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Universidade Federal do Pará

Instituto de Ciências Sociais e Aplicadas


Faculdade de Ciências Econômicas
História Econômica Geral
1º semestre – 2019
Discente Marcel Assunção Lobo

A transição do feudalismo ao capitalismo

A crise do feudalismo e o nascimento do capitalismo foi um marco em diversas


esferas: econômica, social, política, religiosa e cultural. Em cada uma, houve mudanças
em sua natureza mais íntima, uma transformação que ocorria lentamente durante vários
séculos e eclodiu em uma mesma época, tornando-a um evento estudado por vários
pesquisadores até os dias de hoje. Dentre essas mudanças, pode-se destacar a relação de
economia de subsistência sendo trocada pela acumulação de bens, trabalho servil trocado
pelo assalariado, trocas monetárias, nascimento da política mercantilista e surgimento de
uma nova ética religiosa. Através de um prisma da teoria das Instituições, de Douglass
North, cada transformação será analisada.
Para realizar a análise das mudanças institucionais, uma visão histórica é
essencial. Em uma época marcada por várias cruzadas, pragas e doenças, a população da
Europa Ocidental caiu bruscamente, consequentemente a mão de obra para a produção
agrícola sofreu uma forte baixa. Logo, a necessidade de uma inovação tecnológica para a
produção agrícola era obrigatória para a sustentabilidade do sistema feudal, assim, foram
desenvolvidas novas técnicas de produção e aprimoramento de ferramentas. Com isso,
ocorreu um aumento na produção agrícola, a produção começou a ultrapassar a demanda,
os vassalos conseguiam pagar todas as suas obrigações, e, a partir de desse momento,
sobrava produtos para poder comercializar para outros nas cidades. Com o aumento das
vendas e da riqueza, os trabalhos servis começaram a ser pagos em dinheiro ocorrendo
uma mudança institucional fundamental que deixa seu legado até hoje. Além disso, o
aumento da produção gerou o acúmulo de bens por parte das pessoas, elas passaram a
consumir mais e se tornar mais obsessivas por consumo, sua consequência gera uma
transformação na sociedade, tornando-a consumista.
Porém, esse modo consumista não podia se sustentar por instituições informais
como a Igreja, que condenava o lucro e acúmulo de bens. Pois, uma nova ética religiosa
surgiu com a Reforma Protestante, uma nova instituição que não julgava o lucro e
protegeu o recém-capitalismo que estava nascendo. Para apoiar as novas instituições,
algumas formais foram criadas como a política mercantilista por parte do Estado ao criar
leis e incentivos a expansão marítima comercial e colonial, além disso, ajudou na
acumulação primitiva. Outra instituição formal foi a criação de corporações de ofício e
regras para as atividades, controle da quantidade de membros, das atividades dos mesmos
e da ética disciplinar, resultado disso é um menor custo de transação quanto a qualidade
dos serviços prestados.
Devido a esse apoio mercantil, a expansão foi bem-sucedida dando de retorno
muitos metais precisos para as nações, então, nova forma de troca de bens foi criada.
Antes, as pessoas trocavam produtos por dinheiro para trocar novamente por novos
produtos, já com metais, as pessoas passaram a trocar o dinheiro por novos produtos e
revendê-los por mais dinheiro, uma mudança na cultura da época. Além disso, foi uma
forma de diminuir o custo de transação nas vendas, pois antes os mercantes trocavam
produtos por produtos, logo havia uma dificuldade na transação por falta de confiança na
qualidade dos produtos trocados ou unidade de compensação de um para o outro gerando
um alto atrito no momento da troca. A partir do momento da convenção dos metais como
moeda de troca, todo esse atrito e conflito foi diminuído, com isso, o custo da transação
também.

Referências bibliográficas:
NORTH, Douglass. Instituições, Mudança Institucional e Desempenho Econômico. São
Paulo: Três Estrelas, 2018.
NORTH, Douglass. Desenpeño económico em el transcuso de los años. Estocolmo.
Conferência de Douglass North em Estocolmo, Suécia, 09 de dezembro de 1993.
Disponível em: https://www.azc.uam.mx/publicaciones/etp/num9/a2.htm. Acesso em: 14
de maio de 2019.

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