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Atividade Avaliativa III (Resposta)

No texto de Duarte-Junior (1983) ele faz uso da História em Quadrinho “Rouco ou


Louco: uma questão de interpretação” da Turma da Mônica, de autoria de Mauricio de Souza.
Na história por conta de uma característica linguística da personagem Cebolinha que costuma
trocar o “erre” pelo “ele” acontece um engano em que ao dizer que estava rouco ele confunde
seu amigo Cascão que entende que, na verdade ele está louco. A trama se desenvolve a partir
das consequências desse mal-entendido.
Já no vídeo Thomas Szasz um psiquiatra, faz críticas severas a definição de doença
mental, em sua visão esse conceito é inexistente e serve para que os psiquiatras os venham
utilizando os critérios diagnósticos, por centenas de anos, para estigmatizar e controlar as
pessoas. Durante o vídeo ele traz alguns exemplos da história em que certos comportamentos
eram explicitamente tratados como transtornos mentais pelos grupos dominantes, afim de
manter qualquer um que saísse de seu domínio sob controle.
De maneira geral, podemos relacionar que ambos veem problemas em diagnosticar
doenças mentais baseados apenas no comportamento, isto quando feito é realizado muitas vezes
de maneira arbitrária. Szasz é bem radical em suas colocações e trata a psiquiatria como um
mecanismo de controle social. A área que ele é mais enfático em sua crítica é a da psiquiatria
infantil, que serviria para envenenar os mais jovens com medicamentos desnecessários, uma
vez que a doença mental sequer existe, e estigmatizá-los.
Duarte-Júnior (1983) é bem mais sútil em sua análise da HQ, o ponto que ele discute é
de que apenas uma comunicação errada, somada, a um comportamento fora de contexto é
suficiente para taxar alguém como louco. Isso fica evidenciado no trecho “o comportamento do
indivíduo quando retirado de seu contexto, perde a significação e passa a ter o significado que
os observadores imputam”. Logo a partir do momento em que se busca observar um indivíduo
com comportamento anormal, como fizeram Mônica e Cascão na HQ, automaticamente existe
uma chance grande de o investigador perceber esses atos como desviantes da normalidade por
já estarem enviesados com esse pensamento.
Um ponto que pode ser observado na fala de Szasz é o da estigmatização, já citado
anteriormente, e que pode ser percebido na HQ, em que os amigos de Cebolinha passam a evita-
lo, já que ele como todo louco é imprevisível. Duarte-Júnior (1983) comenta esse aspecto de
como Mônica e Cascão mudam seus comportamentos e passam a temer o amigo louco. Segundo
ele “pautamos nosso comportamento em função de quem acreditamos ser nosso interlocutor”.
É justamente por essas questões levantadas pelos autores, que se faz necessário que as
pessoas problematizem as questões de saúde mental e compreendam que comportamentos
excêntricos/desviantes não significam necessariamente uma doença ou problema. A discussão
do que afinal são os transtornos mentais, e de como essas definições podem ajudar na
diminuição do sofrimento das pessoas com essas condições é muito importante, para que não
ocorra o que Szasz tanto criticava, a perda da liberdade de ser do indivíduo.
REFERÊNCIAS

DUARTE-JUNIOR, J. F. Rouco ou louco- Uma questão de interpretação. In:___. A Política


da Loucura. São Paulo: Papirus, 1983.

Thomas Szasz e O Mito da Doença Mental (Legendado em PT-BR) Youtube, 16 de março de


2014. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CzQj9V0f9Vs> Acesso em: 17 de
agosto de 2019.

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