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Dossie Técnico de Como Fabricar Um Calçado
Dossie Técnico de Como Fabricar Um Calçado
Gerson Zorn
Colaboração: Silvia Regina Possa e
Cristiano Scherer
SENAI-RS
Centro Tecnológico do Calçado
Agosto
2007
________________________________________________________________________________________
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DOSSIÊ TÉCNICO
Sumário
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 3
2. OBJETIVO ............................................................................................................................... 3
3. O PRODUTO CALÇADO......................................................................................................... 4
3.1 Os tipos de calçados ........................................................................................................... 4
3.2 As partes que compõem o calçado .................................................................................... 5
3.2.1 Construção superior ............................................................................................................ 5
3.2.2 Construção inferior .............................................................................................................. 6
4. SETORES DE PRODUÇÃO .................................................................................................... 7
4.1 Setor de corte ....................................................................................................................... 8
4.1.1 Corte manual....................................................................................................................... 8
4.1.2 Corte mecânico ................................................................................................................... 9
4.1.3 Corte com mesas .............................................................................................................. 10
4.1.4 Uso correto do couro......................................................................................................... 11
4.1.4 Elasticidade das peças...................................................................................................... 11
4.2 Defeitos do couro............................................................................................................... 13
4.3 Divisão e chanfração ......................................................................................................... 13
4.4 Processo de corte passo à passo .................................................................................... 15
4.5 Setor de costura ................................................................................................................. 16
4.5.1 Tipos de agulhas ............................................................................................................... 17
4.5.2. Tipos de linhas ................................................................................................................. 20
4.5.3 Fita de reforço ................................................................................................................... 22
4.5.4 Tipos de preparação e acabamento de bordas................................................................. 23
4.5.5 Etapas de preparação e costura ....................................................................................... 27
4.6 Setor de pré-fabricado ................................................................................................. 31
4.6.1 Fabricação de palmilha de montagem .............................................................................. 31
4.6.2 Processo de fabricação do solado .................................................................................... 32
4.6.3 Processo de forração salto e acabamento........................................................................ 33
4.6.4 Etapas de produção do setor de pré-fabricado ................................................................. 34
4.7 Setor de montagem............................................................................................................ 37
4.7.1 Colagem sola .................................................................................................................... 38
4.7.2 Acabamento do calçado.................................................................................................... 38
4.7.3 Processo passo à passo de montagem ............................................................................ 39
Referências ............................................................................................................................... 43
Título
Assunto
Resumo
Palavras-chave
Conteúdo
1. INTRODUÇÃO
Mas a competitividade da indústria não está ligada somente ao design do produto, mas sim, na
inovação constante do processo de produção do calçado, sendo planejado corretamente o lay-
out de produção de acordo com o produto e as etapas que o envolve, além disso, é necessário
orientar e formar todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente na produção do
calçado indiferente do seu nível hierárquico.
Portanto, este dossiê tem objetivo de apresentar a importância e o detalhamento das etapas de
produção de um calçado, para que, se esclareça alguns cuidados que são de extrema
importância para manter a competitividade da empresa no cenário atual.
2. OBJETIVO
Ao observar um calçado exposto na vitrine da loja, muitos dos consumidores, não mensuram
tamanha a complexidade que existe por de trás deste produto e, que isso demanda um esforço
muito grande das indústrias em termos de criatividade, habilidade manual e técnica, assim
como, em outras áreas: medicina, química, física, P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) aliada a
engenharia de produto e ao design. Neste “universo” calçado, existe uma grande variedade de
produtos que são classificados quanto ao tipo de usuário, ao uso que se destinam e quanto ao
tipo de calçados.
Cada um destes modelos de calçados possui características próprias tanto de estética quanto
técnicas, sendo estas muito importantes para obter um bom calce, estabilidade e conforto aos
pés.
Figura 1-Chanel.
Fonte: Centro Tecnológico do Calçado, 2007.
Scarpin: sapato feminino fechado, conhecido também por decotado, geralmente com salto
médio ou alto, (FIG. 2).
Figura 2 - Scarpin.
Fonte: Centro Tecnológico do Calçado, 2007.
Napolitano: calçado masculino, tem a principal característica de calce fácil, devido as laterais
serem sobre a gáspea, FIG. 4.
Figura 4 – Napolitano.
Fonte: Centro Tecnológico do Calçado, 2007.
Cada uma dessas partes é composta de uma série de outras, com características que variam
em função da característica do produto e conforme o tipo e ao uso que se destina.
Cabedal, este é o nome que se dá para a parte superior do calçado, cuja função é cobrir e
proteger os pés, constituído de várias peças e reforços, com objetivo de proporcionar mais
firmeza e proteção para a região superior do pé.
Os materiais que podem ser utilizados na fabricação do calçado, na região do cabedal são:
materiais têxteis, sintéticos, couros, entre outros. Esta região pode ser dividida em: biqueira,
gáspea, laterais, traseiro, entre outras peças. Dentre essas, as principais são:
Esta é a denominação de toda a parte inferior do calçado, com a função de dar sustentação,
conforto e proteger os pés da irregularidade do solo. As peças que compõem a região inferior
do calçado são:
4. SETORES DE PRODUÇÃO
Para facilitar as características e cuidados que devem ser observados e evitá-los durante o
processo de fabricação do calçado, será utilizado o modelo napolitano masculino (figura 6)
para ser detalhado nos setores de: corte, costura, montagem e acabamento e pré-fabricado.
Este setor é responsável pelo início da produção de um calçado, além de necessitar de uma
atenção maior os materiais que são aplicados nos sapatos e manuseados neste setor, porque
tem um percentual elevado no preço final (fabricante) do produto compreendendo
aproximadamente de 50% até 70% do valor. Com isso diz-se que este setor é considerado o
ponto de equilíbrio da empresa, porque, devido ao preço elevado da matéria prima,
principalmente o couro, faz-se necessário racionalizar o consumo de todos os materiais que
compõem o sapato, do contrário acarretará prejuízo à empresa.
Para evitar desperdício, é necessário haver critérios de corte e estes por sua vez devem ser
repassados para o gerente de setor e aos cortadores, os quais devem ter treinamento antes
de exercer a função. Assim toda a vez que houver troca de modelo para ser fabricado, deverá
ser repassado os novos critérios e cuidados para o modelo observando sempre:
Após essa orientação, inicia-se o processo de corte, que pode ser: manual, mecânico e através
de máquinas informatizadas que possuem sistema CAM (Computer Aided Manufacturing -
Fabricação Assistida por Computador).
Para realizar o corte manual é necessário utilizar uma faca de cortador, constituída de uma
lâmina de aço, mais conhecida como mola de relógio, cabo de latão já no formato, pode ser
chato ou cilíndrico, além de uma punção ou cravador para marcar os pontos de preparação do
modelo, além de auxiliar na retirada da peças sobre a mesa do cortador, FIG. 7.
O cortador necessita utilizar as seguintes ferramentas: lima triangular, alicate de corte reto e
pedra de amolar, conhecida como charuto ou chaira. Essas ferramentas são necessárias para
afiar a lâmina de aço. Dentre os tipos de acabamento de fio de corte obtêm-se:
• Fio côncavo;
• Fio reto;
• Fio convexo.
• A quantidade a ser produzida for baixa, não absorvendo os custos das navalhas;
• Na confecção de protótipos de modelagem.
Mas quando há uma quantidade grande de pares para ser cortado utiliza-se o corte mecânico.
Para utilizar o balancim, faz-se necessário investir no desenvolvimento de navalhas (FIG. 9),
como por exemplo:
• Aço fita 19 mm: tem um custo mais baixo e sua vida útil é inferior as demais navalhas;
• Aço fita 32 mm: é a mais utilizada, tem um custo um pouco maior que a anterior, e mais
resistente, mas ambas, quando utilizadas para cortar peças muito grandes deformam
com facilidade. São utilizadas para cortar: cabedais, forros sintéticos, espumas, entre
outros.
• Aço forjado: são navalhas moldadas a frio para posterior têmpera, são navalhas com
custo elevado e utilizadas no corte de materiais com maior densidade como: solas,
palmilhas de montagem, contrafortes, couraças, entre outros.
• Vazadores;
Ao operar o balancim, é preciso alguns cuidados para utilizar o cepo de corte de forma a
prolongar a sua vida útil no processo de fabricação (corte das peças de cabedal). Do contrário,
poderá ocorrer o desgaste irregular alem de provocar desníveis, como mostra figuras 10. Para
evitar problemas com cepo, é preciso dividi-lo em 4 partes e fazer o rodízio dos quadrantes a
cada troca de turno ou intervalo, de maneira que possibilite o uso de toda a sua área de uso.
Este mesa de corte possui uma grande vantagem, porque consegue obter maior e melhor
aproveitamento da matéria prima, tanto de couro quanto em materiais sintéticos, evitando
problemas de consumo, como mostra a FIG. 11 e observe a FIG. 12 o desperdício de matéria
prima.
Para que se obtenha um bom aproveitamento couro de maneira correta é preciso conhecer as
regiões da pele do animal (bovina, caprina, cavalo,entre outras) dividida em 1- cabeça, 2-
pescoço, 3-grupon, 4-culatra, 5- barriga e 6-pernas, FIG. 13.
As partes ou peças que compõem o calçado que são mais solicitadas, como por exemplo: as
gáspeas devem ser cortadas na região do grupon, porque possui qualidade superior. As de
As peças que serão cortadas devem ficar com o sentido de elasticidade que favoreça a
conformação do calçado durante a operação de montagem de forma que proporcione ao
Em caso de gáspeas para botas ou botinas, FIG. 15, que necessitam de cambrê, a
elasticidade, neste caso, fica no sentido do comprimento da peça, para que não se deforme
durante o cambrê e mantenha uma conformação segura.
Já em peças que compõem sandálias ou tiras de fivelas, entre outras, FIG. 16, deve posicionar
a maior elasticidade na largura para evitar que se deformem durante o processo de fabricação
ou durante o uso.
Além de observar a elasticidade correta das peças que compõem o calçado, é necessário
evitar o corte das mesmas sobre parte ou região do couro que tem o defeito.
Os defeitos do couro podem ter origens diferentes, desde a sua criação, doenças de pele,
processo incorreto de curtimento, entre outras. Durante a operação de corte, os defeitos não
devem aparecer no bico do calçado, o correto é que estes defeitos podem estar em peças que
ficam do lado interno do calçado.
• Marcas de fogo: é uma marcação que o proprietário do animal faz para identificá-lo.
Normalmente esta marca é feita com ferro quente ou gelado, neste caso com nitrogênio,
o que ambos deixa uma cicatriz profunda na pele do animal (flor do couro);
• Riscos e arranhões: estas marcas são causadas por espinhos, galhos de árvores,
arames farpados das cercas, pregos ou parafusos salientes das carrocerias de
caminhões ou vagões de trens;
• Cicatriz de berne: são causadas por larvas depositadas na pele do animal, através de
mosca berneira;
• Cicatriz da mosca do chifre: esta cicatriz é causada por uma mosca, semelhante ao
perfuro de uma agulha e, só aparece do lado da flor do couro;
• Cicatriz de carrapato: o carrapato se reproduz no solo, mas se desenvolve no animal.
Ele causa marcas semelhantes ao berne, porém nota-se somente pelo lado da flor do
couro;
• Cortes: este efeito pode ter origem durante o processo de esfola ou mal conduzida
durante o processamento no curtume;
• Veiamento: ocorre devido ao stress do animal antes do abate, juntamente com uma
sangria mal realizada;
• Couro vazio: couro com toque vazio ou pouco encorpado, devido a desestruturação das
fibras colágenas.
A operação de dividir o corte, ou seja, as peças que compõem o cabedal, têm a finalidade de
equalizar a espessura do couro e, dever ser feito conforme as orientações técnicas do setor de
modelagem, uma vez que a sola é projetada de acordo a espessura do couro.
Após a divisão, faz se necessário a chanfrar as peças, cuja finalidade é reduzir a espessura do
couro somente na borda das peças do calçado conforme as exigências do modelo ou conforme
foi projetado pela modelagem técnica, além de preparar as bordas das peças para futuras
operações no setor de costura como: virados, sobreposições de peças, emendas, entre outras.
Os chanfros podem ser feitos em materiais como: couro, sintéticos, papelões, laminados
termoplásticos, entre outros.
• A fio: realizado em peças que têm suas bordas expostas, ou seja, quando percebemos
o lado carnal do couro. Sua largura fica com 6mm e sua espessura em torno de 60 % a
70 % do material, FIG. 17.
• Luva: Neste caso, a peça receberá uma costura muito próxima da borda, a finalidade é
reduzir o volume do material, sua largura normalmente é de 4mm mas pode chegar até
8mm conforme o tipo de material e sua espessura fica em torno de 40 % a 60 % do
total, FIG. 18.
A = Espessura total do
material
B B = Largura Chanfro
C = Espessura final do
A material
C
Figura 18 - Chanfro luva
Fonte: Operaciones..., 2003.
• Virado: Deve-se ter cuidado quando realizar chanfros em couros finos e macios, como:
pelica e mestiço, para não fazer um chanfro com pouca espessura, prejudicando assim
a resistência do material. Neste caso a espessura final da borda fica em torno de 40 %
a 50 % da espessura do material. A largura deste chanfro é de 9mm e pode chegar até
20 mm, quando se deseja fazer tiras com virado fechado, normalmente usadas em
sandálias, FIG. 19.
A = Espessura total do
B material
A B = Largura Chanfro
C = Espessura final do
C material
• Sobreposto: Realiza-se o chanfro sobreposto na grande maioria dos casos, pelo lado
carnal do couro, mas, em calçados sem forro ou com couro verniz, faz-se o chanfro no
lado da flor do couro. Quando realizado o chanfro do lado carnal, a largura é de 8 mm e,
a espessura final da borda fica em torno de 40 %, quando feito no lado da flor a largura
é 6mm para não passar do pontos de preparação. O chanfro sobreposto pode terminar
em zero, quando deseja-se fazer emenda cega, FIG. 20.
De acordo com foi apresentado até o momento, a respeito dos processos de corte, segue
abaixo o processo do modelo napolitano masculino (QUADRO 1), conforme foi apresentado na
FIG. 4.
Continuação
Op.4-Cortar forro da gáspea Op.5-Cortar forro lateral Op6.Cortar Avesso
Op.11A-Conferir largura
Op.11-Chanfrar a fio
chanfro a fio
Continuação
Op.13-Chanfrar luva
Op. 12A-Conferir largura do
Op.12-Chanfrar virado
chanfro virado
O setor de costura ao contrário do setor de corte tem uma parcela inferior em relação ao custo
do produto, mas, considera-se o ponto crítico do processo de fabricação, uma vez que há
grande variação de operações de um modelo para outro. Os principais cuidados a serem
observados são:
Atualmente encontram-se no mercado, inúmeros tipos de agulhas para as suas mais diversas
funções, podendo variar em formato, tamanho, espessura, acabamentos e pontas de acordo
com os fins a que se destinam.
Escolher uma agulha adequada para um determinado processo, de acordo com o material a
ser usado, não é uma tarefa fácil, pela variedade de sistemas de classificação adotados
atualmente.
Além de ter conhecimento sobre os tipos de agulhas, é preciso utilizá-la de acordo com a
espessura da linha. Dependendo do material a ser costurado, é importante adequar
perfeitamente a espessura e a ponta da agulha em função da linha e do material do calçado,
evitando assim problemas como: quebra da agulha, rompimento da linha, baixa resistência dos
materiais a serem costurados, entre outros. O QUADRO 3, mostra a relação entre a espessura
da agulha e linha. A FIG. 23 apresenta a hierarquia da linha.
As linhas para calçados são compostas por fibras ou filamentos contínuos, unidos por efeito
mecânico de torção, podem ser naturais ou sintéticas, sendo em cada caso empregadas
segundo suas características. Veja a FIG. 23, mostra a hierarquia das linhas.
As linhas durante o seu processo de fabricação são torcidas e retorcidas, com objetivo de
conferir à linha, características como: resistência à tração, resistência ao atrito e ao calor. A
torção é dividida em:
• Binagem: realizada com vários fios, que dá origem aos cabos, esta primeira torção é
realizada geralmente para a direita, denomina-se torção S.
• Retorção: realizada após a binagem, com dois ou mais cabos, dando origem à linha.
Esta segunda torção (retorção), sempre será o inverso da primeira (binagem), ou seja, a
retorção tem torção esquerda, denomina-se torção Z.
• Tingimento: após o processo de binagem/retorção, as linhas são enroladas em suportes
especiais, para posterior tingimento em auto-claves (câmara de alta pressão e
temperatura) com corantes específicos ao tipo da fibra. Após são centrifugadas e secas.
• Encolagem: tratamento à base de poliamida, que tem como objetivo, fixar a torção da
linha, dificultando a distorção ao costurar. A poliamida ocupa os espaços vazios entre
os cabos da linha.
Pontos a observar: A maioria das linhas utilizadas na indústria calçadista, tem torção final
esquerda (Torção Z). Quando se utiliza máquinas de costura com duas agulhas e a lançadeira
for para a esquerda, neste caso utiliza-se linha com torção S.
São materiais de reforço, aplicados manualmente utilizados nas bordas da boca da gáspea,
reforços em costuras de certas partes do cabedal. Sua característica é:
As fitas estão divididas em: base tecida (poliamida, poliéster, algodão e mista), não-tecido ,
papel e cadarço , conforme QUADRO 5 abaixo:
Um exemplo prático da necessidade do uso de fita de reforço no calçado está FIG. 24. Note
que houve o rompimento do couro na borda da costura, obviamente que, o rompimento ocorreu
por uma seqüência de falhas, desde o chanfro fino demais, costura muito próxima da borda e
falta da uma fita de reforço de poliamida base tecido com largura de 25 mm para evitar o
estiramento demasiado do couro no momento da montagem à máquina.
Outro problema que pode ocorrer é a chamada “boca” aberta do calçado devido a falta de fita
de reforço na boca da gáspea do modelo, veja a FIG. 25.
Figura 29 – Vivado.
Fonte: Centro Tecnológico do Calçado, 2007.
• Debrum simples: consiste num tipo de borda, corta-se uma tira na largura que desejar,
costura –se na borda da gáspea ou de outras peças, em máquina de costura de debruar
com guia na mesma largura da tira, FIG. 31. Obs: muito utilizado em bolsas.
• Emenda cega: consiste na preparaçãp de 2 peças de cabedais ou forro que não são
costurados, faz-se um chanfro sobreposto mais que o normal e mais fino, aplica-se
adesivo PU fria e prensa-se com gabarito, FIG. 32.
• Trissê: consiste em estampar uma peça com pequenos talhos a uma certa distância,
conforme desenho desejado, após utiliza-se tiras divididas em 0,6 mm para que sejam
enfiadas manualmente através dos talhos, FIG. 36.
De acordo com o que está descrito até o momento sobre o processo de preparação é costura,
segue abaixo a seqüência operacional (QUADRO 6).
Op.18-Aplicar fita de
Op.16 Aplica Adesivo Op.17-Preparar forro lateral poliamida 4 mm na borda
avesso e forro lateral sobre avesso traseiro e aplicar adesivo
Op.20-Virar borda à
Op.19-Virar borda à mão Op.20ª-Bordas viradas
máquina
Op.28-Aplicar fita de
Op.27-Rebater/rebaixar Op.27ª-Costura luva
reforço (algodão) na
costura luva rebaixada
costura rebaixada
Op.42-Aplicar adesivo na
Op.41A-Prensagem do Op.43-Fazer virado luva do
borda do forro e laterais
contraforte forro
pelo lado carnal
As solas pré-fabricadas na sua maioria estão ligadas aos calçados femininos e para os
masculinos são os produtos produzidos com maior valor agregado, linha social.
Para produzir com reforço injetada em ABS ou PS, demanda maior investimento e deverá ser
produzida para alta produção, porque as fôrmas utilizadas para produzir o calçado, devem ser
padronizadas na região do traseiro, enfranque e altura de salto, do contrário, utiliza-se a
palmilha processada com materiais de celulose, FIG. 38, além de ser a mais utilizada, porque
cada modelo de calçado possui uma necessidade diferente, com variações de altura de salto,
solados e matéria prima empregada.
• Palmilha simples: não possui reforço e nem alma, usada em calçados planos, sem
saltos, com exceção para calçados tipo plataforma ou solados espessos e de pouca
altura, como por exemplo: tênis, chinelos, sapatilhas, entre outros;
• Palmilha emendada: tem este nome devido a emenda entre o reforço e o material de
planta, que aparece apenas no bico da palmilha, pode possuir alma ou não, usada em
calçados de saltos baixos, até 2 cm de altura;
• Palmilha com reforço colado (montada): consiste na colagem do reforço sobre o
material de planta, que é inteiro, tendo no meio destes materiais a alma. Pode ter
reforço duplo quando a solicitação for maior, usada em calçados com saltos superiores
a 2 cm de altura;
• Meia palmilha: formada apenas pelo reforço na região traseira, pode ter alma de reforço
ou não, usada em calçados ensacados como o mocassim.
• Processo de colagem: antes de dizer qual adesivo correto para ser utilizado, faz se
necessário identificar o material e, após definir se a preparação da superfície da sola e
da vira será química (aplicação de solventes e halogenantes) ou mecânica (lixar a
superfície da sola), com objetivo de remover a camada oxidada do material e sujeiras.
Um teste prático para se ter certeza que o halogenante está bom, é molhar uma
esponja de PU, se esta ficar com coloração amarela, significa o produto permanece
com sua formulação, do contrário prejudicará a colagem;
• Emenda da vira: por questões de estética a emenda da vira estará localizada no lado
interno do calçado e na metade do comprimento do salto, eliminando a possibilidade de
ocorrer uma descolagem por flexão no uso;
• Prensagem sola e vira: nesta etapa é preciso observar o material que esta sendo
utilizado, porque existem diferença entre solas de couro sola, borracha, EVA(Etil Vinil
Acetato), além é claro do equipamento que esta sendo utilizado;
• Fixar sola no salto: nesta operação temos duas situações distintas, a primeira é fixar a
sola em salto alto para calçado feminino e a segunda fixa a sola sobre um salto para
calçado masculino. Para executar a operação do primeiro é preciso adaptar uma
prensa, FIG. 39, já para a segunda, uma prensa plana com uso de um encaixe feito em
EVA obtém excelente resultado de prensagem.
Armazenagem da sola pronta: após a conclusão da sola, mesma poderá ser preparada para
posterior colagem no setor de montagem, preparando a superfície da sola com solventes,
halogenante e aplicação de adesivo base. Após essa preparação a sola deverá ficar
armazenada até ser colada no calçado em caixas protegidas da luz e da poeira, do contrário,
poderá acarretar em problemas de colagem.
Os saltos podem ser forrados com materiais diversos como couro, fachete de recuperado de
couro, fachete de couro, materiais sintético, entre outros.
Forração de salto com capa de couro: a capa de couro poderá ser cortada de regiões menos
nobres do couro, porque não exige grande resistência, mas deve-se observar o visual da peça,
principalmente a sua tonalidade, porosidade e brilho, para não comprometer o acabamento
final e o visual do calçado.
Antes de forrar o salto com a capa de salto, deve-se fazer a limpeza do mesmo removendo o
desmoldante que fica na superfície do salto, para evitar-se a descolagem da capa de salto
posteriormente.
A forração do salto será iniciada pela linha central do dorso do salto(parte de trás), FIG. 40, em
direção à boca do salto. Na junção da bandeja com a boca do salto deverá sobrar de 5 a 6mm
de material de forração no assentamento da sola no calçado.
Forração do salto com fachete: o fachete normalmente possui maior espessura devido a
seqüência de lixas peça qual passará durante a etapa de preparação para acabamento.
Quanto a aplicação de adesivo para forrar o fachete, valem os mesmos cuidados de forração
com capa de salto.
Em saltos retos e com pouca curvatura é possível realizar a forração posicionando o fachete
em uma extremidade do salto e prosseguindo até sua extremidade oposta, observando para
que as camadas permaneçam paralelas com a base do salto. A forração da boca do salto
poderá ser realizada antes ou depois da lateral. A prensagem será realizada em prensa
pneumática conforme o modelo do salto.
As sobras do fachete serão refiladas na boca, base e cama de salto, observando que o corte
acompanhe o mesmo caimento da cada região, isso assegurará um bom assentamento do
salto no calçado montado e do tacão no salto.
A fixação do tacão no salto será realizada por intermédio de colagem e0ou encaixe, podendo
ser reforçada com auxilio de pregos ou com adesivo.
Neste setor os pontos críticos principais são: asperação e colagem da sola ao calçado.
A montagem do calçado poderá ser executa à mão ou à máquina, hoje, pelo fator qualidade e
agilidade e, principalmente pela produção em grande escala utiliza-se máquinas para montar o
bico do calçado e o calcanhar/traseiro, ficando apenas a montagem da região do enfranque do
calçado à mão. Há máquinas que executam a montagem do bico e do enfranque do calçado,
mas servem apenas para calados com pouca altura de alto, por exemplo tênis e sapatos
masculinos.
O processo de colagem da sola necessita de cuidados nas várias etapas conforme os materiais
empregados e disponibilidade dos equipamentos.
Deve-se observar com cuidado as etapas seguintes:
1. Riscar e asperar calçado: em calçados de salto alto, a região do enfranque fica com a
quina um pouco saliente, e com auxilio de uma caneta e gabaritos ou a própria sola,
podemos delinear esta área, facilitando a operação de asperação. Em casos como
tênis, calçados masculinos, utiliza-se a própria sola para marcar a asperação. A
finalidade da asperação é retirar o acabamento do material e aumentar a área de
colagem. A asperação poderá ser feita com lixa grão 24, 36 ou escova de aço, mas
deve-se ter cuidado retirar muito material para não comprometer a resistência do
calçado;
2. Preparação de superfícies: deve-se realizar a asperação química (solvente) ou
mecânica (lixa ou escova de aço) de maneira que limpe toda a superfície da sola e
cabedal (sapato montado);
3. Secagem do adesivo: a evaporação dos solventes poderá se dar por meio natural ou
estufas(calor e ventilação) ou à vácuo;
4. Reativação do adesivo: com aplicação de calor, devolve-se ao adesivo o “tack”
necessário para uma ótima colagem;
5. Colagem da sola: inicia-se a colagem da sola pelo bico do calçado, após o traseiro e por
último na região do enfranque, das bordas para o centro. Dessa forma, consegue-se
acompanhar as quinas da palmilha com mair facilidade;
6. Prensagem da sola: dependendo do tipo de sola e do material usado, a prensa poderá
ser pneumática ou hidráulica, observando que a pressão seja constante e uniforme por
toda a extensão da sola;
7. Estabilizador gelado: para não comprometer a operação de desenformar o calçado da
fôrma e não comprometer a adesão do solado no calçado, passa-se o calçado pelo
estabilizado gelado, que irá cristalizar com maior rapidez;
8. Pregar o salto: em alguns modelos existe a necessidade de pregar o salto,
principalmente os calçados femininos, afim de reforçar a sua adesão ao calçado,
evitando a descolagem durante o uso.
O acabamento do couro tem várias finalidades, dentre estas podemos citar algumas que
devemos considerar de grande importância para qualidade final do calçado, e uma
conseqüente melhora nos índices de preço e venda do produto final.
Utiliza-se para dar acabamento no calçado cremes como antik, wax e polar, segue abaixo suas
características:
• Creme antik: este creme tem alta penetração e produz baixo brilho, sua principal
finalidade é matizar ou tingir uniformemente as peças de couro que compõem o
calçado;
• Creme Wax: este creme tem menor penetração no couro e produz alto brilho por
polimento na escova, primeiro de cabelo e depois de pano macio. A principal função do
wax é de dar o brilho permanente e natural ao couro;
• Creme polar: é um produto de baixíssima penetração, rápida secagem e produz filmes
de alto brilho por escovação ou auto-brilhante, dispensando escovas. A principal função
é produzir brilho com rapidez.
Os cremes deverão ser sempre escovados com escovas de cabelo, poucos momentos após
sua aplicação, não permitindo nunca que sequem totalmente, caso isso ocorra será difícil sua
remoção, dificultando assim, remover excessos, o que pode levar a graves quebras futuras. A
última escova a ser utilizada será a escova de pano macia , seda ou lã, em baixa rotação na
qual tenha sido aplicada cera de polimento tipo “polix” em bastão ou barra, de preferência na
cor do acabamento.
Após realizado o acabamento cola-se a palmilha interna no calçado, faz-se a revisão com
objetivo de verificar de o calçado apresenta alguma não-conformidade em ralação a qualidade
exigida pelo cliente, conforme o pé de amostra, tendo então a possibilidade de consertar e/ou
melhorar este calçado antes do embarque.
Op.92-Pré conformar
Op.91-Ficar palmilha na fôrma
contraforte
Op.101-Lixa e reduzir
Op.100-Rebater e rebaixar montagem
material de montagem
Op.102-Forno
Op.101A-Visual da área de conformador, retira a
Op.103-Rebater planta
montagem após lixar umidade e molda o calçado
à fôrma
Continua
Op.107-Reativar sola e
Op.108-Iniciar a colagem pelo bico, traseiro e enfranque
cabedal
Op.113-Colar
Op.112-Aplicar adesivo na sobrepalmilha e espuma
sobrepalmilha no calçado
Op.113 A-Colar
Op.113-Fazer e colocar bucha no calçado
sobrepalmilha no calçado
Conclusões e Recomendações
Para alcançar essa excelência de produção, com o melhor produto inserido no mercado interno
ou externo, é necessário investir no aperfeiçoamento dos processos e capacitar os funcionários
para que estes contribuam para empresa na melhoria dos processos.
Referências
AGULHAS para costura industrial. Tecnicouro. Novo Hamburgo, jul. 1999. 7 fl.
FIOS e linhas são diferentes. Tecnicouro. Novo Hamburgo, p.17-18, abr. 1997.
GROZ-BECKERT. Info: agulhas para costura em couro. Novo Hamburgo: Groz-Beckert, 2003.
Catálogo comercial de produtos.
MANUAL de produtos para acabamento em calçados. Tecnicouro. Novo Hamburgo, 2 f., jan.
1996.
METZ, César Augusto et. al. Metrologia e qualidade aplicadas ao calçado. Novo Hamburgo,
Centro Tecnológico do Calçado SENAI, 2004.
SCHMIDT, Marcus. Cremes para acabamento. Tecnicouro. Novo Hamburgo, p. 32-33, jul.
1998.
THE needle: part 1 – what to choose. World Footwear. Liverpool, p. 33-36, nov.dez. 2002.
THE needle: part 2 – how is it made?. World Footwear. Liverpool, p. 38-39, nov.dez. 2002.
UMA agulha para cada função. Tecnicouro. Novo Hamburgo, p.16, abr. 1997.
Gerson Zorn
Data de finalização
27 ago. 2007