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“Leandro, Rei da Helíria” de Alice Vieira

CARACTERIZAÇÃO DAS PERSONAGENS

Rei Leandro
 Rei do Reino de Helíria;
 Sente-se velho demais para continuar a reinar – já tinha uma certa idade; “Não sois
vós o sol que alumia a minha velhice?” (p.19)
 Está atormentado com um sonho que teve e que julga ser uma mensagem dos deuses
- acredita em presságios e premonições; “Os sonhos são recados dos deuses” (p.13)
 Tem no Bobo um amigo, mas não lhe dá o devido valor; “Ouve lá, tu também
sonhas?” (p. 14); “Para me acompanhar, quero apenas o meu fiel bobo (…)” (p.62)
 Gosta muito das suas filhas, que considera o seu maior tesouro, principalmente da
mais nova, Violeta; “Não sois vós o sol que alumia a minha velhice?” (p.19); (…) sois
as flores da minha vida (…) (p.26)
 É impulsivo ao questionar as filhas e a julgar as suas respostas, culminando com a
expulsão de Violeta; “Nunca mais quero ver o vosso rosto (…)” (p.57); “Calai-vos,
ingrata!” (p.59)
 É ingénuo, pois não se apercebe do cinismo e falsidade das palavras lisonjeiras das
suas filhas mais velhas; “Sois filhas dedicadas, eu sei (…)” (p.31)
 Mostra-se cruel com Violeta por estar desapontado com a sua “medida de amor”;
“Nunca mais quero ver o vosso rosto (…)” (p.57)
 É teimoso e sofrido;
 Está cego, quando reencontra Violeta; “De tanto chorar, cegaram os meus olhos.”
(p.68)
 Por fim, arrepende-se da sua atitude e pede perdão à filha. “O manto que um dia
tive, entreguei-o a quem não o mereceu.” (p.98)

Bobo
 É uma personagem divertida e irónica, que dá humor à ação; “Nem sequer um bom
prato de favas (…)” (p.12)
 Revela ser inteligente e ponderado; “Assim se transforma um soberano na mais
insignificante das criaturas.” (p.69)
 É crítico, denunciando os males do reino e as atitudes que reprova (através da
ironia); “Alturas houve em que os teus olhos bem te enganaram, senhor” (p.92);
“Essas desalmadas (…)” (p.96); “(…) reconhece o mal que um dia fizeste a tua filha
Violeta!” (p.103); “houve alturas em que o coração esteve… um bocado vesgo.”
(p.104); “o conselheiro andou a encher-te os ouvidos com as dívidas do reino”
(p.13); “todas as manhãs quando o frio me desperta e sinto o corpo quebrado”
(p.15); “Toma os meus farrapos e os meus guizos (…)” (p.15)
 É perspicaz, apercebe-se bem do caráter das princesas; “Há bocado era um jovem
… Muito depressa envelhecem os reis (…) (p.25); “Salamaleques de um lado,
salamaleques do outro (…)” (p.26)
 Mantém com o rei uma relação de confidência e amizade; “Ah meu bobo fiel” (p.15)
 É fiel e leal, não abandonando o Rei, apesar da sua desgraça; “Agora só tens um
bobo, e é ele que te arranja a broa!” (p.70)
 É revoltado em relação ao uso da chibata no reino de Helíria; “(…) não te amarram
ao pelourinho para te chibatarem?” (p.86)
 É ele quem guia o rei até Violeta;
 Estabelece a relação com o público pelos apartes e monólogos proferidos;
 É um dos coadjuvantes no desenlace da ação.

Amarílis
 Filha mais velha de Leandro;
 “Diz o povo que é mulher artificiosa e enganadora”;
 Desdenhosa; “Eu nem sei o que é o povo!” (p.27)
 Oportunista, interesseira; “Mas foi de uma elegância sem limites quando há pouco
abriu um cofre e de lá tirou este anel e este colar (…)” (p.49)
 Não se preocupa com a superficialidade do noivo, só quer saber do seu poder - é
muito materialista; “(…) os maridos fizeram-se para terem sempre as bolsas abertas
e as bocas fechadas…” (p.49)
 Falsa; “(…) vós sois ainda um jovem (…)” (p.19); “Vê como está alquebrado … como
se arrasta (…)” (p.25)
 Ingrata; “E estes malditos seis meses … um inferno! (…) Estou cheia de olheiras (…)”
(p.75)
 Trocista; “Que eu inventasse cantoria afinada a teu respeito (…) (p.21)
 Vaidosa; “(…) sempre que a minha vaidade de mulher desejou mais um vestido, um
toucado, ou uma fita para os cabelos (…)” (p.26)
 Bajuladora; “(…) vós sois ainda um jovem (…)” (p.19); “(…) serão sempre para vós
os meus primeiros pensamentos quendo o sol me acordar pela manhã.” (p.31)
 Insensível; “Que seja tratado como qualquer outro súbdito do nosso reino.” (p.77)
 Aproveita a primeira oportunidade para expulsar o pai do seu reino.

Hortênsia
 Filha do meio do Rei Leandro;
 “Sabes que o povo diz que as Hortênsias são mulheres caprichosas e inconstantes”;
 Falsa e interesseira, como a irmã mais velha;
 Oportunista e bajuladora; “Nunca serei capaz de vos trocar por ninguém, tereis
sempre lugar cativo no meu coração!” (p.31)
 Não se incomoda com a falta de personalidade do noivo, apenas lhe interessa o
poder e os bens materiais – é materialista;
 Aproveita, também, a oportunidade para expulsar o pai do seu reino;
 Ingrata; “Qual de nós duas vai ser a primeira a ter de aturar o velho?” (p.63); “(…)
nos meus domínios não há lugar para ele.” (p.75); “Quero lá saber! Tivesse pensado
nisso antes!” (p.78)
 Insensível. “Do meu reino são expulsos todos os que não trabalham!” (p.78)

Violeta
 Filha mais nova de Leandro e a sua preferida;
 Tocava alaúde; “Estava eu a tocar o meu alaúde (…)” (p.23)
 É a única filha que gosta verdadeiramente do pai, Rei Leandro; “(…) gratidão que
todas as filhas devem sentir pelos pais.” (p.56); “O que não tem fim não se pode
medir.” (p.56)
 Simples, bondosa e amorosa; “Se for tudo isso que dizeis, eu saberei como viver
com ele” (p.25);
 “Uma flor modesta, mas o seu perfume é tão intenso” – é modesta, mas virtuosa;
 Tem a pele branca e um sorriso doce; é magra; “a tua pele branca, o teu sorriso
com a doçura do mel.” (p.105); “Aquela lingrinhas?” (p.44)
 Preocupa-se com o bem-estar de todos; “Irei mandar que vos deem um novo manto,
que esse que trazeis tem mais rasgões do que tecido.” (p.98)
 Tem por Reginaldo um amor verdadeiro e desinteressado;
 Não consegue reduzir o amor a algo palpável;
 Apesar de ter sido expulsa do reino pelo pai não lhe guarda rancor (não é
rancorosa); “Amo-vos, senhor, não quero recompensas.” (p.106)
 Fez do seu reino um lugar aprazível para viver;
 Viveu preocupada durante aqueles anos sem saber de Leandro;
 Dá a todos uma lição de vida ao perdoar o pai por aquilo que lhe fez. ”Quem ama,
senhor, não deve pedir nada em troca desse amor.” (p.105)

Príncipe Felizardo
 Pretendente de Amarílis;
 Vaidoso, presunçoso; “A minha fortuna é calculada em… 256 bois…” (p.43)
 Novo-rico; didascália p.29; “Por cada filho… ofereço-lhe… vinte lingotes de ouro
maciço!” (p.45)
 Avarento; “(…) roubou três uvas nesta vindima (…) dou por falta de meio cruzado”
(p.76)
 Pouco inteligente; “A memória está fraca” (p.30)
 Fanfarrão; “(…) festas é cá comigo!” (p.32); “dragões mortos em ação: 32 (…)
bruxas atiradas para o caldeirão: 28 (…)” (p.30); “portanto, está tudo feito.” (p.31)
 Interesseiro; “Um casamento só se faz quando há… 256 bois…” (p.44)
 Grosseiro de modos (fala alto; julga-se importante; diz “caloraça”); “O meu noivo
pode ser de poucas falas, mas o teu exprime-se de maneira tão deselegante…”
(p.49)
 Revela um vocabulário reduzido, ao desconhecer o significado dos vocábulos:
premonições, extremosas e primogénita; (p.52, 54 e 55)
 Não dá importância ao amor, é uma pessoa fria e calculista; “E o que é que a gente
faz com um coração?” (p.45); “Cá os meus pais ensinaram-me a somar dois e dois,
e mais do que isso nunca precisei de saber.” (p.45)
 Acha que o valor das pessoas se vê por aquilo que elas possuem, é materialista;
“Um casamento só se faz quando há… 256 bois…” (p.44)
 Desculpa as suas atitudes com as ordens de Amarílis. “Tratai vós destas coisas, que
eu cá tenho pouco jeito para velhotes…” (p.78); “tudo o que eu fiz foi a mando /
da minha querida mulher” (p.109)

Príncipe Simplício
 Pretendente de Hortênsia; (p.29)
 Vive na sombra de Felizardo; (didascália p.29)
 Tem um vocabulário reduzido à frase que diz constantemente “Tiraste-me as
palavras da boca”, com a qual pretende traduzir que o seu pensamento é em tudo
semelhante ao de Felizardo, mas incapaz de o exprimir; “O vosso vocabulário … é
um pouco reduzido …” (p.47)
 Tem falta de personalidade;
 Não demonstra ter vontade própria nem opinião.

Príncipe Reginaldo
 Pretendente de Violeta; “(…) Príncipe Reginaldo chegou ao nosso reino há uma
semana para pedir a minha mão?” (p. 24)
 Ama-a verdadeiramente; “riquezas… não falastes na maior de todas, e dessa sou eu
o mais rico de todos!” (p.44); “Um casamento só se faz quando há amor” (p.44);
“A mim só me interessa saber que… Violeta vai ser a princesa mais amada e a mais
feliz…” (p.47)
 Não dá importância aos sonhos, mas é compreensivo e atento; “Só uma criança
acredita em sonhos.” (p.35); “(…) a vossa presença junto de mim faz-me tão feliz,
que tenho grande dificuldade em acreditar em sonhos da desgraça.” (p.36)
 Sente-se feliz por ter o amor desinteressado de Violeta e acredita no amor; “Com
um coração trazemos as pessoas que amamos para dentro de nós próprios…) (p.45)
 Dá pouca importância aos bens materiais; “Um casamento só se faz quando há
amor” (p. 44); “Pois a minha amada receberá… a minha gratidão.” (p.45); “o amor
que sinto por Violeta nada tem a ver com oiro, joias ou terras (…)” (p.61)
 É corajoso e forte ao enfrentar o rei quando este expulsa a filha mais nova do reino;
“Se alguém aqui é ingrato, não será decerto Violeta.”; “Mas não irá sozinha. Irá
comigo, senhor.” (p.60)
 É bondoso e generoso; “Faça-se a tua vontade.” (p.89); “No meu reino nunca se
recusou entrada a quem estivesse necessitado de descanso…” (p.97)
 Ponderado e confiante; “Vamos então esperar que vosso pai fique de melhor
disposição (…) (p.37)
 Respeitador do sogro; “Sou o rei deste reino que agora vos acolhe.” (p.97); “Mas,
senhor, perdoai que vos diga, a Helíria já não existe.” (p.98)
 Apoia Violeta nas suas decisões.

Pastor
 Vive no reino de Reginaldo e Violeta;
 Chama-se Godofredo Segismundo; “Tão certo como eu me chamar Godofredo
Segismundo!” (p.83)
 Cheio de sabedoria popular - conhece muito bem os hábitos e costumes do seu
reino; “Grande vai o mal na casa onde não há sal…” (p.73); “No meu reino ninguém
bate em ninguém! (…) não há escravos (…)” (p.86); “(…) não falta trabalho (…)”
(p.86)
 Perspicaz; “É ele, senhora!” (p.83)
 Feliz na sua humildade; “Quando chego a casa à noite (…) a minha Briolanja tem
sempre o caldo ao lume, e a cozinha cheira que é um regalo!” (p.86)
 Refere muitas vezes a sua mulher, Briolanja, que admira; “(…) pelo javali da minha
Briolanja ponho eu as mãos no fogo!” (p.102)
 É prestável; “Entrai, entrai (…) E isto foi o que sobrou do meu último banquete!”
(p.71)
 Encaminha o rei para a palácio de Violeta; “Eu cá, se fosse a ti, tentava.” (p.80)
 Coadjuvante no desenlace da ação, ao ajudar o Bobo e o Rei Leandro a chegarem
ao Reino de Violeta. (…) tomas o caminho que leva à encruzilhada (…)” (p.87)
Marta Santos

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