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POUTIGNAT, Philippe; STREIFF_FERNART, Jocelyne. Teorias da etnicidade.

Seguido
de Grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth. Tradução de Elcio Fernandes. São
Paulo: Editora da UNESP, 1998.

FICHA DE LEITURA

ABSTRACT

As teorias a cerca do processo de construção da etnicidade. E a sua principal


problemática é quanto à discussão das diversas teorias para a etnicidade e para isso os
autores dividem o seu texto duas partes, sendo que a primeira parte são debates teóricos
a cerca da conceituação de etnicidade e a segunda parte é a tradução do texto de Fredrik
Barth que trata de aplicação e/ou formulação de teorias a sobre etnicidade. A tese
principal dos autores é quanto aos elementos constituidores da etnicidade quais são?

Palavras-chave (3).

Etnicidade – fronteira – identidade.

COMENTÁRIOS PESSOAIS

O conteúdo que é apresentado no texto é parcialmente conhecido, pois já havíamos


realizados leituras a cerca do tema etnicidade, mas de extrema importância para a
pesquisa que está em andamento.
Vejo que podemos estabelecer relações com outros já lidos principalmente com o texto de
Villar (2004) que faz uma crítica ao conceito de etnicidade na obra de Barth, também as
buscas de conceituações de etnia nos leva a entender alguns pontos da obra de Kaiser
(1999) em que trata da “etnografia sobre a diáspora gaúcha”, pois em muitos debates
apresentados no texto de Kaiser é possível comparar a algumas teorias que Poutignat e
Streiff_Fernart (1998) apresentam ao longo do texto. Os textos de Haesbaert (1998) que
trata da rede regional gaúcha e Chelotti (2010) que debate a cerca do processo de
territorialização, desterritorialização e reterritorialização na Campanha gaúcha pós década
de 1990, são textos que nos leva a analisar a partir da perspectiva da etnicidade apesar
dos autores não tratarem nessa perspectiva.
O texto enriquece bastante o nosso aporte teórico, pois a partir de algumas perspectivas a
cerca da etnicidade é que podemos definir melhor qual o perfil da etnicidade que temos
ou que pretendemos definir na pesquisa que estamos realizando. O texto nos trás
bastantes elementos novos, pois o debate que temos é um tanto superficial e a partir
dessa leitura nos leva a aprofundar melhor sobre a temática.
O texto apesar de uma linguagem acessível, mas não é tão fácil de ser entendido devido
à extensão do assunto, apesar de apresentar várias subdivisões no decorrer do texto,
porém é um texto que volta várias vezes no mesmo assunto com perspectivas diferentes
e às vezes nos deixa um pouco confuso. A principal dúvida a cerca do texto é quanto às
definições do que é etnicidade? Pois não fica bem definido, vejo que o debate continua
em aberto.
A principal consideração a cerca do texto é a quanto a definição do que é etnicidade, pois
vejo que os autores não chegam a um ponto conclusivo a cerca do debate, talvez isso
seja proposital, apesar de ficar claro que na etnicidade o fator preponderante seja a
questão relacional.

RESUMO DO TEXTO

Os autores se propõem no texto debater as diversas teorias a cerca da etnicidade,


principalmente um “embate” teórico entre as perspectivas de discussão francesa e anglo-
americana. O objetivo maior do texto é trazer a noção de etnicidade e os seus debates
teóricos, e para isso o autor divide o seu texto em duas partes sendo a primeira, “teoria da
etnicidade”, composta pela introdução e conclusão mais seis capítulos e diversos
subitens, já a parte dois, intitulada “Grupos étnicos e suas fronteiras, de Fredrik Barth” é
subdivido em dezesseis subitens.
Logo na introdução do texto Poutignat e Streiff_Fernart (1998) trazem a seguinte questão
o processo migratório na França ocorrido em dois períodos o primeiro até 1970 que era
sentido do ponto de vista econômico e o segundo pós 1970 que é visto como ameaça a
identidade francesa e partir disso a discussão das visões ou conceituações a cerca do
tema etnicidade, pois os franceses de certa maneira demoraram a aceitar este conceito,
enquanto que os anglos admitiram com maior flexibilidade.
O primeiro capítulo intitulado “a etnicidade: um novo conceito para um fenômeno novo?”
está subdivido em dois subitens que os autores busca debater o conceito de etnicidade
nas ciências sociais americanas. E apresenta um histórico da evolução do conceito de
etnicidade e suas definições, inclusive de que é um conceito “presente na época
moderna, precisamente por tratar-se de um produto do desenvolvimento econômico, da
expansão industrial capitalista e da formação e do desenvolvimento do desenvolvimento
dos Estados-nações”. (POUTIGNAT e STREIFF_FERNART, 1998: 27).
Nos capítulos dois e três que são intitulados respectivamente “raça, etnia, nação” e “o que
é um grupo étnico?” estão cada um subdivido em três subitens nos quais os autores
busca debater a noção de etnia e a relação com as de raça e de nação e também a sua
conceituação na antropologia e sociologia. A tentativa de definir o que é raça e o que é
etnia acaba por quase gerar uma confusão a cerca dos conceitos, pois há uma discussão
sobre os caracteres biológicos que são construídos e historicidades e também a questão
da divergência do pensamento anglo para o francês e vice e versa.
No quarto capítulo denominado de “a etnicidade, definições e conceitos” em que os
autores subdividem em seis itens, os mesmos buscam apresentar as varias abordagem
para etnicidade. E ainda nesse capítulo persiste a confusão da noção de raça e etnia, pois
entre as definições apresentadas está essa [...] “a etnicidade refere-se a um conjunto de
atributos ou de traços tais como a língua, a religião, os costumes, o que a aproxima da
noção de cultura, ou à ascendência comum presumida dos membros, o que a torna
próxima da noção de raça”. (GLAZER & MOYNIHAN, 1975 apud (POUTIGNAT e
STREIFF_FERNART, 1998:86). E assim por toda a obra persiste essa indefinição.
Para os autores é difícil chegar a um consenso do que é etnicidade, mesmo apresentado
teorias como a primordialista, sociobiológica, instrumentalista, mobilizacionista entre
outras teorias, mas o que é bastante pertinente nessas discussões é que a relação entre
o Eu e Ele permeia por quase todas as teorias, pois [...] “os grupos étnicos se formam
quando os indivíduos desejam adquirir bens (a riqueza, o poder) que não chegam a
conseguir segundo suas estratégias individuais”. (POUTIGNAT e STREIFF_FERNART,
1998:100).
Ainda nesse capítulo é possível notar a discussão da etnicidade em diversas perspectivas
como a marxista, neomarxista, cultural e social.
O quinto capítulo é intitulado “o estado atual do debate sobre a etnicidade” que subdivido
em dois subitens que discute as questões teóricas da etnicidade, pois nesse momento d
texto os autores voltam em algumas teorias para elucidar alguns pontos que haviam
ficado suspensos e é apontado o caráter relacional da etnicidade conforme Poutignat e
Streiff_Fernart [...] “a etnicidade não se manifesta nas condições de isolamento, é, ao
contrario, a intensificação das interações características do mundo moderno e do universo
urbano que torna saliente as identidade étnicas”. (1998:124).
O ultimo capítulo chamado de “o domínio da etnicidade as questões-chave” está dividido
em quatro subitens e o seu enfoque é quanto aos debates dos elementos que
condicionam e emergem as identidades étnicas, segundo Barth [...] “a etnicidade é uma
forma de organização social, baseada na atribuição categorial que classifica as pessoas
em funções de sua origem suposta, que se acha validada na interação social pela
ativação de signos culturais socialmente diferenciadores”. (POUTIGNAT e
STREIFF_FERNART, 1998:141). Outro ponto importante neste último capítulo da primeira
parte é quanto à questão da fronteira na etnicidade, pois “desde que Barth estabeleceu
sua importância na compreensão dos fenômenos de etnicidade, a questão das fronteiras
étnicas tornou-se objeto de uma atenção considerável entre os pesquisadores”
(POUTIGNAT e STREIFF_FERNART, 1998:154).
Após apresentarmos uma panorâmica geral da primeira parte que é sobre as “teorias da
etnicidade” passamos para a segunda que é “grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik
Barth” está parte da obra é uma tradução da introdução da obra de Barth intitulada
“Grupos étnicos e fronteiras” (titulo em inglês Ethnic groups and boundaries).
Esta segunda parte apresenta conforme já citamos em dezesseis subitens nos quais são
apresentados, abordagem geral do tema e algumas definições que Barth tem para
etnicidade, pois o mesmo apresenta os grupos étnicos como suporte de cultura,
organização social, apresenta as fronteiras dos grupos étnicos, os sistemas sociais
poliétnicos, os padrões valorativos, a interdependência dos grupos étnicos, perspectiva
ecológica e demográfica entre outros temas .
Para Barth “os ensaios reunidos buscam mostrar que as fronteiras étnicas, em cada caso,
são mantidas por um conjunto imitado de traços culturais” (apud POUTIGNAT e
STREIFF_FERNART, 1998:226).
Portanto, a discussão a cerca do tema etnicidade é difícil de chegar a um consenso
principalmente entre o pensamento francês e anglo, pois temos diversas teorias e
perspectivas a cerca do tema, acredito que de acordo com o problema que temos é
possível aplicar algumas dessas teorias, mas não que ela se encaixa em qualquer
situação.

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