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PROCEDIMENTO DE MICROAGULHAMENTO
Ribeirão Preto
2017
ACUPUNTURA COMO TÉCNICA ANALGÉSICA ANTES DO PROCEDIMENTO
DE MICROAGULHAMENTO
Ribeirão Preto
2017
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RESUMO
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ABSTRACT
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INTRODUÇÃO
É de conhecimento geral que todos buscam ter uma pele com aspecto
saudável, viçosa, radiante, livre de manchas e cicatrizes ou qualquer disfunção
estética. Alguns tratamentos proporcionam uma pele com mais qualidade e livre de
imperfeições. A utilização de tratamentos ablativos com o objetivo de estimular e
remodelar o colágeno aparece frequentemente em procedimentos estéticos. Tais
metodologias levam em conta o fato de que a remoção da epiderme de forma
mecânica ou química favorece a liberação de citocinas e migração de células
inflamatórias que culminam na substituição do tecido danificado por um tecido
cicatricial (LIMA, LIMA, TAKANO, 2013).
Observa-se na atualidade uma tendência à indicação de procedimentos
estéticos menos invasivos, que visam reduzir o risco de complicações além de
permitir ao paciente um retorno mais rápido às atividades cotidianas. A técnica de
microagulhamento propõe estimular a produção de colágeno sem provocar a
desepitelização total observada nas técnicas ablativas e é uma opção de tratamento
para várias disfunções estéticas da pele, como cicatrizes de acne, rejuvenescimento
facial, estrias e lipodistrofia ginoide (DODDABALLAPUR, 2009).
A técnica de microagulhamento faz parte da Medicina Oriental Chinesa e
descende da Acupuntura. Os primeiros relatos desta metodologia surgiram na
França nos anos 60, onde realizavam pequenas incisões na pele para a
administração de fármacos tendo como objetivo rejuvenescimento facial (GARCIA,
2013).
A utilização de agulhas com o objetivo de estimulação da produção de
colágeno no tratamento de cicatrizes e rugas foi defendida por Orentreich e
Orentreith em 1995. Já em 2006, Fernandes utilizou um rolo com microagulhas de
aço para gerar múltiplas micropunturas, longas o suficiente para atingir a derme e
desencadear com o sangramento o estímulo inflamatório que resultaria na produção
de colágeno, visando melhorar cicatrizes e rugas finas (LIMA, SOUZA, GRIGNOLI,
2015).
Assim como outros processos invasivos, a técnica de microagulhamento
provoca sensação de dor e incomodo no paciente. Comumente a intervenção sob
anestesia local é bem tolerada, desde que agulha que não ultrapasse 1mm de
comprimento. A partir desse tamanho recomenda-se bloqueio anestésico
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complementado por anestesia infiltrativa. Objetivando maior conforto do paciente em
situações de tempo cirúrgico prolongado e injúrias profundas recomenda-se associar
sedação à anestesia local (GARCIA, 2013).
A acupuntura é um tratamento de saúde milenar baseado na Medicina
Tradicional Chinesa (MTC) que vem sendo resgatado e cada vez mais valorizado
pelo ocidente. Consiste na utilização de agulhas em pontos do corpo capazes de
regular funções orgânicas e promover efeitos analgésicos e ansiolíticos
(MEDEIROS, SAAD, 2009).
Este tipo de tratamento é utilizado na China há mais de 4.000 anos para
aliviar dores e curar doenças. A MTC não tem seus fundamentos baseados no
conhecimento da fisiologia, bioquímica, nutrição e anatomia modernas, ou qualquer
dos mecanismos conhecidos de cura. Não há nenhuma correlação entre os
meridianos usados na MTC e a disposição real dos órgãos e nervos no corpo
humano (MENEZES, MOREIRA, BRANDÃO, 2010).
Supõe-se que o chi, uma suposta “energia” que permeia todas as coisas, flui
através do corpo através de 14 caminhos principais chamados meridianos. Quando
o yin e o yang estão em harmonia, o chi flui livremente pelo corpo e a pessoa tem
saúde, quando está doente ou ferida, acredita-se que haja uma obstrução do chi ao
longo de um dos meridianos. A técnica de acupuntura consiste em inserir agulhas
através de pontos específicos do corpo, supostamente removendo obstruções do chi
prejudiciais à saúde, logo restaurando a distribuição do yin e yang (MENEZES,
MOREIRA, BRANDÃO, 2010).
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar as técnicas de
microagulhamento e acupuntura e levantar a eficácia analgésica da terapêutica com
acupuntura antes do tratamento com microagulhamento. Para tal razão realizou-se
uma revisão de literatura obtida a partir de acessos de domínio público: portal
BIREME (Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da
Saúde), que incluiu busca nas bases e portais da Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine/NLM
(MEDLINE), The Cochrane Librarye Scientific Eletronic Library Online (SciELO);
National Library of Medicine/NLM (PubMed); e Ask Medline. Publicações citadas
como referências nos artigos selecionados foram incluídas nesta revisão.
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DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO
1. O processo da dor
O primeiro conceito que se tem de dor se deu em 1986, pela Associação
Internacional para o Estudo da Dor, e é dado como “experiência sensorial e
emocional desagradável que está associada a lesões reais ou potenciais”. O termo
nocicepção designa o reconhecimento de sinais dolorosos pelo sistema nervoso,
que formula informações relacionadas à lesão. Com base nestes conceitos, o termo
dor seria melhor aplicado a seres humanos do que aos animais, pelo fato deste
termo envolver um componente emocional. De acordo com Luna, 2006, a dor é
considerada o quinto sinal vital, juntamente com a função cardiorespiratória e a
térmica (KLAUMANN, WOUK e SILLAS, 2008).
A dor fisiológica é típica da dor aguda produzida por estímulos intensos na
superfície da pele. Estados dolorosos prolongados estimulam persistentemente os
aferentes nociceptivos induzindo alterações que aumentam os efeitos deletérios da
dor crônica, introduzindo então o conceito de dor patológica. Enquanto a dor aguda
é um sintoma de alguma doença, a dor crônica é uma doença propriamente dita,
sendo nociva e independente ao estímulo que a gerou (KLAUMANN, WOUK e
SILLAS, 2008).
A comunicação da informação nociceptiva entre neurônios ocorre por
mediadores químicos, denominados neurotransmissores, que são aminoácidos
excitatórios ou inibitórios e neuropetídeos. Os principais aminoácidos excitatórios
são o glutamato e o aspartato porém, em fibras aferentes do tipo C também pode-se
encontrar neuropeptídeos como a substância P, neurotensina, peptídeo intestinal
vasoativo, peptídeo relacionado com o gene da calcitonina e colecistocinina (RYGH
et al., 2005).
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Após o trauma causado pelo processo de microagulhamento, três fases do
processo de cicatrização podem ser bem delineadas: na primeira, a de injúria, ocorre
liberação de plaquetas e neutrófilos responsáveis pela liberação de fatores de
crescimento (TGF-α e TGF-β), com ação sobre os queratinócitos e os fibroblastos,
fator de crescimento derivado das plaquetas (PDGF), a proteína III ativadora do
tecido conjuntivo e o fator de crescimento do tecido conjuntivo, como demonstrado
abaixo na figura 3 (LIMA, LIMA, TAKANO, 2012).
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Para que toda essa cascata inflamatória se instale, o trauma provocado pela
agulha deve atingir profundidade na pele de um a 3mm, com preservação da
epiderme, que foi apenas perfurada e não removida (FERNANDES, 2006) como
exemplificado na figura 4 abaixo.
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Atualmente, o instrumento utilizado para a realização da técnica de
microagulhamento constitui em um rolo de polietileno (figura 1) encravado por
agulhas de aço inoxidável e estéreis, alinhadas simetricamente em fileiras
totalizando um total de 190 unidades, em média, variando segundo o fabricante. O
comprimento das agulhas se mantém ao longo de toda a estrutura do rolo e pode
variar de 0,25mm a 2,5mm, de acordo com o modelo. Centenas de microlesões são
criadas pelo instrumento, resultando em edema, acúmulo de sangue na derme e
hemostasia praticamente imediata. O comprimento da agulha utilizada é
proporcional a intensidade das reações causadas (LIMA, LIMA, TAKANO, 2013).
Fonte: https://www.royaldermaroller.com/products/derma-roller-1-5-mm-stretch-marks-cellulite
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Fonte: LIMA, LIMA, TAKANO, 2013
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3.2. Aplicações da acupuntura na analgesia
De acordo com Menezes, Moreira e Brandão (2010) dor é a experiência
sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada à lesão real ou
potencial dos tecidos. Faz parte de um sistema de fuga primitivo que teria como
função levar o organismo a escapar de eventos nocivos. Cada indivíduo aprende a
utilizar esse termo através das suas experiências anteriores.
A acupuntura atua sobre o controle da dor por ativação de vias opióides e não
opióides. A estimulação promovida por essa técnica ativa o sistema modulador da
dor por hiperestimulação das terminações nervosas de fibras mielínicas A-δ,
responsáveis pela condução do estímulo aos centros medulares, encefálicos e eixo
hipotálamo-hipofisário. Na medula espinhal, a modulação dos estímulos nociceptivos
decorre da inibição pré-sináptica, que se deve à liberação de encefalinas e
dinorfinas. No mesencéfalo, a presença destas encefalinas somada a ativação do
sistema central de modulação da dor resultam na liberação de serotonina e
norepinefrina nos sistemas descendentes (TAFFAREL e FREITAS, 2009).
De acordo com a acupuntura estimula ainda o eixo hipotálamo-hipofisário a
liberar ß-endorfinas na circulação sistêmica e no líquor. Paralelamente, ocorre
liberação de hormônio adrenocorticotrófico, induzindo a liberação de cortisol.
(SANTOS e MARTELETE, 2004). Entretanto, existem controvérsias acerca da ação
dos hormônios corticóides no efeito anti-inflamatório da acupuntura (TAFFAREL e
FREITAS, 2009).
Um estudo realizado em 1972 e publicado em 1974 pelo Grupo de Pesquisa e
Anestesia por Acupuntura, que disserta sobre a transmissão do líquido
cefalorraquidiano (LCR), demonstrou que o efeito da analgesia por acupuntura
obtido em um animal poderia ser transferido para um segundo animal, que não
passou pelo tratamento, através da transfusão do LCR. Esta foi à primeira evidência
cientifica do mecanismo neuroquímico mediador da anestesia obtido pela
acupuntura (MENEZES, MOREIRA e BRANDÃO, 2010).
Estudos de Koo e colaboradores (2008), concluíram que a eletroacupuntura
ativa neurônios bulboespinhais resultando na liberação de noradrenalina e ativação
de α2-adrenoreceptores do corno dorsal da medula, confirmando uma via não
opioide de ação da eletroacupuntura. De acordo com estudos de Ulett e
colaboradores, realizado em 1998, a analgesia promovida pela acupuntura também
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está relacionada com vias opioides, promovidas ao estimularem pontos periféricos
do corpo, sendo necessário estímulo contínuo dos acupontos por 30 minutos para
que ocorra essa liberação endógena de opioides (ALTMAN 2006; TAFFAREL e
FREITAS, 2009).
A ciência tem obtido cada vez melhor compreensão da acupuntura e de seus
efeitos terapêuticos. A comunidade científica agora aceita amplamente que a técnica
é capaz de produzir mudanças fisiológicas no corpo humano, que incluem alterações
na pressão sanguínea, nas atividades elétricas cerebrais e no tálamo (uma parte do
cérebro que processa os impulsos nervosos da dor, da temperatura e do tato)
(MENEZES, MOREIRA e BRANDÃO, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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RYGH, L. J.; HOLE, K.; TJOLSEN, A. Molecular Mechanisms in Acute anmd Chronic
Pain States. Tidsskrift for den Norske Laegeforening, v.125, n.17, p. 2374-2377,
2005. Disponível em: <www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16151499>. Acesso em:
19/05/2017
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