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Anais do
7º Seminário do GPLV e
2º Seminário de Linguística
Três Lagoas - MS
2017
Anais do 7º Seminário do GPLV
e 2º Seminário de Linguística
© 2017 dos respectivos autores
PRODUÇÃO EDITORIAL
Coordenação Editorial
Prof.ª Dr.ª Eunice Prudenciano de Souza
Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues
Prof. Doutorando Marcos Rogério Heck Dorneles
Doutoranda Pauliane Amaral
Mestranda Natália Tano Portela
Periodicidade
Semestral
Divulgação
Eletrônica
Contato Principal
E-mail: seminariogplv@gmail.com
Site: http://seminariogplv.blogspot.com.br
Programação ..................................................................................... 14
Resumo de minicurso..................................................................... 47
Palestras ............................................................................................ 49
7
autor para publicação em breve). Registramos também a
8
orientandos dos mestrados em Letras da UFMS de Três Lagoas e
9
metacrítica da recepção acadêmica à obra de Luiz Vilela ─ ora,
10
Corumbá, sobre a escritora mineira Alciene (Maria) Ribeiro
Lagoas.
jovens.
11
Diga-se, por oportuno, que pesquisas sobre a obra de
12
um pós-doutorando, o primeiro na área de Letras na UFMS. Uma
Anais.
leitura.
13
Programação
12 de dezembro de 2016
14
20h – Palestra
Anfiteatro, Câmpus 1, UFMS, Três Lagoas
Acervos literários: a prática, a teoria, a experiência - meu caso de
amor com Machado de Assis, por Profa. Dra. Maria Cristina
Cardoso Ribas (UERJ)
13 de dezembro de 2016
19h – Minicurso
Sala do 3º ano da Graduação em Letras, Câmpus 1, UFMS, Três
Lagoas
Literatura e(m) Cinema: por um novo olhar sobre Adaptação, por
Maria Cristina Cardoso Ribas (UERJ)
15
16 de janeiro de 2017
16
17 de janeiro de 2017
17
Contos de Luiz Vilela em Sala de Aula, por Me. Karina Torres
Machado e Prof. Dr. Rauer Ribeiro Rodrigues
(CPAN/UFMS)
18
Resumos de linguística
19
o conteúdo em detrimento da prática social de comunicação em
um contexto significativo.
20
aluno surdo. E por fim, pretende-se propor uma sequência
didática, a partir dos moldes de Dolz e Shneuwly (2004), para o
ensino de língua estrangeira para o aluno surdo.
21
pela continuidade étnica a partir da educação e de materiais
didáticos por eles produzidos.
22
fundamental (2º segmento). Os resultados apontaram que em
decorrência das inúmeras transformações nas estruturas
econômicas e políticas, os povos indígenas tem sua cultura,
língua e identidade afetadas pelos modos de vida do branco e,
portanto, (re) significam suas práticas, crenças e necessidades na
contemporaneidade situando-se no entre lugar conflituoso que,
de um lado, o mantém em uma relação de dependência e
integração com a natureza, com os valores culturais, linguísticos
e identitários de seu grupo, e do outro, o coloca frente a frente
com os valores da sociedade hegemônica que deseja para si.
23
inerentes ao funcionamento da conversação. O aporte teórico da
pesquisa está ancorado em autores como Araújo (2007), Cançado
(2005), Crystal (1985), Fiorin (2010), Grice (1975), Oliveira e Basso
(2014), entre outros. Assim, pretende-se, sobretudo, refletir
acerca das funções exercidas pelos elementos que constituem a
linguagem, na construção do seu significado – Implicaturas e o
Princípio de Cooperação, mediante as Máximas conversacionais.
Logo, dispomos apresentar as regras que regem a conversação.
Para tanto, foram analisadas algumas situações da conversação
cotidiana. Os resultados apontam que esses processos
Semânticos e Pragmáticos, dentre vários outros, contribuem para
a produção da interação e para que o falante atinja os seus
propósitos comunicativos.
24
Resumos de literatura
25
escolaridade ─ quadro esse que desde então tornou-se ainda
mais grave. Os métodos estruturados na leitura de literatura
fornecem liberdade ao docente na escolha dos materiais literários
que serão estudados. Escolhemos a obra do escritor Luiz Vilela,
a partir da consideração de que o escritor mineiro desenvolve
temas que permeiam constantemente o imaginário juvenil tais
como as dores da juventude, a sensibilidade das pessoas, a
solidão humana, a incomunicabilidade no contexto social e
conflitos existenciais. Relatamos o desenvolvimento da proposta
entre estudantes do 8° ano do Ensino Fundamental, visando
formação literária tendo por premissa a voz do leitor e sua
realidade. Os resultados da aplicação do método demonstraram
a importância de associar literatura e cotidiano dos alunos como
meio de desenvolver a reflexão crítica e autônoma. Isso provocou
grande interesse e motivação nos alunos, fazendo-os superar o
horizonte de expectativas em que se encontravam antes do
trabalho ser iniciado.
26
A CULTURA POP E O SIMBOLISMO RELIGIOSO:
UMA LEITURA SEMIÓTICA
27
LIVING FOR LOVE: UMA LEITURA SEMIÓTICA DA
PRODUÇÃO AUDIOVISUAL DA CANTORA MADONNA
28
A METÁFORA DO EU, NO CONTO O BURACO, DE LUIZ
VILELA
29
essas temáticas se inscrevem na tessitura do texto. Assinalamos
ainda, as recorrências desses temas na ficção do autor apontados
pela crítica como elementos comuns a seu fazer literário somados
à incomunicabilidade nas relações humanas. Como suporte
teórico, utilizaremos as teorias de Majadas (2011) e Rauer (2006)
no que concerne à solidão bem como Houaiss (2003) na tentativa
de defini-la. Em relação ao outro nos pautaremos em Todorov
(2003) e para elucidarmos os sentidos do vazio, nas definições de
Chevalier & Gheerbrant (2015). Após as considerações e análise
de como os elementos retratados acima se constituem,
procuramos deslindar de que maneira essa própria
incomunicabilidade, o vazio e a solidão também compõem o
mote para o encontro com o outro.
30
para sinalizar uma de suas principais características – a
metapoesia –, através de assimilações e exaltações às
simplicidades e insignificâncias do cotidiano, como jardins e
insetos. Para isso, apresentaremos a análise do poema “Nada”,
constituinte da obra Corola, no intuito de exemplificar, ilustrar e
apontar o percurso trilhado pela autora na formação do
constructo poético.
31
do romance contemporâneo não se propõe mais a partilhar
aconselhamentos, Mongólia evidencia caminhos distintos pela
busca da própria história. Desse modo, é objetivo deste trabalho
entender de que modo o narrador é construído e de que modo o
foco narrativo é articulado.
32
ao círculo familiar e ao de amigos, enquanto os contos de A cabeça
e Você verá ganham o espaço do público, das ruas e do mundo
virtual, em que é perceptível a banalização da morte como um
dos fenômenos da chamada sociedade contemporânea do
espetáculo. De certo modo, as mídias sociais e as tecnologias
contribuíram para que a solidão na hora da morte, antes restrita
à esfera familiar, adquirisse os contornos do público. Os contos
apontados, a nosso ver, retratam uma mudança de atitude do
homem contemporâneo em relação à Morte. Para nossa
discussão alicerçamo-nos em estudos históricos e sociológicos,
como os de Ariès e Bauman.
33
Alarcão (2003) e tem como objetivo descrever e refletir acerca do
ensino de língua portuguesa a partir da prática em sala de aula.
Assim, fomentada pelo Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência (PIBID), foi elaborada e aplicada uma
Sequência Didática (SD) que objetivou a manipulação, leitura e
compreensão de contos de terror, especialmente, do autor Edgar
Allan Poe, com contação de histórias, leituras na biblioteca e em
sala e, posteriormente, a escrita de contos de terror, que após
algumas etapas de produção resultou em um livro. Por fim,
percebe-se a aparente motivação dos alunos ao vivenciar os
contos e ao os atribuir sentido durante as aulas. Considera-se,
então, que o planejamento e a reflexão acerca das aulas antes,
durante e depois se apresentam como extremamente
importantes para uma boa prática em sala de aula.
34
Resumo: O conto “Boné Vermelho” (LEITE, 1988) foi publicado na
coletânea “Um jeito Vesgo de Ser”, fazendo parte da Coleção
Narrativas, da Editora do Brasil S/A. É um texto de leitura
simples, clara, objetiva, com personagens que já são de domínio
público (pelo menos metaforicamente: chapeuzinho vermelho,
lobo, vovó). Boné Vermelho, a personagem central, recebe da
mãe a incumbência de fazer uma entrega para sua avó, em se
tratando de uma releitura moderna, elementos do cotidiano das
grandes cidades aparecem neste percurso: ônibus, becos, bairro
perigosos, homens que fazem insinuações. Neste trabalho, será
realizada um estudo da obra Chapeuzinho Vermelho, e das
metáforas que se encontram de forma generalizada na mesma,
serão apresentadas releituras e apresentações do conto clássico
na contemporaneidade e será realizada a análise do conto “Boné
Vermelho” observando a construção e a presença de metáforas
constantes na trama de Alciene, sendo estas muito relevantes na
trama e no discurso, permitindo verificar a presença de uma voz
narrativa questionadora e irônica. Para o estudo da metáfora, nos
valemos de referencial colhido em Aristóteles, em Paul Ricouer
e em José Paulo Paes.
35
A REPRESENTAÇÃO DA MULHER EM A DANÇA DOS
CABELOS, DE CARLOS HERCULANO LOPES
36
IDENTIDADE: UMA BUSCA EM O ÚLTIMO CONHAQUE
DE CARLOS HERCULANO LOPES
37
POR TODA A VIDA: "MEMÓRIA DA BIBLIOTECA" DE
LUIZ VILELA
38
ASPECTOS ELUSIVOS EM CONTOS DE A CABEÇA, DE
LUIZ VILELA.
39
20 ANOS DE AMÉLIA: 20 DE SUBMISSÃO E RESISTÊNCIA
40
observar uma mudança na condição feminina: da absoluta
submissão à possibilidade de um novo reposicionamento,
condizente com as reorganizações sociais do mundo
contemporâneo. Temos no conto a configuração de um grande
problema social presente nos tempos contemporâneos. A
metodologia utilizada foi revisão bibliográfica e como aporte
teórico, utilizamo-nos dos pensamentos de Alfredo Bosi, Simone
de Beauvoir, Stuart Hall, Rose Marie Muraro, dentre outros.
41
demonstrar sua tomada de consciência e consequente mudança
comportamental.
42
Palavras-chave: Acervo Literário; Luiz Vilela; Entrevistas;
Depoimentos.
43
O NIILISMO EM “AXILAS E OUTRAS HISTÓRIAS
INDECOROSAS”, À LUZ DO PENSIERO DEBOLE
44
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: A CONTRIBUIÇÃO À
MELHORIA DO DESENVOLVIMENTO DO ENREDO EM
NARRATIVAS DE CONTOS
45
cobrado numa produção de texto. Os resultados mostram que,
ao realizar ações específicas a partir de sequência didática
visando um aprofundamento no desenvolvimento do elemento
literário enredo, o aluno reconstruiu seu texto de forma mais
coesa, delimitando informações a partir de segmentação por
períodos mais organizados e substituindo palavras de acordo
com o contexto, o que permite ao autor melhoria na competência
escritora.
46
Resumo de minicurso
47
Como problematização da proposta, faremos, ainda, um breve
estudo comparativo do conto de Machado de Assis “Pai contra
Mãe” (Relíquias da Casa Velha, 1906) e o filme de Sergio Bianchi,
“Quanto vale ou é por quilo” (2005). Esperamos trazer, ao
debate, tópicos usualmente aceitos como dispositivos de
valorização e validação das narrativas em jogo e, em última
análise, da obra artística e do próprio discurso crítico sobre a arte
e que obliteram o nosso olhar sobre a produção artística na
contemporaneidade.
48
Palestras
49
manuscritos, abre um leque de possibilidades interpretativas
sobre os perfis de Machado e permite reconhecer o foco oblíquo
com que o “bruxo” radiografa a sociedade carioca do século XIX
em sua passagem para o XX. A reconhecida obliquidade da lente
machadiana ganha novas cores e máscaras no exame cuidadoso
do acervo.
50
leitores. Nosso referencial teórico teve por alicerce as reflexões
de Bordini e Aguiar no livro Literatura: a formação do leitor
- alternativas metodológicas (1993). As cinco propostas elaborados
pelas autoras nos possibilitaram flexibilizar a atuação em sala de
aula, promovendo o contato dos alunos com o texto literário,
formando leitores e despertando o gosto pela leitura literária.
Partimos da concepção de que o texto literário ultrapassa ao
informativo e ao utilitário e que cabe ao educador propor leituras
que promovam, para o aluno, a percepção estética, a ampliação
do horizonte de expectativa e a construção de sentidos de modo
consciente e linguisticamente competente, o que o contato com a
literatura proporciona de modo muito superior à proposta
curricular vigente. Também utilizamos os conceitos de leitura de
literatura na escola de Marisa Lajolo e de Regina Zilberman.
Verificamos que a proposta desenvolvida, com a inserção das
alternativas metodológicas e o trabalho com o texto literário,
contribuiu para a formação de leitores, o que a atual proposta
curricular do estado de São Paulo não tem propiciado.
Como corpus da pesquisa, valemo-nos da obra contística de Luiz
Vilela, inclusa em antologias destinadas ao público infanto-
juvenil, pois são contos com os quais os alunos se identificam,
pelo perfil das personagens, pelo enredo encenado e
pelo pathos vivenciado.
51
Texto de palestra
completo
52
pelas autoras nos possibilitaram flexibilizar a atuação em sala de
aula, promovendo o contato dos alunos com o texto literário,
formando leitores e despertando o gosto pela leitura literária.
Partimos da concepção de que o texto literário ultrapassa ao
informativo e ao utilitário e que cabe ao educador propor leituras
que promovam, para o aluno, a percepção estética, a ampliação
do horizonte de expectativa e a construção de sentidos de modo
consciente e linguisticamente competente, o que o contato com a
literatura proporciona de modo muito superior à proposta
curricular vigente. Também utilizamos os conceitos de leitura de
literatura na escola de Marisa Lajolo e de Regina Zilberman.
Verificamos que a proposta desenvolvida, com a inserção das
alternativas metodológicas e o trabalho com o texto literário,
contribuiu para a formação de leitores, o que a atual proposta
curricular do estado de São Paulo não tem propiciado.
Como corpus da pesquisa, valemo-nos da obra contística de Luiz
Vilela, inclusa em antologias destinadas ao público infanto-
juvenil, pois são contos com os quais os alunos se identificam,
pelo perfil das personagens, pelo enredo encenado e
pelo pathos vivenciado.
53
INTRODUÇÃO
literário.
54
demonstra um fascínio pela leitura “que vai diminuindo na
55
currículo do Estado de São Paulo ao promover, no âmbito da
plasticidade e a criatividade.
56
Pela análise dos últimos dados internacionais da avaliação do
57
comunicação – com base para o estudo de conteúdos, o
PAULO, 2010).[5]
58
As atividades realizadas constituíram posturas e práticas
59
dos contos literários, realizada no âmbito da teoria que a embasa,
60
Luiz Vilela destinadas ao público escolar, infantil ou juvenil, por
escritor.
concebida e priorizada pelo simples ato de ler, que, por sua vez,
61
ser, antes de tudo, um leitor, um apaixonado pela literatura, uma
direto com o texto, a fim de que este não seja visto apenas como
62
escolar, há que trabalhar com projetos, há que viver na sala de
METODOLÓGICAS
meio da literatura.
63
Com isso, promoveu-se a escolarização da literatura como
64
boas da vida, exige esforço e [...] o chamado prazer é uma
objeto.
da realidade.
65
sequencial e reformulação constante do horizonte de expectativa
sujeito histórico.
66
3. LUIZ VILELA CONTISTA E A LEITURA ESCOLAR
romances.
67
fundamentam no plano religioso ou na glorificação da violência
os seres humanos.
68
Em seus temas, em sua estrutura e em seu engenho com a
69
experiência anterior sem a utilização de leitura literária nos
modificá-las.
70
infortúnios, levando-os a aprenderem desde cedo como
71
Nessa perspectiva, a literatura cumpriu seu papel de ser
p. 58).
mundo.
72
do professor frente à adoção das propostas e dos materiais de
73
dos sentimentos vivenciados pelos alunos e desencadearam um
proporcionar.
<http://www.4shared.com/office/YTjVr943ba/
KARINA_-_VERSO_DISSERTAO_RAUER.html> (ver
MACHADO, 2015).
Com o objetivo de
74
i) incentivar hábitos de leitura por meio da
introdução de textos literários do escritor Luiz
Vilela;
ii) escolarizar mais eficazmente o ensino de língua
portuguesa do atual Ensino Fundamental do
Estado de São Paulo;
iii) formar estudantes mais reflexivos;
iv) formar cidadãos menos passivos;
v) promover o letramento;
vi) promover a cidadania dos estudantes; e
vii) formar leitores literários;
incluem
75
o estudo aprofundado das teorias sobre leitura,
em especial as mais contemporâneas;
os estudos teóricos brasileiros sobre a
escolarização da literatura;
os relatos de experiências didáticas em sala de
aula com a leitura literária;
dos métodos.
MÉTODO CIENTÍFICO
76
O método científico funcionou como uma excelente
2009, p. 80).
77
Com a aplicação do método científico e das produções
processar as informações.
MÉTODO CRIATIVO
78
A prática do método criativo incitou a percepção das
MÉTODO RECEPCIONAL
79
Com a aplicação do método recepcional observamos
(MAJADAS, 2000).
80
Ao examinar os textos elaborados pelos alunos no método
81
de enaltecer a fusão de diferentes horizontes que promovem a
leitora.
82
oporem-se às convenções conhecidas e aceitas [anteriormente]
por ele”.
MÉTODO COMUNICACIONAL
83
Os trabalhos feitos apontaram que os alunos começaram
84
aluno/leitor dentro do texto, agindo e refletindo sobre ele, ao
MÉTODO SEMIOLÓGICO
85
A conciliação de atividades curriculares que contemplam
padrão.
86
semiológica, ao materializar no texto as intenções ideológicas
87
Essa inserção do leitor e do texto na mesma esfera
22).
88
importância da literatura no âmbito escolar e no futuro daqueles
jovens cidadãos.
5. OS MÉTODOS EM 2014
89
A pesquisa-ação desenvolvida procurou apontar que a
expectativa vigentes.
90
solidarizem a participação nestes e considerem o principal
91
pelos PNCs, propiciou flexibilizar a prática docente, indo muito
literário.
92
postula Maria do Rosário Mortatti (2004, p. 107), a fim de romper
para além dos discursos que enfatizam sua necessidade, mas não
93
ou descontentamento com a leitura, pois, por abranger as mais
intertextualidade, etc.
94
daquele mundo monocromático em que viviam por não estarem
95
propiciando caminhos para despertar o prazer de envolver-se na
CONCLUSÃO
96
Assim, as atividades descritas evidenciam a necessidade
e Aguiar.
97
enredadas ― enfim, pelo complexo literário que engendram na
caminho.
98
resgatá-lo das entranhas em que foi emaranhado pelo currículo
Referências:
99
BORDINI, Maria da Glória; AGUIAR, Vera Teixeira de.
Literatura: a formação do leitor, alternativas metodológicas. Porto
Alegre: Mercado Aberto, 1993.
100
14, n. 2, p. 74-91, 2009. Disponível em: <
http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v14_2/m102_09.pdf >,
acesso em 20 jul. 2014.
101
MELLO, Claudio Jose de Almeida. Do incentivo a leitura: teoria
da literatura, metodologia do ensino e a formação do leitor em
questão. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Letras, linguística e
suas interfaces, n. 40, p. 177-190, 2010.
102
SOUZA, Renata Soares Junqueira de (Org.). Caminhos para a
formação do leitor. São Paulo: DECL, 2004. p. 80-90.
__________
Notas
103
[2] Os dados do PISA (Programme for International Student Assessment)
revelam que de 56 países avaliados, no quesito leitura, o Brasil ocupa a 54ª
posição, ficando abaixo de países com alguma similaridade histórica com
nosso país, como Chile, Costa Rica e México. Disponível em: <
http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/resultados/2013/coun
try_note_brazil_pisa_2012.pdf >, acesso em 05 ago. 2014.
[3] O IDESP apontou uma diminuição de 0,7 percentuais nos anos finais do
Ensino Fundamental, atingindo a média de 2,50, menor que a do ano anterior
(2011), que foi de 2,57. Índices estes abaixo das metas projetadas pelo IDEB
(Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para o ano em análise – 5.1.
Disponível em: < http://ideb.inep.gov.br/resultado/ >, acesso em 05 ago. 2014.
104
[9] A propósito, em específico, da compaixão, ver Majadas (2000).
105
Artigos completos
Introdução
106
destacar alguns pontos de vistas já bastante referenciado ao
longo dos estudos da metáfora. No processo de construção de
leitura do conto, interessa primeiramente, contextualizar.
Tomamos como ponto de partida apontamentos de diferentes
autores que discorrem sobre esse tema.
Aristóteles acreditava que a metáfora estava atribuída a
competência da retórica e da poética. A definição de metáfora,
para Aristóteles, “[...] consiste no transportar para uma coisa o
nome de outra, ou do gênero para a espécie, ou da espécie para o
gênero, ou da espécie de uma para a espécie de outra, ou por
analogia” (ARISTÓTELES, 1996, cap. XXI, 1457b-6, p. 92).
Aristóteles se reporta detidamente em cada passo de
transposição da metáfora na obra arte poética, não vamos nos
reportar a todos eles por entender que a citação acima da conta
de exemplificar o pensamento de Aristóteles referente à
metáfora. De acordo (Pound, 2006, p.32) “Literatura é
linguagem carregada de significado ou simplesmente linguagem
carregada de significado até o máximo grau possível”.
Na obra A Metáfora Viva Paul Ricouer (2000) discute
longamente sobre metáfora, inicia pela a retórica, mas adverte
que não é para substituí-la pela semântica e esta pela
107
hermenêutica, porém objetiva desenvolver o encadeamento
sistemático dos pontos de vista sobre progressão da palavra à
frase da frase ao discurso. O teórico divide a obra em oito
estudos. Traz pontos de vista teóricos correspondentes, em que o
grau de expressão contribui com a progressão do argumento de
conjunto.
Tanto para Aristóteles como em Fontanier, a metáfora
encontra-se, no nível do desvio, transgressão de sentido que
ultrapassaa denominação substantiva. Retoma-se, então, a noção
de transgressão de sentido, mas esta precisa ser analisada à luz
do uso, para definir se o desvio é comum (catacrese) ou inovador
(metáfora). Portanto, “é necessário, então, ir da palavra ao
discurso, pois apenas as condições próprias ao discurso podem
distinguir o tropo-figura do tropo-catacrese e, no tropo-figura, o
curso livre do curso forçado” (Ricoeur, 2000, p. 105). As
metáforas quando analisadas no nível da palavra, como desvio,
se está concebendo a linguagem de forma taxionômica e
classificatória simplesmente, ou seja, conclui-se que a relaçãode
referência se dá de forma linear e codificada, que as variantesde
uso (como as metáforas) encontram-se no âmbito do desvio e não
abrange a produção de significação.
108
Compreender a metáfora na frase, como “forma
constitutiva da linguagem”, implica em redirecionar a linguagem
do aspecto classificatório para o da significação, “com a frase, a
linguagem sai de si mesma, e a referência indica a transcendência
da linguagem a si mesma” (RICOEUR, 2000, p. 120).
A metáfora segundo (Ricoeur, 2000, p. 13-14) apresenta
uma estratégia de discurso que, ao preservar e desenvolver a
potência criadora da linguagem, preserva e desenvolve o poder
heurístico desdobrado pela ficção. A metáfora é o processo
retórico pelo qual o discurso libera o poder que algumas ficções
têm de redescrever a realidade. Ligando dessa maneira ficção e
redescrição, restituí a plenitude de sentido à descoberta de
Aristóteles, na Poética.
Há três níveis diferentes da enunciação metafórica
segundo Ricouer (2000, p. 458), primeiro: tensão entre os
termos do enunciado, segundo: tensão entre interpretação
metafórica, terceiro: tensa entre é e não é. Se de fato a
significação, sob sua própria forma elementar, está em busca de
si mesma na dupla direção do sentido e da referência, a
enunciação metafórica apenas leva à sua plenitude esse
dinamismo semântico. A enunciação metafórica opera
109
simultaneamente sobre dois campos de referência. Essa
dualidade explica a articulação, no símbolo, de dois níveis de
significação. A significação primeira é relativa a um campo de
referência conhecido: o domínio das entidades às quais podem
ser atribuídos os próprios predicados considerados em sua
significação estabelecida. A segunda, à qual se trata de fazer
surgir, é relativa a um campo de referência para o qual não há
significação direta, e para o qual, por conseqüência, não se pode
proceder a uma descrição identificante por meio de predicados
apropriados.
O texto para Ricouer, é uma entidade complexa de
discurso cujos caracteres não se reduzem aos da unidade de
discurso ou frase. “Por texto não entendo somente nem
principalmente a escritura, embora a escritura ponha por si
mesma problemas originais que interessam diretamente ao
destino da referência; mas entendo, prioritariamente, a produção
do discurso como obra” (RICOEUR, 2000, p. 336).
O texto assume o papel de um discurso que toma a forma
da obra. A obra não se resume a mera junção de frases e
discursos. A obra é singular na sua forma final, quer seja um
poema ou uma prosa. A estrutura interna da obra revela seu
110
sentido, seu campo semântico ocorre, ao mesmo tempo, uma
referência a um mundo que cada obra na sua singularidade
institui. Inquirir sobre a transição do significado de uma obra
para o seu mundo, isto é a hermenêutica.
Quanta o papel da imaginação Ricoeur afirma que na
metáfora, aparece na medida em que sublinha a incongruência
da predicação nova e o desvio de sentido ao nível das palavras
pelas quais tentamos reduzir essa incongruência. Somos levados,
então, a perceber uma nova congruência a partir das ruínas da
que se fragmentou pelos golpes da impertinência semântica da
anterior, tentando buscar um novo sentido fora do seu uso
comum. Ricoeur vê nessa impertinência semântica algo ligado à
semelhança na produção do sentido. O criador de metáforas gera
a metáfora que aparece não apenas como desviante, mas como
algo, no mínimo inquietante. A metáfora não é o enigma de uma
predicação impertinente, mas é a própria solução do enigma.
Segundo Ricoeur, há na metáfora uma inovação semântica e uma
mutação por contiguidade ou semelhança. O que é preciso
compreender é um modo de funcionamento da imaginação que
preenche uma lacuna. Para que isso aconteça, é preciso conceber
111
a imaginação no modo kantiano, como imaginação criadora,
como esquematização de uma operação sintética.
José Paulo Paes no capítulo Para uma pedagogia da
metáfora (1997) pensa a questão a partir da observação da vida
cotidiana. Não deixa também de trazer acepção Aristotélica de
metáfora, como uma substituição de uma palavra de sentido
próprio para uma palavra com sentido conotativo. Para
Aristóteles a metáfora representa a forma mais essencial e
distinta para o embelezamento da linguagem.Aristóteles
introduz duas noções básicas para a descrição do funcionamento
da metáfora. Em primeiro lugar, a noção de desvio do “sentido
ordinário” das palavras como meio de dar elevação ao discurso;
em segundo lugar, a noção de estranheza que tais desvios
suscitam: “importa dar ao estilo um ar estrangeiro, uma vez que
os homens admiram o que vem de longe e que a admiração causa
prazer” (PAES, 1997, p. 15).
Segundo Paes (1997, p.14): “[...] há uma alternância de
presença e ausência a que se associam, concomitantemente,
sensações de prazer e desprazer”, ou seja, a metáfora traz esta
sensação de desprazer quando ocorre o primeiro contato do leitor
com as expressões metafóricas causando certo estranhamento e
112
é aí que acontece o desprazer quando a princípio não há
compreensão de tal analogia. Já o prazer vem logo em seguida,
pois é a identificação dos sentidos atribuídos aos nomes, é a
compreensão se realizando, o entendimento da metáfora.
Metáfora é ausência e presença, isto é, ausência remete ao
desprazer, pois ocorre quando não se identifica o real sentido da
palavra, quando apenas é reconhecido o sentido figurado, dando
a impressão de que não há coerência entre a palavra com o resto
da frase. E a presença é o contrário, é o reconhecimento do
sentido, é a compreensão que nos remete ao prazer, por isso há
uma alternância, ora se entende, ora não se entende.
113
direcionar várias conexões que se relacionam, formando o todo
da narrativa. O dono da voz arquiteta um mundo que tem vida
em si mesmo. Norman Friedman (2002, p. 171-172), aponta
algumas considerações quanto à posição do narrador:
114
do qual ele imerge nem sempre de modo natural. A
particularidade desse relato tem a ver com o status do
acontecimento. Marcada por uma temporalidade. O narrador
começa sua narração rememorando seus três anos de idade, pois
é a partir desta idade que tem consciência do buraco, porém
nessa fase o vê como brinquedo. O protagonista ressalta que esta
é a lembrança mais remota que ele tem de si mesmo.
Em um tom confessional, Zé reconstrói sua história –
conflitos, incertezas, dispostas em ideias que se fazem, desfazem-
se, refazem-se. Narra várias fases de sua vida, da infância à vida
adulta. E a cada ciclo narrado, o buraco está presente, ou seja, o
buraco vai se transformando conforme a existência do narrador:
115
sozinho, longe de todo mundo. Até que chegava
um ponto em que também me cansava do
buraco, sentia-me triste, e tinha vontade de
voltar para as pessoas, conversas, falar,
ouvir.(VILELA, 2003, p.20)
116
de dois termos. No processo metafórico, traços semânticos
usualmente atribuídos ao termo A são transferidos ao termo B.
Sua forma linguística também pode variar. A mais simples é a
metáfora que funciona como predicativo do sujeito.
No conto de Luiz Vilela a metáfora produz efeito
analógico: tem-se a palavra “buraco” que de acordo com o
dicionário da Língua Portuguesa que dizer: “qualquer abertura
num corpo; furo, orifício.“Cavidade natural ou artificial, onde
habita um animal; cova, toca”. De acordo com a linguagem
referencial uma das acepções é de que é uma “cavidade natura”.
Esta definição é favorável a primeira percepção que o
narrador tem do buraco, a de algo físico, externo: “De qualquer
modo, uma coisa era certa: aquele buraco existia e era meu,
inseparavelmente meu, tão meu que era como se ele estivesse ali,
fora, mas dentro de mim” (VILELA, 2003, p. 20). O que era
externo, espaço físico, ganha tonalidade interna.
117
então ficava contente por ele existir (VILELA,
2003, p. 21).
118
ajuda: “disseram que eu era orgulhoso, que eu desprezava os
outros ou que eu não me importava com eles, e até que os odiava”
(VILELA, 2003, p.21). A visão que as outras personagens têm do
narrador por não aceitar ajuda vai ao encontro da reflexão de
Bakhtin, que é bastante esclarecedora:
119
Nessa citação de Bakhtin fica claro que a visão do outro é
como um espelho, isto é, eu sou aquilo que é filtrado pela visão
do outro, muitas vezes, equivocadamente. O narrador mostra-se
desinteressado com o julgamento do outro, e faz o que lhe
convém. Sabendo que somente ele pode resolver a questão do
vazio que cada vez torna-se maior, tenta tampar o buraco físico,
cai nele e sente-se desconfortável no primeiro momento, mas
depois se sente como se estivesse em casa. A partir da queda, a
personagem começa o processo de metamorfose e se transforma
em um tatu, chegando a caminhar de quatro, e a ter unhas
enormes e o rosto (agora focinho) alongado.
Roger Caillois (apud, Todorov) afirma que “todo o
fantástico é uma ruptura da ordem reconhecida, uma irrupção do
inadmissível no seio da inalterável legalidade cotidiana”
(TODOROV, 2004, p.161). A personagem em estudo transita
entre o mundo de pessoas reais vacilando entre uma explicação
natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos
elencados. Há uma ruptura com a ordem estabelecida. De ser
humano, passa a ser um animal.
O texto do autor Luiz Vilela, dialoga com o conto
“Metamorfose” de Franz Kafka. Kafka elege um narrador em
120
terceira pessoa para contar as inquietações, de Gregor Samsa,
depois de ser transformado em um inseto gigantesco. Diferente
de Luiz Vilela, que optou por um narrador em primeira pessoa,
que narra paulatinamente como se metamorfoseou em tatu. As
personagens que fazem parte da trama do autor mineiro são
apenas duas: a mãe do narrador e a noiva. São elas que sofrem
com a transformação de Zé. Por outro lado, Zé busca essa
transformação, o essencial, é o silêncio, a incomunicabilidade.
Kafka inicia o conto pelo clímax. Segundo Ricardo Piglia em
Teses sobre o conto (2004), Kafka conta com clareza a história
secreta. Não faz, absolutamente, nenhum suspense quanto a
transformação, de Gregor Samsa, em inseto. O mistério é
revelado, logo, nas primeiras linhas: “Certa manhã, após um
sono conturbado, Gregor Samsa acordou e viu-se em sua cama
transformado num inseto monstruoso” (KAFKA, 2001, p. 11). No
entanto, é sigiloso quanto a história visível.
Na narrativa de Kafka, além do personagem central, há
outros personagens que fazem parte da composição da novela.
São denominadas de: pai, mãe, irmã, chefe, gerente. É por meio
deles que Gregor irá perceber que só se tem valor quando se é
útil, e, na atual condição de inseto, percebe que os conflitos
121
existenciais são gritantes, impossibilitado de ir ao trabalhar,
logo, não poderá mais ser o provedor daquela família, o bônus
são as humilhações, advindas dos entes queridos. Portanto, ao
perder sua autonomia passa a outro lugar social. Está a margem.
O conto apresenta a visão de uma sociedade capitalista e
individualista. Conceitos que na visão de Kafka corroem o ser,
tornam-nos menores, mesquinhos e insignificantes. Podemos
arriscar em afirmar que a metamorfose é a metáfora que desvela
a condição humana em desumana. O paradoxo está, não, no
inseto em que, Gregor se transformou, e, sim, nas atitudes dos
humanos que dizem ser sua família.
Cabe ressaltar, que tanto na obra de Luiz Vilela, quanto na
narrativa de Kafka, temos seres metamorfoseados, seja, por
vontade própria, ou, por força do acaso. Em Luiz Vilela, o
personagem se permitiu mudar. Já em Kafka, a mudança gera
conflito, e infortúnio. Em Kafka, o isolamento, o silêncio, a
incomunicabilidade vem pela falta de escolha. Em Luiz Vilela isso
é provocado, é opção. Os metamorfoseados não voltam a
condição de antes, um porque não quer, e outro, por não poder.
São textos que dialogam, entretanto, cada um com suas
122
particularidades. Dois autores excepcionais, logicamente, que
separados pelo tempo, porém, confrontados pelos leitores.
O jogo entre real e fantástico se apóia, segundo Todorov
(1981), essencialmente em uma vacilação do leitor que se
identifica com a personagem principal referida a natureza de um
acontecimento estranho.
Retomando a discussão sobre o conto de Luiz Vilela,
podemos considerar que o processo de metamorfose é
semelhante com o processo metafórico ambos são
transformações que ressignificam algo que estava posto. A
incomunicabilidade é o resultado do processo metafórico, o
narrador sente-se solitário, mesmo convivendo com outras
pessoas. Essa solidão também é consensual, às vezes, ele busca
estar só, já que o silêncio faz-lhe bem. No entanto, é em silêncio
que Zé começa a sentir a presença do outro, e perceber como a
voz do outro é importante. Nos termos metafóricos a ausência e
presença se completam. O não dito é mais importante que o dito.
O narrador significa reinventando-se no silêncio e na solidão, o
buraco, o vazio são preenchidos pela engenhosa forma que o
narrador criou para dá sentido a vida:
123
Maria era minha noiva. Eu não respondia,
mesmo com ela. Então havia um silêncio, que
eu percebia ser o da pessoa esperando ainda
que chegasse lá em cima algum som de baixo;
mas eu ficava bem quieto. Então o silêncio
voltava a ser o de antes, a pessoa tinha ido
embora. No começo esse silêncio era de um
tipo, depois ficou de outro, (eu estava virando
um especialista em silêncios, distinguia
milhares de tipos diferentes). No começo era o
silêncio de quem espera, apenas espera um
som e depois pensa: “é ele não está aí mesmo
não”. Mas depois quando ficaram sabendo que
eu passava ali quase o dia inteiro, quando
sempre me viam indo para ali, esse silêncio era
o de quem espera desconfiando e pensando:
“ele está aí, sei que está aí, e não quer
responder” (VILELA, 2003, p. 24).
124
perspectiva, Orlandi (1997), compreende que estar em silêncio
transpiram silêncio.
Referências:
2001.
125
PIGLIA, Ricardo. Teses sobre o conto. In: _____. Formas breves.
Trad. José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: Companhia
das Letras, 2004. p. 87-94.
126
O REVELAR POÉTICO EM CLAUDIA ROQUETTE-PINTO
Introdução
127
mais especificamente a poesia, a qual depende exclusivamente
da poesia:
128
Fazer poesia é falar das coisas, não como elas são, mas
de manipulador do discurso.
129
consegue transitar entre o abstrato e o concreto e materializar em
de ser arte.
130
como a poesia é construída. Entretanto, caracteriza também
Metapoesia.
“grinalda de flores”.
131
poema “Nada” (ROQUETTE-PINTO, 2000, p. 23), transcrito a
seguir:
NADA,
além do som do riacho
e do grilo, esfregando seu pedaço
de lixa no ar estreito,
alheio a outro som, quase inaudível,
que o coração abafa, em disparate
contra a paisagem, organizada e fria
- apesar de um sol que desafia a pele
a abandonar sua letargia
e põe insetos em outros trajetos
varando contra o rosto.
Agora a nuvem se encosta
no morro, cobre o olho impiedoso,
pai do meu desconforto.
Afago de asas, vento diminuto
paro e flagro o que aflora
(borboleta de Wordsworth,
mas bem mais que meia hora),
enquanto cascos se pisam
no céu que hesita entre a chuva e a
indiferença.
Imóvel, vertiginosa,
de fora a dentro me inclino
(os clarões se aproximam)
rede em riste
132
sobre o rosto daquela flor
- a única que existe.
simplesmente da inexistência:
NADA,
além do som do riacho
e do grilo, esfregando seu pedaço
de lixa no ar estreito [...]
(ROQUETTE-PINTO, 2000, p. 23)
133
o que vê, imagens configuradas como retratos captados pelo seu
134
sonoridade, ritmo e a seleção de palavras que embalam a procura
poética.
fossem partituras:
135
No verso “- apesar de um sol que desafia a pele” o
136
importância para a análise semântica de um texto. Uma das
Stay near me—do not take thy flight! Fique perto de mim, não tome teu voo!
A little longer stay in sight! Fique um pouco mais à vista!
Much converse do I find in Thee, Eu encontro muito o oposto em ti,
Historian of my Infancy! Historiadora da minha infância!
Float near me; do not yet depart! Voe perto de mim; não parta ainda!
Dead times revive in thee: Tempos mortos revivem em ti:
Thou bring'st, gay Creature as thou art! Tu trouxeste, alegre criatura como és,
A solemn image to my heart, Uma solene imagem ao meu coração,
My Father's Family! A família de meu Pai!
Oh! pleasant, pleasant were the days, Oh! Prazerosos, prazerosos foram aqueles dias
The time, when in our childish plays O tempo, quanto em nossas pueris brincadeiras
My sister Emmeline and I Minha irmã Emmeline e Eu
Together chaced the Butterfly! Juntos caçamos a Borboleta!
A very hunter did I rush Como um verdadeiro caçador, lancei-me
Upon the prey:—with leaps and springs Sobre a presa; - com saltos e trotes
I follow'd on from brake to bush; Eu a segui da mata a moita;
But She, God love her! feared to brush Mas ela, Deus a ame! temeu espalhar
137
The dust from off its wings. A poeira para fora de suas asas.
“carpintaria” do poema.
138
(ROQUETTE-PINTO, 2000, p. 23)
139
fisga a todo momento a poesia “lançando-se sobre a presa, com
saltos e trotes”.
palavra “borboleta”.
140
reforçar o pensamento que persiste em todo o seu poema: traçar
141
(ROQUETTE-PINTO, 2000, p, 23)
142
Na segunda fase o eu lírico passa a relatar e transfigurar
143
de ressoar na continuidade dos outros poemas que constituem a
obra Corola.
144
escrever, exerce uma função social, assim como relata a própria
145
dependem e completam-se através do recurso metafórico, que ao
146
“jardim provável”, isto é, um poema completo que consiga
Considerações finais
labutas obscuras, mas que com muito suor e trabalho, seu artesão
147
O poema de Claudia Roquette-Pinto, “Nada”, desde o
148
Referências:
__________
149
Notas
[1] O uso dos parênteses aparecem em vários poemas da obra Corola (2000),
de Claudia Roquette-Pinto.
[2] Willian Wordsworth (1770-1850) foi o maior poeta romântico inglês que,
ao lado de Samuel Taylor Coleridge, ajudou a lançar o romantismo na
literatura inglesa com a publicação conjunta, em 1798, das Lyrical Ballads
(Baladas Líricas).
[3] “To a Butterfly” é um poema lírico escrito por Willian Wordsworth. Foi
publicado pela primeira vez na coletânea Poems, in Two Volumes de 1807.
150
MODOS DE CONSTRUÇÃO DO NARRADOR
CONTEMPORÂNEO: UMA ANÁLISE DE MONGÓLIA, DE
BERNARDO CARVALHO
Introdução
151
Mongólia, romance do carioca Bernardo Carvalho (2003),
Ocidental e o Desajustado.
152
em 1999, As iniciais. As publicações permitem que Carvalho se
desenvolvido.
153
Entre conflitos e labirintos: a construção do narrador em
Mongólia
154
escreveu na forma de carta (...)” (CARVALHO, 2003, p. 14). No
39).
155
humana, seja em relação aos deuses, à natureza ou em relação
156
romance contemporâneo. Como defende Adorno (2003), o quadro
exige a narração?
157
muito, motivo que faz com que pressuponhamos que tenha
158
empreenderam uma viagem rumo ao desconhecido e, nesse
tem muito que contar’, diz o povo, e com isso imagina o narrador
de se tornar escritor:
159
motivados por objetivos pré-definidos, porém, o que vem a tona,
160
motivações para a negativa são expressas somente no final no
161
Nesse processo, a própria alienação torna-se
um meio estético para o romance. Pois quanto
mais se alienam uns dos outros os homens, os
indivíduos e as coletividades, tanto mais
enigmáticos eles se tornam uns para os outros.
O impulso característico do romance, a
tentativa de decifrar o enigma da vida exterior,
converte-se no esforço de captar a essência, que
por sua vez aparece como algo assustador e
duplamente estranho no contexto do
estranhamento cotidiano imposto pelas
convenções sociais. O momento antirealista do
romance moderno, sua dimensão metafísica,
amadurece em si mesmo pelo seu objeto real,
uma sociedade em que os homens estão
apartados uns dos outros e de si mesmos. Na
transcendência estética reflete-se o
desencantamento do mundo. (ADORNO, 2003,
p. 58).
162
que, do mesmo modo, trata com certo desmerecimento: “[...]
Benjamin:
163
Além de Benjamin e Adorno (2003), Bakhtin (2003)
164
“compreensão simpática que diz respeito ao ativismo de olhar
165
serão extremamente desafiadoras. Por meio da articulação das
histórias.
166
constituem na reflexão do sujeito sobre si próprio, em
167
ponto, três histórias distintas, mas que se cruzam e se encontram
tendo em vista que, por meio dos diários a partir dos quais o
168
[...] tem a liberdade de narrar à vontade, de
colocar-se acima, ou, como que J. Pouillon, por
trás, adotando um Ponto de Vista divino, como
diria Sartre, para além dos limites de tempo e
espaço. Pode também narrar da periferia dos
acontecimentos ou do centro deles, ou ainda
limitar-se e narrar como se estivesse de fora, ou
de frente, podendo, ainda, mudar e adotar
sucessivamente várias posições. Como canais
de informação, predominam suas próprias
palavras, pensamentos e percepções. Seu traço
característico é a intrusão, ou seja, seus
comentários sobre a vida, os costumes, os
caracteres, a moral, que podem ou não estar
entrosados com a história narrada [...]. (2002, p.
26-27)
169
sucesso, e de seu desejo em tornar-se escritor. Vê nos
escritor.
170
Isso clarifica as relações dialógicas que permeiam a
171
modo, as produções escritas são passíveis de tal processo
172
ainda pudesse me orgulhar de uma carreira de
destaque, mas nem isso. (CARVALHO, 2003, p.
12).
posicionamentos do mesmo.
diário: “Não sei até que ponto posso confiar no que escreveu, já
173
visão divergente, em relação à do Ocidental, no que diz respeito
2003, p. 22).
muito guardados.
174
ex-diplomata. Por ser o responsável em reger a narrativa, utiliza-
175
se caracteriza pelos períodos mais curtos, objetivos, detalhados,
aceitar regras.
176
Autoritária e repressiva, a igreja budista, como
a católica ou qualquer outra, pode ser moralista
e hipócrita em extremo. Por que seriam
diferentes do resto dos homens? Ao contrário
do que se pensa, no budismo também há
representação do inferno para os pecadores.
Noutro templo de ErdeneZuu, deparo com
uma pintura sobre um tecido roto. É uma tanka
em que reconheço a mesma deusa vermelha
sobre a qual uma guia passou horas
discorrendo, no Museu de Belas Artes de UB,
sem que eu tivesse lhe perguntado nada. É uma
entidade demoníaca, com uma coroa e um
colar de cinquenta crânios, que tenho a
pachorra de contar. Tem o sexo exposto e
entreaberto. Numa das mãos, traz o tampo de
um crânio cheio de sangue, como uma cuia da
qual ela bebe. Na outra, segura um cutelo. Com
o pé direito pisa num corpo vermelho e com o
pé esquerdo, num corpo negro. (CARVALHO,
2003, p. 59).
177
participado e estabelecer um jogo entre informações reais e
personagens.
103).
178
pai. O Ocidental é fruto de uma relação passageira entre seu pai
e sua mãe:
Ocidental.
Considerações finais
179
os caminhos por meio dos quais se constroem o narrador
experiências.
narrativa.
180
importância do narrador no romance contemporâneo, porém,
narrador benjaminiano.
Referências:
181
FRIEDMAN, Norman. O ponto de vista na ficção: o
desenvolvimento de um conceito crítico. Tradução Fábio
Fonseca de Melo. Revista USP, São Paulo, n.53, p.166-182,
março/maio 2002.
182
A MORTE EM LUIZ VILELA: DO PRIVADO AO PÚBLICO
183
Palavras-chave: histórico; Luiz Vilela; morte; sociedade.
184
primeiros contos, das coletâneas Tremor de Terra e O fim de tudo,
185
em que a percepção sobre a morte se torna mais dramática e o
a modernidade tardia,
186
Nada mais anuncia ter acontecido alguma
coisa na cidade: o antigo carro mortuário negro
e prateado transformou-se numa limusine
banal cinza, que passa despercebida no fluxo
da circulação. A sociedade já não faz uma
pausa: o desaparecimento de um indivíduo
não mais lhe afeta a continuidade. Tudo se
passa na cidade como se ninguém morresse
mais. (ARIÈS, 1982, p. 613)
187
homens, um adolescente e um barbeiro, que barbeiam um
do barbeiro.
188
o cuidado com o morto, as rezas, o terço. Em O homem diante da
189
morto, afiava num ritmo diferente, mais
espaçado e lento; alguém poderia quase
deduzir que em sua cabeça o barbeiro
assobiava uma marcha fúnebre. (VILELA,
1973, p. 55).
tinha alguma barba. – Assim eles não têm de fazer ela depois de
190
sentia como se ela estivesse por ali. [...].– Por
que a gente morre? [...] – Por que será que a
gente não acostuma com a morte? [...] – A gente
não tem que morrer um dia? Todo mundo não
morre? Então por que a gente não acostuma?
(VILELA, 1973, p. 57).
o ar fresco da manhã.
191
(VILELA, 1973, p. 58). E permanece a ideia de que a vida
girar.
192
a um diálogo hilário, os amigos continuam a jogar e a beber
senhor; a gente faz aquilo tudo, espera aquele tempo todo e ainda
morreu minha irmã veio gritando pela casa como se fosse o fim
193
Perplexo com a hipocrisia dos presentes no velório, reflete
194
questionam a hipocrisia das relações de uma sociedade cada vez
que volta mais cedo para casa e diz a sua mulher que não vai
195
rosto, matando-o. A tragédia fica restrita ao âmbito familiar, não
há testemunhas do incidente.
público.
196
conjecturas, nada é esclarecido, não chegamos a conhecer sua
197
dono do restaurante frequentado pela família o que se pode
19).
ocorrido.
198
motivação do crime e do que fazer com aquela cabeça. De certa
199
tenso sobre violência contra a mulher e adultério. “‘Sou capaz de
feminino.
“De quem era? Quem a pusera ali? Por quê?” —, ficam sem
200
curiosos seguira seu curso. Da crueza dos diálogos exala a
201
postadas na rede virtual. O conto é totalmente em forma de
202
Este é o tom, em certo momento um deles diz: “Tinha uma
203
gritaria. E então o estrondo, a dor, e pronto,
mais nada, acabou-se tudo, fim.” (VILELA,
2013, p. 90).
“E que, quando o nosso dia chegar, tenhamos
uma morte tranquila.” (VILELA, 2013, p. 91).
que não gostaria de ter de passar de modo tão trágico pela morte,
204
transando a gente morrendo, de gente matando a gente
205
Segundo Elioenai Ferreira, em "Nunca mais”: a morte nos
Referências:
206
ARIÈS, Philippe. História da morte no Ocidente: da Idade Média
aos nossos dias. Trad. Priscila Viana de Siqueira. Rio de Janeiro:
Francisco Alves, 1977.
207
primeira pessoa gramatical e apresenta grande penetração na
psicologia feminina, é memorialista. Essas narradoras analisam,
descrevem e comentam o que se passa na vida da família, o que
é muito significativo para a análise proposta, visto que traz à
tona o espaço de submissão que acompanha o sujeito feminino
desde sua infância. Julgamos necessário, apresentar a
representação do espaço na obra, já que este contribuí de forma
significativa para análise como um todo.
Introdução
208
Tratamos de uma lembrança que também une essa comunidade
209
Na mesma ótica, em suas análises sobre a prosa narrativa
210
se chamam Isaura, é narrada na primeira pessoa gramatical e
O autor
211
parte da pesquisa, quem é o autor de O último conhaque, e para
2009:
212
descrever como jornalista, ilustra, e talvez justifique a linguagem
crônicas.
213
muito contato com a natureza. As emoções também eram devido
Torres:
214
ela me incentivava a ler. Cheguei em BH em 69
e terminei o livrinho em 1970. Fiz curso de
datilografia, datilografei o livro e guardei.
Nunca parei de escrever. Estudei no Colégio
Arnaldo, onde escrevei meu primeiro livro “O
Sol nas Paredes”, aos 18 anos. Sempre me
interessei pela literatura. Mas o sonho do meu
pai era que eu fosse médico. (TORRES, 2012)
escrita já revela seu apego e boa relação com sua terra. Em 1972,
215
Carvalho, Jorge Fernando dos Santos, Wander Piroli, Geraldo
2008 o autor afirma que saia nas ruas e nos bares de Belo
sair para vender seus livros. Com seu primeiro romance em 1984,
216
prazer ou mais sofrimento na hora de compor
a obra? Você acredita em inspiração? Muito
obrigado pela "obra prima", embora eu ache
que o livro está bem aquém disso. Escrevi A
dança dos cabelos quando eu estava com 24
anos, e só consegui publicá-lo aos 29, por
interferência de Afonso Borges, que me
apresentou a Rose Marie Muraro, que o lançou
no Rio, na Editora Espaço e Tempo. Com ele
venci os prêmios Guimarães Rosa, em 1984, e
Lei Sarney, como autor revelação de 1987.
Atualmente o livro está na 10 edição, na
Editora Record. (MACHADO, 2009).
Texas (ano).
Análise
217
O precursor dos estudos da Topoanálise, na literatura foi
sensações humanas:
218
de integração para os pensamentos, as
lembranças e os sonhos do homem. Nessa
integração, o princípio que faz a ligação é o
devaneio. O passado, o presente e o futuro dão
à casa dinamismos diferentes, dinamismos que
frequentemente intervém, às vezes se opondo,
às vezes estimulando-se um ao outro. A casa,
na vida do homem, afasta contingências,
multiplica seus conselhos de continuidade.
Sem ela, o homem seria um ser disperso. Ela
mantém o homem através das tempestades do
céu e das tempestades da vida. Ela é corpo e
alma. É o primeiro mundo do ser humano
(BACHELARD, 1978, p.201).
219
espaço da casa, é a representação do papel submisso da mulher,
em outro lugar, diferentes das duas Isauras que vivem toda suas
casa tem: “Pois a casa é nosso canto do mundo. Ela é, como se diz
voltar para casa. Por mais que seja um espaço em que lhe traz
lembranças ruins, solidão e angústia, ali ela terá contato com suas
sua identidade.
220
dialéticas. Quantas narrativas de infância — se
as narrativas de infância fossem sinceras — nos
diriam que a criança, por falta de seu próprio
quarto, vai aboletar-se em seu canto! (...) As
casas sucessivas em que habitamos mais tarde
tomaram banais os nossos gestos. Mas ficamos
surpreendidos quando voltamos à velha casa,
depois de décadas de odisséia, com que os
gestos mais hábeis, os gestos primeiros fiquem
vivos, perfeitos para sempre. Em suma, a casa
natal inscreveu em nós a hierarquia das
diversas funções de habitar. Somos o diagrama
das funções de habitar aquela casa e todas as
outras não são mais que variações de um tema
fundamental. A palavra hábito é uma palavra
usada demais para explicar essa ligação
apaixonada de nosso corpo que não esquece a
casa inolvidável. (BACHELARD, 1978, p. 206).
221
Ainda sobre o espaço, Ozíris Borges Filho (2008, p. 1)
analisada.
a seguir:
Eu não quero mais esta fazenda com todos os
alqueires e aguadas e boiadas que já perdi a
conta. Não preciso mais de poder político;
222
também já que não me interessa ser
reconhecido pelas pessoas como o filho mais
velho de Manoel Túlio, seguidor de sua obra
“para fazer de Santa Marta a mais bela cidade
do Vale”. (LOPES, 2001, p. 21).
encontram:
223
cada vez mais forte que em mim exercem as
águas cujo canto, em horas de calmaria, se
mistura ao das acauãs que tornaram o voar ao
redor da minha janela, eu ainda insisto em
desvendar o obscuro de certas coisas que
aconteceram e ainda acontecem. E me
pergunto sobre o porquê dos carneiros: eles
eram muitos, vinham nunca se soube de onde,
mas apareciam nas tardes de maio quando eu
era criança. (LOPES, 2001, p. 9).
224
trecho que se apresenta abaixo, percebemos na descrição do
para vingar a morte de seu irmão, que foi imposta pelo seu pai
225
por meio do espaço físico. Através deste espaço descrito é
ocupa”.
gênero:
226
Mas de repente – e só aí percebi a minha
coragem – eu me paralisei como um animal
assustado. Senti que um gosto amargo subia
pela minha garganta, e tive a certeza que o
odiava, e era necessário que eu vivesse, e
enfrentasse tudo, para assim alimentar o meu
ódio e planejar a minha vingança (LOPES,
2001, p. 31-32) grifos nossos.
227
mulheres de sua família, mas isso não acontece totalmente, pois
conhaque.
Considerações finais
228
Como toda obra de arte, a literatura está inserida em um
229
Acreditamos que a categoria do espaço no romance analisado
o enredo.
Referências
230
AUERBACH, Erich. Mimesis. São Paulo: Perspectiva, 2013.
231
__________. Sombras de Julho. 3. ed. São Paulo: Atual, 1994.
__________
Notas
232
[6] Disponível em:
http://www.abralic.org.br/eventos/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/067
/OZIRIS_FILHO.pdf
233
IDENTIDADE: UMA BUSCA EM O ÚLTIMO CONHAQUE
DE CARLOS HERCULANO LOPES
234
Introdução
235
em Roland Barthes a respeito das “Considerações
236
Como descrito por Aganbem (2009), não se prender a um
237
literatura contemporânea não será, impreterivelmente, a que
retrata o seu tempo atual, mas aquela que seja capaz de orientar-
238
velocidade de tudo que acontece e que os escritores
239
De modo geral, percebe-se, nos
escritores da geração mais recente, a intuição
de uma impossibilidade, algo que estaria
impedindo-os de intervir e recuperar a aliança
com a atualidade e que coloca o desafio de
reinventar as formas históricas do realismo
literário numa literatura que lida com os
problemas do país e que expõe as questões
mais vulneráveis do crime, da violência, da
corrupção e da miséria (SHØLLHAMMER,
2009, p. 14).
240
Outras características atribuídas às narrativas brasileiras
241
ou até mesmo o contato com a casa de sua infância, onde a
contemporaneidade.
Análise
242
No atual contexto, inseridos no processo de globalização,
temporal.
o mental:
243
A rapidez e a concisão do estilo
agradam porque apresentam à alma uma turba
de ideias simultâneas, ou cuja sucessão é tão
rápida que parecem simultâneas, e fazem a
alma ondular numa tal abundância de
pensamento, imagens ou sensações espirituais,
que cia ou não consegue abraçá-las todas de
uma vez nem inteiramente a cada uma, ou não
tem tempo de permanecer ociosa e desprovida
de sensações (CALVINO, 1998, p.55).
XXI:
244
eventos em um determinado lugar têm um
impacto imediato sobre pessoas e lugares
situados a uma grande distância. (HALL, 2006,
p. 18-19).
contradizem:
245
sentimentos subjetivos com os lugares
objetivos que ocupamos no mundo social e
cultural. (HALL, 2006, p.2).
tempos de modernidade.
246
que tem diante si. No entanto, precisam dialogar com as duas
realidades distintas:
247
De acordo com o pensamento exposto por Hall (2006), as
248
uruguaia.” E ele, que nunca havia ouvido falar
em churro, muito menos em Uruguai, achou
aquele petisco gostoso. (LOPES, 1995, p.89)
249
filho uma única vez em São Paulo “lhe fora contado por sua mãe
que sua mãe o vista em São Paulo. De algum modo Nando sente
nos quais, por culpa dele, não pôde voltar a sua terra natal e nem
250
rever com frequência seu único ponto de referência” (LOPES,
1995, p. 25).
assinala que o homem da era moderna não só fala como não sabe
recepção da narração:
251
menor sussurro nas folhagens o assusta. Seus
ninhos – as 71 atividades intimamente
relacionadas ao tédio – já se extinguiram na
cidade e estão em vias de extinção no campo.
Com isso, desaparece o dom de ouvir, e
desaparece a comunidade dos ouvintes. Contar
histórias sempre foi a arte de contá-las de novo,
e ela se perde quando as histórias não são mais
conservadas, ela se perde porque ninguém
mais fia ou tece enquanto ouve a história.
Quanto mais o ouvinte se esquece de si mesmo,
mais profundamente se grava nele o que é
ouvido (BENJAMIN, 1994b, p. 204-5).
252
desligamento de um passado que se perde nas comunidades
ouvintes.
253
tantos anos havia deixado, sentiu que seu
coração - embora tenha se preparado muito"
para aquele dia - começou a bater acelerado, de
um jeito estranho, como há tempos não
acontecia. [...] Mas, contrariando a sua
vontade, ele estava ali, na Santa Marta de sua
infância, e achava que ela iria entender, embora
pedisse tanto para que ele não viesse, revestida
de razões que só agora, mesmo sendo recém-
chegado, ele começava a compreender, quando
sensações há muito esquecidas de novo rodeavam o
seu coração! (LOPES, 1995, p.7-8, grifos nossos).
254
outras palavras, para Bergson (1999), a lembrança é “a
255
permanência naquela casa, pois esperava
encontrar, ao abrir as gavetas, pelo menos uma
foto que lhe revelasse por inteiro a face daquela
pessoa tão amada mas igualmente
desconhecida para o frágil coração de seu filho.
(LOPES, 1995, p. 128)
256
Nando. No segundo dia, após o enterro, ao acordar com ressaca,
sua cabeça [...] viu seu pai caído, os olhos parados e fixos nele”
257
Pelo excerto anterior, ressaltamos que a personagem há
258
ou a perda, voluntária ou involuntária, da
memória coletiva nos povos e nas nações que
pode determinar perturbações graves da
identidade coletiva (LE GOFF, 2003, 367).
259
voluntária é o resgate da conservação do passado, enquanto a
(Idem, p.135).
260
Desse modo, como posto até aqui, o protagonista de O
uma vez que seu pai foi morto quando tinha apenas 12 anos e
com a nova cultura que lhe é imposta, ele volta à sua terra natal
Considerações finais
261
Antonio Candido (2000) mostra que o momento histórico
personagem.
262
Minas Gerais, numa cidade fictícia por nome de Santa Marta,
que sobrou dentre todos os que havia. É certo que haverá outros
263
Estruturalmente, o texto inicia-se por uma espécie de
264
a antítese fosse a base, o alicerce da narrativa, que vai sendo
265
todo o romance necessita de velocidade, seja na forma narrada,
desfecho.
Referências:
266
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade: estudos de teoria e
história literária. 8 ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000
Notas
267
[1] O conceito usado se refere ao de tradição abordado por Stuart Hall (2006)
como práticas culturais repetidas que implicam numa continuidade do
passado. Outro terno que Hall (2006) usa em usa obra é o de “raízes” para
estabelecer essas práticas que são passadas de geração à geração. No entanto,
salientamos que o ato de perder o vínculo com a sua tradição e se dispersar
da sua terra natal, Hall (2006) chama de Tradução que do latim, significando
"transferir"; "transportar entre fronteiras". Esses conceitos serão retomados no
decorrer no trabalho.
[2] Caracterizamos a cidade de Santa Marta como rural por se tratar de uma
cidade de interior com características campestre, pastoril. Essas descrições
serão notadas no decorrer do nosso trabalho.
268
POR TODA A VIDA: "MEMÓRIA DA BIBLIOTECA" DE
LUIZ VILELA
269
Com o intuito verificar a simbologia dos nomes das
270
refere ao demiurgo como nominador e as personagens como
da personagem na diegese.
271
crítico lembra que a grande força da personagem é ser
272
Anatol Rosenfeld, no ensaio Literatura e personagem, 1961,
Rosa.
narrativa rosiana:
273
elaborar ou estabelecer uma ampla teoria do
nome próprio, nem mesmo de suas possíveis
funções dentro do romance ou do conto em
geral. Estamos tratando de um texto específico,
o de Guimarães Rosa, e, mais do que uma
teoria abstrata sobre o nome próprio, interessa
estudar a prática do autor, examinar a relação
entre o sistema onomástico e a estruturação da
narrativa em sua obra. (MACHADO, 1976, p.
23).
274
que ele desempenha um papel importante na própria geração do
vai além: "ele guarda dentro de si, sob um aspecto latente, uma
275
Outra questão que a autora aborda no ensaio é o caráter
percebe que nas obras estudadas os nomes são plurais, eles têm,
no texto, plurisignificância:
276
linguistas. Mas o que a ensaísta vê na obra de Guimarães Rosa é
277
de Osório de Almeida (UP 29). Pedro é também
apresentado como uma espécie de novo Anteu,
que recebe força da Terra quando a toca com
seu pé descalço, filho e prolongamento que é
da Terra. A relação entre Pedro, seu pé e o chão
é insistentemente acentuada, na multiplicação
do Nome do vaqueiro por seus apelidos,
muitas vezes em associação a outro tema que o
acompanha, o do boi, animal ligado à própria
sobrevivência econômica do vaqueiro, o que,
além disso, corresponde perfeitamente em
relação isomórfica às qualidades que marcam o
destinatário do recado pela narrativa afora:
tamanho, solidez, simplicidade. (MACHADO,
1976, p. 110).
278
o texto de Guimarães Rosa reforça o significado encontrado pela
estudiosa.
Por outro lado, é certo que nem todo texto literário trará o
279
é o prefácio da obra, intitulado "A influência do nome sobre a
segue um trecho:
280
1996,' o nome influencia as dinâmicas sociais,
culturais e familiares. Se seu nome é uma
homenagem a alguém, ele está vinculado à
história dessa família'. (OLIVER, 2010, p.7).
Bonifaix:
Françoise Bonifaix, pesquisador francês e autor
do livro Le traumatisme du prénom ( O trauma
dos nomes próprios), enumera as crises da
infância, adolescência e maturidade derivadas
de prenomes ou sobrenomes incomuns,
sugerindo que o conhecimento da história do
próprio nome revela-se um fator de
fortalecimento da identidade e superação das
crises. (OLIVER, 2010, p.7).
281
dos símbolos existentes no nome, estimulam as
células cerebrais a responderem a esses
símbolos, a criança começa a desenvolver um
padrão mental. Esse padrão é reconhecido
como personalidade e reflete as qualidades da
inteligência expressas pelo nome. (OLIVER,
1976, p.8) .
282
é: "Você." Notaram a diferença? O Nada e o
Ser? Notaram também como é importante a
escolha do nome de seu filho? Por isso você
deve evitar principalmente nomes dúbios,
complicados ou de significados vazios como
Neuda ("nós não sabemos") ,ou Saionara
("adeus; até logo") [...] Vale também assinalar a
tentativa de registro de um Akuma
("demônio"), no Japão, e de um
Brfxxccxxmnpcccclllmmnprxvclmnckssqlbb11
116 que uma família sueca tentou dar ao filho,
em 1996. Para o bem das crianças envolvidas, o
registro de tais barbaridades foi rejeitado pelas
cortes de seus países. (OLIVER, 2010, p. 8-9).
283
e a obra de Ana Maria Machado nos auxiliará, de forma modelar,
tornando-se substantiva.
de Por toda a vida, conto de Tremor de terra. Luiz Vilela não foge a
284
narrativa é uma das tônicas, a nosso ver, da ficção do autor
mineiro.
285
pobre, que resolvem se casar. Com três filhos e com dificuldades
memórias do leitor.
286
texto. A aproximação entre a narrativa de Vilela e sua influência
1989.
pelo nome que ela recebe, como explica Nelson Oliver em seu
287
estreitamento entre o nome e o comportamento da personagem
para a leitura do conto Por toda a vida. Inês, que viria a ser
288
santificada, aos treze anos foi preterida pelo filho do prefeito de
Madalena.
289
de criação do autor é essencial que todos os aspectos da narrativa
sejam observados.
290
Santa prefere entrar para a história, tornando-se símbolo de luta
e resistência.
291
à outra para percebermos como o significado do nome colabora
definitiva.
Referências:
292
OLIVER, Nelson. Dicionário de nomes. Rio de Janeiro: BestBolso,
2010.
293
ASPECTOS ELUSIVOS EM CONTOS DE A CABEÇA, DE
LUIZ VILELA
Introdução:
294
“Uma folhinha seca, soltando-se do galho da
árvore ali perto, veio a cair sobre a cabeça:
como se – poderia ter pensado um dos
presentes – como se fosse uma homenagem
da natureza ao morto desconhecido.”
Luiz Vilela.
bar (1968); Tarde da noite (1970); O fim de tudo (1973); Lindas pernas
295
Nacional de Ficção, e, na obra O fim de tudo, foi distinguido com
2016).
296
criação literária estabelecida na brevidade narrativa e na
297
escolha do título também como participação do narrador no
texto.
realização:
298
sem interferência do autor. O autor não manobra
as suas criações. Elas estão em liberdade para
agir conforme o seu caráter e condicionamentos.
(PÓLVORA, 1970, p.2)
299
conhecimento inicial de uma consonância das partes; e
cabeça (2002).
Recepção crítica:
Rodrigues (2006).
300
narrativa (realizado nesse caso pela predominância dos diálogos
301
flexibilizada pelo tom de divertimento, escárnio
e ironia. (MASSI, 2002, p. l.)
poder).
302
contística de Vilela transita pelas duas primeiras vertentes
o impacto narrativo.
303
Num estudo acerca dos desdobramentos da estética da
304
não é só uma das características marcantes do volume como se
Elementos constitutivos:
305
concisão da escrita e de elaboração da tensão entre as
personagens.
notícias”:
306
Vinda de dentro, Beth surge na porta interna do
escritório. Ela percebe logo o clima – fúnebre.
Fúnebre seria a palavra exata nos dois sentidos:
literal e metafórico.
[...] Olho para o cartaz na parede, Maca
sorrindo, esbanjando confiança e simpatia; mas,
por um momento, é como se eu, algum tempo
depois, estivesse vendo aquele cartaz num
muro qualquer da cidade, ele já desbotado,
rasgado e sujo – o melancólico cartaz de um
candidato que não se elegeu. (VILELA, 2002,
p.41, 45, grifos nossos).
307
outros, porém, os aspectos físicos predominam na sinalização
com bíblia debaixo do braço; uma moça; uma ruiva com o cabelo
308
disposição da ordem dos acontecimentos em que na maioria das
Artur.
309
notícias” (com a referência às atividades da zona rural), e do
310
tristeza, manipulação, conflito e irrisão (“Rua da amargura”);
ambiente:
311
– Ôp! – cobriu rápido; - o passarinho querendo
fugir...
Ela riu.
– Aqui – ele mostrou: - o corte vai daqui até
aqui...
Ela ficou olhando – as tiras de esparadrapo
sobre a gaze, a pele vermelha de merthiolate.
– É grande, não é? – ele disse.
Ela balançou a cabeça, concordando.
Voltou então a sentar-se.
Os dois calados. Uma tosse lá no fim do
corredor.
– Fui te mostrar uma coisa – ele disse, – e você
acabou vendo outra...
– Eu? – ela disse. – Eu não vi nada.
– Não?
– Você cobriu! (VILELA, 2002, p.41, 45, grifos
nossos).
312
personagens. Para ilustrar, encontramos em trechos de “Suzy”; a
excitação:
“Não sou.”
“É sim: garotinha. ”
313
estereotipadas associadas à elaboração do cômico reforçam o
cabeça”).
Aspectos elusivos:
314
estende do idioma latim às línguas inglesa e francesa. O Aurélio
315
tais aspectos selecionamos passagens da narrativa curta “A
Moisés discorre:
316
em permanente produção de sentidos novos.
(PERRONE-MOISÉS, 1978, p. 63, grifos nossos).
designação convencional.
317
três subgramas: fonéticos; sêmicos; e sintagmáticos. Já os gramas
H1 – a inteligibilidade):
318
Uma folhinha seca (A), soltando-se do galho da
árvore (B) ali perto, veio a cair sobre a cabeça (C):
como se – poderia ter pensado (D) um dos
presentes – como se fosse uma homenagem (E)
da natureza ao morto desconhecido (F).
(VILELA, 2002, p.128).
319
reflexão e de crítica (‘pensado’); de cortesia e consideração
Considerações finais:
320
ou seja, uma prática literária de concisão narrativa e de primor
ao pequeno detalhe.
outras particularidades.
321
contemporânea. Cabeça sobre o asfalto, uma história sem
percurso.
Referências:
322
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. Trad. Lúcia Helena
França Ferraz. São Paulo: Perspectiva, 1974.
323
RAUER [Rauer Ribeiro Rodrigues]. Faces do conto de Luiz Vilela.
Araraquara, SP, 2006. 2 volumes. Tese (Doutorado - Estudos
Literários) - FCL-Ar, UNESP. Orientador: Luiz Gonzaga
Marchezan.
324
TREVISAN, Dalton. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro. Editora
Civilização Brasileira, 1964.
325
20 ANOS DE AMÉLIA: 20 DE SUBMISSÃO E RESISTÊNCIA
326
oriundas do sistema patriarcal. Deste modo, o conto nos permite
observar uma mudança na condição feminina: da absoluta
submissão à possibilidade de um novo reposicionamento,
condizente com as reorganizações sociais do mundo
contemporâneo. Temos no conto a configuração de um grande
problema social presente nos tempos contemporâneos. A
metodologia utilizada foi revisão bibliográfica e como aporte
teórico, utilizamo-nos dos pensamentos de Alfredo Bosi, Simone
de Beauvoir, Stuart Hall, Rose Marie Muraro, dentre outros.
Introdução
327
existência, ela própria, como valor, venceu as forças confusas da
p.83).
328
As transformações culturais trouxeram a possibilidade de
em que possa exercer e ver seus direitos respeitados, não por ser
o sexo frágil que o legado lhe impôs, mas sim pelo papel decisivo
329
Pode ser clava e pode ser escudo, pois
mostrando a opressão,
está defendendo, e defesa implícita em ataque
também.cultura
dos povos; é o retrato escrito de um
determinado
momento da evolução histórica da sociedade,
ao refletir
usos e costumes vigentes sob o trato ficcional.
330
repressão e o feminismo. Eu choro do Palhaço, de 1978, publicado
Coleção do Pinto.
submissão em resistência.
331
sorte de privações e/ou vexames sem reclamar, por amor a seu
anseios da personagem.
332
Vinte anos. Humilhações, lágrimas, dores.
Somos transitórios, cumprimos um destino
traçado.
Sua cruz.
Agora anda mais acomodado, negócios
grandes, colesterol alto, caseiro. Cansado de
aventuras, decadente, discreto? (LEITE, 1978,
p.92).
333
Quanto a não nomeação das personagens nas obras,
334
a servidão a que são impostas no seu dia a dia, e que, mesmo
décadas de matrimônio.
335
Como podemos constatar na passagem em Efésios, a
336
Como na melodia acima em que o homem tem saudades
si mesma.
tenha ido dormir, Amélia não pode ir, sem antes deixar a sala
tudo sozinha.
337
Amélia cumpre o seu legado, ou seja, dona de casa atenta
submissa.
338
logo as escapadas do marido, morte do romantismo.
339
transitórios” entendemos que somos passíveis de mudanças em
oprime.
deitar-se com ele, mas não o atende apenas responde que irá
podia ir dormir sem ela pois que ela ia primeiro fazer outra coisa,
340
dando prioridade a si mesma, às suas vontades. Torna-se, nesse
esquecendo-se de si mesma:
341
mais de seus cuidados, e o esposo, ao qual servira tão
desinteresse dele por sua pessoa. Essa constatação faz com que
votos: “Vez ou outra , sem rótulo de fé, entra num templo. Como
342
A condição de dona de casa servil, legado do patriarcado
343
submissão e, ao chegar a essa conclusão, a personagem é tomada
modo submisso que conduzira sua vida até então, sem prazer,
344
A angústia que antes consumia Amélia desaparece, assim
ação que ela sente-se forte para libertar-se para sempre das
Sua identidade.
345
Reconcilia-se com a vida, quase sem ver que
andavam brigadas.
346
resistência passa a ser uma nova mulher, reconcilia-se com a vida
por si, pelos prazeres mais simples que a vida oferece como um
347
Conclusão
feito muitas mulheres nos dias atuais. São esposas e mães que
proporciona.
348
própria à força alheia” (BOSI, 2008, p. 118). De acordo com a
Referências:
349
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa: edição histórica 100 anos. Curitiba: Positivo
Livros, 2010.
350
351
IMPLICATURAS E MÁXIMAS CONVERSACIONAIS:
REGRAS INERENTES AO FUNCIONAMENTO DA
CONVERSAÇÃO
352
Palavras-chave: Implicaturas; Máximas conversacionais;
Conversação.
Introdução
353
Em conformidade, para Nuyts (1992), a comunicação é
comunicativos.
linguísticos.
354
posto, cabe salientar que apesar de terem funções distintas,
355
Do ponto de vista semântico, observa-se que a sentença
pragmático.
356
Semântica: a investigação do significado
357
significado: ao contrário, em várias situações, o
sistema semântico tem o seu significado
alterado por outros sistemas cognitivos para
uma compreensão final do significado. Por
exemplo, vem sendo explorado por alguns
estudiosos que alguns aspectos do significado
são explicados em termos de teorias da ação,
ou seja, dentro do domínio de uma teoria da
pragmática (CANÇADO, 2005, p.17).
358
inúmeras aplicações. Deste modo, Ferrazeri Júnior e Basso
359
Assim, a pragmática “busca observar as condições de uso da
360
Outra definição para a pragmática, apresentada por Joana
361
presentes nas atividades linguísticas. Caracteriza-se
2006, p. 61).
362
De acordo com os conceitos teóricos apresentados na
Implicaturas
profere:
363
que é uma conversação, sobre, como
funcionam os comportamentos racional e
comunicativo e sobre os diferentes tipos de
significado com os quais lidamos. Tanto o
comportamento racional quanto a existência
são os pilares das implicaturas (OLIVEIRA &
BASSO, 2014, p. 39).
como implicaturas.
364
estrutura da sentença, por estar aprisionada ao significado
literal. Exemplo:
diálogo:
365
inadequada, mas pela óptica das implicaturas conversacionais
efeito negativo.5
366
conversação. A regra geral desse contrato, o autor denomina
grandes categorias:
1. Quantidade:
corresponde à quantidade de informação a
ser transmitida. É preciso regular a quantidade
de informação, para que ela não seja nem mais
nem menos que o necessário. Têm-se, portanto
as seguintes máximas:
367
i. Faça sua contribuição tão informativa
quanto necessária, apenas o requerido.
ii. Não faça sua contribuição mais
informativa que o necessário.
2. Qualidade: faça com que sua
contribuição seja verdadeira. Apresenta duas
máximas mais específicas:
i. Não diga o que considerar ser falso.
ii. Não diga nada que não possa
fornecer evidência adequada.
3. Relação: há uma única máxima:
i. Seja relevante, isto é, só se pode dizer o que
é essencial.
4. Modo: corresponde
a “como” aquilo que se diz deve ser dito. O
autor recomenda ser claro:
i. Evite ambiguidades.
ii. Evite obscuridade de expressão.
iii. Seja breve
(evite digressões desnecessárias).
iv. Seja ordenado (fale pausadamente,
respeitando os turnos
conversacionais) (GRICE, 1975, p. 45-6).
6
368
dessas máximas, acarretando no favorecimento de alguma
conversacional.
369
2. Qualidade: espero que suas
contribuições sejam autênticas e não falsas,
adulteradas. Se eu precisar de açúcar como
ingrediente em um bolo que você
está ajudando-me a fazer, eu não espero que
você me dê o sal; se eu precisar de uma colher,
espero uma colher de verdade, e não uma de
brincadeira, feita de borracha.
3. Relação: eu espero que a
contribuição de um parceiro seja adequada às
necessidades imediatas em cada estágio da
negociação; se eu estou misturando os
ingredientes para um bolo, eu não espero ser
ajudado por um bom livro de receitas
(embora isso possa ser apropriado em uma
fase anterior).
4. Modo: espero que um parceiro
deixe claro qual contribuição ele está fazendo e
execute sua performance com uma razoável
agilidade (GRICE, 1975, p. 47).
370
determinantes, isto é, pela troca comunicativa por ser
Conclusão
regem a conversação.
371
Assim, mediante este estudo almejamos contribuir para
questão.
Referências:
372
CRYSTAL, David. A dictionary of linguistics and phonetics. 2. ed.
Oxford: Blackwell, 1985.
FERRAZERI JÚNIOR, Celso; BASSO, Renato (Orgs). Semântica,
semânticas: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2013.
373
tirinhas. Work.Pap.Linguíst.Florianópolis, jan./mar,
2013. Disponível em: <file:///C:/Users/J&N/Downloads/29736-
109173-1-PB%20(2).pdf> Acesso em: 13/ 2015.
374
UMA LEITURA DE “MULHER EM RECESSO”, DE
ALCIENE RIBEIRO LEITE
375
considerando os poucos dados disponíveis a respeito da vida de
sua história.
376
1976, aos 37 anos de idade. No mesmo ano, começou a publicar
377
Para tanto, será realizado um paralelo entre a protagonista desse
A MULHER EM MOVIMENTO
378
particulares e o ensino individualizado. Os levantes feministas
379
Durante a década de 1970 surge a “quarta onda”. Em 1975
380
luta pela preservação de seu espaço e pelo reconhecimento de
A MULHER EM RECESSO
horas; Oito horas; Nove horas; Dez horas; Onze horas, Meio-dia;
Vinte e uma horas; Vinte e duas horas; Vinte e três horas; Meia-
noite.
381
ocupa-se das tarefas domésticas, tem malogrado um encontro
quase grotesco:
Apressa o café, que o marido sorverá entre sopros,
o mau humor dos bem-amanhecidos no vinco da
testa, nenhum cumprimento, a intimidade da noite
dissolvida nas últimas brumas.
[...]
Tateia a fechadura da porta, que o homem, gordo e
peludo sob a ducha, não se digna a abrir.
[...]
A mulher alisa o lençol onde o homem se espojara
em gozos e roncos suados. (LEITE, 1999, p. 25)
382
alisa o lençol. O horário das “Nove horas”, porém, é dedicado à
383
No período vespertino, a mulher, bela da tarde, aguarda
384
(LEITE, 1999, p. 29). O músico-pintor, desta vez presente em
385
A constante diminuição da participação da mulher nos
REFERÊNCIAS
386
ALVES, Carla Rosane da Silva Tavares; SILVA, Dânae Rasie da.
Clarissa: reflexões sobre a personagem feminina no contexto
romanesco de Erico Verissimo. Linguasagem, n. 20, 2012, p. 1-12.
Disponível em: <http://www.letras.ufscar.br/linguasagem/
edicao20/artigos/artigo_008.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2017.
__________
Notas
387
[1] Constancia Lima Duarte (2003, p. 151) aponta que, no Brasil,
há uma forte resistência em torno da palavra “feminismo”.
Segundo ela, “[p]rovavelmente, por receio de serem rejeitadas ou
de ficarem “mal vistas”, muitas de nossas escritoras, intelectuais,
e a brasileira de modo geral, passaram enfaticamente a recusar
tal título.”
388
ACERVO LITERÁRIO E FORTUNA CRÍTICA:
UMA AMOSTRA DAS ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS
DE LUIZ VILELA
INTRODUÇÃO:
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Diante da oportunidade de nos debruçarmos sobre o
390
evidentemente transmite informação falsa intencionalmente por
391
situações de exposição, em menor ou em maior grau. “Contam-
392
escritor, e no nosso caso, Luiz Vilela, diante de seus
interlocutores.
material.
ACERVOS LITERÁRIOS
393
Maria Luiza Ritzel Remédios, em seu artigo “O empreendimento
394
partir da relação eu-outro que atesta a
ficcionalidade das expressões do eu.
(REMÉDIOS, 2004, p. 280).
ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS
395
p. 23-37), assim define o depoimento: “texto de redação do
para tal.
396
intenso. A entrevista passou a ser considerada como instância
397
Então, a entrevista, qualquer que seja o meio,
tem uma função social enorme no Brasil
(LIMA, 2011, p. 37 e 38).
398
ver, crermos ver essa personalidade refletida
em sua obra. Uma realização particular desse
discurso, na qual a resposta a pergunta ‘quem
sou eu’, consiste uma narrativa que diz como
‘me tornei assim’ (AMARAL, 2013 p. 119).
sua obra.
399
recíproco de influências e contaminações. Em seus arquivos
ENTREVISTAS E DEPOIMENTOS
400
outra para TV Câmara. No blog, há também apenas um
depoimentos.
401
publicação da novela Bóris e Dóris e do romance Perdição, e por
Editora Record.
402
Vilela, ao comentar sobre o romance, disse que o mesmo
romances? Vilela disse que gosta dos três e que não se considera
escrever.
403
Quando questionado sobre quais concelhos ele poderia
que fez com o escritor há dez anos, e que Vilela dizia que relia os
onde foi muito proveitoso, pois foi lá, com bastante tempo para
por fim, afirma não ter interesse pela literatura fantástica e nem
404
papo” intituladas de “Um escritor na biblioteca”, em novembro
deste ano foi a vez de Luiz Vilela, mediada pelo escritor Miguel
segundo ele, todos em sua casa liam muito, mas cada um tinha
adulto”.
405
Estreou na literatura aos 14 anos com a publicação de
406
da condição humana, do relacionamento das pessoas, da solidão,
407
pensou: “esse cara escrevediferente de todo mundo que eu li até
livros.
Vilela nos entrega uma entrevista curta, mas uma das mais
408
Vilela diz que os contos de Você Verá, foram escritos ao
a fronteira dos gêneros, até pelo fato dele transitar pelos três, o
acima.
409
consegue obter a verossimilhança neles, o escritor afirma que
literatura.
410
Referências:
411
LIMA, Rachel Esteves Lima. A entrevista como gesto
(Auto)Biográfico. In: Eneida Maria de Souza; Wander Melo
Miranda. (Orgs.). Crítica e Coleção. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2011
412
POJO, Eliana Campos; RIBEIRO, Joyce Otânia Seixas; SOUSA,
Rosângela do Socorro Nogueira de (Orgs.). A Pesquisa no Baixo
Tocantins: Contribuições Teórico-Metodológicas. Curitiba: CRV,
2013.
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O NIILISMO EM “AXILAS E OUTRAS HISTÓRIAS
INDECOROSAS”, À LUZ DO PENSIERO DEBOLE
414
Introdução
415
suas produções, Vattimo interpreta a história da metafísica como
416
se a cultura que os narradores de Rubem exalam em seus contos
pós-modernidade.
417
Desenvolvimento
418
cobrador do narrador de “Sapatos” é que este não apela para a
desse mundo, topa jogar o jogo que lhe é imposto. Ele acredita
419
de sapatos de couro, importados. Ela alega que eles machucavam
muito os pés de seu patrão e que ele lhe dera o calçado quando
420
queixa, deixa os sapatos com o narrador e recontrata a senhora.
meio à margem.
421
herdado aquela doença de mim, na família dele todos eram
422
Além das mudanças supracitadas, Dudu se torna, em
tal maneira que não choca o leitor”. Assim como não choca o final
423
O terceiro conto a ser comentado é “Intolerância”,
424
são mercadorias, tanto que ele cria um padrão para a seleção das
futuras candidatas:
425
se relacionar verdadeiramente com a nova amada, o narrador a
a trivialização da violência.
426
homens, intérpretes de sua realidade. Nesse conto vemos que a
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A quinta história possui um nome em latim “Confiteor”,
428
me em rodeios inúteis. Onde eu estava mesmo?
A confissão, sim sim, a minha confissão. Aliás,
que tipo de confissão é a minha? (FONSECA,
2011, p. 194)
429
Nietzsche dizia que o ser humano, se encontrar sentido, se torna
torpeza do sexo atinge seu grau máximo, não por acaso, quando
430
Novamente em um conto, como vimos em “Intolerância”,
431
religiosa: o sacramento da penitência?
(FONSECA, 2011, p. 194)
432
Esse conto foi escolhido para última análise pois uma
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possui um forte caráter político e moral, que ela mostra como na
434
“Sabe de uma coisa” ele começou a me dizer,
“viver com uma mulher burra...” Fiquei
olhando fascinado para o pescoço dele. Magro,
raquítico, um apertão mais forte quebrava-lhe
as vértebras cervicais. Quantas são mesmo?
Sete. Conta de mentiroso? (p. 190)
Conclusão
“Axilas”:
435
Ao mesmo tempo em que as narrativas apresentadas ao
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negativo ainda ser tão presente em nossa cultura, aqui ainda
excluída.
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niilistas reativos. São seres que, na ausência de um guia
consumidos e descartados.
438
pequena parcela da população, enquanto não houver políticas
Referências:
439
<http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/4132/1/0004
48603-Texto%2bCompleto-0.pdf>.
440
Terminou-se de preparar estes
Anais do 7º Seminário do GPLV e 2º Seminário de Linguística
em 14 de abril de 2017, tendo sido disponibilizado
no site dos Anais do GPLV e divulgado
no site do GPLV na mesma data.
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