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aula
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Governo Federal Revisoras de Língua Portuguesa
Presidente da República Janaina Tomaz Capistrano
Luiz Inácio Lula da Silva Sandra Cristinne Xavier da Câmara
Ministro da Educação
Fernando Haddad Revisora Tipográfica
Secretário de Educação a Distância – SEED Nouraide Queiroz
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Ilustradora
Carolina Costa
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Editoração de Imagens
Reitor
José Ivonildo do Rêgo Adauto Harley
Carolina Costa
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Secretária de Educação a Distância Bruno de Souza Melo
Vera Lúcia do Amaral Dimetrius de Carvalho Ferreira
Secretaria de Educação a Distância- SEDIS Ivana Lima
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Coordenadora da Produção dos Materiais
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Apresentação
A
té agora, discutimos a forma como a Psicologia estuda e descreve o indivíduo. Mesmo
quando apresentamos e defendemos uma abordagem que trata desse indivíduo como
um ser sócio-histórico, é sempre do indivíduo que estamos falando. A partir desta
aula, vamos começar a discutir um conjunto de temas que analisa o comportamento das
pessoas na sua vida em grupos. Iniciaremos, então, conceituando os grupos sociais, como
eles se constituem e qual a sua dinâmica.
Objetivos
Conhecer os conceitos de instituição, de organização
1 e de grupo.
P
assamos a maior parte das nossas vidas convivendo em grupos. Seja a nossa família,
seja o grupo de amigos, seja a turma do trabalho, estamos sempre compartilhando
nosso cotidiano com outras pessoas. Já em 1919, um estudioso chamado Trotter
(1919-1953) definia o instinto gregário como um dos quatro instintos básicos do homem,
sendo os outros: o instinto de autopreservação, o instinto de nutrição e o instinto sexual. O
instinto gregário seria aquele que nos faria procurar sempre viver em grupos, como uma forma
– conforme explicação darwiniana – de tornarmo-nos mais resistentes à seleção natural.
Para a Psicologia, o estudo dos grupos é um dos seus temas fundamentais, ao ponto
de existir um ramo chamado Psicologia Social. A preocupação da Psicologia com o estudo
dos grupos começa com os estudos da chamada Psicologia das Massas, que tentava
compreender fenômenos coletivos. Na verdade, o início dessas preocupações ocorreu
quando os psicólogos, ao se debruçarem sobre a Revolução Francesa, se perguntavam como
era possível uma multidão de pessoas ser levada por um líder a comportamentos que muitas
vezes colocavam em risco as suas próprias vidas. E assim buscavam saber que fenômeno
era aquele capaz de possibilitar a um enorme grupo agir com tamanha coesão.
A referência clássica para essa discussão é o francês Gustave Le Bon (1841-1931), que
publicou em 1895 um livro chamado “Psicologia das Massas”, o qual é reeditado até os dias
atuais. Para Le Bom, havia uma ruptura profunda entre o fenômeno individual e o fenômeno
coletivo, ao ponto de se poder falar de uma “psicologia das multidões” e de uma psicologia do
indivíduo. A multidão é apresentada como uma espécie de ser unitário provido de características
psicológicas próprias, de modo que os indivíduos que a compõem perdem suas características
pessoais, sua autonomia, e passam a agir como uma espécie de “psiquismo coletivo”, muitas
vezes, com comportamentos que o sujeito, quando fora da multidão, jamais teria. Há, pois, a perda
da individualidade e a formação de um novo todo, que não é a soma das partes. Para Le Bom,
isso se daria por três fatores: o sentimento de poder, o contágio mental e a sugestibilidade.
Freud também preocupou-se em estudar a questão dos grupos a partir das idéias de
Le Bon. Em seu livro “A Psicologia das Massas e a análise do Eu” (1973), ele propõe que as
massas também não podem ser pensadas como tendo uma forma única. Existiriam, então,
as multidões efêmeras e as mais duradouras; as homogêneas, formadas por indivíduos
semelhantes, e as não homogêneas; as primitivas e aquelas que possuem um alto grau
de organização, que ele chama “massas artificiais”. Hoje, conhecemos esses grupamentos
organizados e estruturados como “instituições”, como veremos a seguir.
Para Freud, não haveria uma mente grupal ou um “psiquismo coletivo”, como
propunha Le Bon. Todos os comportamentos individuais dentro de uma multidão poderiam
ser compreendidos a partir do psiquismo dos indivíduos, na medida em que os processos
mentais se articulam desde cedo com a dimensão social da existência. As vinculações
se dariam em dois eixos: um vertical, no qual os indivíduos se ligariam aos líderes, que
encarnariam a figura primordial do chefe da tribo; e um eixo horizontal, no qual haveria
uma ligação dos membros uns com os outros, de modo que os indivíduos imersos em uma
multidão se sentiriam mais desenvoltos para assumir riscos.
As instituições,
as organizações e os grupos
R
etomemos agora a questão inicial: nossa vida cotidiana é marcada pela vida em grupo.
Para que possamos viver em grupo, são necessárias certas regras, combinações e
acertos. Tomemos como exemplo a rotina do nosso trabalho. Saímos de casa em uma
determinada hora e vamos a um ponto de ônibus. Sabemos que este passará em uma certa
hora que nos permitirá estar no trabalho na hora precisa. Para que isso aconteça, ou seja, para
A instituição é, pois, “um valor ou regra social reproduzida no cotidiano com estatuto
de verdade, que serve como guia básico de comportamento e padrão ético para as pessoas
em geral [...] é o que mais se reproduz e o que menos se percebe nas relações sociais”
(BOCK, 1999, p. 217).
Os autores definem grupo como sendo uma unidade que se dá quando os indivíduos
interagem entre si e compartilham normas e objetivos.
Tipos de grupos
O
s grupos podem ser classificados como primários ou secundários. Os grupos
primários são aqueles constituídos para a satisfação das necessidades básicas da
pessoa e a formação de sua identidade. Caracterizam-se por fortes vínculos afetivos
interpessoais e uma hierarquização de poder. Um exemplo pode ser o grupo familiar.
U
m grupo é um todo dinâmico. Apesar de ser um conjunto de pessoas, não é
simplesmente a soma dos participantes, o que significa que qualquer mudança que
ocorra em um dos participantes vai interferir no estado do grupo como um todo. E
por estarmos sempre mudando é que o grupo é dinâmico.
Quando um grupo se estabelece, uma série de fenômenos passa a atuar sobre as pessoas
individualmente e, conseqüentemente, sobre o grupo. É o chamado processo grupal. Vamos
destacar alguns desses fenômenos:
Atividade 3
Provavelmente, você faça parte de algum grupo. Se não, converse com alguém
que esteja vinculado a algum. Analise sua própria participação, ou a de outra
pessoa, e anote a seguir a avaliação que você fez do grupo com relação aos
quatro itens descritos anteriormente.
sua resposta
O
psiquiatra suíço-argentino Pichon Rivière (1907-1977) foi também um estudioso dos
grupos. Ele desenvolveu uma nova abordagem, que resultou nos chamados grupos
operativos. Para ele, o grupo é um conjunto restrito de pessoas, que, ligadas por
constantes de tempo e espaço e articuladas por sua mútua representação interna, propõe-
se, explícita ou implicitamente, a uma tarefa, que constitui sua finalidade. No entanto, não
basta que haja um objetivo comum ou que tenha como finalidade uma tarefa, é preciso que
essas pessoas façam parte de uma estrutura dinâmica chamada vínculo. Por exemplo, as
pessoas que estão em uma sala de espera de um cinema estão reunidas no mesmo espaço
durante o mesmo tempo, com o mesmo objetivo, mas não se constituem em um grupo. Há
a necessidade de se vincularem e interagirem na busca de um objetivo comum, por isso,
os princípios organizadores do grupo são o vínculo e a tarefa. A teoria do vínculo, portanto,
parte do pressuposto de que o homem se revela e se estrutura por meio da ação, ou seja, do
desempenho de papéis e do estabelecimento de vínculos.
Para Pichon Rivière, vínculo é “[...] a maneira particular pela qual cada indivíduo
se relaciona com outro ou outros, criando uma estrutura particular a cada caso e a cada
momento” (PICHÓN-RIVIÉRE, 1998, p. 3). É, assim, uma estrutura dinâmica, movida por
motivações psicológicas, que rege todas as relações humanas.
Para Pichon Rivière, um grupo opera melhor quando há em seu conjunto de pessoas
pertinência, afiliação, centramento na tarefa, empatia, comunicação, cooperação e
aprendizagem. A pertinência pode ser vista como a qualidade da intervenção de cada um no
grupo; a afiliação é a intensidade do envolvimento do indivíduo no grupo; o centramento
na tarefa é o eixo principal da cooperação, refere-se ao grau de interação com que um
participante mantém o vínculo com o trabalho a ser efetuado, e avalia a dispersão e a
realização de esforço útil do indivíduo; a empatia é o modo como o grupo pode ganhar
força para operar cada vez mais significativamente; a comunicação é essencial para que haja
entrosamento; a cooperação é o modo pelo qual o trabalho ganha qualidade e operatividade;
a aprendizagem é o resultado do trabalho e deve ser essencialmente colaborativa.
C
ompreender o funcionamento de um grupo também pode ser importante para
a realização de dinâmicas em sala de aula. Certas técnicas, também chamadas de
“dinâmicas de grupo”, são muitas vezes utilizadas para possibilitar a organização e a
criatividade na produção do conhecimento. Elas podem gerar um processo de aprendizagem
mais coletivo e mais rico. Inúmeras são essas técnicas e vários são os manuais (são alguns
deles: “Facilitando o trabalho com grupos”, de Eliane Poranga Costa (Editora Wak, 2003);
“Intervenções grupais na Educação”, organizado por Stela Regina de Souza Fava (Editora
Ágora, 2005); “Exercícios práticos de dinâmica de grupo”, de Silvio José Fritzen (Editora
Vozes, 2001)) que as descrevem, no entanto, sempre que o professor optar por uma deve
considerar alguns elementos, os quais descreveremos a seguir.
1) Objetivos – o professor deve ter clareza sobre o que quer com a técnica e deve pensá-la
respeitando esses objetivos.
2) Ambiente – o espaço onde se desenvolverá a técnica deve ser adequado e pensado de
modo a não inibir os participantes. Algumas técnicas podem ser percebidas
como constrangedoras, por isso devem ser pensadas para serem executadas
em ambientes fechados, por exemplo.
3) Duração – as técnicas devem ser pensadas com tempo determinado para seu início e fim.
5) Materiais – os recursos necessários ao desenvolvimento da técnica podem ser os mais
variados, desde o papel, lápis, tinta, som, até equipamentos mais complexos,
como projetores multimídia, filmadoras, iluminação etc.
6) Perguntas e conclusões – o momento da síntese do que foi produzido permite resgatar a
experiência e os sentimentos de cada um, bem como chegar
a conclusões sobre o tema discutido.
c) O grupo opositor anota aquilo com que não concorda e aquilo com que concorda, e,
após o apresentador, expõe suas anotações.
c) O professor vai registrando no quadro todas as idéias que foram apresentadas, sem
nenhum juízo crítico, e estimula sugestões de outras novas ou associados com
alguma já apresentada, até que a turma sinta que não há mais nada a ser falado.
Essas são, como dissemos, apenas alguns exemplos de técnicas de grupo. Você pode
e deve criar a sua de acordo com as necessidades de sua aula. Vamos experimentar?
Atividade 4
Vamos imaginar que você está com dificuldades de fazer sua turma avançar
de um conceito do senso comum para o conceito científico. Somente sua
explicação em sala de aula não está sendo suficiente. Nesse caso, que tipo de
técnica de grupo você poderia propor à turma? Explique-a a seguir.
sua resposta
Auto-avaliação
Analise uma escola como uma organização e destaque o que você pode observar
1 de comportamentos institucionalizados que nela ocorrem.
Referências
BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. São Paulo: Saraiva,
1999.
FREUD, S. Psicologia de lãs masas y analisis del “yo”. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva,
1973. Tomo III. (Obras completas).
LANE, S. T. O processo grupal. In: LANE, S. T.; CODO, W. (Orgs.). Psicologia social: o
homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. p. 18-98.
MARTINS, Sueli Terezinha Ferreira. Processo grupal e a questão do poder em Martín-Baró. Psicol.
Soc., Porto Alegre, v.15 n.1, jan./jun. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822003000100011&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>.
Acesso em: 02 ago. 2007.