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Para entendermos o que são e como se manifestam as bursites, é necessário num primeiro momento
verificarmos o que são as bursas, quais as suas funções e como elas se formam no organismo humano.
Ruth Werner, autora de “Guia de Patologia para Massoterapeutas”, refere-se de forma didática a elas como
sendo bolsas que “acolchoam os cantos mais cortantes de uma pessoa”. Para ela, as bursas “servem para
facilitar o movimento dos tendões sobre os ângulos formados pelos ossos”, e estende explicação nos
dizendo que as bursas “amortecem também os ossos onde, sem sua presença, eles poderiam martelar uns
sobre os outros.”
As bursas ocorrem em regiões específicas do corpo humano desde o nascimento, e podem aparecer em
outras partes do organismo como um mecanismo de proteção das estruturas ósseas e musculares. Com
essa diferença em mente, percebemos mais claramente o que Patrícia Downie quer dizer em “Fisioterapia
em Ortopedia e Reumatologia”, quando classifica as bursas em dois tipos distintos: as bolsas verdadeiras, e
as bolsas adventícias.
O segundo tipo de bursas chama-se de adventícias e elas “ocorrem em resposta a novos atritos dos
tendões sobre o osso e podem ocorrer em qualquer local, por exemplo quadril, tuberosidade isquiática ou
na face medial do grande dedo”, conforme Downie. Vemos, também, que Ruth Werner salienta a
necessidade que o organismo tem de regenerar-se e autoproteger-se ao referir o mesmo tópico: “sem as
bolsas para protegê-los, vários tendões ficariam esgarçados e sofreriam ruptura rapidamente. Alguns ossos
que não são apropriados para se tocar acabariam se tocando, com grande força. Os cantos cortantes, como
os cotovelos ou hálux valgo (joanete, …) não teriam qualquer proteção.
Desenvolvimento de Bursites
Ao sofrer os impactos e desgastes contínuos, certas porções do corpo humano acabam por desenvolver
uma inflamação nas bursas que as revestem e protegem, ou a formar bursas adventícias para tanto. No
linguajar popular temos os nomes de uma série de doenças que expressam esse desgaste e a localização
específica de cada bursite, como segue:
Ruth Werner define a doença como “a inflamação das bolsas: esses sacos cheios de líquido, quando
irritados, geram um excesso de líquido, que causa dor e limita a mobilidade [da articulação]. A maioria das
bolsas é muito pequena porém naquelas que protegem o joelho e o ombro podem ser bastante volumosas.”
No livro, Prática Clínica Ortopedia & Reumatologia: Diagnóstico e Tratamento, de Brian Corrigan e G. D.
Maitland, temos uma lista de tipos específicos de bursites. Podemos citar as bursites anserina, bicipital,
bursite do tendão do calcâneo, infrapatelar, bursite do olécrano, pré-patelar, semimembranácea,
subacromial, subcoracóide e trocantérica, sobre as quais os autores se referem neste volume.
Causas
As causas para a ocorrência da bursite são, segundo Ruth Werner, o: “estresse repetitivo, africção contínua
sobre a mesma área, [com a consequente] geração de um processo inflamatório com aumento do volume
de líquido.”
Em razão do aumento de volume do líquido nas bolsas, ocorre uma compressão das áreas no entorno da
lesão, e isso provoca, segundo Werner espasmos na musculatura na região da bursite, “imobilizando a
região, e podem agravar a lesão pois comprimem a bolsa de líquido e a articulação ao mesmo tempo”.
Sintomas
Os sintomas mais evidentes de existência de bursites são as dores a qualquer tipo de movimento (ativo e
passivo) e o calor na região da doença, com a ocorrência de edemas. Os movimentos têm uma limitação
marcante em sua amplitude de deslocamento das estruturas que compõem a área afetada. Além desses
sintomas, Werner cita o fato de em bolsas profundas, como as que ocorrem na articulação coxofemural,
inexistirem a manifestação evidente de calor ou edema aparentes.
Tratamento
Para tratar e promover a reversão da bursite, indica-se a consulta imediata a um médico ortopedista para a
solicitação dos encaminhamentos adequados no tratamento da lesão. No “Guia de Patologia para
Massoterapeutas”, cita-se como medida terapêutica as “aplicações quentes e úmidas” de água para a
reversão da inflamação. Segundo a autora, as aplicações frias podem provocar dor intensa.
Já no artigo “Bursite Trocantérica”, de William Soltau Dani e Elaine Azevedo, os autores sugerem o
contraste térmico, ou seja a alternância de aplicação de calor e de frio sobre a região para o tratamento da
bursite trocantérica. Inferimos que isso pode ocorrer devido à profundidade de localização das bursas na
região do quadril como sendo um dos motivos que permite a aplicação desse procedimento. Necessitamos,
no entanto, mais esclarecimentos a respeito da questão.
A gravidade da bursite pode gerar, também, a necessidade de aspiração do excesso de líquido sinovial na
bursa em questão. Medicamentos anti-inflamatórios e corticosteróides também são alternativas para o
tratamento.
Mudança de hábitos
Os tratamentos para a bursite envolvem a ação imediata para o tratamento fisiológico da lesão e para a
erradicação da inflamação e da dor e também demandam a necessidade de reeducação do paciente para a
mudança de hábitos e melhoria na qualidade de movimentos.
Os autores pesquisados salientam a necessidade de cura dos fatores agravantes da lesão, e sugerem: “o
aprendizado de novos padrões de movimento”, e o “fortalecimento dos músculos da área afetada”. No caso
do atendimento com massagem terapêutica, Ruth Werner expõe que a massagem é indicada para a bursite
apenas na sua fase subaguda. A professora Rosa Lia chama a atenção para o fato de que o atendimento
terapêutico da massagem necessariamente deve evitar de manipular as áreas do corpos do paciente nas
quais ocorrem as dores e nas quais tenhamos sinais evidentes de inflamação.
Bibliografia
WERNER, Ruth. Guia de Patologia para Massoterapeutas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.