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INFORME TÉCNICO 001

03/2005 1

1. Disponibilidade de força em prensas mecânicas


É muito comum identificarmos uma prensa mecânica ou excêntrica apenas por sua capacidade em
toneladas de força.
Entretanto é necessário estabelecer em que ponto do movimento do martelo aquela força esperada
estará disponível.
Na figura abaixo mostra como está distribuída a força disponível em um conjunto excêntrico de uma
prensa.

Toda prensa com mecanismo de eixo


manivela disponibiliza uma força variável
ao conjunto do martelo em função da
posição relativa do excêntrico em
relação à linha central de aplicação da
força.

No momento em que se projeta uma


prensa, a engenharia estabelece qual
será a condição para se disponibilizar a
força nominal da prensa, em função do
tamanho do excêntrico que se está
projetando e em função do trabalho que
se pretende realizar com a prensa.

Figura 1

O conhecimento prévio do trabalho que se pretende


realizar com a prensa é um passo muito importante na
escolha correta do equipamento.
Curso do
martelo
Espessura de corte ou altura de conformação é uma
variável direta do produto ou peça que se deseja produzir
na prensa e representada na figura 2 como altura de
trabalho.

Altura de Para se escolher a prensa adequada ao trabalho desejado


trabalho temos que percorrer dois passos básicos:
- Calcular a força necessária em função da geometria e do
F
material presente na peça; e,
- Enquadrarmos em um curso adequado de operação em
função da altura de trabalho e o ângulo α que
disponibilizará a força necessária na prensa.
Figura 2
INFORME TÉCNICO 001
03/2005 2

Toda prensa possui um ângulo α que corresponde ao início da disponibilidade da força nominal e o
usuário precisa saber desta informação para enquadrar as peças dentro da faixa de trabalho que a
prensa tenha capacidade efetiva de força.

Para facilitar a vida do usuário apresentamos aqui uma tabela que relaciona: curso da prensa, altura
de trabalho, categoria da prensa e fator de multiplicação da capacidade nominal.

Ângulo α 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5
Curso da
Prensa (2 e)

e 10 2,5 2,1 1,8 1,5 1,2 0,9 0,7 0,5 0,3 0,2 0,1 0,0
20 5,0 4,3 3,6 2,9 2,3 1,8 1,3 0,9 0,6 0,3 0,2 0,0
30 7,5 6,4 5,4 4,4 3,5 2,7 2,0 1,4 0,9 0,5 0,2 0,1
40 10,0 8,5 7,1 5,9 4,7 3,6 2,7 1,9 1,2 0,7 0,3 0,1
α
50 12,5 10,7 8,9 7,3 5,8 4,5 3,3 2,3 1,5 0,9 0,4 0,1
60 15,0 12,8 10,7 8,8 7,0 5,4 4,0 2,8 1,8 1,0 0,5 0,1
T 70 17,5 14,9 12,5 10,3 8,2 6,3 4,7 3,3 2,1 1,2 0,5 0,1

Altura de trabalho (X)


Q 80 20,0 17,1 14,3 11,7 9,4 7,2 5,4 3,7 2,4 1,4 0,6 0,2
90 22,5 19,2 16,1 13,2 10,5 8,1 6,0 4,2 2,7 1,5 0,7 0,2
100 25,0 21,3 17,9 14,6 11,7 9,0 6,7 4,7 3,0 1,7 0,8 0,2
120 30,0 25,6 21,4 17,6 14,0 10,9 8,0 5,6 3,6 2,0 0,9 0,2
140 35,0 29,8 25,0 20,5 16,4 12,7 9,4 6,6 4,2 2,4 1,1 0,3
L 160 40,0 34,1 28,6 23,4 18,7 14,5 10,7 7,5 4,8 2,7 1,2 0,3
180 45,0 38,4 32,1 26,4 21,1 16,3 12,1 8,4 5,4 3,1 1,4 0,3
200 50,0 42,6 35,7 29,3 23,4 18,1 13,4 9,4 6,0 3,4 1,5 0,4
250 62,5 53,3 44,7 36,6 29,2 22,6 16,7 11,7 7,5 4,3 1,9 0,5
F
300 75,0 64,0 53,6 43,9 35,1 27,1 20,1 14,1 9,0 5,1 2,3 0,6
X
350 87,5 74,6 62,5 51,3 40,9 31,6 23,4 16,4 10,6 6,0 2,7 0,7
400 100,0 85,3 71,4 58,6 46,8 36,2 26,8 18,7 12,1 6,8 3,0 0,8
450 112,5 95,9 80,4 65,9 52,6 40,7 30,1 21,1 13,6 7,7 3,4 0,9
500 125,0 106,6 89,3 73,2 58,5 45,2 33,5 23,4 15,1 8,5 3,8 1,0

F
(Para T=1) 1,1 1,18 1,22 1,32 1,48 1,6 1,82 2,15 2,65 3,6 5 9,98

e Categoria I 0,31 0,33 0,34 0,37 0,41 0,44 0,51 0,60 0,74 1,00 1,39 2,77 Multiplicação
i=
Fator de K

Categoria II 0,42 0,45 0,46 0,50 0,56 0,60 0,69 0,81 1,00 1,36 1,89 3,77
L
Categoria III 0,51 0,55 0,57 0,61 0,69 0,74 0,85 1,00 1,23 1,67 2,33 4,64
Categoria IV 0,60 0,65 0,67 0,73 0,81 0,88 1,00 1,18 1,46 1,98 2,75 5,48
Categoria V 0,83 0,89 0,92 1,00 1,12 1,21 1,38 1,63 2,01 2,73 3,79 7,56
(
F = Q × 1 − i 2 × sen 2α )

Categoria de prensas:
Categoria I: Prensas para corte de chapa fina e/ou trabalho leve.
Categoria II: Prensa para corte de chapa fina média e/ou preparada para altura de trabalho um
pouco mais alta que a categoria I
Categoria III: Prensa para corte de chapa de espessura mediana e trabalhos de conformação leve.
Categoria IV: Prensa para corte de chapa grossas e/ou trabalhos de conformação mais
complexas.
Categoria V: Prensas para corte de chapa muito grossas ou operações de conformação de grande
profundidade ou conformação a quente “forjamento”.

F = Cn × K A força efetiva de uma prensa é função de sua capacidade nominal e do


fator de multiplicação K, obtido na tabela acima.
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Exemplo 1:
Uma prensa que possui um curso de 100 mm, e que se diz ter como capacidade nominal 200t,
precisa realizar um trabalho de corte em uma chapa de 5mm de espessura e uma força calculada em
170t. Qual será a força efetiva desta prensa já que ela se enquadra como categoria II?

Ângulo α 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5
Curso da
Prensa (2 e)
10 2,5 2,1 1,8 1,5 1,2 0,9 0,7 0,5 0,3 0,2 0,1 0,0
20 5,0 4,3 3,6 2,9 2,3 1,8 1,3 0,9 0,6 0,3 0,2 0,0
30 7,5 6,4 5,4 4,4 3,5 2,7 2,0 1,4 0,9 0,5 0,2 0,1
40 10,0 8,5 7,1 5,9 4,7 3,6 2,7 1,9 1,2 0,7 0,3 0,1
50 12,5 10,7 8,9 7,3 5,8 4,5 3,3 2,3 1,5 0,9 0,4 0,1
60 15,0 12,8 10,7 8,8 7,0 5,4 4,0 2,8 1,8 1,0 0,5 0,1
70 17,5 14,9 12,5 10,3 8,2 6,3 4,7 3,3 2,1 1,2 0,5 0,1

Altura de trabalho (X)


80 20,0 17,1 14,3 11,7 9,4 7,2 5,4 3,7 2,4 1,4 0,6 0,2
90 22,5 19,2 16,1 13,2 10,5 8,1 6,0 4,2 2,7 1,5 0,7 0,2
INÍCIO
100 25,0 21,3 17,9 14,6 11,7 9,0 6,7 4,7 3,0 1,7 0,8 0,2
120 30,0 25,6 21,4 17,6 14,0 10,9 8,0 5,6 3,6 2,0 0,9 0,2
140 35,0 29,8 25,0 20,5 16,4 12,7 9,4 6,6 4,2 2,4 1,1 0,3
160 40,0 34,1 28,6 23,4 18,7 14,5 10,7 7,5 4,8 2,7 1,2 0,3
180 45,0 38,4 32,1 26,4 21,1 16,3 12,1 8,4 5,4 3,1 1,4 0,3
200 50,0 42,6 35,7 29,3 23,4 18,1 13,4 9,4 6,0 3,4 1,5 0,4
250 62,5 53,3 44,7 36,6 29,2 22,6 16,7 11,7 7,5 4,3 1,9 0,5
300 75,0 64,0 53,6 43,9 35,1 27,1 20,1 14,1 9,0 5,1 2,3 0,6
350 87,5 74,6 62,5 51,3 40,9 31,6 23,4 16,4 10,6 6,0 2,7 0,7
400 100,0 85,3 71,4 58,6 46,8 36,2 26,8 18,7 12,1 6,8 3,0 0,8
450 112,5 95,9 80,4 65,9 52,6 40,7 30,1 21,1 13,6 7,7 3,4 0,9
500 125,0 106,6 89,3 73,2 58,5 45,2 33,5 23,4 15,1 8,5 3,8 1,0

F
(Para T=1) 1,1 1,18 1,22 1,32 1,48 1,6 1,82 2,15 2,65 3,6 5 9,98

Categoria I 0,31 0,33 0,34 0,37 0,41 0,44 0,51 0,60 0,74 1,00 1,39 2,77 Multiplicação
Fator de K

Categoria II 0,42 0,45 0,46 0,50 0,56 0,60 0,69 0,81 1,00 1,36 1,89 3,77
Categoria III 0,51 0,55 0,57 0,61 0,69 0,74 0,85 1,00 1,23 1,67 2,33 4,64
Categoria IV 0,60 0,65 0,67 0,73 0,81 0,88 1,00 1,18 1,46 1,98 2,75 5,48
Categoria V 0,83 0,89 0,92 1,00 1,12 1,21 1,38 1,63 2,01 2,73 3,79 7,56

Iniciando-se pelo curso da prensa na tabela, encontramos o valor de espessura de 4,7mm, muito
próximo da necessidade do trabalho. Descendo para categoria II, encontramos o fator K= 0,81.
Portanto a Força efetiva F= Cn x K → F= 200 x 0,81 → F= 162t
Portanto a prensa a ser utilizada está um pouco abaixo da necessidade real.
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Exemplo 2:
Considerando as mesmas condições de trabalho do exemplo anterior, se na mesma prensa tivermos
a possibilidade de ajustar um curso de 180 mm, qual seria a força disponível?

Ângulo α 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5
Curso da
Prensa (2 e)
10 2,5 2,1 1,8 1,5 1,2 0,9 0,7 0,5 0,3 0,2 0,1 0,0
20 5,0 4,3 3,6 2,9 2,3 1,8 1,3 0,9 0,6 0,3 0,2 0,0
30 7,5 6,4 5,4 4,4 3,5 2,7 2,0 1,4 0,9 0,5 0,2 0,1
40 10,0 8,5 7,1 5,9 4,7 3,6 2,7 1,9 1,2 0,7 0,3 0,1
50 12,5 10,7 8,9 7,3 5,8 4,5 3,3 2,3 1,5 0,9 0,4 0,1
60 15,0 12,8 10,7 8,8 7,0 5,4 4,0 2,8 1,8 1,0 0,5 0,1
70 17,5 14,9 12,5 10,3 8,2 6,3 4,7 3,3 2,1 1,2 0,5 0,1

Altura de trabalho (X)


80 20,0 17,1 14,3 11,7 9,4 7,2 5,4 3,7 2,4 1,4 0,6 0,2
90 22,5 19,2 16,1 13,2 10,5 8,1 6,0 4,2 2,7 1,5 0,7 0,2
100 25,0 21,3 17,9 14,6 11,7 9,0 6,7 4,7 3,0 1,7 0,8 0,2
120 30,0 25,6 21,4 17,6 14,0 10,9 8,0 5,6 3,6 2,0 0,9 0,2
140 35,0 29,8 25,0 20,5 16,4 12,7 9,4 6,6 4,2 2,4 1,1 0,3
160 40,0 34,1 28,6 23,4 18,7 14,5 10,7 7,5 4,8 2,7 1,2 0,3
INÍCIO
180 45,0 38,4 32,1 26,4 21,1 16,3 12,1 8,4 5,4 3,1 1,4 0,3
200 50,0 42,6 35,7 29,3 23,4 18,1 13,4 9,4 6,0 3,4 1,5 0,4
250 62,5 53,3 44,7 36,6 29,2 22,6 16,7 11,7 7,5 4,3 1,9 0,5
300 75,0 64,0 53,6 43,9 35,1 27,1 20,1 14,1 9,0 5,1 2,3 0,6
350 87,5 74,6 62,5 51,3 40,9 31,6 23,4 16,4 10,6 6,0 2,7 0,7
400 100,0 85,3 71,4 58,6 46,8 36,2 26,8 18,7 12,1 6,8 3,0 0,8
450 112,5 95,9 80,4 65,9 52,6 40,7 30,1 21,1 13,6 7,7 3,4 0,9
500 125,0 106,6 89,3 73,2 58,5 45,2 33,5 23,4 15,1 8,5 3,8 1,0

F
(Para T=1) 1,1 1,18 1,22 1,32 1,48 1,6 1,82 2,15 2,65 3,6 5 9,98

Categoria I 0,31 0,33 0,34 0,37 0,41 0,44 0,51 0,60 0,74 1,00 1,39 2,77

Multiplicação
Fator de K
Categoria II 0,42 0,45 0,46 0,50 0,56 0,60 0,69 0,81 1,00 1,36 1,89 3,77
Categoria III 0,51 0,55 0,57 0,61 0,69 0,74 0,85 1,00 1,23 1,67 2,33 4,64
Categoria IV 0,60 0,65 0,67 0,73 0,81 0,88 1,00 1,18 1,46 1,98 2,75 5,48
Categoria V 0,83 0,89 0,92 1,00 1,12 1,21 1,38 1,63 2,01 2,73 3,79 7,56

Iniciando-se pelo curso da prensa na tabela, encontramos o valor de espessura de 5,4mm, muito
próximo da necessidade do trabalho. Descendo para categoria II, encontramos o fator K= 1. Portanto
a Força efetiva F= Cn x K → F= 200 x 1 → F= 200t
Portanto a prensa ajustada neste curso teria condição efetiva de realizar o trabalho proposto.

Observações importantes:
• A distribuição de categorias de prensas aqui apresentada, é meramente uma orientação. Os
dados corretos devem ser obtidos do fornecedor do equipamento;
• Não está sendo considerado aqui a questão de energia cinética disponível na prensa. Este
item é tão importante quanto a disponibilidade da força em função do curso, e a informação
correta deve ser obtida do fornecedor do equipamento. Veja capítulo 2 deste informe técnico;
• O objetivo deste informe técnico é meramente orientação, devendo-se levar em conta a
especificidade dos equipamentos, principalmente os que já estão instalados.
INFORME TÉCNICO 001
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2. Disponibilidade de energia em prensas mecânicas


O que diferencia de uma categoria de prensa para outra é a condição de disponibilizar uma força
para realizar uma operação em um determinado percurso ou altura de trabalho.

A força efetiva disponível em uma prensa excêntrica, não estará apenas dependente da
decomposição de força vista no capitulo anterior, considerando a melhor posição do excêntrico em
relação linha de aplicação da força, mas também da capacidade efetiva de realizar um trabalho.

O trabalho é a capacidade de realizar uma força por um determinado deslocamento ou “altura de


trabalho”
Força efetiva

F
W= FORÇA x DESLOCAMENTO

Deslocamento
ou altura de
trabalho

Podemos encontrar várias formas de se representar esta unidade, exemplo:

1J = 1N m = 0,102 kp m = 0,102 kgf m

A capacidade de se realizar um trabalho


através de uma prensa excêntrica, está na
condição de se disponibilizar uma força pela
energia acumulada no volante.

A energia cinética no volante de uma prensa e


dado por:

1
W = ⋅ m ⋅ v2
2
W = Energia Cinética [kgf m]
m = Massa da coroa do volante
v = Velocidade periférica no raio médio do
volante

O trabalho disponível aplicando a força em um deslocamento, dependerá como visto aqui das
dimensões do volante e da velocidade em que se está girando este volante.
A diferença de velocidade do volante entre o início da execução da força e o fim da execução da
força, será o trabalho que a prensa realizou.
INFORME TÉCNICO 001
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Exemplo

Em uma situação que seja necessário uma força para o corte ou a conformação de uma peça de
400t, em uma altura de trabalho de 14 mm.
Assim temos que:

W = 400.000 x 0,014 = 5600 kgm

Partindo da premissa que temos uma prensa cujo o volante tenha um peso de 530 kgf temos:

m = 530 / 9,81 = 54 kg

Supondo a seguinte situação de velocidades periférica do volante para:

Velocidade antes do trabalho v1 = 25,05 m/s


Velocidade após o trabalho v2 = 20,49 m/s

Ou seja uma redução da rotação do volante em próximo de 20% durante a execução do trabalho,
temos:

W1 = (m . v1²) / 2 = (54 . 25,05²) / 2 = 16942 kgm


W2 = (m . v2²) / 2 = (54 . 20,49²) / 2 = 11336 kgm

W1 – W2 = 16942 – 11336 = 5606 kgm ou seja muito próximo da necessidade do trabalho para
execução da peça.

Tomando-se o exemplo acima, pode-se dimensionar o volante da prensa, considerando que a


reposição de 20% da rotação do volante seja possível com dimensionamento adequado da
motorização.

Na ilustração ao lado, identificamos as


velocidade v1 no início da aplicação de
força e v2 no final da aplicação da força
“ponto morto inferior”.

Voltando ao capítulo 1 deste informe


técnico, podemos agora afirmar que a
disponibilidade de força e trabalho em v2 v1
uma prensa excêntrica ou mecânica,
depende muito do dimensionamento do
volante instalado nesta prensa.

A altura de trabalho está intimamente


ligada com o curso, a posição do
excêntrico e os limites de disposição de
energia que se pretende oferecer ao
trabalho da prensa.

Altura de
trabalho

Responsável por este informe técnico


Nerino Ferrari Filho
Eng. de Aplicações

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