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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA


BACHARELADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
DISCIPLINA DE SEGURANÇA DO TRABALHO E ERGONOMIA

ACIDENTES DE TRABALHO NAS ATIVIDADES FLORESTAIS

ALUNO: RONALDO CHAVES


PROFESSOR: PRISCILA BOLZAN

CARAZINHO - RS
2019 – FASE B

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1 INTRODUCAO

De acordo com Malinovski (1998), a busca por produtividade e desempenho


no setor florestal pode ser alcançada se os fatores relacionados estiverem em
funcionamento adequado.
A busca por produtividade e o uso intensivo de equipamentos pode ter sido
um dos motivos que fez com que esse setor produtivo fosse muito suscetível à
ocorrência de acidentes.
Segundo Amaral (1998), nas atividades operacionais florestais ocorre
diversos acidentes, com um alto índice de amputação devido à utilização de
máquinas em precárias condições de uso. A situação do maquinário precário ainda
pode ser realidade em muitas industriais florestais e prestadores de serviços de
insumos a essas indústrias, porém nas grandes empresas, principalmente as de
celulose essa realidade já teve grandes mudanças.
De acordo com Daniel (2006), nos dias de hoje ainda há o predomínio do
trabalho manual na colheita florestal, principalmente nas empresas de pequeno
porte.
Com o desenvolvimento da colheita mecanizada os métodos semimecanizado
foram gradativamente substituídos, caso viável, passando assim à adoção de
máquinas de grande porte, apropriadas para tal finalidade (MACHADO et al., 2008).

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2 OBJETIVOS

Avaliar um acidente de trabalho ocorrido durante o aproveitamento


mecanizado de casca (atividade mecanizada) na atividade florestal.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 A EMPRESA

A empresa, objeto da avaliação, situa-se no estado do Rio Grande do Sul, é do


setor madeireiro, atuando tanto no mercado interno quanto no externo, possuindo
plantios comerciais de abacaxi em diversos municípios desse Estado.
Nesta empresa todo o processo de produção florestal é mecanizado, desde a
derrubada de árvores até o aproveitamento de casca.
O processo produtivo inicia na derrubada das árvores pelo processador
florestal, após isso a madeira será processada no descascador (trator com um
implemento florestal – descascador) onde é acondicionada em um big bag (BB) para
posterior transporte à indústria.

3.2 NORMAS RELACIONADAS

Na área florestal diversas Normas Regulamentadoras (NRs) são observadas,


desde questões relacionadas a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), Equipamentos de Proteção Individual (EPI), Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais (PPRA), Proteção Contra Incêndios, Sinalização de Segurança e
por fim a norma específica para a área Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura.
De acordo com a OIT (2009) Em decorrência deste fato, existem normas
especificas que tratam do tema segurança e saúde, dentro das esferas
governamentais e nãogovernamentais.
NR 05 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – Nessa norma é
estabelecido o funcionamento e estrutura da CIPA nas empresas.
NR 06 – Equipamentos de Proteção Individual – EPI – Esta norma trata a definição
de EPI, da obrigatoriedade do uso e fornecimento, dos controles de fornecimento e
do registro CA (Certificado de Aprovação) que estes materiais devem possuir.
NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - Esta norma trata
basicamente da obrigatoriedade da elaboração e implementação do PPRA,

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avaliando e controlando os riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho.
NR23 – Proteção Contra Incêndios - Trata da proteção contra incêndios, das
características das saídas de emergência, dos procedimentos de emergência, dos
tipos de incêndio e extintores e procedimentos empregados.
NR 26 – Sinalização de Segurança – A norma trata do padrão de sinalização que
deve ser utilizado, padrão de cores, rotulagem, bem como a classificação das
substâncias perigosas.
NR 31 – Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na
Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura – De acordo
com esta norma o empregador do setor florestal deve garantir condições adequadas
de trabalho, higiene, medidas de prevenção e proteção no uso de máquinas e
equipamentos além do fornecimento e uso correto de EPIs a todos os funcionários.
Deve também promover melhorias nos ambientes e nas condições de trabalho,
implementar a CIPA e em conjunto com ela avaliar acidentes e medidas de
segurança pertinentes.
O Acidente avaliado ocorreu em um equipamento utilizado para o
aproveitamento de casca para extração do tanino. Neste equipamento trabalham um
operador (do trator com o descascador florestal) e um servente (que ajuda na troca
dos big bags – BBs - utilizados para armazenamento da casca).

2.3 ACIDENTE AVALIADO

3.2.1 Descrição da Atividade

A atividade de aproveitamento mecanizado de casca ocorre após o


processamento da madeira pelo processador florestal.
O processador florestal realiza a derrubada e fracionamento da madeira no
comprimento definido no processo, neste caso em 4,40 m.
Após a atividade do processador inicia o aproveitamento de casca, que é
realizado por um trator agrícola com um implemento denominado descascador, que
é um equipamento acoplado ao trator e acionado pela tomada de força através de
um cardã.

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O equipamento é abastecido com madeira por um braço hidráulico instalado
no trator. Esse braço hidráulico pega as toras de 4,40 m, dispostas na área, e vai
passando uma a uma até o completo enchimento de um BB. Após o enchimento
esse BB é trocado por um vazio pelo servente florestal que o acompanha na
atividade (figura 1 – Grupo descascador descascando madeira).

Há diversos procedimentos operacionais para as atividades de manutenção


e operação do conjunto descascador (trator + implemento), que visam basicamente
a segurança e bem estar do servente (na operação se trata do funcionário mais
vulnerável). Esses procedimentos visam garantir que não ocorram movimentações
voluntárias ou involuntárias no equipamento quando esse servente estiver
realizando alguma atividade.

3.2.2 Acidente

O Acidente ocorreu quando o servente florestal realizava a troca do BB, ele


retirou o cheio e colocou o vazio e nesse momento o operador do trator acionou o
comando hidráulico que movimenta o braço (que suporta esse BB) para levantá-lo,
ocorreu, porém que o dedo (polegar) do servente ficou preso na alça desse BB, e
com o movimento do braço hidráulico ele foi completamente arrancado (figura 2 –
local do equipamento em que ocorreu o acidente).

Os procedimentos de primeiros socorros foram realizados e o servente não


teve outros traumas, porém o dedo foi perdido.

3.2.3 Avaliação e Ações de Melhoria

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No acidente relatado o servente florestal não estava utilizando a sua luva,
fator que poderia ao menos ter minimizado os danos, ou seja, a falta de EPI agravou
o impacto do acidente.
Quanto a sinalização da máquina, principalmente da área de risco, essa é
respeitada e está presente no equipamento (10 metros), porém no caso em questão
havia a necessidade da proximidade do servente na máquina pois era uma parada
de troca de BB, ou seja, uma atividade que faz parte do processo produtivo.
No que se refere a treinamento, o funcionário acidentado era devidamente
treinado para a atividade, possuía (no ato do acidente) experiência superior a cinco
anos, tanto ele quanto o operador do trator, ambos funcionários com mais de dez
anos de empresa. Além disso, ações de revisão e acompanhamento do Técnico de
Segurança do Trabalho são constantes.
No que se refere ao procedimento de segurança da empresa para atividades
de manutenção há a obrigatoriedade de a máquina estar desligada no ato da
atividade, situação que evita justamente algum movimento que possa atingir o
servente. No caso avaliado, porém a máquina estava funcionando, situação também
permitida em decorrência da característica da parada.
Esse tipo de situação poderia ter sido evitada caso o operador estivesse fora
da máquina e com a mesma desligada no momento da troca do BB, isso garantiria
que nenhum movimento do equipamento ocorresse enquanto houvesse qualquer
pessoa exposta.
Além disso, poderia ser instalado também um sensor de movimento ao redor
do equipamento, evitando a presença de qualquer pessoa com a máquina ligada,
bem como um sensor de presença (no banco do trator) fazendo com que o mesmo
seja desligado caso o operador não esteja no seu posto.

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4 CONCLUSÕES

Os acidentes de trabalho tem impacto devastador na vida do trabalhador e


no dia a dia das empresas. O acidente apresentado só não teve um desfecho pior
por que o local do acidente (no equipamento) tem limitações de movimento e
alcance no trabalhador. Além disso, houve um grande empenho da empresa para o
retorno do trabalhador às atividades (e do trabalhador também) o que de certa forma
amenizou o trauma.
De qualquer maneira é extremamente importante criar formas de minimizar
ainda mais o risco de acidentes ao trabalhador, tanto com a criação e
implementação de procedimentos operacionais quanto com a instalação de
dispositivos automáticos que bloqueiem o equipamento em determinadas situações
a fim de se evitar também as situações que ocorrem por descuido das partes (que é
uma realidade em grande parte dos casos).

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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, P. H. C.; VERÍSSIMO, J. A. de O.; BARRETO, P. G.; VIDAL, E. J. da S.


Floresta para Sempre: um Manual para Produção de Madeira na Amazônia.
Belém: Imazon, 1998.

DANIEL, O. Silvicultura. Dourados: Universidade Federal da Grande Dourados –


MTS, 2006.

MACHADO, C. C.; SILVA, E. N.; PEREIRA, R. S. O setor florestal brasileiro e a


colheita florestal. In: MACHADO, C. C. Colheita florestal. Viçosa, MG:
Universidade Federal de Viçosa, 2008.

MALINOVSKI, R. A.; MALINOVSKI, J. R. Evolução dos sistemas de colheita de


madeira para pinus na região Sul do Brasil. Curitiba: FUPEF, 1998.
Internet

OIT, Cartilha sobre o Trabalho Florestal. Disponível em: <


http://www.florestal.gov.br/documentos/concessoes-florestais/monitoramento/8-
cartilha-sobre-o-trabalho-florestal/file> Acesso em: 08 jul. 2019.

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