. Eleve o membro afetado acima do nível do coração, desta forma o fluxo
de sangue será diminuído.
Torniquete- essa técnica só deverá ser realizada se a compressão direta não para
o sangramento. O torniquete é uma técnica agressiva devido ao risco de embolia

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pulmonar, por isso é a técnica de última escolha, e ideal que seja feito por pessoas
qualificadas.

FRATURA
A fratura óssea é a interrupção da continuidade de um osso, independentemente
de ser parcial ou completa, na maioria das vezes é provocada por uma queda ou
traumatismo que gera um impacto violento.
As fraturas podem ser classificadas como abertas e fechadas , os dois tipos têm
riscos próprios, as fraturas abertas quando não são bem tratadas podem provocar
infecção; em contrapartida, as fraturas internas são mais difíceis de serem
diagnosticadas e possíveis hemorragias internas, serão mais difíceis de serem contidas.
 Sintomas
 Dor;
 Deformidade que nem sempre está visível;
 Edema;
 Crepitação;
 Restrição de movimento.

CUIDADOS IMEDIATOS
Os primeiros socorros diante de uma fratura é imobilização da área afetada, e
cuidados com o osso e sangramento caso exista. Porém recomenda-se o trabalhador que
encontrou a vítima deixar o membro da maneira que encontrou, deixando que a
imobilização seja realizada por pessoas qualificadas.

NOÇÕES SOBRE RESGATE E TRANSPORTE


A movimentação ou o transporte de uma vítima deve ser feita com muito cuidado
a fim de não agravar as lesões já existentes.
Rolamento de 90 graus

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ROLAMENTO DE 180 GRAUS

TÉCNICAS DE RESGATE
Essas técnicas somente devem ser realizadas caso o local ofereça risco, pois
podem agravar as lesões da vítima.

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17. ACIDENTES TÍPICOS – ANÁLISE, DISCUSSÃO E MEDIDAS


DE PROTEÇÃO

Ensaios com hipot e o risco de choque elétrico fatal pouco conhecido pela maioria
dos profissionais – um caso real
(http://consultoriaengenharia.com.br/seguranca-ocupacional/risco-acidente-fatal-
em-testes-com-hipot/)
“hipot ou hi-pot é uma abreviatura de “high potential” ou “hight voltage testing”,
um teste realizado em alta tensão. Normalmente o hipot é um instrumento portátil usado
para realizar ensaios de tensão aplicada em corrente contínua visando verificar a isolação
em cabos, capacitores e isoladores em geral.
O principal objetivo desse texto é chamar a atenção dos gestores e profissionais
da área elétrica para os riscos de um choque elétrico com potencial de fatalidade em
ensaios realizados com o hipot e que em grande parte são desprezados ou mesmo
desconhecidos pela maioria desses profissionais.
Não existe maior dificuldade para os gestores que se comprometem com a
prevenção de acidentes de suas equipes do que o desconhecimento dos riscos envolvidos
em possíveis contatos acidentais com energias armazenadas ou residuais em tarefas e
atividades industriais dos seus profissionais.

RELATO DE UM ACIDENTE COM O HIPOT:

Eletricista de uma empresa de comissionamento realizava testes de isolamento em


redes de distribuição recém-construídas quando sofreu um choque elétrico de alto
potencial de fatalidade ao manusear um Hipot durante a realização de ensaios em uma
linha de distribuição de 13,8 kV e 2.700 m de comprimento estando sobre uma
plataforma elevatória não isolada, logo após ter finalizado exatamente os mesmos testes
em uma rede com as mesmas características e nas mesmas condições sem qualquer
incidente, porém essa outra rede possuía apenas 200 m de comprimento.

Este acidente em particular nos proporciona um grande aprendizado em função de


todas as condições dos testes, relatos, informações técnicas e medições realizadas após
o acidente para entendermos o porquê, o como e o que de fato teria ocorrido com o
eletricista.
O teste consistia em conectar as garras do Hipot no cabo isolado da rede,
aumentar gradualmente a tensão contínua aplicada ao cabo de 0 até 19 kV, aguardar
entre 01 e 02 minutos para verificação de possível corrente de fuga, anotar os valores e
reduzir gradualmente a tensão aplicada até “Zero”, desligar o Hipot conforme indicava o
manual do equipamento e desconectar as garras do Hipot. O eletricista realizou o teste
com o mesmo procedimento nos 3 cabos da rede de 200 metros de comprimento sem
nenhum incidente. Ao realizar o mesmo procedimento no primeiro cabo da rede de 2.700
metros, ao desconectar a garra do Hipot do cabo testado, seu ajudante ouve um forte
estalo e um grito do eletricista que cai desacordado na plataforma.

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A análise técnica desse acidente deve ser dividida em duas partes: 1) Instruções e
princípios básicos de segurança que não foram seguidos e que contribuíram
significativamente para a ocorrência do acidente, e que se fossem respeitadas, o
acidente teria sido evitado ou as consequências reduzidas e 2) Análise das grandezas
elétricas envolvidas e que levaram o profissional a ser submetido a uma descarga
elétrica com potencial de fatalidade, além de explicar o porquê o choque elétrico ocorreu
somente quando se testou o primeiro cabo de 2.700 metros, e não nos testes dos 03
cabos anteriores de 200 metros e que foram submetidos ao mesmo padrão de teste.
1) Instruções e princípios básicos de segurança não seguidos.
a) O eletricista não utilizava EPIs adequados como luvas para trabalhos em média
tensão.
b) O eletricista não realizou o procedimento de “curto-circuitar a alta tensão a
terra antes de desconectar a amostra sob teste” conforme recomendado e grifado como
“Importante” no manual de instruções do fabricante do equipamento utilizado.
c) O eletricista não foi treinado na NBR 6881 que detalha o Ensaio de Tensão
Aplicada, não tinha um procedimento especifico detalhando a sequencia do ensaio e
desconhecia o risco de tensão residual nos cabos blindados da rede após os ensaios.
Utilizou uma plataforma elevatória não isolada, equipamento inadequado para
trabalho em atividades com sistemas/equipamentos/componentes elétricos, conforme
sinalizado através de adesivos bem visíveis em toda a estrutura da plataforma elevatória
e em seu manual de operação.
2) Medições e cálculos das grandezas elétricas envolvidas.
Comparem-se as voltagens residuais e os tempos de descarga dos capacitores
formados nos cabos de 200m e de 2700m.

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De outro trabalho temos uma explanação sobre tensão de retorno em uma


amostra sob ensaio.

(estudo do comportamento das tensões residuais em cabos blindados de média tensão


após a realização de ensaio de tensão aplicada _ KARINE KOU SUZUKI, PATRICK
CARLOS KONDLATSCH, TCHESLEY SCHMIDT GOMES - UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA
FEDERAL DO PARANÁ).

Gráfico da tensão entre os terminais da amostra ao longo do tempo,


durante as três fases do teste de tensão de retorno.

Representação gráfica da tensão nos terminais de uma amostra, durante o teste


de Tensão de Retorno.
Fonte: BRESSAN (2006, p.14).

O gráfico mostra que mesmo após a remoção da tensão e o curto-circuito dos


terminais, dependendo da natureza do material de isolação, podem se desenvolver altas
tensões entre os terminais.

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18. RESPONSABILIDADES

Responsabilidade_ Obrigação, por parte de alguém, de responder por alguma


coisa resultante de negócio jurídico ou de ato ilícito.
OBS. “A diferença entre responsabilidade civil e criminal está em que esta impõe o
cumprimento da pena estabelecida em lei, enquanto aquela acarreta a indenização do
dano causado”.
Desta forma, se conceituar cientificamente um instituto jurídico já é, de ordinário,
uma atividade complexa, conceituar responsabilidade (e, por consequência,
responsabilidade civil) pode tornar-se uma tarefa inglória, tendo em vista a enorme
quantidade de acepções que a doutrina tradicional tem apresentado sobre o tema,
notadamente no que diz respeito ao seu embasamento jurídico. Inicialmente, devemos
lembrar que a palavra “responsabilidade” tem sua origem no verbo latino “respondere”,
significando a obrigação que alguém tem de assumir com as consequências jurídicas de
sua atividade, contendo, ainda, a raiz latina de “spondeo”, fórmula através da qual se
vinculava, no direito romano, o devedor nos contratos verbais.
Deste verbete, verificamos, de logo, que a responsabilidade pode ser classificada,
a priori, em “responsabilidade civil” e “responsabilidade penal”, propondo o dicionarista
uma diferença básica entre os dois institutos, no que diz respeito às suas consequências.

18.1. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR NAS


RELAÇÕES DE TRABALHO

Todas as reflexões aqui procedidas servem, em última análise, para fixar apenas
uma premissa: a responsabilidade patrimonial do empregador, no nosso direito positivo,
não foge à regra da responsabilidade civil subjetiva, a qual prescinde do dolo ou culpa do
agente.
Assim sendo, não é possível se imputar a qualquer empregador uma
responsabilidade por ato seu, sem que estejam presentes os quatro pressupostos básicos
da responsabilidade civil subjetiva, quais sejam:

a) Ação ou omissão;
b) Dano;
c) Elo de causalidade entre ação/omissão e dano;
d) Dolo ou culpa do agente.

Desta forma, por exemplo, a previsão do art. 7º, XXVIII (“seguro contra
acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.”), da Constituição Federal de 1988 traz,
em verdade, duas regras distintas de responsabilização: uma objetiva (referente ao
seguro contra acidentes de trabalho), por conta direta do órgão previdenciário (e de
forma indireta, somente, pelo empregador); e outra de natureza subjetiva, com fulcro no
velho art. 159 do Código Civil brasileiro, quando, aí sim, a responsabilização é integral

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do agente patronal lesionante. Esta regra, porém, somente diz respeito à


responsabilidade civil do empregador por ato seu.
Esta afirmação se mostra importante, pelo fato de que, tratando-se de ato do
empregado, além da responsabilidade civil subjetiva deste agente, é possível se invocar a
responsabilidade civil objetiva do empregador. É o que veremos no próximo tópico, como
arremate deste estudo.

18.2. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR POR ATO


DO EMPREGADO

Encerrada toda esta reflexão sobre o instituto da responsabilidade civil, resta


perguntar: qual é a responsabilidade do empregador pelos atos de seu empregado? A
resposta à esta questão se encontra expressa na previsão legal dos arts. 1.521 a 1.523
do Código Civil brasileiro, que dispõem, in verbis:
Art. 1521. São também responsáveis pela reparação civil:
I. Os pais, pelos filhos menores que estiverem sob seu poder e em sua
companhia;
II. O tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas
condições;
III. O patrão, amo ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no
exercício do trabalho que lhes competir, ou por ocasião dele (art. 1.522);
IV. Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos, onde se albergue
por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e
educandos;
V. Os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.

Art. 1.522. A responsabilidade estabelecida no artigo antecedente, nº III, abrange


as pessoas jurídicas, que exercerem exploração industrial.
Art. 1.523. Excetuadas as do art. 1.521, V, só serão responsáveis as pessoas
enumeradas nesse e no art. 1.522, provando-se que elas concorreram para o dano por
culpa, ou negligência de sua parte.”
Essa previsão legal afasta qualquer alegação de não responsabilidade do
empregador pelos atos dos seus prepostos, não havendo motivo para não se incluir
também em relação a lesões extrapatrimoniais.
A redação do art. 1.523 demonstra que esta responsabilização independe do
dolo específico do empregador, satisfazendo-se com a culpa (“in vigilando”, quando
decorre da falta de atenção com o procedimento de outrem, ou “in eligendo”, decorrente
da má escolha do preposto), que, inclusive, engloba a negligência, explicitada no aludido
dispositivo. Contudo, vale destacar que a jurisprudência sumulada do Supremo
Tribunal Federal sobre a matéria interpreta os dois dispositivos no sentido de que “É
presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”
(Súmula 341), o que demonstra cabal e inequivocamente esta responsabilização legal
por ato de terceiros, o que responde a uma responsabilidade objetiva (ou, no mínimo,
a uma responsabilidade civil com culpa presumível juris tantum). Parece-nos, porém, ser

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medida de extrema justiça resguardar-se, sempre, a possibilidade da ação regressiva do


empregador, pelos atos de seus empregados. Vale destacar, inclusive, que alguns
ordenamentos jurídicos, no Direito Comparado, albergam previsões, por exemplo, de
responsabilidade patrimonial do empregado assediador, independentemente da
responsabilidade patrimonial da empresa.
Esta é uma medida cabível do ponto de vista de justiça, uma vez que o efetivo
violador da norma jurídica foi o empregado, e não diretamente a empresa empregadora.
No Brasil, a sistemática do direito positivo trouxe previsão de responsabilização
direta e com presunção de culpa do empregador pelos atos dos seus prepostos,
conforme verificamos.
Todavia, isto não exclui a possibilidade de uma ação própria, ainda que regressiva,
do empregador contra o empregado assediante/assediador, para ressarcimento dos
gastos que teve pelo ato imputável a este empregado. Havendo previsão contratual
específica, seja na admissão, seja na eventual apuração do fato na vigência da relação
jurídica de direito material (o que é plenamente possível se tiver ocorrido um
procedimento reclamatório interno sério), acreditamos que é possível, inclusive, a
denunciação da lide do empregado assediante, na ação ajuizada pelo empregado
assediado contra a empresa, de forma a verificar especificamente a delimitação de
responsabilidades pelo ato discutido em juízo.
Este nosso posicionamento, inclusive, nos parece respaldado pela previsão do §1º
do art.462 consolidado_ que traz a regra geral sobre a possibilidade de descontos no
salário do trabalhador (“Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários
do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de
contrato coletivo.”) – que expressamente preceitua: “Em caso de dano causado pelo
empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou
na ocorrência de dolo do empregado.”
Não se deve erigir a grau absoluto a responsabilidade objetiva do empregador
quanto ao assédio praticado nas relações de trabalho por seus agentes ou prepostos, pois
isto seria instituir um enorme risco à atividade empresarial, estimulando uma verdadeira
febre de indenizações, sem responsabilizar os autores diretos dos atos considerados
ilícitos, sob a perspectiva da liberdade sexual.
Assim sendo, recomendamos, inclusive, a inserção nos contratos individuais e/ou
coletivos (convenções ou acordos coletivos) de cláusula específica sobre esta matéria, de
forma a resguardar a responsabilidade da empresa pelo ato imputável diretamente ao
empregado. De fato, havendo previsão contratual específica, seja na admissão, seja na
eventual apuração do fato na vigência da relação jurídica de direito material (o que é
plenamente possível se tiver ocorrido um procedimento reclamatório interno sério), é
plenamente possível a denunciação da lide do empregado assediante, na ação ajuizada
pelo empregado assediado contra a empresa, de forma a verificar especificamente a
delimitação de responsabilidades pelo ato discutido em juízo.
Programa do curso de SEP segundo a NR10:

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Elétrico de Potência (SEP)

Anexo III _ Treinamento

2. CURSO COMPLEMENTAR – SEGURANÇA NO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) E


EM SUAS PROXIMIDADES. Carga horária mínima – 40h.
É pré-requisito para frequentar este curso complementar ter participado com
aproveitamento satisfatório do curso básico.
(*) Estes tópicos deverão ser desenvolvidos e dirigidos especificamente para as condições
de trabalho características de cada ramo, padrão de operação, de nível de tensão e de outras
peculiaridades específicas ao tipo ou condição especial de atividade, sendo obedecida a hierarquia
no aperfeiçoamento técnico do trabalhador.
I - Programação Mínima:
1. Organização do Sistema Elétrico de Potencia – SEP.
2. Organização do trabalho:
a) programação e planejamento dos serviços;
b) trabalho em equipe;
c) prontuário e cadastro das instalações;
d) métodos de trabalho; e
e) comunicação.
3. Aspectos comportamentais.
4. Condições impeditivas para serviços.
5. Riscos típicos no SEP e sua prevenção (*):
a) proximidade e contatos com partes energizadas;
b) indução;
c) descargas atmosféricas;
d) estática;
e) campos elétricos e magnéticos;
f) comunicação e identificação; e
g) trabalhos em altura, máquinas e equipamentos especiais.
6. Técnicas de análise de Risco no S E P (*)
7. Procedimentos de trabalho – análise e discussão. (*)
8. Técnicas de trabalho sob tensão: (*)
a) em linha viva;
b) ao potencial;
c) em áreas internas;
d) trabalho a distância;
e) trabalhos noturnos; e
f) ambientes subterrâneos.
9. Equipamentos e ferramentas de trabalho (escolha, uso, conservação, verificação,
ensaios) (*).
10. Sistemas de proteção coletiva (*).
11. Equipamentos de proteção individual (*).
12. Posturas e vestuários de trabalho (*).
13. Segurança com veículos e transporte de pessoas, materiais e equipamentos (*).
14. Sinalização e isolamento de áreas de trabalho (*).
15. Liberação de instalação para serviço e para operação e uso (*).
16. Treinamento em técnicas de remoção, atendimento, transporte de acidentados (*).
17. Acidentes típicos (*) – Análise, discussão, medidas de proteção.
18. Responsabilidades (*).

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Elétrico de Potência (SEP)

19. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

1. http://www.eletrotec.pea.usp.br/
files/25_SistemaEletrico.pdf

2. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto. asp?id=2037

ANEXO - NR 10 (SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE)

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