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ACUPUNTURA COMO TÉCNICA ANALGÉSICA ANTES DO

PROCEDIMENTO DE MICROAGULHAMENTO

FERNANDA LÚCIA DOS SANTOS

Orientadora: Profª. Drª. Cristiane Soncino Silva

Pós-Graduação Lato Sensu em


Enfermagem Estética

Ribeirão Preto
2017
ACUPUNTURA COMO TÉCNICA ANALGÉSICA ANTES DO PROCEDIMENTO
DE MICROAGULHAMENTO

FERNANDA LUCIA DOS SANTOS


fernanda-acupuntura@hotmail.com

ORIENTADORA: Orientadora: Profª. Drª. Cristiane Soncino Silva

Trabalho realizado e defendido para


obtenção do título de Pós-Graduação Lato
Sensu em Enfermagem Estética.

Ribeirão Preto
2017

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RESUMO

A técnica de microagulhamento propõe estimular a produção de colágeno sem


provocar a desepitelização total observada nas técnicas ablativas e é uma opção de
tratamento para várias disfunções estéticas da pele, como cicatrizes de acne,
rejuvenescimento facial, estrias e lipodistrofia ginoide. Atualmente, o instrumento
utilizado para a realização da técnica de microagulhamento constitui em um rolo de
polietileno encravado por agulhas de aço inoxidável e estéreis, alinhadas
simetricamente em fileiras totalizando um total de 190 unidades, em média. O
comprimento das agulhas se mantém ao longo de toda a estrutura do rolo e pode
variar de 0,25mm a 2,5mm, de acordo com o modelo. Centenas de microlesões são
criadas pelo instrumento, resultando em edema, acúmulo de sangue na derme e
hemostasia praticamente imediata. Assim como outros processos invasivos, a
técnica de microagulhamento provoca sensação de dor e incomodo no paciente.
Objetivando maior conforto do paciente em situações de tempo cirúrgico prolongado
e injúrias profundas recomenda-se associar sedação à anestesia local. A acupuntura
é um tratamento de saúde milenar baseado na Medicina Tradicional Chinesa que
vem sendo resgatado e cada vez mais valorizado pelo ocidente. Consiste na
utilização de agulhas em pontos do corpo capazes de regular funções orgânicas e
promover efeitos analgésicos e ansiolíticos. O presente trabalho tem por objetivo
caracterizar as técnicas de microagulhamento e acupuntura e levantar a eficácia
analgésica da terapêutica com acupuntura antes do tratamento com
microagulhamento. Para tanto, foi realizada uma revisão da literatura. Os estudos
foram obtidos a partir de acessos de domínio público. Após análise da bibliografia e
de estudos que compram a eficácia da acupuntura como técnica de analgesia pode-
se dizer que existem grandes chances de se utilizar com sucesso esta técnica como
precursora do tratamento com microagulhamento, permitindo ao paciente sentir
menos dor e incomodo durante o processo além de reduzir o processo inflamatório.

Palavras-chave: Acupuntura, Analgesia, Microagulhamento.

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ABSTRACT

The microagglutting technique proposes to stimulate the production of collagen


without causing the total de-epithelialization observed in ablative techniques and is a
treatment option for several aesthetic skin dysfunctions such as acne scars, facial
rejuvenation, stretch marks and gynoid lipodystrophy. Currently, the instrument used
to perform the microaggregation technique consists of a polyethylene roll embedded
by sterile and stainless steel needles, aligned symmetrically in rows totaling a total of
190 units on average. Needle length is maintained throughout the roll structure and
can range from 0.25mm to 2.5mm, depending on the model. Hundreds of microleads
are created by the instrument, resulting in edema, blood accumulation in the dermis
and hemostasis virtually immediately. As with other invasive procedures, the
microaggregation technique causes pain and discomfort in the patient. Aiming for
greater patient comfort in situations of prolonged surgical time and deep injuries it is
recommended to associate sedation with local anesthesia. Acupuncture is an ancient
health treatment based on Traditional Chinese Medicine that has been rescued and
increasingly valued by the West. It consists of the use of needles in points of the
body capable of regulating organic functions and promote analgesic and anxiolytic
effects. The aim of the present study was to characterize microagglutination and
acupuncture techniques and to increase the analgesic efficacy of acupuncture
therapy prior to microneedle treatment. For that, a review of the literature was
performed. The studies were obtained from public domain accesses. After analyzing
the literature and studies that have evaluated the efficacy of acupuncture as an
analgesic technique, it is possible to say that there are great chances of using this
technique successfully as a precursor to the treatment with microneedles, allowing
the patient to feel less pain and discomfort during the process Besides reducing the
inflammatory process.

Key words: Acupuncture, Analgesia, Microagulation.

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INTRODUÇÃO

É de conhecimento geral que todos buscam ter uma pele com aspecto
saudável, viçosa, radiante, livre de manchas e cicatrizes ou qualquer disfunção
estética. Alguns tratamentos proporcionam uma pele com mais qualidade e livre de
imperfeições. A utilização de tratamentos ablativos com o objetivo de estimular e
remodelar o colágeno aparece frequentemente em procedimentos estéticos. Tais
metodologias levam em conta o fato de que a remoção da epiderme de forma
mecânica ou química favorece a liberação de citocinas e migração de células
inflamatórias que culminam na substituição do tecido danificado por um tecido
cicatricial (LIMA, LIMA, TAKANO, 2013).
Observa-se na atualidade uma tendência à indicação de procedimentos
estéticos menos invasivos, que visam reduzir o risco de complicações além de
permitir ao paciente um retorno mais rápido às atividades cotidianas. A técnica de
microagulhamento propõe estimular a produção de colágeno sem provocar a
desepitelização total observada nas técnicas ablativas e é uma opção de tratamento
para várias disfunções estéticas da pele, como cicatrizes de acne, rejuvenescimento
facial, estrias e lipodistrofia ginoide (DODDABALLAPUR, 2009).
A técnica de microagulhamento faz parte da Medicina Oriental Chinesa e
descende da Acupuntura. Os primeiros relatos desta metodologia surgiram na
França nos anos 60, onde realizavam pequenas incisões na pele para a
administração de fármacos tendo como objetivo rejuvenescimento facial (GARCIA,
2013).
A utilização de agulhas com o objetivo de estimulação da produção de
colágeno no tratamento de cicatrizes e rugas foi defendida por Orentreich e
Orentreith em 1995. Já em 2006, Fernandes utilizou um rolo com microagulhas de
aço para gerar múltiplas micropunturas, longas o suficiente para atingir a derme e
desencadear com o sangramento o estímulo inflamatório que resultaria na produção
de colágeno, visando melhorar cicatrizes e rugas finas (LIMA, SOUZA, GRIGNOLI,
2015).
Assim como outros processos invasivos, a técnica de microagulhamento
provoca sensação de dor e incomodo no paciente. Comumente a intervenção sob
anestesia local é bem tolerada, desde que agulha que não ultrapasse 1mm de
comprimento. A partir desse tamanho recomenda-se bloqueio anestésico

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complementado por anestesia infiltrativa. Objetivando maior conforto do paciente em
situações de tempo cirúrgico prolongado e injúrias profundas recomenda-se associar
sedação à anestesia local (GARCIA, 2013).
A acupuntura é um tratamento de saúde milenar baseado na Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) que vem sendo resgatado e cada vez mais valorizado
pelo ocidente. Consiste na utilização de agulhas em pontos do corpo capazes de
regular funções orgânicas e promover efeitos analgésicos e ansiolíticos
(MEDEIROS, SAAD, 2009).
Este tipo de tratamento é utilizado na China há mais de 4.000 anos para
aliviar dores e curar doenças. A MTC não tem seus fundamentos baseados no
conhecimento da fisiologia, bioquímica, nutrição e anatomia modernas, ou qualquer
dos mecanismos conhecidos de cura. Não há nenhuma correlação entre os
meridianos usados na MTC e a disposição real dos órgãos e nervos no corpo
humano (MENEZES, MOREIRA, BRANDÃO, 2010).
Supõe-se que o chi, uma suposta “energia” que permeia todas as coisas, flui
através do corpo através de 14 caminhos principais chamados meridianos. Quando
o yin e o yang estão em harmonia, o chi flui livremente pelo corpo e a pessoa tem
saúde, quando está doente ou ferida, acredita-se que haja uma obstrução do chi ao
longo de um dos meridianos. A técnica de acupuntura consiste em inserir agulhas
através de pontos específicos do corpo, supostamente removendo obstruções do chi
prejudiciais à saúde, logo restaurando a distribuição do yin e yang (MENEZES,
MOREIRA, BRANDÃO, 2010).
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar as técnicas de
microagulhamento e acupuntura e levantar a eficácia analgésica da terapêutica com
acupuntura antes do tratamento com microagulhamento. Para tal razão realizou-se
uma revisão de literatura obtida a partir de acessos de domínio público: portal
BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde), que incluiu busca nas bases e portais da Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine/NLM
(MEDLINE), The Cochrane Librarye Scientific Eletronic Library Online (SciELO);
National Library of Medicine/NLM (PubMed); e Ask Medline. Publicações citadas
como referências nos artigos selecionados foram incluídas nesta revisão.

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DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO

1. O processo da dor
O primeiro conceito que se tem de dor se deu em 1986, pela Associação
Internacional para o Estudo da Dor, e é dado como “experiência sensorial e
emocional desagradável que está associada a lesões reais ou potenciais”. O termo
nocicepção designa o reconhecimento de sinais dolorosos pelo sistema nervoso,
que formula informações relacionadas à lesão. Com base nestes conceitos, o termo
dor seria melhor aplicado a seres humanos do que aos animais, pelo fato deste
termo envolver um componente emocional. De acordo com Luna, 2006, a dor é
considerada o quinto sinal vital, juntamente com a função cardiorespiratória e a
térmica (KLAUMANN, WOUK e SILLAS, 2008).
A dor fisiológica é típica da dor aguda produzida por estímulos intensos na
superfície da pele. Estados dolorosos prolongados estimulam persistentemente os
aferentes nociceptivos induzindo alterações que aumentam os efeitos deletérios da
dor crônica, introduzindo então o conceito de dor patológica. Enquanto a dor aguda
é um sintoma de alguma doença, a dor crônica é uma doença propriamente dita,
sendo nociva e independente ao estímulo que a gerou (KLAUMANN, WOUK e
SILLAS, 2008).
A comunicação da informação nociceptiva entre neurônios ocorre por
mediadores químicos, denominados neurotransmissores, que são aminoácidos
excitatórios ou inibitórios e neuropetídeos. Os principais aminoácidos excitatórios
são o glutamato e o aspartato porém, em fibras aferentes do tipo C também pode-se
encontrar neuropeptídeos como a substância P, neurotensina, peptídeo intestinal
vasoativo, peptídeo relacionado com o gene da calcitonina e colecistocinina (RYGH
et al., 2005).

2. Fundamentos do processo de Microagulhamento


A indução percutânea de colágeno, como foi denominada, inicia-se com a
perda da integridade da barreira cutânea, tendo como objetivo dissociar os
queratinócitos liberando citocinas. A interleucina-1α é predominantemente liberada,
além de outras como: interleucina-8, interleucina-6, TNF-α e GM-CSF, resultando
em vasodilatação dérmica e migração de queratinócitos para restaurar o dano
epidérmico (FERNANDES, 2006).

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Após o trauma causado pelo processo de microagulhamento, três fases do
processo de cicatrização podem ser bem delineadas: na primeira, a de injúria, ocorre
liberação de plaquetas e neutrófilos responsáveis pela liberação de fatores de
crescimento (TGF-α e TGF-β), com ação sobre os queratinócitos e os fibroblastos,
fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), a proteína III ativadora do
tecido conjuntivo e o fator de crescimento do tecido conjuntivo, como demonstrado
abaixo na figura 3 (LIMA, LIMA, TAKANO, 2012).

Figura 3- Fase de injúria

Fonte: LIMA, LIMA, TAKANO, 2012.

Na segunda fase, a de cicatrização, ocorre a substituição dos neutrófilos por


monócitos, ocorrendo ainda angiogênese, epitelização e proliferação de fibroblastos,
seguidas da produção de colágeno tipo III, elastina, glicosaminoglicanos e
proteoglicanos. Paralelamente, o fator de crescimento dos fibroblastos, o TGF-α e o
TGF-β são secretados pelos monócitos. Aproximadamente cinco dias depois da
injúria a matriz de fibronectina está formada, possibilitando o depósito de colágeno
logo abaixo da camada basal da epiderme. Na terceira fase ou de maturação, o
colágeno tipo III que é predominante na fase inicial do processo de cicatrização e
que vai sendo lentamente substituído pelo colágeno tipo I, mais duradouro,
persistindo por prazo que varia de cinco a sete anos (LIMA, LIMA, TAKANO, 2012).

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Para que toda essa cascata inflamatória se instale, o trauma provocado pela
agulha deve atingir profundidade na pele de um a 3mm, com preservação da
epiderme, que foi apenas perfurada e não removida (FERNANDES, 2006) como
exemplificado na figura 4 abaixo.

Figura 4- Fase de cicatrização e maturação

. Fonte: LIMA, LIMA, TAKANO, 2012.

O microagulhamento é procedimento técnico-dependente, sendo o resultado


final diretamente afetado pela familiarização com o aparelho usado e pelo domínio
da técnica. A pressão vertical exercida sobre o roller não deve ultrapassar 6N, uma
vez que uma força superior pode ocasionar danos em estruturas anatômicas mais
profundas e mais dor que o esperado. Recomenda-se posicionar o aparelho entre os
dedos indicador e polegar, controlando a força exercida com o segundo. Os
movimentos devem ser realizados em “vai e vem” guiando-se por padrão uniforme
de petéquias em toda a área tratada. Estima-se que entre 10 e 15 passadas numa
mesma direção e pelo menos quatro cruzamentos das áreas de rolagem são
suficientes (LIMA, LIMA, TAKANO, 2012).
Se tratando de um procedimento invasivo é inevitável que o paciente sinta a
sensação de dor. A realização do procedimento sob anestesia local é bem tolerada,
desde que agulha que não ultrapasse 1mm de comprimento. A partir desse tamanho
recomenda-se bloqueio anestésico complementado por anestesia infiltrativa
(GARCIA, 2013).

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Atualmente, o instrumento utilizado para a realização da técnica de
microagulhamento constitui em um rolo de polietileno (figura 1) encravado por
agulhas de aço inoxidável e estéreis, alinhadas simetricamente em fileiras
totalizando um total de 190 unidades, em média, variando segundo o fabricante. O
comprimento das agulhas se mantém ao longo de toda a estrutura do rolo e pode
variar de 0,25mm a 2,5mm, de acordo com o modelo. Centenas de microlesões são
criadas pelo instrumento, resultando em edema, acúmulo de sangue na derme e
hemostasia praticamente imediata. O comprimento da agulha utilizada é
proporcional a intensidade das reações causadas (LIMA, LIMA, TAKANO, 2013).

Figura 1- Rolo de polietileno encravado por agulhas utilizado para realização


da técnica de microagulhamento

Fonte: https://www.royaldermaroller.com/products/derma-roller-1-5-mm-stretch-marks-cellulite

É necessário que se compreenda que a agulha não penetra totalmente


durante o processo de rolamento, como demonstrado na figura 2. Estima-se que
uma agulha de 3mm de comprimento penetre apenas 1,5 a 2mm, ou seja,
aproximadamente 50 a 70% de sua extensão. Portanto, quando o comprimento da
agulha é de 1mm o dano ficaria limitado à derme superficial, e consequentemente a
resposta inflamatória seria bem mais limitada do que a provocada por agulha de
comprimento maior (LIMA, LIMA, TAKANO, 2013).

Figura 2- Visão esquemática da penetração da agulha durante o


procedimento

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Fonte: LIMA, LIMA, TAKANO, 2013

3. Fundamentos da técnica de Acupuntura

3.1 Acuponto e sua estimulação


Acuponto é o nome dado a um ponto da pele de sensibilidade espontânea ao
estímulo e à resistência elétrica reduzida. Possui um diâmetro de 0,1 a 5cm e é uma
área de condutividade elétrica extremamente aumentada comparada às outras áreas
ao redor. Estão localizados próximos a articulações e bainhas tendíneas, vasos,
nervos e septos intramusculares, na ligação músculotendínea, nos locais de maior
diâmetro do músculo e nas regiões de penetração dos feixes nervosos da pele.
Quando um acuponto é puncionado, ocorre sensação de calor ou parestesia elétrica.
Os animais demonstram essa sensação com um leve repuxo de pele, uma discreta
sonolência ou um breve tremor de cauda (TAFFAREL e FREITAS, 2009). Algumas
maneiras de se estimular um acuponto são: por acupressão, moxabustão,
laserpuntura, agulhamento, eletroacupuntura, dentre outras técnicas (CASSU e
LUNA, 2004).
Os resultados encontrados nas pesquisas realizadas esclareceram muitos
dos mecanismos de ação de acupuntura, que inclui a liberação de opióides e outros
peptídeos no sistema nervoso central e periférico, e alterações na função
neuroendócrina. Estudos histológico demonstram a diferença da estrutura dos
acupontos em relação a outras áreas do corpo, existe a presença de uma rede
capilar bem desenvolvida e uma concentração aumentada de mucopolissacarídeos
(MEDEIROS e SAAD, 2009).

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3.2. Aplicações da acupuntura na analgesia
De acordo com Menezes, Moreira e Brandão (2010) dor é a experiência
sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada à lesão real ou
potencial dos tecidos. Faz parte de um sistema de fuga primitivo que teria como
função levar o organismo a escapar de eventos nocivos. Cada indivíduo aprende a
utilizar esse termo através das suas experiências anteriores.
A acupuntura atua sobre o controle da dor por ativação de vias opióides e não
opióides. A estimulação promovida por essa técnica ativa o sistema modulador da
dor por hiperestimulação das terminações nervosas de fibras mielínicas A-δ,
responsáveis pela condução do estímulo aos centros medulares, encefálicos e eixo
hipotálamo-hipofisário. Na medula espinhal, a modulação dos estímulos nociceptivos
decorre da inibição pré-sináptica, que se deve à liberação de encefalinas e
dinorfinas. No mesencéfalo, a presença destas encefalinas somada a ativação do
sistema central de modulação da dor resultam na liberação de serotonina e
norepinefrina nos sistemas descendentes (TAFFAREL e FREITAS, 2009).
De acordo com a acupuntura estimula ainda o eixo hipotálamo-hipofisário a
liberar ß-endorfinas na circulação sistêmica e no líquor. Paralelamente, ocorre
liberação de hormônio adrenocorticotrófico, induzindo a liberação de cortisol.
(SANTOS e MARTELETE, 2004). Entretanto, existem controvérsias acerca da ação
dos hormônios corticóides no efeito anti-inflamatório da acupuntura (TAFFAREL e
FREITAS, 2009).
Um estudo realizado em 1972 e publicado em 1974 pelo Grupo de Pesquisa e
Anestesia por Acupuntura, que disserta sobre a transmissão do líquido
cefalorraquidiano (LCR), demonstrou que o efeito da analgesia por acupuntura
obtido em um animal poderia ser transferido para um segundo animal, que não
passou pelo tratamento, através da transfusão do LCR. Esta foi à primeira evidência
cientifica do mecanismo neuroquímico mediador da anestesia obtido pela
acupuntura (MENEZES, MOREIRA e BRANDÃO, 2010).
Estudos de Koo e colaboradores (2008), concluíram que a eletroacupuntura
ativa neurônios bulboespinhais resultando na liberação de noradrenalina e ativação
de α2-adrenoreceptores do corno dorsal da medula, confirmando uma via não
opioide de ação da eletroacupuntura. De acordo com estudos de Ulett e
colaboradores, realizado em 1998, a analgesia promovida pela acupuntura também
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está relacionada com vias opioides, promovidas ao estimularem pontos periféricos
do corpo, sendo necessário estímulo contínuo dos acupontos por 30 minutos para
que ocorra essa liberação endógena de opioides (ALTMAN 2006; TAFFAREL e
FREITAS, 2009).
A ciência tem obtido cada vez melhor compreensão da acupuntura e de seus
efeitos terapêuticos. A comunidade científica agora aceita amplamente que a técnica
é capaz de produzir mudanças fisiológicas no corpo humano, que incluem alterações
na pressão sanguínea, nas atividades elétricas cerebrais e no tálamo (uma parte do
cérebro que processa os impulsos nervosos da dor, da temperatura e do tato)
(MENEZES, MOREIRA e BRANDÃO, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após análise da bibliografia e de estudos que compram a eficácia da


acupuntura como técnica de analgesia pode-se dizer que existem grandes chances
de se utilizar com sucesso esta técnica como precursora do tratamento com
microagulhamento, permitindo ao paciente sentir menos dor e incomodo durante o
processo além de reduzir o processo inflamatório.
Por ser tratar de uma temática atual, não foi encontrado na literatura nenhum
estudo científico que relacione diretamente os processos de acupuntura e
microagulhamento. Poucos são os artigos disponíveis na literatura que dissertam
sobre o poder analgésico e anti-inflamatório da acupuntura. São necessários
estudos controlados para comprovação científica da acupuntura para este fim.
Entretanto, a revisão de literatura realizada sugere que a acupuntura é um
tratamento útil para o controle da dor.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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