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Didática

Semana 1: Didática e ensino escolar: múltiplos


aspectos
Resumo: Didática mesmo sendo um campo de conhecimento, ela também pode ser
caracterizada como um “saber fazer”, se referir a qualidades de todo bom professor
(clareza, conhecimento do conteúdo que será ensinado, e estabelece boas relações
com os alunos). A Através do surgimento da escola que teremos o aparecimento da
Didática.

Texto:

Didática Geral
Alda Junqueira Marin

Cena 1:
Didática é algo que se tem ou não tem? Sim e Não!
Sim: porque é baseada em conhecimentos adquiridos, conhecimentos
adquiridos enquanto aluno durante o percurso escolar, enquanto formação para
professor. O “ter” significa mais com “modo de ser” do professor.
Não: Mesmo com todos os conhecimentos, podem não ser suficientes para
exercer plenamente a função. Cabendo a Didática fornecer meios para se
alcançar o objetivo.

Como os alunos que não são formados como professores conseguem


identificar a existência ou não da Didática?

 O termo tem origem juntamente a escola moderna, anteriormente não


havia a preocupação em como transmitir o conhecimento, essa
mudança se caracteriza pelo destaque na instrução, e surge então a
palavra didática.
 A palavra vem sendo pronunciada há muitos séculos, correspondendo
ao ato de ensinar as crianças, portanto voltado à ação prática.
 Rosseau, no século XVIII já propunha estudarmos os alunos para que
pudéssemos os conhecer.
 Didática se apresenta de 3 maneiras:

1) Núcleo do trabalho docente- parte fundamental que é


ensinar e levar os alunos a aprenderem.
2) Característica formadora de professores – disseminar o
conhecimento existente para auxiliar os novos professores
a se preparem para o desempenho de sua função nas
salas de aula. (nos cursos se ensina por meio da Didática
os princípios, procedimentos para serem considerados
bons professores que saibam ensinar).

3) Característica de investigação – saber mais sobre algum


aspecto do trabalho docente que ainda precise de
informações adicionais, formas de relacionamento entre
professor e aluno.

O professor que possui didática, pode ter vivenciados situações com


bons professores durante sua trajetória enquanto aluno, bem como no seu
curso de formação. Já o professor que não tem didática, pode ter passado a
vida escolar com professores que não o ajudaram tanto a aprender como se
portar em sala de aula e/ou não teve boas aulas de Didática no seu curso.
Cena 2:
Por outro lado, a forma como aprendemos a ensinar advindo da
experiencia com outros professores se tornaram cristalizados,
funcionando como uma única maneira de ensinar.
A chamada Didática Tradicional, regia tanto os conhecimentos que
seriam transmitidos em aula, quanto a postura do professor seguiam os
mesmos princípios dos tempos iniciais da escolarização, a criança era
considerada um adulto miniatura, que possuía uma mente maleável, moldável,
que deveriam ser inseridos conhecimentos e valores, para isso precisava-se
focar na repetição e as crianças caberiam a memorização. Nesse período a
escola não era para todos, não havia grandes preocupações com o
aprendizado, pois aqueles que podiam frequentar as escolas eram todos
muitos parecidos, tinha condições similares favorecedoras para o sucesso
escolar.
Ao final do sec. XIX, com os estudos a respeito da infância,
possibilitaram o contato com novas formas de conhecimento, e houve então um
grande incentivo ao estudo da criança em idade escolar, desenvolvimento e
aprendizagem. Tais mudanças trouxeram novas perspectivas para o trabalho
em salas de aula. Importante destacar as mudanças do período, como a
expansão da industrialização, o surgimento de repúblicas e o pensamento de
expansão da educação para a população. Surgem novas perspectivas, novos
procedimentos didáticos, o professor passa a ser caracterizado como
orientador da aprendizagem, e não mero transmissor. (alguns exemplos de
procedimentos: estudo do meio- o aluno pode conhecer lugares da sociedade
que antes eram apenas relatados pelos professores, ou lido nos textos; estudo
dirigido: o aluno recebe orientações do professor para a partir daí trilhar seus
próprios passos na busca do conhecimento. Método de projetos – alunos e
professores organizam uma atividade e várias ações para atingir um objetivo
em relação a algum problema. Fichas didáticas – Uma ficha com noções e
outra com exercícios e uma terceira com correção ou as respostas do
exercício, os alunos recebem seu conjunto de acordo com as condições que
demonstram)
Tais técnicas de ensino ficaram restritas as pesquisas e aos manuais,
pois pouco se mudou nas salas de aula, ainda permanece os mesmos moldes
e modelos.
Durante o século XX, diversos países do mundo, inclusive o Brasil
ampliou sua oferta de escolas para a população que antes não estava sendo
escolarizada. Com isso decorrem duas situações: repetência e evasão. Tanto a
escola quanto os professores não estavam preparados considerando que as
origens sociais dos alunos passaram a ser diversificadas, bem diferente
daquelas que frequentavam escolas antes dessa época.
Na década de 1970, percebeu-se que não bastava que a Didática
tivesse boas técnicas, mas também se relacionar com outras áreas do
conhecimento. Não somente o ensino precisaria mudar nas escolas, como
também nos cursos de formação. Com as pesquisas pudemos perceber que
são muitas as interferências que incidem sobre os alunos, sobre o professor, e
que não basta o professor orientar seus alunos, o professor precisa
desempenhar muitas ações para ensinar. O professor precisa saber ensinar
(essas noções do conhecimento científico ainda prevalecem, como ensinar
Ciências, Língua Portuguesa, Matemática), mas é necessário que saiba
aprender também com as diversas circunstâncias que esteja vivenciando.
Mesmo que as condições de trabalho sejam as mesmas, tais como os
mesmos alunos, a mesma escola, cada professor exibe uma forma única de
trabalho. Bem como cada aluno, mesmo exibindo características comuns na
aprendizagem e desenvolvimento, cada uma tem sua individualidade, sua
particularidade que tem interferência no trabalho do professor.
As crianças desde muito cedo começam a frequentar a escola, tornam-
se alunos. Pre-escola, ensino fundamental funcionam como controle da
criança, e a ensina determinadas condições, lugares ideais para sentar,
preocupação com a higiene, cumprimento dos horários, inclusive para o uso do
banheiro ou apontar o lápis, não fazer muitos movimentos para que não
atrapalhe o trabalho, entre tantas outras situações que preparam as crianças
para o mundo do trabalho.
Perrenoud aponta para a vida escolar como um cumprimento de um
ofício, algo que ele se prepara, realiza ações similares a qualquer trabalho,
enfrenta conflitos, aprende a lidar com as pressões entre expectativas e
competitividade, precisa estabelecer o que obedece e a que resiste, enfrenta
as inúmeras mudanças ocorridas no ambiente, inclusive aprende a trabalhar
cada vez com um professor diferente. Esse processo em um ofício de aluno
que os prepara para os demais ofícios.
Cena 3: Uma pesquisadora realiza a pesquisa com os alunos
acerca do entendimento que se tem nas aulas com os professores.
Alguns alunos dizem que quando não entende, a professora vai ate
sua mesa ajudar, outros dizem que a professora simplesmente alega
que explicou muitas vezes e ignora o pedido.

 Nesse diálogo pode-se perceber 2 aspectos: relação entre


professores e alunos e as relações com os conhecimentos.
 Relação entre professor e aluno é permeado numa relação em
que o professor que detém o conhecimento enquanto os alunos
precisam ter, e precisam ter por intermédio do professor. Também
é possível observar que as crianças entendem que é tarefa do
professor explicar quando não entendem, parte da didática do
professor.
 As “relações pedagógicas” (relação entre o aluno e o professor)
são relações novas, que surgiram com a escola moderna, são
relações impessoais, no entanto diferente das pessoais do âmbito
familiar. Essa relação pedagógica se da em função docente ligada
aos saberes que precisam ser ensinados, assim como o modo de
ensinar.
 Na cena 3, podemos observar professores que insistem,
preocupam-se com a aprendizagem das crianças, ensinando
novamente as crianças (domínio adequado de sua função, ou
seja, ensinar). Enquanto outras professoras que ignoram os
pedidos dos alunos, ou se recusam, demonstrando o desprezo
pelos saberes (pouco importante por isso não precisam aprender)
bem como pelos alunos (simbolicamente apresentado como “se
não aprendeu, é porque não é pra ela”), com isso abdicam
daquilo que é mais importante na sua profissão.
Cena 4: Percentual de narrativas em relação a escola
Ciclo docente, é composto por três etapas: preparação, execução,
avaliação.
Foi em função do surgimento da escola moderna que se instaurou um
espaço especifico chamado escola, que antes não havia, tal instituição
funciona de acordo com tempos, anos bimestre, semestre, dia a dia totalmente
racionais e controlados, saberes formalizados, delimitados tanto em relação ao
que ensinar e de que modo ensinar, surge a sistematização das noções com o
planejamento ou preparo das lições para muitas crianças.
No século XIX, surgem novas necessidades em decorrência da
ampliação das turmas de alunos, ensinar muitos alunos é diferente do que
ensinar individualmente ou pequenos grupos, portanto aumentam-se o numero
de professores, as classes, profissionalização do magistério, programa de
estudos ampliados e não mais “só saber ler e escrever”, gradação das turmas,
nesse processo, de dar sentido ao avanço nos estudos da população, a
avaliação passa a ter cada vez mais peso no ciclo docente, ate os dias atuais.
Semana 2: A Didática, a escola e o aluno

Vídeo aula:

Didática Geral: O aluno e o saber


-Discuti a questão de o fracasso escolar estar intrínseco a origem social
– apresenta a realidade de crianças que gostam de estudar, aprender, oriundas
de classe social baixa.
-O professor/mediador necessita estar nesse ato constante de repensar
sua prática (mediação reflexiva) – Por que o aluno não aprende? – Investigar, e
não simplesmente culpabilizar a existência dessa criança, justificar sendo como
um fator sua origem social, sua dificuldade de aprendizagem.

Texto:

Os alunos: agentes ou pacientes?


Jaime Cordeiro

A escola modifica a infância


Ser criança e ser jovem é, em larga medida, ser estudante, aluno. Essa
situação que se começou a criar na história do Ocidente por volta do século XV
e que alcançou maior extensão e desenvolvimento em quase todo o mundo
num processo que se acelerou a partir da metade do século XIX. Constituiu-se
a noção da infância como uma era particular da vida humana, durante a qual
seria necessário proteger as crianças dos perigos da vida adulta. Assim,
desenvolveram-se progressivamente os modelos de família nuclear e do amor
pelos filhos, bem como a ideia a ideia da escola como um lugar privilegiado e
protegido para abrigar as crianças durante toda a infância. (As crianças foram
retiradas das fábricas e colocadas em escolas, o comportamento apropriado
dos pais para com os filhos se consolidou em torno de noções de carinho e
responsabilidade para com o bem-estar das crianças).
O padrão da infância como idade da despreocupação e da ausência de
responsabilidades apenas se podia concretizar nas classes mais abastadas.
Mesmo nas classes medias, inserir a criança no mundo do trabalho era visto
como formativo e socializador (o trabalho poderia desenvolver bons hábitos,
ligados a noções de esforço, dedicação, sacrifício, visto como situações
importantes para a vida adulta). Pouco a pouco se foi abandonando a
representação do trabalho como lugar adequado para a formação e
socialização das crianças. Para isso diversas medidas foram tomadas para
atrair as crianças para as escolas, bem como criminalizar o trabalho infantil, e
crianças que ficam andando pelas ruas como potencialmente perigosas ou
necessitadas de proteção. No Brasil, o trabalho infantil ainda é uma realidade,
a classes populares conseguiram encontrar formas alternativas de contornar as
dificuldades da legislação, como crianças nas ruas trabalhando, no entanto
matriculadas e frequentando as escolas, trabalhando no período alternado
escolar.
A mudança na realidade econômica, associadas ao acesso das crianças
a informações sobre o mundo adulto, transformou drasticamente a infância.
Tanto na imprensa popular quanto na escolar falam em “perda da infância”,
“crianças crescendo muito rápido”.
Escola e Mídia
Como as novas gerações surgiram num momento de contestação do
sentido de continuidade entre passado, presente e futuro (o próprio sentido da
história), elas se ocupam apenas com o presente, e o dialogo com as gerações
anteriores se tornam tensas. Isso explica as maiores queixas apontadas sobre
“por que não chegamos até os alunos”. O apelo incessante de teóricos a
respeito de “atrair” o interesse dos alunos. Tal abordagem carece ser analisa
com cuidado, pois o “interesse” não é algo concreto, que pode ser localizado
em algo bem determinado. E que a cultura contemporânea é baseada no
“interesse”, definido pela intensidade aliada a rapidez, e inconstância. Na
produção cultural contemporânea, seja nos produtos para consumo, ou na
publicidade por trás desses produtos o que prevalece é a noção de satisfazer
seus desejos e interesses de maneira mais completa e, também mais rápida (o
interesse é associado a um fenômeno de moda, sendo substituído por um
interesse novo que acabou de surgir).
A escola opera com outras perspectivas e com outra temporalidade, já
que se trata de uma temporalidade relativamente lenta, já que o processo
ensino aprendizagem se estrutura numa perspectiva de médio a longo prazo.
No inicio da escolarização moderna, Herbart, insistia na necessidade de
estruturar a matéria a ser ensinada em diferentes blocos, ordenados
logicamente e que pudessem compor uma unidade que ocupasse a duração de
uma aula, em torno de 50 minutos, pouco mais, pouco menos, e as suas
propostas acabaram resultando na elaboração de um método de ensino que
procurou racionalizar o uso do tempo e tornar mais eficiente o trabalho do
professor.
No entanto, hoje, as crianças estão habituadas a um ritmo mais
acelerado, o tempo da mídia é caracterizado por manter o usuário ocupado
pela ação, e os instantes de pausa são sempre muito curtos e predomina a
fragmentação. Portanto os 50 minutos de aula podem parecer excessivamente
monótonos para quem foi programado desde muito cedo para se mover num
outro ritmo e numa outra percepção de tempo, a escola tenta se adaptar, com
algumas modificações superficiais, mas para os alunos essas tentativas
parecem bastante desastradas.
A criança na pedagogia
Para melhor entender os problemas envolvidos na proposição de
soluções alternativas que (re)construam significados relevantes para a escola,
convém examinar como a Pedagogia tem pensado e construída suas
representações da criança e do aluno.
A Pedagogia descreve e caracteriza a criança como um ser contraditório
pela sua própria natureza, percebida como inocente e má, perfeita e imperfeita,
dependente e independente. Em si, a criança não pode ser comparada com o
adulto e precisa ser considerada em relação as normas e significações do que
se define como criança num dado momento histórico. Para Charlot, a ideia de
infância é utilizada de maneira ideológica na sociedade moderna. Uma das
maneiras de efetivar a ideologização se dá por meio da naturalização da
autoridade do adulto sobre a criança (a autoridade passa a ser pensada não
apenas como natural – dependência natural da criança- mas também como
legitima- condição de liberdade futura da criança, na medida em que ela
adquira domínio sobre si mesma).
Mesmo com todas as evidencias de que a criança aprende e interage
ativamente sobre o mundo mesmo antes de entrar na escola, tanto a
instituição, professores e até mesmo os pais, continuam com a utopia voltada
para o passado, de manter a escola como um lugar a parte do social, em que a
criança possa permanecer totalmente protegida (atualmente uma onda de
manifestação impedindo o currículo de citar questões de sexualidade, por
exemplo), abrigo governado pelos adultos, e preservar a inocência e pureza da
criança.
Escola e socialização: a produção da criança e do aluno
A escola continua sendo para as crianças a mais importante experiencia
de socialização. As crianças entram mais cedo nas escolinhas, fazendo com
que ocorra, o fenômeno denominado pelos sociólogos como “socialização
primária”, que significa os primeiros aprendizados necessários para a vida na
coletividade sendo transferidos para o ambiente escolar. As famílias ainda
mantem papel relevante, mesmo com as mudanças nos padrões familiares
(menor duração do casamento, guarda compartilhada pelos pais após
separação e convivência com irmãos de outros pais ou mães) levam a
necessidade de admitir que a sociedade contemporânea vem passando por
sensíveis mudanças nos modelos de socialização produzidos pelas famílias.
Uma das dimensões mais relevantes desse processo socializador da
escola tem relação com o fato de que é nessa instituição que a maioria das
crianças mantém contato com os seus “iguais”, com crianças da mesma idade
ou de faixas etárias próximas. Nessa instancia da socialização que se
constituem e se afirmam aspectos importantes da construção da personalidade
de cada uma das crianças.
Do ponto de vista dos alunos, portanto, a escola possui uma dimensão
afetiva e relacional (expectativas, interações diversas, liderança, autoridade, e
quando adolescente despertam sentimentos e desejo sexual entre os colegas
da escola, enfim um conjunto de experiencias sentimentais). Essa dimensão
não é ignorada pelos professores nem pelo administradores escolares, só que
ela costuma ser caracterizada, por vezes, como uma espécie de desvio de
função ou como um obstáculo a aprendizagem ( nesse sentido se instituem
regras, regulamentações, procedimentos, proibições, para dificultas esse
aspecto da função socializadora, com a justificativa de a instituição está ali para
que as crianças aprendam). Se a escola tem algum significado para os alunos
contemporâneos, certamente o mais relevante para a maioria deles é o de ser
esse espaço relacional e de investimentos afetivos.
Entre o individuo e o grupo: para quem se ensina?
A crítica em torno do ensino tradicional aborda que os alunos acabam
fingem uma atenção e disciplina, e desenvolvem estratégias para se
desvencilhar das tarefas propostas pelo professor. No entanto, verifica-se
através de recentes estudos que tanto atividades ditas tradicionais quanto
atividades didáticas mais renovadoras, as atitudes e estratégias dos alunos tem
sido mais ou menos as mesmas. Segundo Phillippe Perrenoud, os alunos
acabam adotando estratégias que se combinam com base em cinco atitudes
básicas:
I) Quando não podem escapar das imposições, os alunos fazem o foi
determinado, sem reclamar – “sofrer todos os tormentos”.
II) Fazer rapidamente a atividade para sobrar tempo a outras que são
vistas como mais interessantes.
III) Enrolar para terminar a atividade, de modo a ganhar mais tempo, e
consequentemente escapar da tarefa;
IV) Demonstrar incompetência ou incompreensão das instruções para
não realizar a atividade;
V) contestação aberta.
Os professores muitas vezes classificam os “bons alunos” (aquele que
aceita tudo ou que faz muito rápido) e “maus alunos” (os que contestam, fazem
lentamente ou nunca entendem as instruções). Com isso não se chega a
perceber que aceitar tudo que o professor impõe nem sempre é sinal seguro de
envolvimento espontâneo com a tarefa ou de compreensão mais profunda.
Tais hierarquias e classificações tende a separar os alunos bons, fracos
e médios, a atenção se concentra nos extremos da escala, seja tornando os
bons alunos como parâmetros, seja estigmatizando os maus como incapazes,
preguiçosos, fracassados, e os médios acabam por receber pouca atenção,
que incide na sua autoestima, bem como seus resultados posteriores, como a
escolha da carreira profissional.
Essas classificações são sempre arbitrárias, e criam uma imagem
idealizada dos alunos com base em resultados construídos através das
expectativas alheias, tais como informações de outros professores ou da
coordenação pedagógica sobre o passado desse aluno.
Rosenthal e Jacobson com base em estudos, concluiu que de uma
maneira ou de outra, é possível admitir que as expectativas dos professores
sobre o rendimento deste ou daquele aluno terminam por ter alguma influencia
sobre esse mesmo rendimento, podendo se transformar naquilo que os autores
chamaram de profecias auto realizadoras, isto é, diante da expectativa sobre
um determinado aluno, o professor acaba, inconscientemente, estimular mais a
sua participação, cobrar respostas mais precisas ou conceder mais tempo para
que ele responda. No caso de expectativa negativa o professor tende a ser
mais tolerante com respostas imprecisas, conceder menos tempo e ser mais
impaciente ou dedicar menos atenção ao aluno.
Nesse sentido, é preciso admitir que ensinar exige do docente atenção
tanto as dimensões coletivas quanto as dimensões individuais da relação
pedagógica.
Classificação dos alunos e fracasso escolar
Os primeiros sistemas de escolarização de massas, um dos primeiros
problemas que eles tiveram que enfrentar de início foi ao modo de seleção e de
repartição dos alunos, era preciso encontrar maneiras mais eficientes de
organizar o ensino e de controlar a entrada e a saída dos indivíduos desse
sistema. Nessa busca, encontrou-se a noção de aptidões naturais, já bastante
difundida no século XIX, tal noção se pautava na ideia de que os indivíduos
diferiam em talentos, qualidades e capacidades devido a causas naturais e
hereditárias. A psicologia diferencial, que começa a se constituir na segunda
metade do século XIX, sob influência das teorias racistas da época, tinha como
objetivo resolver os conflitos sociais. Com a sondagem e descoberta das
aptidões de cada um, seria possível atribuir a cada pessoa o seu lugar ideal na
sociedade, que passaria a funcionar com mais harmonia, já que cada pessoa
poderia se dedicar as suas verdadeiras vocações, aumento seu grau de
felicidade. Na década seguinte os psicólogos estabeleceram mecanismos de
medição da inteligência, de classificação das aptidões, dentre os mais
sucedidos, temos o teste do francês Alfred Binet, que mais tarde, depois de
algumas alterações iria se transformar no chamado “teste de QI” (quociente de
inteligência).
Binet recebeu a proposta do governo francês de identificar quais seriam
as crianças que teriam um grau maior de dificuldade na aprendizagem, na
época os chamados “anormais”, pois a intenção era de se identificar as
crianças rapidamente, para que sejam matriculadas em classes separadas e
receberem um atendimento mais adequado as suas necessidades particulares.
Binet criou um teste que permitiria identificar a “idade mental”, que não
coincidiria com a chamada “idade cronológica”.
Os testes de QI se generalizaram nos Estados Unidos naquela época,
devido a uma serie de circunstancias politicas e sociais ligadas ao contexto
histórico que se vivia ( segregação de negros, impedir a imigração, e através
de resultados muito inferiores, parecia possível detectar cientificamente os
futuros ladrões, delinquentes e assassinos ou até mesmo indivíduos que se
revelariam “inúteis” para o progresso da sociedade). Da Psicologia e da
Pedagogia, os testes “migraram” para o espaço da política. No ambiente
escolar os testes foram atuando como instrumento de discriminação e de
exclusão de pessoas.
Não somente os testes foram responsáveis por essa situação, soma-se
também as práticas e outros instrumentos de classificação e julgamento dos
alunos que resultaram na construção do fenômeno do chamado fracasso
escolar. Correntes psicológicas, linguísticas ou sociológicas procuraram
explicar o fato de que uma parte considerável das crianças que eram admitidas
na escola não conseguia prosperar para além dos estágios iniciais da
aprendizagem (a maioria das crianças das camadas populares não são bem-
sucedidas na escola devido as situações vividas fora dela, das explicações
mais variadas: falta de amor e cuidado da família; má alimentação, desnutrição
que afetaria suas capacidades mentais; ambiente em que vive é pobre de
estímulos sensoriais, bem como de vocabulário linguístico, que resultaria em
danos dificilmente reparáveis).
O aluno se transforma de paciente em agente. Se não se torna
imediatamente um individuo dotado de autonomia, ele passa a ser percebido
como alguém que caminha no sentido dessa autonomia. Ser aluno, portanto,
só pode ser compreendido a partir dessa noção de transitoriedade, que vai da
situação do paciente, daquele que recebe a ação do trabalho institucional e
pedagógico da escola, até a situação do agente, aquele que durante o
processo da aprendizagem, e com base nele, conquista sua liberdade por meio
da aquisição de um conjunto de instrumentos, valores, modos de agir, pensar e
se relacionar com o mundo, com a sociedade, com as pessoas.
Semana 3: A Didática, a escola e a relação
pedagógica

Vídeo aula:

A relação pedagógica
O que é relação pedagógica? – Campo da ação docente (agir para que
os alunos aprendam)
Relação interpessoal – Interaciona que envolve muitas pessoas:
professor e os alunos
Os alunos entre si
O conhecimento
Relações institucionais da escola – regras propriamente da escola, que
não foram criadas pelos professores nem pelos alunos (funciona com uma
interferência).
Peculiaridades da relação pedagógica
-Temporária – ligada aquele momento da aprendizagem;
-Assimétrica – o professor possui os saberes a serem ensinados;
-Implica em autoridade e disciplina – o professor organiza a sala
-Assumir múltiplas possibilidades ao longo do tempo – organização da
sala
O papel do professor: gestão
Gerir as relações humanas entre alunos; da aprendizagem dos alunos e
da relação dos alunos com o conhecimento
O professor possui ferramentas para ensinar:
Sensibilidade
Afeto
Saber teórico pratico
Habilidade artesanal de reunir diferentes conhecimentos para agir
Planejar

Sala de aula
Criação de vínculos
Texto:

A relação pedagógica
Jaime Cordeiro
Necessário reconhecer antecipadamente que o trabalho pedagógico é
uma atividade interacional ou relacional (se realiza em face de um conjunto de
interações pessoais entre professor e alunos). Mais do que a sala de aula,
como a própria instituição também é marcada pelas relações humanas:
relações hierárquicas e não hierárquicas, políticas, sociais, trabalhistas,
intergeracionais etc.
Um tipo de relação específica que nos interessa é a relação pedagógica
que se trava tendo em vista uma finalidade determinada, ligada a transmissão
ou aquisição de conhecimento e que engloba, portanto, todo o conjunto de
interações entre professor, os alunos e o conhecimento.
Ponto de vista dos alunos
Durante a jornada escolar os alunos não são totalmente livres, eles têm
que enfrentar rotinas, horários e atividades determinadas por outros e
realizadas em espaços previamente determinados.
Outra dimensão relacional vivida pelos alunos se trata das interações
com os adultos que, como professores, administradores ou funcionários da
escola, não tem o mesmo tipo de vínculo afetivo que se constrói na vida
familiar.
Assim como a escola é o principal local de encontro das crianças umas
com as outras, se relacionam com mais crianças de mais ou menos a mesma
faixa etária. Em casa, ou ate mesmo fora dela, as crianças costumam ser
subordinadas aos pais e outros adultos e não podem estabelecer relações mais
igualitárias, na escola, no entanto, torna-se possível encontrar colegas da
mesma idade, que partilham entre si um conjunto de referencias geracionais e
culturais comuns.
A escola possui dimensão afetiva e relacional que é percebida pelos
alunos, muitas vezes em diversos momentos, como mais relevante e
significativa do que aquilo que a escola formalmente se propõe a cumprir, em
termos do ensino e da aprendizagem do conjunto de saberes curriculares.
 Os alunos não são totalmente livres, existem regras e normas que
devem ser cumpridas;
 Interação com os adultos, diferente das relações familiares;
 Convívio com outras crianças de mesma faixa etária;
 A escola possui dimensão afetiva e relacional (amizades,
inimizades etc) além da transmissão de conjunto de saberes.
O ponto de vista do professor e do trabalho pedagógico
Logo de início o professor repara que o trabalho pedagógico é
essencialmente relacional ou interacional, pois depende do engajamento e
colaboração ativa dos alunos para se efetivar.
A especificidade da relação pedagógica consiste na sua dimensão
cognitiva, mesmo cercada de investimento pessoal do professor e dos alunos,
é marcada pelo objetivo primordial: a transmissão ou aquisição do
conhecimento continua. A relação pedagógica tem uma finalidade específica e
definida: se estrutura para garantir o acesso a um conjunto de saberes. Outro
aspecto da relação pedagógica é que se esgota ao cumprir sua finalidade,
tende a se tornar dispensável (ao contrário de outras relações humanas como
amor, amizade, ela não tem o propósito de perenizar), caso haja sua
permanência tende a produzir ou reforçar os vínculos de dependência.
Também é marca necessariamente por uma desigualdade de posição entre
professor e os alunos, isso imprime a relação uma marca de autoridade e exige
a construção ou instituição de uma forma de disciplina.
 Transmissão de conhecimento;
 A relação pedagógica tem caráter transitório;
 Desigualdade de posição entre professor e aluno – autoridade.
Dimensões da relação pedagógica espaciais
Para a relação pedagógica se efetivar necessita de um espaço físico e
social determinado, que é a sala de aula. Seriação, critérios de seleção,
duração do tempo de aula e métodos de ensino utilizados combinam-se com o
arranjo arquitetônico dos edifícios escolares e regidos por um arranjo espacial
interno, mais ou menos padronizado.
Devido as novas exigências de expansão de ensino no século XIX,
passou a ser necessário abrigar um número de alunos exponencialmente maior
do que nos períodos anteriores, obrigou a reformular o funcionamento do
ensino. Assim, criaram-se dispositivos didáticos como a pedagogia frontal, a
aula expositiva, o ordenamento quadriculado das carteiras escolares, de modo
que todos os alunos se voltassem para a frente da sala, onde se instalam o
professor e a lousa.
Posteriormente no século XX, esse modelo de sala de aula é criticado,
um grupo de educadores chamava a atenção para o papel ativo da criança na
aprendizagem, tais reformulações incidiram no arranjo e ordenamento espacial
da sala de aula.
Seja na perspectiva tradicional ou na perspectiva das pedagogias
renovadas, a importância da dimensão espacial da sala de aula para a
definição do tipo de relação pedagógica que se pretende exercer é
reconhecida. A sala tradicional é organizada com fileiras de carteiras voltadas
para o professor, junto a lousa, há poucos ornamentos, para manter atenção
dos alunos, tarefas realizadas em classe individualmente.
A sala de aula adaptada as pedagogias renovadores não possuem
lugares fixo determinados, os mobiliário deve permitir realizar trabalhos em
grupos, diversos materiais didáticos etc.
Cada um dos modelos de sala de aula induz a tipos diferentes de
relação pedagógica. O que importa é ter em mente que a adoção deste ou
daquele dispositivo depende, em grande medida, dos objetivos que se quer
realizar. As dimensões espaciais não podem ser ignoradas.
Temporais
Mesmo o horário escolar sendo uma determinação de instancias
jurídicas, administrativas e curriculares mais amplas, onde independe do
professor e dos alunos, no entanto essas determinações externas não
conseguem controlar completamente o tempo escolar. Durante a aula o
professor estipula o tempo de duração da atividade, e negociação e resistência
por parte dos alunos. Modalidades diretivas de professores tendem a um
aproveitamento intensivo do tempo. Relações pessoais mais distendidas
podem resultar em aproveitamento menor uniforme, entretanto pode significar
aprendizagens mais significativas.
Linguísticas
A relação pedagógica se estabelece essencialmente por meio da
linguagem, tem poderosa influência na aprendizagem dos alunos.
Aos poucos os alunos vão percebendo os modos que o professor se
dirige a eles, seja a classe como um todo, ou individualmente, como o
professor vai demarcando, por meio da entonação e dos modos de dizer, o que
é mais ou menos importante e o que não pode deixar de ser assimilado.
Os modos como os professores mobilizam a linguagem, formulam as
perguntas e operam com o diálogo da sala de aula revelam amplamente tanto
os modos de exercício do poder em classe, quanto as concepções de ensino
ali presentes (se opta por um ensino tradicional ou não).
Pessoais
A dimensão interpessoal está associada a como essa dimensão afeta,
positiva ou negativamente o ensino e a aprendizagem, bem como a
compreensão dos vínculos entre professor e alunos.
As relações interpessoais estabelecidas são assimétricas, na medida em
que a autoridade pedagógica, fundada na proximidade do contato do professor
com os saberes a serem aprendidos e com as formas de torna-los acessíveis
aos alunos. (Ou seja, o professor tem o saber e escolhe o método que quer
ensinar). É preciso haver cautela, a relação pode resultar em vínculos de
dependência, que se pretende abolir no final do processo de aprendizagem, o
professor torna-se desnecessário quando o aluno estiver formado).
Cognitivas
Essa dimensão da relação pedagógica se trata da relação com o
conhecimento, podendo ser representada por uma tríade (professor, aluno e
conhecimento que interagem entre si).
O sociólogo francês Bernard Charlot propõe que se usa a noção de
relação com o saber, para Charlot, apreender as relações com o saber
implica em criar mecanismo que permitam apreender as diversas
histórias singulares dos diversos alunos no sistema escolar, que não
podem ser suficientemente compreendidas pelas teorias sociológicas clássicas.
Importa explicar por que as crianças e jovens vão para a escola, além do fato
da obrigatoriedade, e estando nela, por que ali se estabelecem investimentos
muito desiguais para nela permanecer e tentar aprender os saberes
trabalhados.
Estudos têm mostrado o peso da demanda familiar, das representações
imaginarias que associam a escolarização a criação de oportunidades – gera
expectativas de que na escola seja útil para futuramente alcançar o sucesso
profissional. A partir dessas expectativas, os alunos irão traçar caminhos
diferentes e únicos, seja se decepcionado com as expectativas iniciais ou
reforçando-as. Os fatores que costumam ser apontados para a permanência e
sucesso são: empenho pessoal no estudo; influência positiva ou negativa dos
colegas e do ambiente da classe; além de fatores pessoais referente a
preferencia por determinados professores ou matérias do currículo.

Semana 4: Sala de aula: espaço e tempo de


interações com o saber
Texto:
A escola e o ensino: O núcleo da Didática
- A escola tal como conhecemos começou a ser
criada na Europa Ocidental, entre os séculos XVI e XVII.

Semana 5: Planejar, projetar, construir: os desafios


da organização do ensino
Vídeo aula:

Planejamento
- O planejamento é associado a: burocracia, mera formalidade, pouca
criatividade, resistência.
-Planejar é o ato de pensamento sobre a situação didática: o que eu
quero, e o que devo fazer para alcançar esse objetivo, tendo como resultado a
aprendizagem do aluno.
Relembrando:
Objetivos do trabalho docente:
 Ambíguos (tanto objetivos em relação ao conhecimento, quanto
as habilidades, e interações sociais);
 Gerais e ambiciosos, ensinar e formar uma cidadão;
 Heterogênea
 Resultado a longo prazo.
Natureza do objeto de trabalho
 Humano, pois ensinar não é como fabricar carro;
 Motivações individuais e sociais;
 O aluno é ativo e capaz de oferecer resistência;
 A indeterminação é o fato de não saber os resultados, mas
possuir autodeterminação, saber onde quer chegar; (no entanto
pode não acontecer);
Aspectos da relação professor e ensino:
 Multidimensionalidade, avaliar não somente o aluno, mas também
a si mesmo
 Colaboração do aluno
Aspectos do produto do ensino:
 O ensino é produto intangível, imaterial.
 Depende do professor
Planejamento tem tudo a ver com criatividade, e estratégia, tática de
ensinar contra as interferências, a favor do ensino e da realização profissional.

Vídeo aula:

Arquiteturas de ensinar e aprender: entre o planejar, fazer


e avaliar
O ensino como projeto
(Construir situações de aprendizagens)
Por que falar em projeto e não em planejamento? - É muito comum o
termo tradicional planejamento.
Planejamento – Planos em geral mais fechados e padronizados. Ex:
Diário dos professores.
Projetos – certa previsão, mas existem distinções importantes –
objetivos futuros, pode sofrer ajustes mediante compreensão da sala de aula
em questão.
Projeto
Diferentes níveis, personagens e propósitos:
-Sistema ensino
-Sala de aula
- Escolas
-Quais alunos?
-Quais conteúdos?
- Considerar as condições reais e não meramente ideais ...
Texto:
O Planejamento do Trabalho Pedagógico: Algumas Indagações e
Tentativas de Respostas
Planejamento: ato de idealizar, pensar, refletir metas para algo

Plano: materialização (produto) do planejamento, documento contendo os objetivos.

Qual é o sentido atual para o conceito de planejamento do ensino?


Atualmente o sentido atribuído é um formulário que os professores
preenchem e entregam à secretária da escola, padronizado e diagramado em
colunas. Em muitos casos os professores copiam ou fazem fotocópia do plano
do ano anterior e entregam, com a sensação de ser algo burocrático concluído.
Planejamento é um processo de reflexão (voltar atrás) pois é um
repensar, retomar, reconsiderar. Segundo Saviani, deve preencher esses três
critérios: 1) radical, ou seja, buscar a raiz do problema; 2) rigorosa, na medida
que se faz uso do método cientifico e 3) de conjunto, pois exige visão da
totalidade na qual está inserido.
Planejamento e Plano de Ensino podem ser tomados como
sinônimos?
Plano ≠Planejamento
Plano de ensino; documento elaborado pelo docente, contendo suas
propostas de trabalho, numa área e/ou disciplina.
Planejamento: Envolve a atuação concreta do docente no cotidiano de
seu trabalho pedagógico. Envolvendo todas as suas ações e situações.
Como formalizar o plano de ensino?
Repensar todo o ensino:
Para que ensinar e aprender... O que ensinar e aprender... Como e com
o que ensinar e aprender ... Quando e onde ensinar e aprender ... como e o
que foi efetivamente ensinado e aprendido.
Elaboração de Planos de Ensino, da forma como está sendo
praticada elimina o trabalho de preparo das aulas?
O preparo das aulas é muito importante para o profissional de educação
escolar. Durante a aula o educador faz mediação competente e crítica entre os
alunos e os conteúdos do ensino.
Como o livro didático pode auxiliar no preparo e desenvolvimento
do trabalho em sala de aula?
O Livro é um dos meios de comunicação no processo de ensinar e
aprender. Isso significa que o professor não necessita ficar limitado ao livro
didático. Função “pseudodocente” – quando o livro acaba sendo considerado o
“professor”, o que não deve ocorrer.
Qual é a prioridade do processo de planejamento? Elaborar o Plano
Escolar ou de Currículo, o Plano de Curso ou Plano de Ensino?
Os planos (escolar, de curso e de ensino) se complementam e compõe o
corpo do plano de currículo da escola.
Situação preocupante: Os professores precisam entregar diversos
planos, no entanto não possuem condições para o preparo das aulas, o que é o
mais fundamental. – Para reverter o quadro “recuperação do plano de ensino,
no sentido de preparo das aulas, facilitando o trabalho docente no processo
ensino-aprendizagem.
Quais aspectos necessitam ser considerados por uma
compreensão mais ampla da influência do tecnicismo no planejamento do
ensino?
Foi no contexto Ditadura Militar em que não havia espaço para reflexão,
as teorias de processos sistêmicos se instalaram para uma adesão acrítica por
parte dos educadores. O órgão criado, iniciou um programa de treinamento de
professores em “planejamento de currículo”, “planejamento de ensino”,
“interação professor-aluno” e “avaliação”, onde a racionalização era muito
enfatizada e reforçada. A partir de julho de 1970, os professores do Estado de
São Paulo treinaram-se a respeito dos “componentes do planejamento de
ensino: objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação”. Alçado no Behaviorismo
americano.
Como elaborar planos de ensino que superam a “tendência
tecnicista” que tanto afeta os processos do planejamento do ensino?
3 aspectos para transformação da realidade devem ser destacados:
 Transformação nas condições objetivas de trabalho do professor na
escola, é impossível falar em processo de planejamento para docentes
que permanecem 40 horas dentro da sala de aula.
 Transformações nos cursos que formam educadores, garantindo uma
formação crítica e competente, na qual os conhecimentos estejam
articulados com o comprometimento com a democratização da escola e
da sociedade brasileira;
 Aperfeiçoamento profissional.
A elaboração dos planos de ensino está inserida na subjetividade, do
mundo que temos e do mundo que queremos, da sociedade que temos e
daquela que queremos, da escola que temos e daquela que queremos.
Como vivenciar o processo de planejamento, incluindo o trabalho
com planos de ensino, de acordo com as necessidades de um bom
trabalho pedagógico?
1º: necessidade de transformação da realidade da escola-sociedade e
utilizar o planejamento como um dos meios disponíveis para efetivar
esta transformação.
2º: o grupo de educadores entenderem os problemas básicos da sua
escola, curso, disciplina e principalmente, das suas aulas.

Semana 6: Avaliar: o diálogo entre o ensino e a


aprendizagem

Vídeo aula: Avaliação da aprendizagem: Formativa ou Somativa?


- Contido na LDB. Art.24. Parágrafo V.
A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) Avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com
prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos
resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos
ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem
disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.
- Avaliação diagnóstica: para o professor organizar sua rotina.
Processual e formativa, a tradicional é classificatória (o que sabe, e o
que não sabe).
- Uma avaliação também deve ser avaliada, se não foi bem preparada
e/ou aplicada pode interferir no resultado obtido.
-A avaliação somativa é feita no final da ação pedagógico (já acabou), a
prova vem com intuito de avaliar o programa, muito embora a escola
apenas julgue o aluno, aprovado ou reprovado.
- A avaliação formativa feita durante o desenvolvimento do programa,
para poder rever estratégias de ensino, matérias pedagógicos utilizados.
- Avaliação em demasia? Prova Brasil, Saresp, e fora as avaliações
municipais. (externas e internas). O trabalho dos coordenadores tem
sido realizado em função das avaliações externas.
- Não existe avaliação ideial. O que determina é o contexto em que está
inserida, que é a criação de uma sociedade mais inclusiva.

Vídeo aula:
Caminhos e descaminhos da avaliação educacional
- Avaliação: emissão de um juízo julgamento baseado em um critério,
para tanto é preciso informações sejam coletadas. Aprovado e
reprovado, tradição mais forte. Romão cita que a escola faz anamnese,
ao duvidar, o professor faz exame clínico, aplica prova, se houve ainda
duvida, o professor faz exame laboratorial, segunda chamada, exame de
final de ano, etc. Se o aluno não aprendeu, ele é reprovado.
Diferentemente do tratamento medico, nós condenamos o aluno a
morte.
- Escola como mecanismo de ascensão social, e como não é para todos,
a escola cumpre esse papel de selecionar os melhores. Dimensão
politica, organiza a vida em sociedade, não totalmente. No entanto não é
tarefa da escola tal seleção (exclusão).
- Avaliações externas (pessoas, instituições que estão fora da escola) x
internas (professor como sujeito que controla tais avaliações)

Texto:
A necessidade e os bons usos da avaliação
O aluno já sabe sobre o conteúdo novo, mediante os conhecimentos
prévios, que serão base para uma reconstrução. Conhecer tais ideias e
representações se constitui como devida importância, pois permite na
construção de uma situação na qual o aluno terá de usar o que já sabe
para aprender o que ainda não sabe.
A necessidade de avaliar no inicio do processo é característica da
relação entre ensino e aprendizagem vistos numa ótica construtivista.
(constitui toda a bagagem de saberes que o aluno possui, oriundos de
diferentes fontes e que são pertinentes para a nova aprendizagem
proposta).
Tendo mapeados o conhecimento prévio dos alunos, nessa espécie de
avaliação inicial, e posto em prática o que foi planejado para fazer com
que os alunos avancem, é então demandado um novo tipo de
instrumento para verificar como estão progredindo – avaliação de
percurso – formativa ou processual- feita durante o processo de
aprendizagem.
É necessário compreender a diferença entre situações de aprendizagem
x situações de avaliação. É importante essa distinção, pois quando não
há clareza, o professor acaba propondo atividade formatada como de
avaliação pensando que está ensinando.
Situação de aprendizagem : circulação de informação (a cola é livre e
bem vinda)
Situação de avaliação: Individual, sem consulta.
A avaliação de aprendizagem é também avaliação do trabalhod o
professor
Necessidade de espaço coletivos de discussão do trabalho
pedagógico na escola e aimportancia da pratica de observação de aula
pelo coordenador ou orientador pedagógico – ou mesmo por um colega
que ajude a olhar de fora. Porque o professor está quase sempre tão
envolvido que, as vezes, não lhe é possível enxergar o que salta aos
olhos de um observador externo.
Se a maioria da classe vai bem e alguns não, estes devem receber
ajuda pedagógica
A escola precisa criar formas de apoio a aprendizagem (sistema de
apoio para que esses alunos nãos e percam pelo caminho).
Possibilidades:
-Atividades diferenciadas durante a aula
-trabalho conjunto desses alunos com colegas que possam ajuda-lo a
avançar;
-Intervenções pontuais que o professor pode propor;
-Encaminhamento de alunos a espaços escolares alternativos
-Pode fazer o mais achar conveniente o que não pode é abandonar o
aluno, e deixa-lo criando mais dificuldades, pois isso impede que a
escola cumpra o seu papel de ensinar.
É importante explicitar as bases do contrato didático que rege esse
trabalho, a fim de que todos os alunos saibam exatamente qual é a sua
finalidade e compreendam que não se destina aos menos inteligentes.

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