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ÂMBITOS DE APLICAÇÃO
Temos os seguintes:
A. Material
B. Temporal
C. Espacial
D. Subjetivo
Todavia, para a maior parte dos autores, costuma considerar-se uma terminologia diferente
reduzida a três: o material, o temporal e o subjetivo-espacial.
Artigo 81º
"O presente regulamento (…). Aplica-se a partir de 10 de janeiro de 2015, com exceção dos artigos 75. o e
76. o , que se aplicam a partir de 10 de janeiro de 2014.
O presente regulamento é obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável nos Estados-
Membros nos termos dos Tratados."
Artigo 24º
"Têm competência (…) os tribunais de um Estado-Membro, independentemente do domicílio das
partes: em matéria de direitos reais sobre imóveis e de arrendamento de imóveis, os tribunais do
Estado-Membro onde se situa o imóvel."
P.e. Autor e réu domiciliados nos EUA intentam ação sobre imóvel sito em Portugal. Em
princípio, os tribunais portugueses seriam competentes. Todavia, isto só se concluiria desta forma
depois de verificar se estaria ou não preenchido algum dos casos 'alternativos' previstos pelo art.º 6º
Reg.: artigos 4º, nº 1; 18º, nº 1; 21º, nº 2; 24º ou 25º Reg.
Os artigos 18º e 21º Reg. são os casos mais raros e menos suscetíveis de nos surgir no teste,
enquanto que os artigos 24º e 25º Reg. são os casos mais frequentes e suscetíveis de nos surgir no
teste.
Alguns destes artigos correspondem aos critérios de atribuição de competência que trataremos
em seguida.
Coloca-se aqui, todavia, o problema de que o art.º 7º Reg. não é verdadeiramente um critério
especial, mas antes, um critério concorrente ou alternativo. Falando concretamente dos Critérios
Especiais temos a destacar os seguintes artigos:
Artigo 7º Reg. – diz respeito a matérias do foro contratual e extracontratual, ações de
indemnização ou restituição fundadas em infração penal, ações cíveis fundadas no
direito de propriedade, litígios relativos a sucursais, litígios contra fundadores, trustee
ou beneficiários de trust, litígios relativos a remunerações devidas por assistência e
salvamento;
Artigo 10º Reg. – diz respeito a matéria de seguros;
Artigo 17º Reg. – diz respeito a matéria de contratos de consumo;
Artigo 20º Reg. – diz respeito a matéria de contratos individuais de trabalho.
Depois dentro do mesmo âmbito de cada um destes artigos existem outros em particular, que
os poderão derrogar, a saber:
Artigo 10º Reg. – pode ser derrogado pelo art.º 15º Reg;
Artigo 17º Reg. – pode ser derrogado pelo art.º 19º Reg;
Artigo 20º Reg. – pode ser derrogado pelo art.º 23º Reg.
Estes artigos podem derrogar os critérios gerais mas nunca os critérios exclusivos.
Os artigos 5º e 7º, nº 1 do Regulamento são artigos concorrentes ou alternativos que permitem
que os critérios especiais possam derrogar os critérios gerais especificamente, o art.º 4º Reg. O artigo
5º Reg. em concreto constitui verdadeiramente, uma norma programática através da qual podemos
derrogar a aplicação do artigo 4º Reg. Quanto ao artigo 7º geralmente surge em casos em que é
potencialmente aplicável a par do artigo 4º Reg. pelo que perante estas situações o autor pode
escolher entre meter a ação nos termos do artigo 4º Reg. ou nos termos do artigo 7º Reg.
Escrutínio do artigo 7º, nº 1 do Regulamento – temos 3 alíneas que versam sobre matérias
distintas:
Sobre matéria contratual;
Sobre matéria de venda de bens e prestação de serviços;
Meramente remissiva.
Como saber o local? Artigos 772º e 776º CC sempre que as partes não tenham definido o
local do cumprimento, isto, relativamente ao regulamento internacional. Fora do
regulamento internacional teríamos de atender ao Regulamento Roma I que nos
remeterá para a legislação nacional a aplicar.
PACTOS DE JURISDIÇÃO
(segundo o Assistente Dr. Diogo Pereira)
Temos requisitos:
Positivos (que têm de se verificar):
Contrato bilateral;
Por escrito - de acordo com os usos do comércio internacional;
Que identifique o objeto do litígio - determinabilidade;
Que adjudique a competência a um tribunal de um Estado-Membro.
*Pela letra do art.º 25º, nº 4 é dito que o pacto é ineficaz. Mas há outros autores (PCS e MTS) que
discordam e defendem o desvalor da invalidade e que o vício seria o da nulidade. A consequência típica é a
da redução (artigo 292º CC), e portanto, o contrato manter-se-ia válido mas agora, sem a cláusula que
gerou o vício. Esta nulidade contaminaria a totalidade do contrato se se verificasse que as partes não
teriam contratado sem a presença daquele facto/cláusula.
O artigo 24º versa sobre ações reais (1ª premissa e mais abrangente) e sobre ações reais sobre imóveis
sitos em Estado Membro (2ª premissa e mais restrita).
O Prof. MTS interpreta este artigo tendo em conta a 2ª premissa pelo que se seguíssemos a sua tese
aplicaríamos o artigo 25º (porque neste caso concreto excluímos a aplicação do art. 24º) sendo que os
tribunais competentes seriam os portugueses (isto quanto à resolução do caso prático 16 do caderninho
verde).
Já o Prof. Lima Pinheiro interpreta o art.º 24º tendo em conta a 1ª premissa pelo que se seguíssemos a sua
tese os tribunais competentes seriam os de Angola. Todavia, sabe-se que Angola não é um Estado Membro
pelo que os tribunais portugueses tal como os franceses teriam de se declarar incompetentes. Lima
Pinheiro entende assim porque tem como base a interpretação literal da letra do artigo, questões de
direito internacional privado e questões relativas à soberania dos Estados (p.e. Angola nunca iria permitir
que os tribunais portugueses viessem opinar sobre ações reais de imoveis sitos em Estados terceiros). À
partida a tese do prof. Lima Pinheiro será a mais sensata (dito pelo assistente Diogo Pereira).
Hierarquia a seguir:
1) o artigo 24º; e se não se aplicar…
2) o artigo 25º; e se não se aplicar…
3) o artigo 4º.
Imaginando que a tese do Prof. Lima Pinheiro prevalecia o que é que os tribunais portugueses
deveriam fazer? R.: Declarar-se incompetentes. Seria no caso uma incompetência absoluta por violação
das regras de competência internacional nos termos do artigo 96º, alínea a) CPC.
Essa incompetência absoluta seria de conhecimento oficioso de acordo com o art.º 97º, nº 1 - 2ª
parte CPC.
Este vício é uma exceção dilatória definida pelo artigo 576º, nº 2 CPC.
É uma exceção dilatória porque integra uma das causas previstas no artigo 577º, alínea a) CPC.
Os dois não podem ocorrer simultaneamente nos termos do artigo 99º, nº 1, 2 e 3 CPC por três
razões, a saber:
Porque cada uma ocorre em fases diferentes;
Porque no caso da absolvição do réu da instância temos réu constituído e a absolvição
implica a extinção do processo;
Porque no indeferimento em despacho liminar ainda não temos réu constituído e o
indeferimento implica também a extinção do processo.
Requisitos:
A ação é apresentada junto de um tribunal diferente daquele que é
legalmente/contratualmente determinado;
O réu comparece;
O réu não argui a incompetência absoluta;
Não se trata de uma matéria de conhecimento oficioso.
P.e.: Vamos imaginar que os tribunais competentes eram os espanhóis mas a ação é intentada
em Portugal. Em que termos são os tribunais portugueses competentes no âmbito do artigo 26º
Regulamento? R.: Só aplicamos o art. 26º do Regulamento depois de termos identificado qual o
tribunal competente ao nível internacional nos termos do Regulamento Comunitário.
De que forma é que um tribunal incompetente onde foi intentada a ação pode passar a tornar-
se competente? R.: Se o réu comparecer, apresentar p.e., uma contestação e argui a exceção dilatória
da incompetência absoluta do tribunal.
Quando se trate de matérias de conhecimento oficioso a arguição/opinião do réu seria
irrelevante. Já em matérias de conhecimento não oficioso (que são as previstas no art. 26º, nº 2 Reg.),
estas dependem da arguição do réu. E se o réu nada disser a ação continua e o tribunal não se pode
declarar incompetente.
P.e.: Temos uma ação de divórcio cujo tribunal competente seria o de Lisboa, mas a ação foi
intentada em Santarém. O réu compareceu e apresentou a contestação, mas não argui a incompetência
do tribunal. Quid iuris? R.: A matéria é de conhecimento oficioso. Os pactos de competência tácitos
constituem-se por força da verificação dos mesmos requisitos supra mencionados para os pactos de
jurisdição. Aplicação analógica: 95º, 103º, 104º e 573º CPC - se o réu não argui a incompetência em
matérias de conhecimento oficioso, o tribunal não pode declarar-se incompetente, e deve prosseguir
com a ação.
COMPETÊNCIA INTERNA
(segundo o Assistente Dr. Diogo Pereira)
Espécies:
A. em razão da matéria;
B. em razão da hierarquia;
C. em razão do território; e
D. em razão do valor da causa.
Desenvolvimento:
A. Em RAZÃO DA MATÉRIA…
Os tribunais competentes são os tribunais judiciais - artigos 64º CPC + 40º da Lei Organização
do Sistema Judiciário + 209º, nº 3 CRP.
Com competência residual são competentes os tribunais judiciais.
B. Em RAZÃO DA HIERARQUIA…
Os tribunais competentes são os tribunais judiciais:
Os tribunais de 1ª Instância (Comarca) – artigos 67º CPC + 42º e 79º LOSJ
Os tribunais da Relação – artigos 68º CPC + 42º e 73º LOSJ
O Supremo Tribunal de Justiça – artigos 69º CPC + 42º e 53º a 55º LOSJ
Com competência residual são competentes os tribunais de comarca nos termos do artigo 80º
LOSJ (por exclusão dos artigos 53º a 55º e 73º LOSJ).
C. Em RAZÃO DO TERRITÓRIO…
Estão em questão os artigos 70º a 84º CPC.
Qual é a relação entre os artigos 70º a 81º CPC? Quais aplicamos em primeiro lugar?
R.: Os artigos 70º a 79º CPC são especiais e por isso aplicam-se em primeiro lugar. Caso não se
apliquem então passamos à aplicação dos artigos 80º e 81º CPC, que são os gerais.
Somos remetidos primeiramente, para o artigo 81º LOSJ que nos diz que os tribunais de
comarca desdobram-se em instâncias centrais que integram secções de competência especializada, e
em instâncias locais que integram secções de competência genérica [e secções de proximidade].
Apenas releva para a matéria em estudo, a análise do artigo 117º (relativo à instância central)
em confronto com o artigo 130º (relativo à instância local) LOSJ.
O artigo 130º LOSJ é residual pelo que aplicar-se-á para todas as matérias em que se verifique
que não cabem em nenhuma das secções anteriores.
E é só isto que temos que saber no entender do Assistente Dr. Diogo Pereira.
COMPETÊNCIA INTERNA
(síntese retirada da Internet)
Segundo o artigo 60º, nº 2 CPC, na ordem interna, a jurisdição reparte-se pelos diferentes
tribunais em razão:
Da matéria
Do valor da causa
Da hierarquia
Do território
A. EM RAZÃO DA HIERARQUIA
Três graus de jurisdição (por ordem crescente):
Tribunais de 1ª Instância
Tribunais da Relação
Supremo Tribunal de Justiça
Em regra, uma ação não deve ser inicialmente proposta numa Relação ou no Supremo
Tribunal de Justiça.
Exceções - exemplos:
Relação - ações contra juízes por causa das suas funções;
STJ - crimes do Presidente da República praticados no exercício das suas funções.
B. EM RAZÃO DA MATÉRIA
São da competência dos tribunais judiciais as causas que não sejam atribuídas a outra
ordem jurisdicional - art.º 64º CPC.
D. EM RAZÃO DO TERRITÓRIO
Critérios Especiais:
Determinados por razões de proximidade das partes e do tribunal com a ação e o
seu objeto
Critérios gerais:
Residuais
Orientam-se por um principio de favorecimento do réu
Critérios exclusivos:
Aqueles que não podem ser objeto de um pacto de competência - artigos 95º, nº
1 e 104º CPC
Critérios supletivos:
Regra geral, podem ser afastados por um pacto de competência
D.1. Critérios Territoriais Especiais
1. Local da situação dos bens - Artigo 70º CPC:
Ações relativas a direitos reais sobre imóveis
Direitos pessoais de gozo
Ações de despejo
Ações de preferência e de execução específica
Ações relativas a hipotecas
Não se incluem:
Ações de anulação de contrato de compra e venda de imóvel
Ações de cumprimento de contrato em que se exige a entrega de coisa
imóvel
PLURALIDADE SUBJETIVA
Tribunal do domicílio do maior número de réus; se for igual [o número de réus], autor pode
escolher.
Na competência internacional:
Regulamento 1215/2012 - Artigo 8º, nº 1: autor pode escolher domicilio de qualquer
dos réus.
Direito Interno - Artigo 82º, nº 1 CPC: faz funcionar o Principio da Coincidência.
PLURALIDADE OBJETIVA
Vários pedidos independentes ou alternativos (haja um ou mais réus) - Artigo 82º, nº 2 CPC:
autor pode escolher qualquer um dos tribunais competentes.
Salvo se se tratar de uma incompetência de conhecimento oficioso (Artigo 104º CPC): neste
caso a competência é desse tribunal.
Vários pedidos dependentes ou subsidiários - Artigo 82º, nº 3 CPC: a ção deve ser proposta no
tribunal competente para a apreciação do pedido principal.
Havendo RECONVENÇÃO - Artigo 93º CPC: o Tribunal da ação é competente desde que tenha
competência internacional, em razão da hierarquia e da matéria.
COMPETÊNCIA CONVENCIONAL
PACTO DE JURISDIÇÃO
Nos restantes casos, a validade do pacto é analisada pelo direito interno do Estado Membro
designado (artigo 25º).
No Regulamento 1215/2012:
Forma - escrita ou verbal com confirmação escrita (Artigo 25º, nº 2 Regulamento)
Pacto tácito - artigo 26º Regulamento
Efeitos - competência exclusiva, a menos que as partes convencionem em sentido
contrário.
Nos termos do artigo 94º, nº 2 CPC, in fine, presume-se que a competência é concorrente com a
competência legal dos tribunais portugueses.
Só há pacto privativo quando for retirada aos tribunais portugueses a competência legal
concorrente.
Convenção pela qual as partes designam como competente um tribunal diferente daquele que
resulta das regras de competência interna.
Pacto só pode incidir sobre competência em razão do território - Artigo 95º, nº 1 CPC.
Fora dos casos do artigo 104º CPC.
INCOMPETÊNCIA
Verifica-se quando as normas não atribuem àquele tribunal competência para julgar aquela
ação.
Modalidades:
Incompetência absoluta
Incompetência relativa
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
Regulamento 1215/2012:
Artigo 27º: incompetência do tribunal portugues decorre de competência exclusiva de
outro Estado-Membro
Artigo 28º: incompetência do tribunal portugues decorre de competência do Estado-
Membro do domicilio do réu ou da aplicação de um critério especial e réu não
compareceu (cfr. Art.º 26º, nº 1 Regulamento)
Arguição:
Conhecimento oficioso
Momento limite de apreciação:
o Regra - artigo 97º, nº 1 CPC: até transito em julgado da sentença
o Exceção: incompetência material dentro da ordem judicial - artigo 97º, nº 2 CPC:
até proferimento de despacho saneador.
Efeitos - Artigo 99º CPC:
Absolvição do réu da instância
Indeferimento em despacho liminar, quando o houver
Havendo acordo das partes, pode, a requerimento do autor, haver remessa do processo para o
tribunal competente (mas há absolvição do réu).
INCOMPETÊNCIA RELATIVA
THE END