Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FRUTICULTURA I
FICHA TÉCNICA
Professores:
Madalena Barroso
Francisco Rodrigues
2013/2014
Índice
Bibliografia e Webgrafia 79
1.Importância e distribuição geográfica da Fruticultura
A fruticultura pode ser entendida como sendo o conjunto de técnicas e práticas aplicadas
adequadamente com o objetivo de explorar comercialmente plantas que produzam frutos
comestíveis.
Segundo Tamaro (1936), fruticultura é a arte de cultivar racionalmente as plantas frutíferas.
Além do conceito de fruticultura, o conceito de fruta e fruto também é variável conforme o autor.
Segundo Ferreira (1993), fruta é a designação comum às frutas, pseudofrutos e infrutescências
comestíveis, com sabor adocicado. Já o fruto é o órgão que resulta do desenvolvimento do ovário
depois da fecundação e onde se encontram as sementes.
Para facilitar a leitura, será adotado o termo fruta.
O cultivo de plantas frutíferas, ou fruteiras, caracteriza-se por apresentar aspetos importantes no
contexto socioeconómico de um país, tais como:
a) Utilização intensiva de mão-de-obra;
b) Possibilitar um grande rendimento por área, sendo por isso uma ótima alternativa para pequenas
explorações agrícolas;
c) Possibilitar o desenvolvimento de agro-indústrias, tanto de pequeno quanto de grande porte;
d) Contribuir para a diminuição das importações;
e) Possibilitar o aumento nas divisas com as exportações;
f) As frutas são de importância fundamental como complemento alimentar, sendo fontes de vitaminas,
sais minerais, proteínas e fibras indispensáveis ao bom funcionamento do organismo humano.
“Surpresa na crise: a fruta está a vender como pãezinhos quentes. Legumes e fruta nacionais são
preferidos
20/07/2013 | Dinheiro Vivo
Os portugueses são grandes compradores de fruta: por semana, compram entre 2 e 5 kg, aos quais se
somam cerca de 2 kg de vegetais e legumes e 2 a 5 kg de batata. A grande novidade é que os
portugueses são exigentes na hora de escolher aqueles produtos e não há promoção que os convença a
comprar fruta espanhola ou legumes franceses. “O consumidor escolhe primeiro o que é português,
não por ser patriótico, mas porque tem consciência de que os produtos portugueses são bons e até
mais seguros do que os importados”, adianta Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional
das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP).
Não é uma questão de patriotismo e as exportações do sector comprovam a competitividade dos
produtos hortofrutícolas portugueses. Este ano poderão duplicar em relação a 2010. “Exportámos 600
milhões de euros em 2010, 800 milhões em 2011 e em 2012 ficámos pelos 920 milhões. Este ano,
vamos bem encaminhados e vamos ultrapassar os mil milhões”, congratula-se Domingos dos Santos.
A fruta portuguesa não pode ser imitada. O Atlântico arrefece o clima e dá mais tempo à fruta na
árvore e, por isso, tem mais paladar do que a fruta espanhola”, explica o produtor. O Brasil está
2
completamente rendido à pera rocha, que representa, sozinha, entre 10 e 15% das exportações do
sector.”
Graças à qualidade e especificidade dos nossos frutos, 14 deles já foram distinguidos com Designação
de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP). São eles os seguintes:
O gráfico seguinte mostra as produções totais das principais espécies de fruteiras em Portugal, obtidas
em 2008 (valores estatísticos oficiais mais recentes). Os valores são expressos em toneladas.
No que se refere à uva de mesa, embora não constando das estatísticas oficiais, sabe-se que em 2012
só a empresa Vale da Rosa (Alentejo) vendeu em Portugal 4500 toneladas de uva de mesa e exportou
1200 toneladas, das quais quase metade sem grainha.
3
Fonte: Anuário Agrícola 2011
4
• A vinha para produção de vinho é
cultivada em todas as regiões, dando
origem a vinhos de características muito
variadas mas todos eles de alta qualidade.
5
Área ocupada pelas principais espécies e respetivas produções (2011- 2012)
2.Generalidades
A maioria dos frutos é o resultado do desenvolvimento do ovário da flor após a fecundação,
originando assim as sementes. Algumas frutas, porém, resultam do amadurecimento do ovário mesmo
sem fecundação, produzindo frutos partenocárpicos, como é o caso da banana, do abacaxi e de
algumas cultivares de uvas e citrinos.
Quedas fisiológicas das frutas
Ao longo de todo o processo de desenvolvimento dos frutos, ocorrem uma série de fenómenos
fisiológicos, que provocam a queda dos mesmos. Também podem ocorrer, em qualquer momento, as
quedas acidentais que são provocadas por ventos, chuvas de granizo, doenças, pragas, entre outras.
a) Queda das frutas no vingamento – nesta fase ocorre a queda de flores e frutos mal fecundados.
Pode acontecer uma queda de até 95% da floração total. Esta situação pode ser agravada quando
ocorrerem, simultaneamente, geadas, chuvas em excesso ou falta de polinização;
b) Queda no crescimento dos frutos - neste período ocorre uma competição entre os frutos,
normalmente no final do período de multiplicação celular e início do engrossamento da fruta.
Neste período podem cair de 10 a 30% dos frutos presentes na planta. Esta situação pode ser
agravada por problemas nutricionais e climáticos;
c) Queda pré-colheita - forma-se uma camada de abscisão entre o fruto e o pedúnculo, o que facilita
a queda dos frutos. Este processo é mais comum em algumas espécies frutíferas, como a macieira
e a pereira. Alguns fenómenos climáticos podem agravar ainda mais a situação, tais como
períodos de seca, ventos, pragas e doenças. Os frutos caem antes do tempo e, quase sempre,
estão ainda inadequados para o consumo.
6
O uso de fito hormonas, tais como o ácido naftaleno acético (ANA), em baixas concentrações na forma
de pulverizações, pode diminuir os efeitos da queda pré-colheita.
Na Tabela são apresentadas as principais espécies frutíferas cultivadas com o respetivo nome
científico, nome da família e subfamília.
FRUTAS EM BAGAS
FRUTAS EM HESPIRÍDIO
MULTIFRUTOS
7
Framboesa Rubus spp. Rosácea Rosoidea
8
NOME COMUM NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SUB-FAMÍLIA
INFRUTESCÊNCIAS
Figueira Ficus carica Morácea Artocarpoidea
Amoreira branca Morus alba Morácea Moroidea
Amoreira-preta Morus nigra Morácea Moroidea
FRUTAS SECAS
Nogueira europeia Juglans regia Jungladácea -
Nogueira americana Carya illinoensis Jungladácea -
Castanheiro Castanea sativa Fagácea -
Amendoeira Prunus amygdalus Rosácea Prunoidea
Aveleira Corylus avellana Betulácea
FRUTAS TROPICAIS E SUBTROPICAIS
Bananeira Musa spp. Musácea -
Abacaxizeiro Ananas comosus Bromeliácea -
Mangueira Mangifera indica Anacardiácea -
Mamoeiro/papaeira Carica papaya Caricácea -
-
Maracujazeiro Passiflora edulis Passiflorácea
-
Goiabeira Psidium guajava Mirtácea -
Abacateiro americano Persea americana Laurácea
Com o conhecimento trazido pela globalização, as novas técnicas aplicadas à produção e a nossa
diversidade climática é possível produzir em Portugal fruteiras de climas temperados mas também as
de clima sub tropical e tropical. É pois importante conhecê-las.
a) Fruteiras de clima temperado - as principais características apresentadas por essas plantas são:
• Hábito caducifólio (plantas de folha caduca);
• Só dão fruto uma vez por ano;
• Necessidade de frio para haver indução floral;
• Maior resistência às baixas temperaturas;
• Necessidade de temperatura média anual entre 5 e 15°C para crescimento e desenvolvimento.
As principais plantas frutíferas de clima temperado são pessegueiro, macieira, pereira, videira,
ameixeira, marmeleiro, quivi, cerejeira, nogueira, entre outras.
b) Fruteiras de clima subtropical - as principais características apresentadas por essas plantas são:
• Nem sempre apresentam hábito caducifólio;
• Têm mais de uma produção por ano;
• Menor resistência a baixas temperaturas;
• Pouca necessidade de frio no período de inverno;
• Necessidade de temperatura média anual de 15 a 22°C.
As principais frutíferas de clima subtropical são os citrinos (laranja, limão, tangerina), abacateiro,
diospireiro, nespereira, entre outras.
9
c) Fruteiras de clima tropical - as principais características apresentadas por essas plantas são:
• Podem ter mais que uma produção por ano;
• Apresentam folhas persistentes;
• Não toleram temperaturas baixas necessitando de temperatura média anual entre 22 e 30°C.
As principais frutíferas de clima tropical são bananeira, cajueiro, abacaxizeiro, mamoeiro/papaeira,
mangueira, maracujazeiro, coqueiro, entre outras.
Ameixeira No semestre seco (Abril a Setembro) para as variedades europeias com destino à secagem,
a soma das temperaturas médias mensais devem ser de 120 a 130ºC; precipitações
esporádicas inferiores a 180mm e nitidamente escassas no vingamento; insolação acima
das 1700 horas.
Amendoeira/ Oliveira Temperatura média superior a 22ºC durante todo o Verão, com a evaporação a ultrapassar
os 600mm; insolação de Abril a Setembro superior a 1750 horas; neste período a
precipitação deverá estar abaixo dos 170mm e ser dispersa; no Verão, humidade relativa
média menor que 45%.
Aveleira Gradiente térmico entre as médias de Janeiro e Julho superior a 14ºC; precipitação anual
acima de 800mm (maior que 230mm no semestre seco); fotoperíodo específico em que a
insolação média deverá oscilar entre as 14,6 e as 15 horas no mês de Julho e 9 a 9,4 horas
durante Dezembro; evaporação menor que 750mm no semestre seco.
Castanheiro Pluviosidade anual superior a 800mm. A média das temperaturas de Dezembro, Janeiro e
Fevereiro inferior a 7ºC. Altitude máxima de 1100m. Temperaturas muito elevadas nos
meses de Julho e Agosto, associadas a uma escassez de água no solo, dão origem a um
menor vingamento do fruto.
Cerejeira Temperaturas médias em Janeiro inferiores a 8ºC; gradiente entre Janeiro e Julho superior
a 13ºC; a partir do início de Maio e durante o Verão, temperatura média mensal acima dos
15ªC. Precipitação anual maior que 800mm, mas com épocas de vingamento do fruto
relativamente secas ou com movimento do ar.
Ginjeira A partir do início de Maio e durante o Verão, temperatura média mensal acima dos 15ªC;
requer protecção dos ventos gelados no Inverno. A poda deve ser realizada no Verão para
evitar o aparecimento de doenças.
Medronheiro A produção de medronho está bastante dependente das geadas em virtude da floração
ocorrer entre Outubro e Dezembro. Por esse facto a frutificação é bastante irregular.
Nogueira Somatório térmico médio do semestre seco entre 105 e 120ºC. Curtas quedas
pluviométricas (de horas) nesse período. Luminosidade entre 1500 a 2050horas. É
importante não haver geada entre a formação dos frutos e até que estes atinjam os 20mm
de diâmetro, seguidas de altas temperaturas para manter a sua epiderme.
Pereira Somatório das temperaturas médias mensais entre Outubro e Janeiro de 40 e 60ºC. As
10
exigências em humidade relativa são idênticas às ad macieira: Temperaturas médias anuais
entre 13 e 17ªC
As espécies fruteiras podem apresentar tamanho e formas muito diferentes. Assim elas podem ser:
a) Arbóreas - apresentam grande porte e tronco lenhoso. Exemplos: macieira, pessegueiro, cerejeira,
mangueira, abacateiro, nespereira e nogueira.
b) Arbustivas - apresentam porte médio e caule menos resistentes. Exemplos: figueira, amoreira e
romãzeira.
c) Trepadeiras - apresentam caule sarmentoso e/ou provido de gavinhas. Exemplos: videira,
maracujazeiro e quivi.
d) Herbáceas - apresentam porte baixo, rasteiras ou com pseudo caules. Exemplos: bananeira,
morangueiro e abacaxizeiro.
11
Enquanto as folhas não estiverem desenvolvidas, a planta recorre às suas reservas para se alimentar.
Estas reservas, que foram produzidas pelas folhas no período vegetativo anterior, actuam em todas as
zonas da planta, até que as novas folhas atinjam tamanho suficiente para elaborarem mais seiva
elaborada.
Os acidentes atmosféricos (geadas, granizos, ventos, frios, etc..) podem provocar prejuízos
importantes nesta altura.
É durante a maior parte da primavera e do verão que se verifica a maior actividade vegetativa da
planta.
Enquanto os ramos e os frutos crescem, vão-se reduzindo as reservas em nutrientes e água do solo. A
falta de qualquer destes elementos no terreno pode paralisar os crescimentos dos ramos e dos frutos
e até provocar a queda destes.
O enfraquecimento da actividade vegetativa ocorre normalmente durante o outono e é influenciado
pela redução da humidade do solo, pelo abaixamento da temperatura e pela menor duração dos dias.
A seiva elaborada passa a ser superior às necessidades de consumo da planta e, como ainda é
produzida com abundância, dá-se a sua acumulação sob a forma de reservas, tanto no caule como nas
raízes. Os ramos endurecem com a lenhificação dos seus tecidos. A planta prepara-se assim para
entrar num novo período de dormência.
12
Apesar do papel que a acumulação de reservas tem na futura rebentação das árvores de ambos os
grupos, a sua importância é maior nas caducifólias que completam o seu armazenamento mais cedo.
2.3. Órgãos de vegetação e frutificação
A grande maioria das plantas fruteiras passa por duas fases distintas:
- A primeira é a juvenil ou de crescimento ativo. Nesta fase só produzem gomos foliares e/ou
mistos, aqueles que irão dar origem a folhas e a ramos.
- A segunda é a fase adulta ou reprodutiva. Nesta fase além dos gomos foliares produz também
gomos florais.
Gomo
Gomo
f li
fl l
Gomo
fl l
-Posição
• Os terminais ou apicais, situam-se no topo dos ramos.
• Os axilares ou laterais, situam-se aos lados das varas ou ramos. É por eles que estas se
ramificam.
• Os adventícios, nascem ao acaso em qualquer parte do tronco ou dos ramos e dão origem aos
“ladrões”.
-Número
• Se apenas existir um em cada axila, chamam-se solitários.
• Grupados, quando existem vários em cada axila.
13
14
-Evolução
• Quando se formam e evoluem no mesmo período vegetativo, chamam-se de formação
pronta.
• Se forem formados num ano e evoluírem no ano seguinte, são hibernantes.
• Dormentes, se só evolucionam passados vários anos — por vezes muitos —, depois de se
terem formado. Podem mesmo nunca evolucionar. Tornam-se úteis se se pretendem renovar
a copa envelhecida ou mutilada.
Certas fruteiras frutificam em ramos frutíferos, que são ramos especializados de duração mais ou
menos longa. Estes, no geral, devem poupar-se na poda.
As fruteiras de clima temperado como a pereira, macieira, ameixoeira, ginjeira, cerejeira,
damasqueiro, amendoeira, alfarrobeira, frutificam nestes ramos. Classificam-se em:
-Dardos
São ramos curtos, com entrenós muito próximos, de casca engelhada e cheia de cicatrizes. O seu
crescimento é lento e apresenta um gomo foliar (pontiagudo) na extremidade. Podem dar origem a
novos dardos, ramos de madeira, esporões ou a verdascas.
Se não se transformam, é sinal de fraqueza da árvore e, devem fazer-se podas mais curtas e adubações
equilibradas. O seu comprimento, em geral, não vai além de oito centímetros.
-Esporões
Os dardos, em geral, no terceiro ano transformam-se em esporões. Estes têm, na sua extremidade, um
gomo floral (arredondado) que desabrocha na Primavera seguinte e dá origem a flores. Os esporões da
pereira, macieira e cerejeira podem produzir durante muitos anos, chegando a ultrapassar os 20 anos.
Muitas vezes, os esporões no quarto ano dão fruto e um dardo e, no quinto, esse dardo transforma-se
de novo em esporão. Podem em casos especiais, formar-se no segundo ano, quando provenientes de
gomos de formação pronta. Os esporões podem ser retos, tortuosos ou em ramalhete. Por vezes
15
formam-se “bolsas” que não são mais que engrossamentos devidos à acumulação de reservas. Nestas
podem aparecer “verdascas”.
Os esporões prolongam-se sempre por gomos laterais pois, como se disse, o último é floral.
-Verdascas
São ramos delgados, flexíveis, compridos e terminados por um gomo floral. São ramos frutíferos. No
primeiro ano não dão fruto mas podem transformar-se em ramos frutíferos.
-Ramos mistos
Trata-se de ramos mais ou menos compridos e providos de gomos florais, foliares ou mistos. Estes
ramos têm uma função dupla, porque não só asseguram a frutificação com os seus gomos florais como
os gomos foliares garantem a expansão da copa.
16
A figura mostra um esporão tortuoso com 8 anos
e as bolsas resultantes da acumulação de
reservas no sítio onde se criaram os frutos.
A – Gomos florais
B – Gomos foliares
C – Cicatrizes deixadas pelos pedúnculos dos
frutos
2.3.3.2 Prunóideas
A B C
A – Ameixeira do tipo europeu
B – Ameixeira do tipo japonês
C – Esporões de uma ameixeira americana com 9 anos
As ameixeiras pertencem a grupos diferentes: ameixeiras do tipo europeu (Rainha
Cláudia), do tipo japonês e do tipo americano.
As ameixeiras do tipo europeu frutificam sobre esporões e ramos mistos.
As outras frutificam apenas sobre esporões e só raramente apresentam gomos florais
nos ramos do ano.
Os ramos de madeira abundam nas variedades europeias sendo muito raros nas
outras, onde os lançamentos anuais são em regra ramos mistos.
17
Na ameixeira abundam os gomos dormentes e adventícios pelo que emite ramos
ladrões com muita facilidade.
Os esporões apresentam muitas vezes o aspecto de ramalhete, sendo o gomo terminal
e alguns laterais foliares e os restantes florais.
Os esporões novos dão frutos melhores do que os muito velhos.
O mais frequente é cada gomo floral da ameixeira dar origem a 2 flores.
18
Cerejeira (Prunus avium)
19
renovação da copa mas também a podem
desequilibrar
Estas espécies frutificam a partir de gomos mistos A oliveira frutifica sobre os gomos hibernantes
e de exclusivamente florais que se encontram na existentes nas axilas das folhas dos ramos de um
axila das folhas situadas nos ramos com menos ano, que no fim do inverno se transformam em
de um ano. A laranjeira e tangerineira frutificam florais. Os ramos de dois ou mais anos não
principalmente na zona exterior da copa. Nestas produzem ramos florais. Convém estimular o
espécies é frequente aparecerem ramos verticais aparecimento de ramos do ano, através dos
e vigorosos de folhas largas que se comportam cuidados culturais. É importante evitar parti-los
como ramos ladrões durante a colheita. Suporta grandes podes mas
20
reage produzindo muitos ramos ladrões na base
da árvore.
3.Poda
A PODA é o conjunto de cortes executados numa árvore, com o objetivo de regularizar a produção,
aumentar e melhorar os frutos, mantendo o completo equilíbrio entre a frutificação e a vegetação
normal.
A poda é uma das práticas culturais realizadas em fruticultura que, juntamente com outras atividades,
como a fertilização, irrigação e drenagem, controlo fitossanitário, afinidade entre enxerto e porta-
enxerto e condições edafoclimáticas, torna o pomar produtivo.
Para que a poda produza resultados satisfatórios é importante que seja executada levando-se em
consideração a fisiologia e a biologia da planta e seja aplicada com moderação e oportunidade.
Épocas de poda
Árvores de folha caduca
A poda faz-se quando se encontram despidas de folhas. Nas regiões frias e onde são frequentes os
gelos e geadas, deve fazer-se mais tardiamente para que a cicatrização não fique prejudicada. As
podas tardias provocam muitas vezes a “chora” (“sangrar” de seiva).
Árvores de folha persistente
Faz-se depois da colheita dos frutos e antes do abrolhamento dos gomos. Devem ser feitas durante o
período de repouso vegetativo. Não se deve podar com tempo de vento forte e frio, nem de geada.
Podas de Verão
Os citrinos podem ser podados nesta altura, quando não tiver sido possível podar no curto intervalo de
tempo que vai da colheita à nova floração.
As podas de Verão são podas em verde e servem para suprimir ramos ladrões (em Maio e Junho),
despontar alguns ramos e fazer poda de formação.
21
Efeitos da poda
1 - Sem poda
A árvore fica maior e entra mais cedo em
frutificação. No entanto fica mal formada, com
má disposição de pernadas e ramos e copa mal
iluminada. Dá muitos frutos mas pequenos.
2 – Poda severa
Boa distribuição das pernadas, ramos, folhas e
frutos. No entanto só inicia a frutificação muito
tarde, quando estiver enfraquecida pelos cortes
severos. Os ramos ficam com curvaturas e feridas
e a árvore dura menos. Este tipo de poda só se
admite no início da formação da árvore pois é a
situação mais desfavorável.
3 – Poda mediana
Pernadas, braços e ramos bem localizados. Copa
bem iluminada. Frutos maiores com mais cor.
Com uma arborescência semelhante à natural, a
árvore viverá mais anos.
3.1. Fundamentação
A poda não é uma ação unilateral.
A planta vai ensinando a quem a está a executar. Mas, para isso, é preciso respeitar o seu ritmo,
entender e conhecer a sua fisiologia, saber qual é o momento certo da intervenção.
A poda baseia-se em princípios de fisiologia vegetal, princípios fundamentais que regem a vida das
fruteiras. Um desses princípios mais importantes é a relação inversa que existe entre o vigor e a
produtividade.
O excesso de vegetação reduz a quantidade de frutos, e o excesso de frutos é prejudicial à qualidade
da colheita. Assim, conseguimos entender que a poda, visa justamente estabelecer um equilíbrio entre
esses extremos.
Mas deve ser efetuada com extremo cuidado. Se efetuada no momento impróprio, ou de forma
incorreta, a poda pode gerar uma explosão vegetativa muito grande, causando um problema ainda
maior para o produtor.
Não esquecer que:
a) A seiva dirige-se com maior intensidade para as partes altas e iluminadas da planta;
b) A circulação da seiva é mais intensa em ramos direitos e verticais;
c) Quanto mais intensa for a circulação de seiva, maior será o vigor nos ramos, maior será a vegetação
e, ao contrário, quanto maior a dificuldade na circulação de seiva mais gomos florais serão formados;
d) Cortada uma parte da planta, a seiva fluirá para as partes que ficam, aumentando-lhe o vigor
vegetativo;
e) Podas curtas (severas) têm a tendência de provocar desenvolvimento vegetativo, retardando a
frutificação;
f) Diminuindo a intensidade de circulação de seiva, o que ocorre no período após a maturação dos
frutos, verifica-se uma correspondente maturação de ramos e de folhas. Nesse período, acumulam-se
22
grandes quantidades de reservas nutritivas, que são utilizadas para transformar os gomos foliares em
gomos florais;
g) O vigor dos gomos depende da sua posição e do seu número nos ramos, geralmente os gomos
terminais são mais vigorosos;
h) O vigor e a fertilidade de uma planta dependem, em grande parte, das condições climáticas e
edáficas;
i) Deve haver um equilíbrio na relação entre copa e sistema radicular. Este equilíbrio afeta o vigor e a
longevidade das plantas.
A redução do sistema aéreo pela poda, qualquer que seja o método utilizado, leva consigo uma perda
mais ou menos importante das reservas contidas na madeira suprimida e na diminuição do número de
folhas, ou seja, de órgãos que realizam a fotossíntese.
Nos primeiros anos de vida, toda a energia produzida é gasta para o próprio crescimento da planta
(mais azoto que carbono). Depois de formadas as estrutura da planta, então começa a sobrar seiva
elaborada, que se transforma em reserva e é armazenada na planta (mais carbono que azoto).
Então, a planta, através destas reservas, pode transformar os gomos foliares em botões florais.
Esta acumulação é maior nos ramos novos e finos, do que nos ramos velhos e grossos.
O equilíbrio entre a fase vegetativa e a fase reprodutiva é esquematizado na Tabela seguinte, onde se
considera a relação entre o carbono e o azoto nas diferentes fases da vida da planta.
23
Relação esquemática entre carbono (C) e azoto (N) em diferentes fases da vida da planta
24
• Escada
Os instrumentos utilizados na poda devem ser leves, para maior facilidade de manuseamento e para
menor esforço do operador. Devem estar afiados, limpos, lubrificados e desinfectados.
A desinfeção é cada vez mais importante para evitar a transmissão de vírus, fungos e bactérias. Num
dia de poda é aconselhável que os utensílios sejam desinfetados a meio e ao fim do dia.
As árvores de um pomar com desenvolvimento anormal devem ser podadas só no final. Em geral,
utiliza-se o álcool como desinfetante.
Convém recordar que nas tesouras só se afia a lâmina e que esta também só é afiada do lado de fora.
A lubrificação da tesoura reduz o esforço do operador na execução dos cortes e aumenta a
durabilidade do equipamento.
É necessário que, juntamente com os instrumentos, se disponha de uma pasta cicatrizante (pasta
bordalesa, por exemplo), que deve ser pincelada sobre os cortes acima de 3,0cm de diâmetro para
evitar a penetração de micro organismos patogénicos (que provocam doenças).
Hoje em dias em muitas explorações a poda é mecânica, o que representa um grande rendimento. No
entanto, o uso de máquinas não permite que se tenha uma poda seletiva de ramos.
Ramos a eliminar:
1 – Ramos que se dirigem para o interior e
fecham muito a copa
2 – Ramos que se tocam ou se cruzam
3 – Ramos que se emaranham uns nos outros
4 – Ramos que crescem paralelos
5 – Ramos ladrões e os que pelo
alongamento desequilibram a copa
6 – Muitos ramos inseridos no mesmo ponto
A intensidade da poda depende da idade da planta, número de pernadas, vigor e hábito de vegetação,
da distância entre os gomos e do estado nutricional da planta. Quanto à intensidade a poda pode ser
classificada em:
a) Curta - supressão quase total do ramo, deixando-se apenas de 1 a 2 gomos;
b) Longa - supressão de parte do ramo, deixando-o com 40 a 60cm de comprimento;
c) Média - supressão de 50% do comprimento do ramo, em média.
25
Operações e métodos de poda
O conhecimento das diferentes operações da poda é da maior importância, porque a sua oportuna
aplicação permite encaminhar determinado ramo para s frutificação ou para o desenvolvimento
lenhoso, segundo as conveniências.
As operações da poda tanto incidem sobre os ramos atempados (poda de inverno) como sobre os
ramos herbáceos (poda de verão ou poda em verde).
As operações executadas na poda de inverno são:
- Desramações, atarraques, atarraques sobre ramo lateral
As operações mais importantes da poda em verde são:
- Desladroamentos, desramações e despontas.
Quera poda de inverno, quer a poda em verde, podem ser complementadas por:
- Empas e inclinações
Desponta – consiste em suprimir a extremidade dos lançamentos ainda herbáceos, às vezes sem
necessidade de uma tesoura. Usa-se muito na vinha.
26
Desladroamento
Consiste na supressão dos
rebentos provenientes de gomos
adventícios, gomos dormentes ou
do porta enxerto, como na figura à
esquerda (ramo 1)
Na vinha é habitual fazer o
desladroamento mecânico (figura
à direita)
27
Nos atarraques os cortes devem fazer-se com
uma inclinação regular (figura A) começando do
lado oposto ao gomo, mas ao seu nível, e
terminando 0,5 a 1cm acima dele, conforme a
grossura do ramo.
Na afigura B vemos um mau corte por ter sido
feito abaixo do nível do gomo, ocasionando o
enfraquecimento da inserção do novo ramo e a
Atarraques em ramo do ano representando-se a interrupção dos vasos condutores da seiva. Diz-se
negro o ramo atarracado e a ponteado o popularmente que o gomo fica “descalço”.
resultado ano seguinte
A – Boa inserção e cicatrização A figura C mostra outro corte errado, porque
B – Cicatrização dificultada e inserção deixa um coto muito alto que seca e apodrece,
enfraquecida impedindo a cicatrização.
C – Impossibilidade de cicatrização e provável
apodrecimento do galho.
As desramações devem-se fazer bem Iniciar como na figura B, fazendo dois cortes.
rentes, sem exagerar a extensão da Assim, ao partir, fica como em C, evitando
ferida, para facilitar a cicatrização e esgaçar como em A.
evitar o posterior aparecimento de
Para finalizar a supressão do ramo continua-se a
ladrões.
serrar por 2, procurando deixar o corte o mais
Na figura acima só o corte representado liso possível.
pela letra F está correto O corte de ramos de grandes dimensões sem esta
técnica danifica o tronco, pois provoca o
descascamento ou remoção do lenho.
28
Esta protecção é defendida por um grande número de autores, havendo a considerar dois tipos de
desinfecção:
• Protecção mecânica, em que apenas se recobre a ferida com um selante. Esta protecção
deverá ser feita imediatamente após a poda e funciona como uma barreira física impedindo a entrada
dos esporos dos fungos. Não desinfecta e não cura.
• Protecção química, que poderá ter uma acção apenas de contacto, ou algum efeito sistémico.
No nosso país encontra-se homologado, para protecção e desinfecção (contacto) de feridas de poda
(em geral) o fungicida cúprico “Gafex” (Pó molhável (WP) com 26,6% de cobre sob a forma de
oxicloreto de cobre, aplicado como pasta (1kg de produto para um litro de água).
A Sapec também comercializa um produto para este fim que se chama ESCUDO®. O ESCUDO®, é
actualmente a única especialidade fitossanitária homologada para a protecção das feridas de poda
contra a Esca e Eutipiose da vinha, autorizado em Protecção Integrada.
29
Poda de formação durante os três primeiros anos
30
3.7.3.1 Formas livres
No caso das árvores de folha caduca, as duas principais formas usadas hoje em dia nos pomares
industriais, são o VASO e a PIRÂMIDE (também conhecida como EIXO CENTRAL), cada um com
vantagens e inconvenientes e continuando a dar muita polémica. Como em muitos outros casos na
agricultura, não há verdades absolutas.
Seguem-se breves considerações sobre ambos os sistemas de condução.
Preferencialmente a árvore deve ser transplantada com um ano de idade, não só para garantir um
bom pegamento e um bom arranque da vegetação, como também para evitar a poda de formação no
viveiro que nem sempre satisfaz.
VASO - Para obter a forma em VASO, começa-se por atarracar a vareta à altura conveniente. Também
aqui não há consenso e essa altura pode ir de 50cm a 150cm.
Este sistema de condução é utilizado para pessegueiro e ameixeira, podendo também ser utilizado em
macieiras, pereiras e marmeleiros.
Nos casos mais felizes desenvolvem-se ramos bem localizados que permitem estabelecer o vaso com 3
a 4 pernadas, logo ao segundo ano.
Quando isso não acontece, ou quando queremos mais pernadas, é necessário que um lançamento seja
levado à vertical a fim de prolongar o eixo da planta e obter as restantes pernadas.
2º ANO 3º ANO
31
eliminação dos gomos da obtidas
base
32
Formação da pirâmide Pirâmide - Resultado final
Na poda de formação é indispensável interpretar as principais aptidões dos ramos para conseguirmos
favorecer o desenvolvimento de uns ramos e diminuir o desenvolvimento de outros.
Assim, é importante não esquecer que:
• Os últimos gomos do ramo são os que dão origem a lançamentos maiores; Quando se cortam
os gomos terminais favorece-se o desenvolvimento dos ramos laterais;
• Os ramos que crescem na vertical geralmente não frutificam;
• Os ramos próximos da horizontal, ou caídos, são os que têm maior tendência para frutificar;
• As curvas e cicatrizes numerosas nos ramos prejudicam o seu desenvolvimento;
• A rebentação dos ramos podados é tanto mais vigorosa quanto mais intensos forem os
atarraques;
• A rebentação dos ramos (podados ou não) diminui se houver ramos perto com frutos;
Quando se atarracam os ramos das árvores em formação, deve-se ter cuidado com o sítio por onde se
corta. O último gomo, ou os dois últimos, deixados devem ficar dirigidos para o lado que se deseja
preencher. Por isso:
• Se um ramo estiver demasiado na vertical atarraca-se por um gomo que esteja virado para
fora para que o faça abrir;
• Se estiver muito na horizontal, o último gomo deixado deverá estar virado para dentro para o
fechar mais;
• Quando o ramo está perto de um vazio na copa que se pretende preencher, atarraca-se sobre
um gomo dirigido nessa direcção.
33
Muitas vezes é vantajoso usar tutores e canas
para obrigar alguns dos ramos principais a
ficarem numa posição mais conveniente (nem
demasiado fechada, nem demasiado aberta).
O corte correto é o B, em que o ramo guia fica O corte C está mal porque o ramo guia ficou mais
nitidamente maior que o outro. curto que o lateral. Qualquer uma das outras
opções está correta.
Na situação de dois ramos a crescerem quase Quando dois ramos se cruzam um deve ser
paralelos (G, H e I) só deve ficar um deles. eliminado. Deve-se deixar aquele que mantém a
Portanto o corte G está mal. copa mais equilibrada.
A situação J é admissível pois o ângulo de A situação L está errada.
inserção é maior e nesse caso os dois ramos
podem crescer equilibrados sem fazerem
concorrência um ao outro.
34
Quando há dois ramos que crescem do Neste caso é possível Quando dois ramos formam
mesmo lado e estão inseridos muito deixar os dois ramos um ângulo muito aberto, o
próximos um do outro, um deve ser porque a sua inserção é que está mais na horizontal
sempre eliminado. suficientemente afastada deve ser podado curto e por
para não fazerem um gomo que favoreça o
A situação P está errada.
concorrência um ao fecho desse ângulo.
outro. Não esquecer que
A situação R está errada.
o inserido mais abaixo
deve sempre ficar mais
curto.
A situação mostrada em T é admissível quando A situação V não é correta por se terem deixado
houver necessidade de aproveitar duas para o mesmo lado, e relativamente próximos,
ramificações laterais para encher a copa, mas a dois ramos laterais. A poda correta está indicada
situação ideal é a U, com ramos laterais mais em X onde se suprimiu um daqueles ramos.
afastados que proporcionam uma inserção mais
sólida.
35
3.7.3.2 Formas presas – casos particulares das VIDEIRAS e KIWIS
Das espécies mais cultivadas, as duas que têm formas presas são as videiras e os Kiwis. O
maracujazeiro também tem.
Quer as videiras, quer os Kiwis têm sistemas de condução semelhantes e que são variações da
RAMADA ou do BARDO ou CORDÃO.
A ramada é geralmente mais alta e desenvolve-se na vertical e na horizontal. Ainda é muito usada na
cultura do kiwi, mas hoje em dia já não se fazem vinhas novas com este sistema de condução pois
dificulta os amanhos, e os frutos ganham menos açúcar.
O bardo ou cordão é mais baixo e desenvolve-se somente na vertical, formando linhas bem definidas.
Este sistema de condução permite uma mecanização de muitos trabalhos na vinha, uvas mais ricas em
açúcar e tratamentos fitossanitários mais eficazes. Além disso a poda e colheita podem ser feitas do
solo o que aumenta a rapidez e diminui a quantidade de mão de obra necessária.
36
Para que as plantas cheguem aos suportes procura-se numa primeira fase de vida promover o
aparecimento de lançamentos vigorosos que possam adquirir a estrutura desejada, privilegiando a
função vegetativa em relação à produtiva.
No ano seguinte à enxertia ou no ano seguinte à plantação caso se trate de enxertos-prontos, as
plantas possuem normalmente dois bons lançamentos. Na poda selecciona-se o lançamento mais
forte, vertical e de inserção mais próxima da zona de enxertia.
Quando este lançamento atinge a altura desejada, arqueia-se suavemente e estende-se sobre o
suporte, amarrando-o nos locais considerados mais adequados tendo em atenção que na poda de
formação não se devem poupar atilhos.
A partir desta fase e já no ano seguinte, elege-se para guia um lançamento bem constituído, situado o
mais à frente possível.
3.7.3.3 Normas gerais sobre a poda de formação nas árvores de folha persistente
Neste grupo incluem-se os citrinos, a oliveira e a nespereira.
As normas para a poda destas árvores são diferentes das de folha caduca, não só porque têm um ciclo
vegetativo diferente, mas também porque o seu desenvolvimento inicial é muito lento. Assim sendo
podá-las nos primeiros anos de vida é muito prejudicial quer no desenvolvimento da parte aérea, quer
no desenvolvimento das raízes.
Como estas espécies se ramificam facilmente e as inserções dos seus ramos principais são geralmente
boas e sólidas, não há uma grande necessidade de poda de formação.
A poda de transplantação é nestes casos mais severa e pode ser usada desde logo para se dar uma
forma à árvore.
Durante os 4 ou 5 anos após a plantação deve permitir-se a maior expansão possível à copa. As podas
de inverno deverão ser evitadas e as podas de verão serão usadas para suprimir ramos ladrões,
despontar alguns ramos de crescimento desequilibrado ou que se pretende que se ramifiquem.
37
Esta poda deve ser acompanhada de uma adubação equilibrada e manutenção de água disponível no
solo.
38
Poda de frutificação das principais fruteiras
39
Prunóideas
Cerejeira Quando a árvore já em plena produção mas ainda jovem, é
conduzida sob a forma de vaso e apresenta tendência para se
desenvolver muito em altura e pouco em diâmetro, devem
efectuar-se rebaixamentos, de preferência sobre ramos de 2
ou 3 anos, desde que não haja perigo de ataques de gomose.
Nas formas em eixo revestido (a que é utilizada nos pomares
modernos), procura-se aproximar os andares laterais tanto
quanto possível da horizontal, com atarraques sobre ramos
laterais, de modo a afastá-los convenientemente uns dos
outros.
A publicação, cuja imagem da Capa se encontra à esquerda,
pode ser encontrada na página da Cerfundão
(www.cerfundao.com) e nela se encontra da mais recente e
importante informação sobre pomares de cerejeira.
40
oito gomos para a amarrada).
Desta forma, garante-se a estabilidade anual da produção e
facilita-se a alimentação da videira, uma vez que as varas de
vinho não se afastam do eixo da videira permitindo que a sua
renovação se faça através do talão, não recorrendo assim à
realização da empa.
Cuidados a ter com a escolha das varas de vinho:
- Devem-se eliminar as varas mais vigorosas dado que o seu
excesso de vigor provoca o desavinho;
41
investigadores sobre o efeito positivo desta poda, ela continua
a ser praticada, consistindo fundamentalmente no seguinte: i)
corte a partir das 2 ou 3 folhas dos ramos demasiado
vigorosos, de modo a evitar que partam pela acção do vento, e
a permitir a rebentação de varas menos vigorosas, ii) corte
após a 3ª- 4ª folha, contada a partir do último fruto, dos ramos
frutíferos de modo a privilegiar o crescimento dos frutos
relativamente ao crescimento dos ramos.
Entre varas deve existir pelo menos uma distância aproximada
de 20 cm. Cada vara deve conter no máximo 15 a 20 gomos.
42
conveniente. As zonas dos ramos mortas pelas geadas são
também suprimidas. Os ramos desgarrados que
desequilibram a copa, encurtam-se sobre lateralmente.
Nas árvores novas é particularmente importante suprimir
os ramos ladrões e encurtar os que ameaçam crescer
demasiadamente sem se ramificarem, a fim de favorecer
o desenvolvimento dos ramos de crescimento mais lento
e com direcção aproximada da horizontal.
A melhor época de poda é a que se segue à colheita dos
frutos, sem coincidir com a floração.
Pomar de laranjeiras
Oliveira Principal sistema de condução:
• Cultura extensiva e intensiva – vaso
• Cultura super intensiva – eixo central revestido
Árvore de desenvolvimento muito lento nas primeiras
idades, tem no entanto vida muito longa e resistente.
Na oliveira é muito frequente a alternância de colheitas.
As fertilizações do terreno e a regularidade de cultivo e da
poda concorrem para atenuar as contra-safras. Além disto
as podas ligeiras realizadas anualmente mantêm a árvore
com vegetação regular e tornam-se menos demoradas do
que uma poda bienal cuidadosa, repartindo-se o trabalho
sem agravar o seu custo.
Como a frutificação só aparece nos ramos com 1 ano,
torna-se indispensável a sua renovação anual.
Quando a oliveira com a forma de vaso anda submetida a
podas anuais convenientes e a cultivos do terreno
regulares e adequados, apresenta-se com uma copa
completamente revestida de ramos frutíferos que se
distribuem uniformemente, dando uma sensação de
leveza e de certa transparência que contrasta tanto com
as copas excessivamente despidas pelas podas violentas,
como com a ramagem densa e apertada das árvores
submetidas à severidade das podas bienais ou trienais.
As ramificações (borlas) que se suprimem, são as que se
apresentam mais tortuosas, com maior quantidade de
raminhos secos e pendentes.
Quando na ramagem lateral e principalmente na parte
superior da copa aparecem lançamentos verticais com
mais de 50 cm, em contraste com os ramos menos
vigorosos e mais horizontais da restante copa, há ne-
cessidade de os encurtar sobre lateralmente ou mesmo
de os atarracar, para impedir o seu alongamento e
moderar o respectivo vigor, obrigando-os a ramificarem-
43
se.
Ramos de oliveira (borlas) antes e depois
da poda. A época da poda estende-se do final da colheita ao
princípio da Primavera, antes de se intensificar a
circulação da seiva.
Atendendo a que devido aos custos, a colheita mecânica
será imprescindível, deveremos ter em atenção a altura
do tronco (0,8/1 m), local onde se fará a cruz com 2, 3 ou
4 pernadas principais.
Na formação e frutificação devemo-nos preocupar, com a
localização do fruto, por forma a facilitar a colheita.
Também deverá merecer atenção o arejamento e a
iluminação de toda a copa, para facilitar a polinização, o
desenvolvimento dos frutos e dificultar o ataque e a
disseminação de pragas e doenças.
Pequenos frutos
Mirtilo Principal sistema de condução: vaso
Como no mirtilo a poda de formação funciona já como
uma poda de frutificação, no texto aparecem as duas em
conjunto.
1. Formação
Eliminar as ramificações finas e débeis que situadas até 30
cm de altura do solo. Assegurar a formação de ramos
vigorosos
Eliminar as flores e os frutos durante os dois primeiros
Poda do arbusto durante os 2-5 anos
primeiros anos no campo
Na poda do primeiro ano, seleccionar três/quatro ramos
mais vigorosos. No segundo ano, podar os ramos a 40/50
cm de altura, para formação das pernadas (ramos
primários), que assegurarão a produção durante os anos
seguintes
2. Manutenção
Remover os ramos fracos, bem como os que estejam
inseridos muito abaixo, nas hastes principais. Despontar
os ramos mais fracos, podando-os sobre um bom
lançamento lateral jovem
Locais onde se deve cortar para remover Podar os ramos secos e os que se desenvolveram no
os ramos fracos de um arbusto adulto interior da copa
44
Framboesa
Principal sistema de condução: bardo
A poda é uma operação cultural muito importante para a manutenção da produtividade das plantas e
para a eliminação de varas doentes e/ou com pragas e de varas em excesso ou com pouco vigor.
No caso das variedades não remontantes, a poda principal deve ser realizada logo após o fim da
colheita ou no fim do inverno e devem ser eliminadas todas as varas que deram fruto, cortando-as
mesmo junto ao solo. De janeiro a princípios de março, todas as varas novas (varas do ano) com pouco
vigor, partidas, doentes ou com sinais da presença de insetos devem ser eliminadas. Além disso, todas
as varas novas que se encontram fora de uma faixa de 25 a 30 cm de largura ao longo da linha devem
também ser eliminadas. Por fim, as
varas novas selecionadas para
produção devem ser cortadas de
modo a ficarem com cerca de 1,8 m
de comprimento, e devem ser
atadas ao sistema de suporte (Strik,
2008).
As variedades remontantes devem
ser podadas logo a seguir ao fim da
colheita, cortando-se todas as varas
junto ao solo. Depois, na primavera
seguinte, surgirão novos
lançamentos que frutificarão nesse
mesmo ano (Strik, 2008).
45
Muito comum na videira consiste na eliminação das folhas que se situam mais próximas dos cachos. É
uma operação que deve ser realizada com precaução, uma vez que pode alterar a actividade
fotossintética da planta. Além disso, as folhas eliminadas devem ser as mais desenvolvidas e menos
jovens para que o fornecimento de nutrientes ao cacho não fique comprometido. Os principais
objectivos da desfolha são o arejamento, a redução da probabilidade de podridões nos cachos e o
aumento da sua exposição solar, essencial para melhorar a coloração e permitir a maturação dos
bagos.
3.7.10 Monda dos frutos
Para garantir uma boa produção sem alternância devemos realizar a monda dos frutos, que também é
uma poda, e vale praticamente para todas as frutíferas. Esta monda deve ser realizada de cima para
baixo, deixando-se os frutos mais bem formados e mais sadios, eliminando-se preferencialmente os
frutos do interior da copa.
Para os pessegueiros deve-se deixar os frutos voltados para baixo e mais próximos de ramos maiores.
Para a monda, em qualquer espécie, os frutos devem ter cerca de 1 a 2 cm de diâmetro. A quantidade
de frutos que permanecem é variável, sendo regra geral não deixar nenhum fruto em plantas com
menos de dois anos. Recomenda-se a monda para todas as plantas com muita carga ou plantas muito
jovens, pois a manutenção de muitos frutos pode ocasionar a quebra de galhos, baixo rendimento
médio ao longo dos anos, diminuição do vigor da planta e até a morte prematura da planta. Com a
monda correta garante-se uma boa produção, com qualidade e principalmente durante muito tempo.
É importante salientar que, quando a monda é realizada dentro do período de divisão celular da fruta,
ocorre a formação de um maior número de células, com consequente maior tamanho da fruta,
comparado com a monda realizado após a fase de divisão celular, na qual o tamanho da fruta é dado
somente pelo aumento do volume das células. Assim, os efeitos benéficos da monda serão tanto
maiores quanto mais cedo for realizada esta operação.
A época mais adequada para realização da monda é variável com a espécie, porém pode-se considerar
que à volta de 30 a 40 dias após a plena floração ou quando as frutas tiverem de 1 a 2cm de diâmetro
como a melhor época para realização da monda, para a maioria das espécies frutíferas. Normalmente,
as plantas apresentam uma queda natural de frutas até 30 dias após a plena floração, por isso não é
recomendável realizar a monda durante este período.
Para a cultura da pereira, recomenda-se iniciar a monda 60 dias após a plena floração, devido ao fato
de que esta espécie apresenta a iniciação floral mais tardia.
Outro facto que deve ser levado em consideração é o tempo que será gasto para execução da monda.
No caso de pomares maiores, nos quais a operação é mais demorada, deve-se antecipar o início da
monda para evitar-se que as frutas já estejam muito desenvolvidas no final da operação e a monda
não tenha efeito.
46
Monda de frutos em ramos de
pessegueiro
47
Figura A Figura B Figura C
4.3 Incisões
48
5. Propagação vegetativa
5.1. Importância
A propagação é um conjunto de práticas destinadas a perpetuar as espécies de forma controlada. O
seu objetivo é aumentar o número de plantas, garantindo a manutenção das características
agronómicas essenciais das cultivares.
A propagação das plantas frutíferas reveste-se de grande importância na fruticultura. Essa talvez seja a
etapa mais importante na implantação de um pomar. Para que se tenha sucesso, é necessária a
adoção de técnicas que visam a obtenção de plantas de qualidade.
5.2. Métodos de propagação
Os métodos de propagação podem ser agrupados em dois tipos:
• Propagação sexuada ou seminal, que se baseia no uso de sementes;
• Propagação assexuada ou vegetativa, baseada no uso de estruturas vegetativas.
Vantagens Desvantagens
49
Por exemplo, o Morangueiro reproduz-se por
multiplicação vegetativa natural através de
estolhos.
Para além da propagação vegetativa natural, acima descrita, é também possível proceder à
propagação vegetativa artificial, baseada no mecanismo de reprodução assexuada.
O principal objetivo da multiplicação vegetativa artificial é propagar espécies vegetais, procurando
melhorar e aumentar a sua produção. Entre os vários métodos utilizados podemos destacar: estacaria,
enxertia, mergulhia, alporquia e micropropagação (cultura in vitro).
Vantagens Desvantagens
A estacaria consiste em regenerar uma planta a partir de um órgão ou fragmento de órgão vegetativo
que não seja especializado para a propagação. Consoante o tipo de órgão a partir do qual se preparam,
as estacas classificam-se em:
50
1. Foliares ou estaca de folha;
Estacas foliares – não é um tipo de estaca usado na propagação das fruteiras mais comuns. Pode ser
usado na Piteira (cacto que dá frutos) muito vulgar na Madeira, Algarve e em África.
51
Estacas herbáceas – são colhidas no período de crescimento vegetativo. (primavera/verão), quando os
tecidos apresentam alta atividade meristemática e baixo grau de lenhificação
Estas estacas são preparadas a partir de caules herbáceos, com cerca de 7 a 10 cm, frequentemente
com folhas. Nas estacas herbáceas o enraizamento tende a ser mais fácil, mas exige maior controlo
ambiental. Após o enraizamento devem ser repicadas para um ambiente menos húmido e em
substrato próprio.
O enraizamento requer elevada humidade relativa. Sob condições adequadas, o enraizamento tende a
ser rápido, com elevadas percentagens de sucesso. A utilização de hormonas de enraizamento não é
indispensável, mas melhora a uniformidade da distribuição das raízes.
52
A estaca simples é a mais frequente e dá bons resultados na maioria dos casos.
Nalguns casos o enraizamento é favorecido pela presença de um talão (pequena porção de madeira
velha) ou de uma cruzeta (secção do caule de madeira mais velha).
A - Simples
B - Talão
C - Cruzeta
D - Gomo
5.2.2.2. Enxertia
Enxertia - é o método de propagação assexuada que consiste em unir duas ou mais porções de tecido
de modo que a união destas partes venha a constituir-se numa nova planta. É um dos principais
métodos de propagação e é largamente utilizado num grande número de espécies, tais como videira,
citrinos, kiwi, pessegueiro, ameixeira, macieira, pereira, entre outros.
53
O sucesso da cicatrização entre as partes depende da espécie; da habilidade do enxertador; da
atividade fisiológica do enxerto e do porta-enxerto; das condições a que as plantas serão submetidas
durante e após a enxertia; dos problemas de pragas e doenças e da incompatibilidade que possa
ocorrer entre as partes.
É importante destacar também que existem alguns limites na enxertia relacionados com a combinação
enxerto e porta-enxerto. A maior facilidade da enxertia ocorre entre plantas de um mesmo clone,
aumentando o grau de dificuldade à medida que se enxertam diferentes variedades da mesma
espécie, diferentes espécies e diferentes géneros.
Para o sucesso da
enxertia, seja qual for o
tipo utilizado, é
necessário que os tecidos
meristemáticos (câmbios)
tanto do enxerto como
do porta-enxerto fiquem
em contacto. Por esta
razão, deve-se sempre
fazer coincidir a casca do
enxerto com a casca do
porta-enxerto, em pelo
menos um dos lados.
Tipos de enxertia
São três os tipos de enxertia:
54
1 - Enxertia de borbulha ou de gomo - o enxerto é um gomo
2 - Enxertia de garfo – enxerto é um pedaço de ramo ou garfo destacado da planta mãe com um ou
mais gomos
3 - Enxertia de encosto – resulta da união de duas plantas inteiras.
55
1 - Enxertia de borbulha ou de gomo
O “T” normal - no porta-enxerto é feito uma incisão transversal e outra longitudinal, onde será
inserida a borbulha (gomo). A borbulha é um fragmento retirado da planta mãe após o corte do ramo
que a contém, também chamado de ramo porta-borbulha. Esse fragmento deve ter dimensões
proporcionais ao corte em “T” efetuado no porta-enxerto.
56
O “T” invertido - é muito parecido, apenas o sentido do corte é que o difere do anterior, sendo o
corte horizontal feito na extremidade inferior do corte perpendicular do porta-enxerto.
A atadura deve iniciar-se de baixo para cima no porta-enxerto.
Neste sistema a facilidade operacional é maior, além de se impedir a acumulação de água nos cortes,
por isso é o tipo mais utilizado quando comparado ao corte em “T” normal.
Placa/escudo - são feitas no porta-enxerto duas incisões transversais e duas longitudinais, de modo a
libertar a região a ser ocupada pela borbulha.
A borbulha é retirada do garfo praticando-se também duas incisões transversais e duas longitudinais
no ramo, de modo a obter um escudo idêntico à parte retirada do cavalo.
A borbulha é a seguir embutida no rectângulo vazio e deve ficar inteiramente em contacto com os
tecidos do cavalo. A seguir o enxerto é amarrado.
Enxertia em placa
Resumo do processo
57
2 - Enxertia de Garfo
Enxertia no campo
Se for feita em grande escala exige o esforço de vários trabalhadores.
Numa primeira fase temos o trabalhador que escava e descobre o cavalo. Este deverá escavar em
torno do cavalo, descobri-lo, limpá-lo e cortar-lhe as raízes superficiais.
Em seguida, o enxertador fende o cavalo e coloca o garfo:
• Começa por decotar o bacelo no lugar mais conveniente e efectua a incisão no cavalo no
sentido do alinhamento das cepas ou de acordo com o maior diâmetro quando o lenho não é
regular.
• Depois faz-se a cunha no garfo, tendo em atenção que os cortes sejam feitos um de cada lado
do gomo e, se possível, de uma só vez, para que as faces da cunha fiquem lisas e planas.
• Seguidamente faz-se a introdução do garfo na fenda aberta no cavalo até deixar a descoberto
a parte superior da cunha.
• Finaliza- se atando o enxerto com ráfia para manter um melhor contacto e evitar
deslocamentos.
Após os trabalhos anteriores, cobrem-se os enxertos com terra (amontoa).
O sucesso da enxertia também depende muitas vezes da sua manutenção. Portanto, cerca de um mês
e meio depois deverá proceder-se à verificação das soldaduras e do aperto da ráfia, não excluindo a
limpeza dos rebentos do cavalo e raízes do garfo.
Finalizado o trabalho fica-se com duas faces planas resultantes dos cortes e duas arredondadas,
normalmente designadas por “costas” da cunha.
Pode-se ter:
• Costa Externa - costa do lado do gomo, porque normalmente fica para o lado de fora quando é
introduzida a cunha na fenda do porta-enxerto;
• Costa Interna - costa que fica no interior da fenda, com excepção da enxertia de fenda cheia.
58
Os tipos mais comuns de enxertia em garfo no campo são:
59
para permitir o encaixe entre as duas partes e possibilitar o ajustamento das superfícies e
câmbios.
• Finaliza-se, atando a zona de enxertia com uma ligadura larga.
Enxertia de encosto
É um processo usado quando as árvores têm dificuldade em serem enxertadas pelos outros processos,
mais fáceis e mais rentáveis. Estão neste caso duas árvores subtropicais muito importantes: a
mangueira e o cajueiro.
Para facilitar a soldadura ambas as plantas ficam ligadas às suas raízes até que se tenha a certeza que a
soldadura se fez. O cavalo está geralmente envasado e quando o processo termina o vaso é levado
para um local no viveiro onde possa continuar a crescer.
O “desmame” do garfo da sua planta mãe deve ser cauteloso e muitas vezes a separação é
progressiva. Quanto ao cavalo, toda a parte aérea acima da zona de enxertia é eliminada tal como na
enxertia por gomo.
Garfo
60
Caso particular da enxertia na mesa em videira
É realizada a colheita do material de espécies americanas para estacas e este tem de estar limpo de
gavinhas e netas para que seja possível a sua segmentação.
Estes segmentos devem ser cortados em troços de 40cm de comprimento, feitos do lado basal e a
0,5cm do gomo inferior.
Em seguida, escolhem-se as estacas enxertáveis (com diâmetro superior a 6-7 mm), fazem- se molhos
de 200 unidades e depois de desgomados mergulham-se em água durante 24 horas.
Com madeira conservada durante o Inverno, prepara-se o garfo de um só gomo. A segmentação faz-se
de forma a que o corte seja feito 0,5cm acima do gomo, conservando a parte do entre–nó inferior para
se realizar a fenda para a enxertia.
Para hidratarem, os garfos deverão ser mergulhados em água durante 24 horas e de seguida,
juntamente com as estacas, são colocados numa solução de 0,5% de sulfato de quinoleína e potássio
durante 6-7 horas, para desinfecção.
Fenda em ómega
Na máquina, o garfo entra pelo lado direito
com o gomo virado para cima e o cavalo é
colocado na máquina pelo lado esquerdo com
a ferida do gomo voltada para baixo, sendo
fendido o cavalo e fixado o garfo em
simultâneo. Enxerto pronto
Depois de executados, os enxertos são mergulhados numa solução de parafina e lanolina a 0,05% a
uma temperatura de 85ºC, passando-os de imediato por água fria (FIG. A).
As estacas enxertadas são então armazenadas em caixas que permitam um bom arejamento e
intercaladas com um material poroso (turfa húmida) de forma a que estas fiquem orientadas
verticalmente com o garfo para cima e a caixa forrada com o material acima mencionado (FIG. B e C).
Por fim, a parte superior das caixas é coberta com areia e regada, para posteriormente irem para uma
estufa climatizada, onde lhe são fornecidas as condições ideais de soldadura (FIG. C)
61
Em 25 dias o calo de cicatrização está formado e procede-se à retirada dos enxertos da caixa para
enraizarem em viveiro para que, desta forma, se criem as condições necessárias para o
desenvolvimento do sistema radicular e do rebento do gomo do garfo.
A plantação deverá ser feita tendo em conta um espaçamento de 10 cm entre cada enxerto na linha. A
manutenção deverá ser sempre feita tendo em conta os cuidados de rega, cavas, limpeza de
infestantes, corte de raízes e tratamentos anti míldio.
5.2.2.3. Mergulhia
A mergulhia é uma técnica de
propagação vegetativa que consiste
em promover a formação de raízes
adventícias num caule, colocando-o
em contacto com o solo ou com um
substrato, enquanto ele ainda se
encontra ligado à planta mãe. Foi uma
técnica muito utilizada em plantas em
que sucesso da estacaria era baixo.
A mergulhia é feita no solo, vaso ou
canteiros, quando os ramos das espécies são flexíveis e de fácil manejo.
5.2.2.5. Micropropagação
A técnica consiste em retirar um fragmento de tecido vegetal – explante - , colocá-lo num meio
nutritivo e provocar o desenvolvimento de uma plântula, graças a um equilíbrio adequado dos
elementos do meio. Explante é a parte da planta a partir da qual se inicia a cultura. Os explantes
podem ser de vários tipos: meristemas, gemas, flores, pétalas, anteras, pedaços de folhas (pecíolo ou
limbo), raízes, etc., e mesmo uma única célula ou protoplastos (células sem parede celular)
É uma técnica realizada em laboratório que requer condições assépticas e pessoal especializado. A sua
utilização permite no entanto obter, no mesmo espaço de tempo, uma quantidade de plantas muito
maior do que aquela que se obtém quando se utilizam técnicas de multiplicação tradicionais.
62
A multiplicação "in vitro" é possível graças a uma propriedade das células vegetais designada
totipotência celular, da qual resulta que toda a célula vegetal viva, possuindo um núcleo, é capaz,
qualquer que seja a sua «especialização» atual, de reproduzir fielmente a planta inteira da qual
provém.
A micropropagação é a técnica "in vitro" mais difundida. Atualmente um grande número de espécies é
multiplicado quase exclusivamente por este método.
Esta técnica compõe-se de várias fases, recorrendo-se em cada uma delas a meios de cultura
apropriados ao fim a que se destinam:
Fase da multiplicação ou repicagem- consiste em obter o maior número possível de "futuras plantas",
a partir da uma célula ou aglomerado de células, colocados num meio apropriado à divisão celular.
Fase do desenvolvimento da parte aérea- consiste em colocar as "futuras plantas" num meio de
cultura apropriado ao desenvolvimento da parte aérea da planta, para que ocorra a formação de
caules e folhas. Ao contrário do que é habitual, o desenvolvimento da parte aérea acontece antes da
formação da raiz.
Fase do enraizamento- consiste em colocar as "futuras plantas" num meio de cultura apropriado ao
enraizamento. Este meio é constituído pelos nutrientes e por carvão activo, que escurece o meio de
cultura, induzindo a formação de raízes.
Fase da aclimatação- consiste em colocar as "novas plântulas em diferentes estádios de adaptação até
chegarem ao solo, no campo.
O esquema seguinte pretende representar, de forma simplificada, as diferentes fases deste processo
de micropropagação.
Este método de propagação apresenta muitas vantagens relativamente aos métodos tradicionais de
propagação referidos anteriormente. Entre essas vantagens podem ser enumeradas as seguintes:
• Maior velocidade de propagação;
• As culturas são iniciadas por explantes de reduzidas dimensões, pelo que se consegue obter
números elevados de plantas em espaços reduzidos;
• O efeito das estações do ano pode ser eliminado;
• As plantas obtidas têm um tamanho muito homogéneo;
• A propagação é realizada em condições assépticas;
• Salvação de espécies em vias de extinção;
• Campo de potenciais aplicações no melhoramento.
63
64
6. Factores determinantes na instalação de um pomar
Hoje, a fruticultura tem de ser vista como um negócio e, assim, todas as etapas que envolvem
questões técnicas, económicas e ecológicas devem ser consideradas antes da decisão de plantar, pois
os custos são elevados, os mercados são exigentes em qualidade e muito competitivos. Portanto,
todos os riscos devem ser calculados e analisados antes da plantação do pomar.
O pomar requer grandes investimentos no momento da implantação. Os custos envolvem o valor da
terra e a sua preparação, plantas, factores de produção (sementes correctivos e fitofármacos),
equipamentos, infra-estruturas e mão-de-obra, fazendo com que esta atividade tenha um alto
investimento inicial.
O sucesso de um pomar baseia-se em:
65
a) Ter condições adequadas de clima e solo;
b) Plantar espécies adaptadas;
c) Usar técnicas apropriadas para a preparação do solo e manutenção do solo e da planta;
d) Dispor de recursos humanos e financeiros;
As práticas realizadas no pomar necessitam de mão-de-obra qualificada e em grande quantidade.
Para tanto, é necessário que se faça uma pesquisa com antecedência da disponibilidade de mão-
de-obra na região. Com isso evitam-se prejuízos devido à não realização de uma atividade por falta
de pessoal, ou mesmo a má realização desta, devido à falta de experiência.
e) Dispor de condições de transporte e armazenamento;
As frutas caracterizam-se por serem bastante perecíveis e sensíveis ao manuseamento. Isso exige
que se tenha estradas que permitam o transporte rápido do local de produção ao destino final da
fruta, quer seja a indústria ou o consumo em fresco.
Somente a rapidez não é suficiente, é preciso ter-se estradas em boas condições de tráfego, além
de veículos e embalagens adequadas. Os cuidados devem ser iniciados no momento da colheita,
procurando-se evitar, de todas as formas, os danos nos frutos, que irão depreciá-los no momento
da comercialização, causando até mesmo a sua devolução.
f) Existir mercado para o consumo em fresco ou existir condições de armazenamento para médio-
longo prazo e/ou existir indústria transformadora.
Antes de instalar um pomar deve-se ter informações sobre procura regional, nacional e até
internacional; os períodos do ano em que as frutas alcançam melhores preços; sobre as variedades
de preferência do consumidor, principalmente em relação ao tamanho, cor e sabor das frutas.
Como curiosidade se informa que frutas de pele vermelha, como é o caso de algumas cultivares de
maçã, têm um mercado mais garantido, pois as cores avermelhadas chamam mais atenção do que
as cores esverdeadas.
As frutas destinados ao mercado em fresco alcançam preços mais elevados do que as frutas
destinados à indústria, porém requerem embalagem adequada e maiores cuidados na manipulação
por parte dos produtores.
Deve-se também considerar a distância do pomar ao centro de consumo, a perecibilidade das
frutas e a existência de indústria que possa fazer o aproveitamento do excedente.
Assim, antes de implantar um pomar, devemos tentar encontrar respostas para as seguintes
perguntas:
• Que tipo de pomar?
• O que plantar?
• Onde plantar?
• Qual será o mercado existente ou potencial?
• Em quanto tempo teremos o retorno do investimento?
66
6.1. Sistemas culturais
A produção de frutos pode ser feita de um modo tradicional, ser feita em produção intensiva ou até
super intensiva.
Considera-se um sistema tradicional ou extensivo, quando não existe sistema de rega e há pouca
preocupação com a manutenção da fertilidade do solo. Para que as árvores possam ter alguma
produção, o espaço entre elas é grande, muitas vezes nem estão alinhadas ou até são exemplares
isolados. Esta situação ainda se verifica principalmente para a oliveira, castanheiro, nogueira e figueira.
Estas árvores são geralmente grandes, difíceis de podar e de fazer a colheita. A sua produção total é
pequena, embora muitas vezes tenha características únicas.
Os pomares industriais mais antigos, especialmente de macieiras, pereiras, pessegueiros e videiras,
foram instalados com árvores de porte mais baixo, perfeitamente alinhadas, têm um sistema de rega e
todos os anos são mantidos e a sua fertilidade corrigida. São os pomares semi intensivos.
Hoje em dia a tendência é para continuar a reduzir quer o tamanho das árvores (usando variedades
naturalmente mais pequenas e porta enxertos ananicantes) quer os compassos na linha e na
entrelinha. A adubação é feita na água da rega, variando ao longo do ciclo vegetativo de acordo com
as necessidades específicas de cada fase. A necessidade em rega é determinada pelo uso de
tensiómetros. A polinização é garantida quer por colmeias de abelhas, quer pelo espalhamento
artificial de pólen adquirido (prática comum nos pomares de kiwis).
Em muitos casos o pomar é conduzido com vista à mecanização, quer da poda, quer da colheita
havendo casos, como na cerejeira ou oliveira, em que o sistema de condução deixou de ser vaso (com
um crescimento em 3 dimensões) para passar a ser eixo revestido para que o crescimento seja o mais
linear possível. Na vinha essa tendência já existe há muitos anos e traduziu-se na passagem da
condução em ramada ou pescoço de girafa, para o cordão simples ou duplo. Podemos neste caso falar
em pomares intensivos.
Por vezes os compassos são tão apertados e há uma utilização tão grande de factores de produção que
os pomares são considerados super intensivos. Estão neste caso alguns dos mais recentes olivais.
A maneira como se instala, se faz a manutenção do solo e das árvores e se protegem as plantas evoluiu
muito nos últimos anos com vista a proteger o solo, a água e os seres vivos (desde os fungos micorrizas
ao agricultor…). Com os conhecimentos que temos actualmente é imperdoável não se fazer uma
agricultura sustentável optando pela Produção Integrada, pela Produção em Modo Biológico ou outras
similares e com o mesmo objectivo (GLOBALGAP, por exemplo).
Para colaborar no propósito de uma agricultura mais sustentável muita da informação que se segue
consta dos Manuais editados pelo Ministério da Agricultura com as normas para a Produção Integrada
das várias fruteiras (ver Bibliografia)
67
6.2.3 Época de amadurecimento
No caso de frutas destinados ao consumo em fresco, deve-se procurar utilizar espécies que
apresentem o pico de maturação em épocas diferentes das cultivares existentes na região, por
exemplo, no caso de laranjas, deve-se dar preferências às cultivares tardias, pois, para as cultivares
precoces e de meia estação, o mercado já está saturado.
Já no caso de pomares destinados à indústria, que geralmente se caracterizam por serem pomares
mais extensos, normalmente recomenda-se utilizar cultivares com época de maturação diferente, pois
com isso evita-se a concentração de atividades no mesmo período. Além disso, diminui-se o risco de
grandes perdas devido à ocorrência de geadas, granizos, entre outros.
Sempre que possível, recomenda-se fazer um escalonamento da produção, plantando cultivares
precoces, medianas e tardias. É importante lembrar que as cultivares precoces, ou seja, aquelas em
que as frutas amadurecem no cedo, necessitam de menores gastos com a produção, pois geralmente
escapam ao ataque das pragas e doenças. Um exemplo típico acontece com a mosca da fruta que
ataca menos as cultivares precoces de pêssegos, de ameixas e de nectarinas, pois as gerações desta
praga ainda são insuficientes para um ataque muito severo, já que ainda não foi atingido o somatório
de temperaturas necessário ao desenvolvimento da praga.
Por outro lado, o escalonamento da colheita das frutas aproveita melhor o equipamento e a mão-de-
obra disponível.
6.3.1 Solo
Para instalação de pomares, deve-se dar preferência para solos francos, profundos e bem drenados,
evitando-se solos encharcados ou sujeitos a encharcamento ou que possuam camada que impeçam a
drenagem.
Deve-se evitar a plantação em áreas que antes foram cultivadas com frutíferas, procurando realizar
rotação de culturas com plantas anuais e só depois de 3 anos voltar a plantar espécies frutíferas, de
preferência, de família botânica diferente da anterior. Quando são plantadas frutíferas em solos
previamente ocupados pela mesma espécie ou por espécie intimamente afim, pode resultar um
crescimento deficiente. Os sintomas são um pequeno sistema aéreo e um sistema radicular fraco, com
raízes frequentemente descoloridas, com poucas ramificações laterais e poucos pêlos absorventes.
6.3.2 Água
68
A propriedade deve possuir água de qualidade e em quantidade para realização de irrigações,
tratamentos fitossanitários, para o consumo humano, entre outros.
69
6.3.3 Exposição do terreno e topografia
Em solos planos este item não tem importância, porém, em solos mais inclinados, deve-se escolher a
exposição sul, devido à melhor insolação e à menor incidência de vento. De preferência na meia
encosta, evitando-se a plantação em áreas muito acidentadas, com declives acima de 20%.
Quanto à disposição das plantas no pomar deve-se ter em conta o melhor aproveitamento da luz solar,
já que as plantas que receberem uma maior quantidade de luz solar serão também as mais produtivas.
Nº DE HORAS DE FRIO
ESPÉCIE < 7,2 °C
Pessegueiro 100 a 1250
Marmeleiro 90 a 500
Cerejeira 500 a 1700
Ameixeira Europeia 800 a 1500
Ameixeira Japonesa 100 a 1500
Figueira 90 a 350
Macieira 200 a 1700
Pereira 200 a 1400
Videira 90 a 400
Mirtilo 400 a 800 (variedades do norte)
Kiwi 700
As baixas temperaturas são mais limitantes para as plantas de folhas persistentes do que para as de
folhas caducas.
6.3.4.2 Chuvas
A distribuição pluviométrica ao longo do ano é importante pois o excesso de chuvas num determinado
período pode provocar o aparecimento de doenças. Chuvas pesadas podem também provocar o
aparecimento de zonas encharcadas no interior do pomar, o que pode ser muito prejudicial às plantas
frutíferas, visto que a maioria delas não suporta períodos prolongados com solos alagados. Por outro
70
lado, a falta de chuvas no período que antecede à colheita pode causar diminuição do tamanho e até
mesmo queda dos frutos.
Quando as médias das precipitações pluviométricas forem consideradas altas (± 1500mm por ano),
todos os cuidados devem ser tomados em relação a doenças, conservação do solo e polinização, caso
contrário os danos poderão ser de grandes proporções.
Tradicionalmente as zonas produtoras de frutas em todo o mundo são áreas com baixas precipitações,
menores que 500mm por ano, onde a necessidade hídrica é complementada com irrigação.
6.3.4.4 Ventos
Os ventos dominantes danificam as plantas, principalmente os ramos novos, aumentando os riscos de
doenças pela facilidade na disseminação das mesmas. No caso de bacterioses em rosáceas
(Xanthomonas pruni) e mesmo doenças fúngicas como é o caso da antracnose na videira entre outras,
podem ser reduzidas de forma importante com a presença de uma cortina vegetal (sebe corta vento).
Além disso, o vento causa quebra de ramos, quebra das plantas no ponto de enxertia, queda de frutas,
entre outros.
Durante o período de floração, o vento pode dificultar o trabalho de insetos polinizadores, como, por
exemplo, das abelhas, diminuindo a polinização e, consequentemente, a frutificação.
Recomenda-se implantar quebra-ventos para os ventos dominantes, de preferência na forma de L.
Normalmente o quebra-vento protege uma área anterior quatro vezes maior do que sua altura e uma
área posterior de até 20 vezes, ou seja, se as plantas do quebra-vento tiverem 5 metros de altura, a
proteção do pomar será de aproximadamente 100 metros.
As plantas utilizadas para a formação do quebra-vento devem ser de preferência melíferas, que
apresentem crescimento rápido, boa ramificação, folhas perenes e sistema radicular pouco agressivo,
devendo serem dispostas em filas duplas ou triplas para fornecer melhor proteção.
Quando forem utilizadas espécies de crescimento lento, recomenda-se que o quebra-vento seja
implantado de 1 a 3 anos antes da plantação da cultura. Como isso nem sempre é possível, pode-se
utilizar uma espécie de porte mais baixo, porém com crescimento inicial rápido. Com isso, consegue-se
uma proteção na fase inicial da cultura, que é uma fase bastante delicada para a maioria das espécies.
Depois, com o passar do tempo, podem-se eliminar essas +plantas mais baixas, deixando-se o quebra-
vento definitivo.
71
Diversos efeitos conseguidos com
diferentes tipos de quebra-ventos:
A - Quebra-vento semipermeável,
protegendo uma área de 15 a 20
vezes a sua altura;
B - Quebra-vento impermeável, a
área protegida é menor e provoca
remoinho
C - Quebra-vento sem proteção na
base
Passivos
São medidas preventivas que envolvem o tipo de solo, local de plantação, cobertura do solo, textura
do solo, entre outros. Os solos descobertos perdem calor com mais facilidade durante a noite.
Biológicos
Envolvem o conhecimento da dormência, a utilização de métodos que visam retardar a floração,
manutenção da folha em bom estado nutricional e sanitário, variedades de florescimento tardio e
humidificação do ambiente.
No caso do pessegueiro e da ameixeira, os programas de melhoramento têm sempre em conta como
ponto fundamental que as novas cultivares floresçam mais tarde que as cultivares tradicionais.
72
altura. Assim, em noites de geadas origina-se uma inversão térmica que favorece as plantas situadas em
encostas (adaptado de WESTWOOD, 1982)
Ativos
- Um deles visa suprir a perda de calor através do aquecimento ou pela utilização da energia liberada
pela passagem da fase líquida da água para a fase sólida (gelo), que é de 80cal/g É aqui se enquadra o
uso da irrigação por aspersão.
O método de irrigação por aspersão tem sido largamente utilizado em alguns países, resultando num
método eficiente e económico. O início da irrigação deve ser feito quando a temperatura se aproxima
de 0°C.
- Outro método visa evitar a perda de calor noturno através do uso de neblina.
- Um terceiro, visa quebrar a camada de inversão de temperatura na atmosfera, que se forma durante
a noite, através do uso de ventiladores.
- Existem outros métodos tais como: interceptação da radiação terrestre (nebulização aquosa e
oleosa) e cobertura (arborização, plástico ou vidro).
73
b) Lavoura profunda e incorporação de corretivos até 40cm de profundidade;
c) Adubação de fundo e gradagem.
6.4. Mobilizações e correções
Como para qualquer cultura a instalar de novo, é obrigatório o estudo do perfil do terreno e fazer
análises à água e ao solo. (Ver Apontamentos de PA3 – Preparação do Solo)
O estudo do perfil do solo e a colheita de amostras de terra deve ser feito na segunda quinzena de
Maio, segunda quinzena de Junho.
A preparação do solo para implantação do pomar deve ser feita quando este se encontra no estado de
sazão, preferencialmente antes das primeiras chuvas.
As mobilizações do solo devem ser reduzidas ao mínimo indispensável, a fim de minimizar os riscos de
erosão e compactação, devendo ser efetuadas segundo as curvas de nível nos solos com um declive de
15 a 25% (IQFP igual a 3), não devendo nunca ser feitas no sentido do maior declive.
Embora ainda haja produtores que fazem um reviramento profundo do solo antes da plantação, essa
prática não é permitida em Produção Integrada. Havendo necessidade de romper camadas
impermeáveis esse trabalho deve ser feito sem reviramento das camadas do solo, ou que pelo menos
este não seja total (subsolagem). Assim evita-se desequilibrar completamente o ecossistema do solo,
assim como se evita trazer para a superfície pedras (sempre prejudiciais) e/ou solo de camadas mais
fundas (muitas vezes inadequado às culturas).
Os pomares apresentam um longo período produtivo, em geral superior a 12 anos. Isso faz com que
sejam necessários cuidados especiais em relação às correções de deficiências, ou excessos, de
nutrientes no solo.
Para análise de solo, as amostras devem ser colhidas a duas profundidades: de 0 a 20cm e de 20 a 40-
50cm, pois a maioria das raízes das plantas localizam-se nesta área.
A análise do solo é repetida, no mínimo, a cada cinco anos.
Para algumas espécies, como é o caso da macieira ou videira, recomenda-se a aplicação de
micronutrientes no solo, principalmente o boro, como forma de corrigir deficiências futuras.
Durante a preparação do solo, antes da plantação, é a melhor ocasião para incorporar os corretivos
em profundidade, tendo em vista que os mesmos são pouco móveis no solo e que depois de
implantado o pomar, as dificuldades para os colocar à disposição do sistema radicular serão
aumentadas.
A preparação do solo de maneira superficial dificulta a penetração do sistema radicular da planta e
limita a disponibilidade de nutrientes e água, provocando menor crescimento das mesmas, podendo,
em algumas situações, aumentar o risco de erosão pela menor retenção de água das chuvas.
74
Os corretivos são aplicados em toda a área e por ocasião da plantação abrem-se pequenas covas, com
tamanho suficiente para acomodar o sistema radicular da planta, não havendo necessidade de
adubação nas covas.
A plantação depende do declive do terreno e poderá ser:
a) Segundo as cuvas de nível, quando o declive do terreno for menor do que 3%;
b) Com construção de terraços, quando o declive for menor do que 20%;
c) Em patamares, quando o declive for superior a 20%.
Este sistema tem um custo menor na instalação do pomar e permite um bom controlo da erosão do
solo. Como desvantagem, não permite a instalação de culturas intercalares no pomar.
76
6.4.5 Cuidados a ter na mecanização dos trabalhos no pomar
Para diminuir os riscos de erosão, compactação do solo e danos sobre as plantas, associados à
mecanização recomenda-se:
a) Evitar o uso de máquinas pesadas, pois provocam a compactação no solo (especialmente se este
estiver demasiado húmido) e danificam as plantas;
b) Evitar o uso contínuo de equipamentos que pulverizam o solo, como as fresas, pois contribuem para
a destruição da estrutura do solo e consequente aumento da erosão. Também contribuem para o
aumento da população de infestantes que se propagam vegetativamente;
c) Depois do pomar instalado, os trabalhos no solo devem ser evitados (diminuir o risco de erosão e de
desequilibrar o ecossistema) ou, quando absolutamente necessários, serem superficiais (para não
danificarem as raízes)
d) Os equipamentos devem ser apropriados para as atividades dentro do pomar (tractores vinhateiros,
por exemplo).
6.5. Plantação
Cuidados pós-plantação
As plantas devem ser tutoradas e receber irrigação de acordo com as condições de humidade do solo.
No início do abrolhamento (gomos a abrir), deve-se ter cuidado com o controlo de infestantes,
roedores que poderão causar danos na casca das plantas e vigiar o aparecimento de pragas e doenças.
Normalmente, a percentagem de reposição das plantas é da ordem de 5%. Esta percentagem de
plantas deve ser adquirida com antecedência para reposição quando for necessário.
77
Resumo dos cuidados com a plantação e pós plantação (neste caso de uma planta envasada):
A – Tirar a planta do vaso e se necessário arejar um pouco o torrão e podar algumas raízes.
B – Colocar a planta e o tutor na cova. O tutor deve ficar bem enterrado e chegar aos primeiros ramos.
C – Encher a cova e atar a planta ao tutor com uma amarração em 8 invertido
D – Regar abundantemente
Alinhamento
Em terrenos não sujeitos à erosão, ou seja, em terrenos com pouco declive, as plantas frutíferas
podem ser dispostas em desenhos geométricos. Já em terrenos com acentuada inclinação, as plantas
devem ser dispostas de maneira que formem filas perpendiculares ao sentido da maior inclinação do
terreno.
78
Esquema de um pomar na forma de rectângulo
Atualmente este sistema é o mais utilizado em
terrenos planos, por facilitar o trânsito interno no
pomar. O sistema de rectângulo permite melhor
aproveitamento das adubações pelas plantas e,
quando permitido, torna viável a cultura
intercalar de plantas anuais nos primeiros anos
de implantação do pomar, propiciando um
retorno financeiro enquanto as fruteiras estão
improdutivas.
Marcação ou piquetagem
Trata-se da operação que precede todo o trabalho de preparação do terreno, desde a incorporação
total dos fertilizantes até ao alisamento da superfície do solo. Esta operação tem em linha de conta a
orientação, o compasso (linhas x entrelinhas), as vias de comunicação e o sistema de condução
escolhido.
A marcação deve ser feita com o maior rigor, recorrendo a aparelhos específicos (por exemplo o
teodolito) ou à fita métrica, para que sejam obtidos alinhamentos perfeitos, factor determinante para
a mecanização do pomar.
Começa-se por dividir o terreno em figuras geométricas regulares, quadrados e/ou rectângulos, cujos
lados paralelos tenham o mesmo comprimento. Para determinar as suas perpendiculares, recorre-se
ao teorema de Pitágoras (o quadrado da hipotenusa (h) é igual à soma do quadrado dos catetos (a +
b)).
79
Representação Geométrica do Teorema de Pitágoras
Espaçamento
O espaçamento é definido como sendo a distância existente entre plantas da mesma fila
(espaçamento entre plantas) ou entre plantas de filas diferentes (espaçamento entre linhas).
O espaçamento é bastante variável entre as espécies e, mesmo para uma mesma espécie, entre as
cultivares. Está também relacionado com diversos fatores, como, por exemplo, a tecnologia adotada, a
maquinaria disponível na propriedade, o vigor do porta-enxerto e da cultivar, disponibilidade de área,
entre outros.
A densidade de plantação (quantidade de plantas por hectare) pode ser alta ou baixa
Vantagens da baixa densidade de plantação
a) Menor custo de implantação por unidade de área;
b) Maior longevidade do pomar;
c) Melhores condições de luminosidade e arejamento;
d) Condução da planta mais livre, o que proporciona menor necessidade de mão-de-obra.
80
6.5.2.2. Aramação e tutoragem
Aramação
Entende-se por aramação todos os materiais utilizados para o suporte físico da vegetação.
Esteios ou Postes
Os esteios são os suportes principais. Podem ser feitos de granito, lousa, cimento (geralmente
designados por “esteios”), ou madeira e metal galvanizado (geralmente designados por “postes”).
Os 3 primeiros são os materiais mais antigos mas estão a ser abandonados porque, além de caros, são
difíceis de transportar e colocar, partem-se com facilidade e não permitem a colocação de acessórios
que hoje em dia existem no mercado e que facilitam muito os trabalhos posteriores.
Por esse motivo os principais suportes hoje utilizados são os postes de madeira ou metal galvanizado,
pois são fáceis de manobrar e permitem o uso de acessórios.
O tamanho do esteio ou poste deve ser adaptado ao compasso e ao comprimento das linhas. Como a
sua colocação deve ter em conta os alinhamentos, devem ser enterrados de modo a que a estrutura
não ceda.
A distância entre os esteios ou postes é variável com os compassos na linha e o tipo de solo, não
devendo ultrapassar os 7,5 metros.
A sua colocação pode ser manual ou mecânica, caso se tratem de postes de madeira ou galvanizados
(recurso ao bate estacas).
As cabeceiras, ou seja, os topos dos bardos ou linhas, devem ser sempre em madeira,
independentemente dos restantes materiais, visto que não parte ao toque do tractor.
Arames
Podem ser de vários tipos (zincados, galvanizados e plásticos). A sua escolha deve ter em conta a sua
conservação e economia de manutenção (os galvanizados não ganham ferrugem).
O número de fiadas a colocar e a respectiva mobilidade deve ser definida tendo em conta o compasso
e a forma escolhida para manter o pomar. O arame compra-se em função do seu número. Desta
forma, quanto maior for o número do arame menor é o seu diâmetro, por exemplo um arame nº 13 é
mais fino que um arame n.º 11.
Espias
São utilizadas nas cabeceiras das linhas com a função de manter os postes fixos, de modo a poder-se
esticar convenientemente os arames.
É importante salientar que na vinha a colocação dos esteios e espias deve ser feita no ano da
plantação, ficando a aplicação dos arames e acessórios condicionada ao período pós-enxertia.
Acessórios
81
Gripple (Esticador de arame) Pragueta
Tutoragem
Após a plantação, deve fazer-se a tutoragem das plantas, para que a zona a enxertar ou já enxertada,
mantenha a verticalidade, impedindo assim que o futuro tronco fique defeituoso bem como para
proteger as plantas de eventuais acidentes.
Para a realização da tutoragem, pode-se recorrer a estacas de madeira previamente preparadas, ou
seja, descarnadas e afiadas (normalmente de eucalipto), de ferro, ou mais recentemente a tubos de
plástico, que também assumem um papel importante na diminuição das doenças causadas por fungos.
O material a utilizar na amarração das plantas deve ser degradável e suficientemente flexível para
evitar o estrangulamento das mesmas. O ideal é que a árvore fique ligada ao tutor por uma amarração
em 8 (oito).
TUTORAGEM
82
Amarração em forma de 8 deitado
Hidro-injector
Consiste na abertura de uma pequena cova,
83
através do recurso a um aparelho simples, que
consta da utilização simultânea da força do
operador e de um jacto de água sob pressão, que
provém de um pulverizador que é acoplado ao
tractor.
Na plantação com hidro-injector a desponta é
mais severa, deixando a raiz com cerca de 3-5 cm.
6.5.2.4. Fertilização
Fertilização de instalação
Antes ou na altura da plantação do pomar é obrigatório proceder-se, sempre que recomendado pela
análise de terra efetuada, a uma adequada fertilização do solo, com o objetivo de corrigir algumas das
suas características físicas, químicas e ou biológicas. Ao melhorar a sua fertilidade, no sentido de a
ajustar, tanto quanto possível, às exigências da cultura, serão proporcionadas condições mais
favoráveis ao crescimento e desenvolvimento das árvores.
Aplicação de adubos
São proibidas aplicações de azoto, na forma de adubo mineral, na adubação de instalação, por se
perder antes de ser utilizado pelas plantas, com o risco de contaminação de lençóis freáticos.
A aplicação de doses relativamente elevadas de fósforo não traz, geralmente, inconvenientes para as
plantas, a menos que, e dependendo das características do solo, possam induzir carências de ferro ou
de zinco.
A adubação potássica deverá ser efetuada tendo em consideração a textura do solo e a sua capacidade
de troca catiónica. Assim, antes da plantação, não devem ser aplicadas quantidades de potássio
superiores a 120 kg de K2O por hectare. Caso a recomendação de fertilização seja superior àquele
valor, deverá o restante adubo ser aplicado após a plantação.
Salvo casos excecionais devidamente justificados, é proibido aplicar à instalação mais de 200 kg de
P205 e 300 kg de K20, por hectare.
A adubação magnesiana far-se-á conjuntamente com a adubação fosfatada e a adubação potássica.
MB 200 300 60
B 150 225 45
M 100 150 30
A 50 50 15
84
MA 0 0 0
Observações:
MB - muito baixa; B - baixa; M - média; A - alta; MA - muito alta
Aplicação de corretivos
Corretivos alcalinizantes
As fruteiras beneficiam com a realização da calagem, especialmente quando o pH do solo se situa
abaixo de 5,5. A aplicação de corretivos alcalinizantes, ao elevar o pH do solo, permite não só melhorar
as condições de absorção de diversos nutrientes essenciais, como o fósforo, potássio, cálcio e
magnésio, mas também melhorar a estrutura do solo e favorecer a sua atividade microbiana.
Sempre que a calagem seja necessária e os teores de magnésio no solo sejam baixos (inferiores a
61ppm de Mg), deve-se aplicar calcário magnesiano. Esta é a fonte mais económicas de magnésio, mas
também a de efeito mais duradouro.
Corretivos orgânicos
A matéria orgânica desempenha um papel muito importante nas características físicas, químicas e
biológicas do solo, contribuindo grandemente para a sua fertilidade.
Aconselha-se a sua aplicação sempre que os teores sejam inferiores a 1,0 %, em pomares de sequeiro
e 1,5 % em pomares de regadio. Esta aplicação é obrigatória em solos de textura grosseira com teores
de matéria orgânica inferiores a 1,6%.
A aplicação de corretivos orgânicos é obrigatória para um nível muito baixo ou baixo de matéria
orgânica no solo, sempre que o valor de pH seja inferior a 6,0 e o teor de cobre extraível superior a
20mg/kg.
Se for necessário aplicar corretivos orgânicos, deve ser dada prioridade àqueles que tenham origem
nas explorações agro-pecuárias, devendo os estrumes ser bem curtidos. Estes corretivos deverão ser,
sempre que possível, previamente analisados, para que a sua composição nos diversos nutrientes
possa ser devidamente considerada no programa de fertilização.
Em Produção Integrada são proibidos, à instalação do pomar, aplicações superiores a 30 t por hectare
de estrume de bovino bem curtido, ou quantidade equivalente de outro corretivo orgânico permitido.
85
A fertilização do pomar deverá ter em consideração não apenas as necessidades de nutrientes
relativas à produção de frutos, mas, também, as referentes ao crescimento e formação das árvores.
A partir da entrada em plena produção, a fertilização a praticar visa, em condições normais, a
restituição ao pomar das quantidades de nutrientes que ele vai perdendo, em especial através das
colheitas, e será orientada, especialmente, pelos resultados da análise foliar e pelas produções
esperadas. São ainda ponderados os resultados das análises de terra, os resultados das amostras de
água (em pomares regados), bem como os da análise de frutos.
Fertilização azotada
86
A partir do primeiro ano podem-se aplicar doses crescentes de azoto.
Até à entrada em produção efetiva, a aplicação do adubo azotado deve fazer-se de forma fraccionada.
Se o pomar é regado por gravidade, o adubo pode ser aplicado por duas vezes, em partes iguais, uma
na primavera e outra no verão, no caso de solos de textura média ou fina. No caso de solos arenosos,
devem ser efetuadas duas aplicações na primavera e duas no verão.
As quantidades de fertilizantes a aplicar durante o período de formação das árvores serão geralmente
menores e nesta fase os adubos devem ser aplicados durante a primavera e o verão, de forma a tirar
partido das épocas do ano em que se verifica maior capacidade de absorção radicular.
Em fertirrigação utiliza-se o mesmo princípio do fracionamento, embora este possa ser maior, sendo
que as quantidades de azoto recomendadas devem ser aplicadas, quando exista produção,
preferencialmente, entre o abrolhamento e o fim da fase de multiplicação celular que, geralmente,
corresponde a frutos com cerca de 15mm de diâmetro (em regra, quatro a cinco semanas após a
floração).
No cálculo das quantidades de azoto a aplicar, é obrigatório considerar as quantidades do nutriente
fornecido pela água de rega.
Deve ser tida igualmente em conta as quantidades de azoto fornecidas pela matéria orgânica do solo.
Cada 1% de matéria orgânica existente no solo fornece por ano cerca de 30kg de Azoto/hectare.
O azoto é o nutriente que pode causar mais problemas ambientais. A fertilização azotada deverá, por
isso, merecer um especial cuidado, não só no que respeita às doses a aplicar, que devem ser apenas as
estritamente necessárias, mas, também, no que se refere às épocas de aplicação, que deverão ser
aquelas que conduzam a um melhor aproveitamento do azoto pelas árvores.
88
6.5.2.5. Rega
As regiões tradicionalmente produtoras de frutas de todo o mundo utilizam a irrigação como um fator
de produção importante para garantir a produtividade e a qualidade dos frutos. Os sistemas de
irrigação disponíveis permitem que se tenham projetos eficientes, com economia hídrica e permitindo
que sejam aplicados os fertilizantes através da água de irrigação, a chamada fertirrigação.
A fertirrigação é o processo pelo qual os fertilizantes são aplicados junto com a água de rega. Esta
prática converteu-se em rotina e é um componente essencial dos modernos sistemas de irrigação.
Nestes sistemas são aplicados os macro e micronutrientes para as fruteiras, para isso é necessário que
os mesmos sejam solúveis em água.
Recomenda-se que o pomar seja regado, exceto em condições muito particulares em que o lençol
freático permita a ascensão capilar da água até à zona das raízes. A primeira rega deverá ter lugar logo
após a plantação. A rega de plantação é indispensável para obter uma rebentação homogénea e
reduzir as falhas de plantação.
Os terrenos deverão ter bom escoamento superficial de águas ou um sistema de drenagem adequado,
para evitar o encharcamento prolongado após a ocorrência de fortes precipitações.
Na seleção do sistema de rega, deve ter-se em conta o tipo de solo, o declive e a sensibilidade das
espécies e cultivares a doenças radiculares, que desaconselhem o humedecimento do tronco das
árvores, durante a referida operação.
Recomenda-se que a definição dos setores de rega tenha em consideração a variação da fertilidade do
solo nas diferentes parcelas e as necessidades hídricas da cultura.
Em solos de textura ligeira (arenosa e franco-arenosa) é proibida a rega por gravidade; nos restantes
tipos de solo a rega pode efetuar-se através de sulcos ou caldeiras, por gravidade, desde que não
provoque erosão do solo.
A rega localizada por mini-aspersão consegue uma alimentação hídrica regular das árvores, possibilita
a fertirrega e o trabalho do solo na linha. No entanto, a água é mais facilmente arrastada pelo vento,
podendo ocorrer perdas significativas por evaporação e favorecer as doenças do colo das árvores.
A rega gota-a-gota é a que permite melhor eficiência. Com este sistema deve-se antecipar um pouco o
começo das regas, sem esperar que a humidade do solo se aproxime dos limites críticos.
Dado que o sistema radicular das fruteiras em plantações regadas não é muito profundo, toma-se
necessário garantir uma boa fixação da árvore ao solo. o que obriga a que os dispositivos de
distribuição da água sejam colocados a alguma distância do tronco, promovendo o bom
desenvolvimento das raízes na horizontal e, desta forma, também a sua fixação. Este procedimento
contribui igualmente para a prevenção de doenças radiculares, a que muitos porta- enxertos são
sensíveis. Os sistemas de mini-aspersão devem, assim, ser utilizados com precaução, evitando que
durante a rega o tronco seja humedecido.
Os sistemas de distribuição da água deverão ser mantidos em bom estado de conservação, a fim de
evitar perdas de água. Sempre que através do sistema de rega se faça a aplicação de fertilizantes
fitofármacos é obrigatório a instalação de uma válvula anti retorno.
As dotações de rega e a frequência das mesmas deverão estar de acordo com a precipitação, a
capacidade de retenção de água do solo e a evapotranspiração local, a fim de evitar perdas de água
em profundidade e a consequente lixiviação de nutrientes. As regas desequilibradas, com grandes
períodos sem fornecimento de água, podem ser prejudiciais às árvores e à qualidade dos frutos, quer
na árvore quer após colheita, durante a sua conservação.
A rega localizada, especialmente a gota-a-gota, permite uma redução de cerca de 30% nas dotações de
rega a aplicar.
89
Sempre que exista disponibilidade de água é recomendável que a rega se prolongue após a colheita,
até ao final do verão.
Controlo de humidade do solo
É recomendada a utilização de dispositivos de controlo de humidade do solo, de forma a racionalizar a
utilização de água. O mesmo pode ser realizado através de diversos equipamentos, tais como sondas
ou tensiómetros.
Nos pomares devem-se colocar dois tensiómetros, a diferentes profundidades, em cada ponto a
controlar.
O tensiómetro mais superficial informa-nos sobre a quantidade de água disponível para a planta e
deve ser colocado a 10cm do gotejador.
O tensiómetro mais profundo serve para sabermos as perdas de água que existem e como a água se
infiltra no perfil do solo, isto é, se chega a todas as raízes, quer em profundidade, quer lateralmente.
O número e a posição desses equipamentos numa parcela diferem de acordo com as características do
solo.
Idealmente não devem ser retirados do solo durante toda a época de rega. No entanto, é conveniente
mudá-los de lugar a cada 2 anos.
Recomenda-se que a tensão de água no solo seja mantida entre os 5 e os 30 centibares ou, quando a
evaporação é muito elevada (junho - agosto), entre os 5 e os 20 centibares.
90
Bibliografia e Webgrafia
- Menezes, Armando, 1977, “A Poda em Fruticultura”. Livraria Sá da Costa, Lisboa
www.cpact.embrapa.br/publicacoes/download/livro/fruticultura_fundamentos_pratica/4.4.htm (José
Carlos Fachinello, Jair Costa Nachtigal & Elio Kersten)
www.infovini.com
frutales.wordpress.com/pepita/kiwi/
http://www.iniav.pt/fotos/gca/folha_de_divulgacao_hef_no4__amora__tecnologias_de_producao_13
69824140.pdf
http://www.cothn.pt
91