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CAMPUS GOIÂNIA
LICENCIATURA EM MÚSICA
GOIÂNIA
2018
BRUNNA BEATRIZ SANTOS GOMES
Orientador(a):
GOIÂNIA
2018
BRUNNA BEATRIZ SANTOS GOMES
Orientador(a):
APROVADO EM ______/_______/__________
________________________________________________________________________
Luciene Maria Bastos ( IFG)
Orientador(a)
________________________________________________________________________
Cristiano aparecido da Costa (IFG)
Membro da banca examinadora
________________________________________________________________________
Gustavo Araújo Amui (IFG)
Membro da banca examinadora
GOIÂNIA
2018
RESUMO
The present study sought to present and analyze the CriareTocar Project of the
city of Anápolis. The goal was to understand how music teaching is developed in social
projects and how it helps in social inclusion. In order to do so, we contextualized the social
projects that teach music in Brazil, presenting the relevance to society and forms of
contributions of this type of project that focuses on social insertion through art. This research
is qualitative, of bibliographic study and documentary analysis. Thus, to understand the
process of social inclusion through music in Social Projects, analyzes of the Project's
Pedagogical Proposals were carried out. In this study it was possible to verify that the Criar
and Tocar Project evidences the possibility of musical experiences that broaden the world
view of those involved and cause significant transformations in the life of the individual.
INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 6
1 CONTEXTUALIZANDO PROJETOS SOCIAIS .................. ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
1.1. PROJETOS SOCIAIS QUE ENSINAM MÚSICA NO BRASIL... ERRO! INDICADOR
NÃO DEFINIDO.
1.2. MODELOS DE PROJETOS SOCIAIS NO BRASIL .................................................... 10
1.2.1 Projeto Guri ...................................................................... Erro! Indicador não definido.
1.2.2 Projeto Villa Lobinhos ..................................................... Erro! Indicador não definido.
1.2.3 NEOJIBA.......................................................................... Erro! Indicador não definido.
2 METODOLOGIA ................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.1 CAMINHO PERCORRIDO ............................ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.2 MÉTODOS UTILIZADOS ............................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.2.1 Revisão Bibliográfica ....................................................... Erro! Indicador não definido.
2.2.2 Análise Documental.......................................................... Erro! Indicador não definido.
2.2.3 Pesquisa de campo............................................................ Erro! Indicador não definido.
3 O PROJETO CRIAR E TOCAR DA CIDADE DE ANÁPOLIS.... ERRO! INDICADOR
NÃO DEFINIDO.
3.1 CONTEXTUALIZANDO O PROJETO .......... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.1.1COMO NASCEU O PROJETO..................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.2 PROPOSTA PEDAGÓGICA .......................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.2.1 ESTRATÉGIAS E METODOLOGIAS DE ENSINO ........ ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
3.2.2 SISTEMA DE AVALIAÇÃO ...................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
3.2.3 PERFIL DO EGRESSO ............................... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
REFERÊNCIAS ......................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO A – PROPOSTA PEDAGÓGICA CRIAR E TOCAR E PONTO DE
CULTURA TOCANDO COM ARTE 2011 ...........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO B – PROJETO CRIAR E TOCAR ENDEREÇO DOS NÚCLEOS 2019/01
.....................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO C – REGULAMENTO INTERNO DO PROJETO CRIAR E TOCAR ... ERRO!
INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO D – FICHA DE MATRÍCULA ................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
ANEXO E – FEMA, FETIVAL DE MÚSICA DE ANÁPOLIS ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
ANEXO F – CRIAR E TOCAR UNIEVANGELICA 2014 A 2016 ... ERRO! INDICADOR
NÃO DEFINIDO.
ANEXO G – MATRICULADOS 2019 ...................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
6
INTRODUÇÃO
[...] a música tem uma inserção bastante acentuada junto às pessoas, independente
de seu gênero, idade ou classe social. Este movimento está diretamente relacionado à
facilidade com que a música permeia o cotidiano das pessoas e cidades, penetrando os mais
diversos ambientes do cotidiano, com o papel de resgatar a memória, mas também de registrar
as marcas da vida sonora de diferentes culturas na história da humanidade. Se esta presença
musical é tão efetiva na vida do homem, não se pode considerá-la como um ornamento, mas
se constitui em um fato social abrangente e presente, porque através dela existe uma
comunicação afetiva, simbólica e sensível, que se estabelece mesmo que inconscientemente.
(2012, p. 93).
Autores como Penna (2014), Kleber (2006), Hikiji (2006), Cruvinel (2005),
ressaltam a importância de projetos sociais que ensinam música. Projetos esses associados a
ONGs, ações governamentais ou não. Em suas pesquisas estes autores contextualizam e
evidenciam a importância desses projetos a partir de conceitos sócias que influenciam na
educação musical atual.Neste contexto autores como (SOUZA, 2000; 2008; PENNA, 1990;
2008), apontam a importância de se partir da cultura de cada um que se musicaliza, ou seja, a
vivência do aluno como ponto de partida para o processo de ensino e aprendizagem musical.
Hikiji (2006) explica que na participação em Projetos Sociais que ensinam música, esses
jovens se encontram longe do risco social, pois estão produzindo arte e se expressando, ou
seja, estruturando-se simbolicamente.
Esta pesquisa se justifica através da inclusão social a partir do ensino de música
em Projetos Sociais, em contribuição para o seu público alvo. No momento em que
visivelmente a sociedade brasileira sofre cada vez mais com a violência, o presente trabalho
propõe-se a descrever o impacto que os Projetos Sociais que ensinam música podem causar
para mudar esta realidade. Nesta pesquisa o Projeto Criar e Tocar da cidade de Anápolis foi o
objeto de estudo, e um dos principais motivos para a elaboração deste Programa Social foi a
situação de risco dos jovens da cidade, pois o projeto atende crianças e adolescentes das
periferias, de baixa renda e que estão em constante situação de risco. Um dos vários motivos
para se criar iniciativas de programas sociais é a crescente violência em suas diversas facetas,
assim como o uso de drogas.
Os projetos sociais que ensinam música são exemplos de educação intencional
não-formal. Segundo Almeida (2005), a educação intencional não-formal é um tipo de
educação em que existe a intenção de desenvolver uma atividade pedagógica, mas de forma
menos sistemática e o interesse de aprendizagem pertence propriamente aos alunos.
8
Cruvinel (2005, p.17), aponta que programas sociais que trabalham o ensino
coletivo e gratuito de música podem promover a transformação, do ponto de vista individual e
coletivo.
No Brasil, os projetos sociais juntamente com as Associações não governamentais
(ONGs) contribuem de forma efetiva para o ensino de música e inclusão social em
comunidades carentes, e vêm se disseminando como uma oportunidade para que os jovens
possam ascender socialmente e sair da linha de pobreza na qual são limitados quando se
discute auto desenvolvimento e progressão material. Muitos desses projetos no Brasil e no
mundo têm como base o El Sistema, que é um modelo didático musical que foi idealizado e
criado na Venezuela em 1975 como programa de estado pelo maestro e economista José
Antônio Abreu. Este projeto consiste em um sistema de educação musical pública que tem
como o objetivo levar a música clássica às comunidades carentes dando oportunidades a
jovens confinados a pobreza.
A música clássica em projetos sociais vem mudando o destino de vários jovens
carentes pelo Brasil, projetos como NEOJIBA1 na Bahia, Projeto Guri em São Paulo e Projeto
Villa Lobinhos na cidade do Rio de janeiro, são alguns exemplos que se destacam
possibilitando o contato com uma nova perspectiva de vida e possibilidade de mobilização
social,além das experiências oferecidas por esses Projetos.
Kleber (2006) debate sobre as possíveis abordagens da educação musical em
Projetos Sociais ressaltando a importância de não negar a bagagem cultural trazida pelo
1
NEOJIBA, Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia.
9
aluno.Mais do que isso, o autor afirma que deve-se valorizar e inserir essa bagagem no
processo de ensino aprendizagem.É válido destacar que nestes projetos, a maioria dos relatos
são de melhorias no aprendizado escolar e mudanças positivas na forma de pensar e
agir.Santos (2004) também reflete sobre a valorização atual do ensino de música em projetos
sociais em detrimento do ensino de música nas escolas. Mostra que um pode complementar o
outro, e destaca a importância de uma reflexão constante por parte dos educadores musicais
que trabalham em Projetos Sociais acerca da questão de como a música pode contribuir para
uma melhor qualidade de vida das pessoas. Segundo Del Ben e Hetschke:
De certa forma a música orquestral para essas pessoas não é algo do cotidiano. Os
pais geralmente não consomem este tipo de música e consequentemente os filhos não estão
habituados, criando uma certa barreira. Os projetos sociais vêm com o intuito de quebrar estes
paradigmas e oportunizar experiências e educação musical a estas comunidades.
Segundo Arroyo (2002), a educação musical do século XX era direcionada a
academia e a música orquestral por muito tempo foi elitizada. Para se estudar música era
10
preciso ir até uma escola específica, fazer aulas particulares ou até mesmo estudar em
conservatórios. Ao longo do tempo, ocorreram mudanças nas ciências sociais que
influenciaram na área da música e principalmente na pedagogia musical. Segundo a autora, a
reflexão sobre as sociedades levou a uma descentralização do pensamento eurocêntrico,
possibilitando assim, a área da música ser direcionada por esses novos pensamentos.
Um questionamento bastante apontado sobre estes projetos é o seguinte: por que
ensinar música clássica para crianças e jovens de baixa renda? Por que não ensinar música
popular? Ou ensinar instrumentos populares?
O fato é, quando estas crianças e jovens em desvantagem social entram em uma nova
perspectiva de vida, é possível perceber aumento na confiança e autoestima a partir do
momento em que se sentem valorizados. A responsabilidade de tocar em um grupo, de um
precisar do outro passa a ser um fator essencial para a interação em grupo. Muitos jovens
chegam nesses projetos se sentindo incapazes, e pelo fato de estarem aprendendo um
instrumento, desenvolvendo uma nova perspectiva evivenciando uma variedade antes
desconhecida, é possível ter perspectivas em relação a mudança da realidade daquele
indivíduo.
1.2.3 NEOJIBA
2
Famoso pianista chinês conhecido mundialmente.
3
Violinista Russo.
14
De acordo com Hikiji (2006), em projetos como Guri, Villa Lobinhos, NEOJIBA
e tantos outros, é necessário entender que a música se configura como elemento de
intervenção social. Nem sempre quando o termo “carente” é utilizado, significa que está
sendo analisado apenas o fator financeiro do indivíduo, e sim, todos os aspectos que
compõem o conjunto de necessidades básicas para o desenvolvimento da criança e/ou
adolescente, sendo eles financeiros ou emocionais. Os projetos sociais, servem de pontes para
aproximar os alunos carentes da música, e também para ajuda-los a enfrentar suas duras
realidades, que por muitas vezes são prejudiciais, pois estas crianças podem estar expostas a
problemas sociais tais como drogas, violência e trabalho infantil. Sendo assim, nos projetos
sociais que ensinam música, o aluno tem a oportunidade de aprender e também ter acesso a
ferramentas e atividades que os auxiliam no exercício da cidadania.Segundo Penna:
mais flexível […] Muitas vezes, tais projetos articulam essas funções
contextualistas, voltadas para a formação global dos alunos, com o domínio
do fazer artístico, inclusive como alternativa de profissionalização. (Penna,
2006, p. 37).
2 METODOLOGIA
fundo uma realidade pode dar base a discussões teóricas relevantes, que auxiliam na
compreensão das realidades mais amplas.
Sobre a análise documental nesta pesquisa, foi proposto trazer algumas discussões
pautadas em pesquisa bibliográfica e exploratória que envolvem a análise documental
associada a esta pesquisa. Gil (1999) afirma que, a análise documental consiste em uma série
de operações que buscam estudar documentos no intuito de procurar compreender contextos
sociais e econômicos. A análise documental tem sua relevância, uma vez que através dela o
pesquisador pode coletar, tratar e analisar suas fontes informacionais. Para a elaboração de
uma pesquisa no campo social, é necessário que o pesquisador esteja ciente da quantidade e
diversidade de informações existentes hoje.
Segundo Penna (2015), as fontes documentais são indispensáveis aos estudos de
caráter histórico sobre a educação. Podem constituir a principal fonte de dados em uma
pesquisa documental, ou podem, em um estudo de caso, ser articulada a dados obtidos através
de observação e/ou entrevista, com vista a um maior aprofundamento e a uma maior
compreensão do fenômeno pesquisado. Outra justificativa para o uso de documentos em
pesquisa é que ele permite acrescentar a dimensão do tempo à compreensão do social. A
análise documental favorece a observação do processo de maturação ou de evolução de
indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre
outros. (CELLARD, 2008).
Este estudo buscou caracterizar Projetos Sociais que ensinam música, mas
também buscou ir além da pesquisa bibliográfica, coletando documentos na própria
19
instituição, que é o Projeto Criar e Tocar, na cidade de Anápolis. De acordo com Penna
(2015), nenhum método de pesquisa é independente ou autossuficiente. Dessa forma, esta
pesquisa utilizou e mesclou procedimentos de pesquisa bibliográfica, documental e de campo.
Para conhecer o universo da pesquisa foram levantados dados que se identificam
com a temática estudada, que são os Projetos Sociais que ensinam música. Foram escolhidos
três Projetos de três regiões diferentes do país, Projeto Guri (SP), Villa Lobinhos (RJ) e
NEOJIBA (BA). A partir daí foi feita a descrição de cada projeto, características, organização
mantenedora (estado ou ong), como os alunos ingressam nesses projetos, foco principal para
tais iniciativas. Foi possível observar que todas apesar de suas semelhanças e diferenças, estes
projetos tem em comum o foco principal, que é inserção social pela arte.
O processo de coleta de dados se iniciou no mês de abril de 2019. Foi solicitada a
permissão da pesquisa para a diretoria e coordenação pedagógica do Projeto Criar e Tocar
através de e-maile WhatsApp. Houve uma boa recepção da gestão do Projeto em relação a
pesquisa, a partir daí começou a coleta de dados em documentos guardados na própria sede do
projeto Criar e Tocar que fica na Unievangélica na cidade de Anápolis.
Foi possível perceber nesta busca de documentos e informações que o Projeto não
guarda muitos documentos, arquivos para identificar a sua história e, muitos dos programas,
panfletos de apresentações não são datados. Houve um pouco de dificuldade para identificar
datas de apresentações, formatura de alunos, recitais, provas e etc. não foram fornecidos
alguns documentos como: portaria de abertura do projeto, e propostas pedagógicas de alguns
anos.
20
4
Link da matéria <http://www.unievangelica.edu.br/noticias/4273>
22
A orquestra Sinfônica do Projeto também foi requisitada várias vezes para fazer
apresentações na embaixada da Áustria em Brasília5. Um dos eventos mais importantes no
Distrito Federal foi “Uma Noite em Viena”.Foi a terceira vez que o grupo foi convidado a se
apresentar a pedido da Embaixada da Áustria. Sob a regência do maestro Jessé Mendes da
Silva, a Orquestra Criar e Tocar apresentou sucessos internacionais e nacionais, destacando as
valsas e a música popular brasileira. Um dos momentos marcantes da apresentação foi a
reprodução do sucesso “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga. A apresentação foi retribuída por
aplausos do público presente, dentre embaixadores de vários países e autoridades, como o ex-
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa.
Desde o ano de 2008o Projeto Criar e Tocar é palco do (FEMA)6 Festival de
Música de Anápolis (Vide Anexo E), que traz em sua programação apresentações e oficinas
pedagógicas. A principal finalidade deste festival é proporcionar aos alunos do Criar e Tocar,
e demais projetos de ensino da música a oportunidade de ampliação de conhecimentos e
aprimoramento técnico. O evento estimula a troca de experiências musicais com foco no
aperfeiçoamento desta linguagem artística. Grubisic (2012, p. 78) descreve os projetos sociais
com orquestras da seguinte forma:
5
Link da matéria: <http://anapolis.go.gov.br/portal/multimidia/noticias/ver/orquestra-criar-e-tocar-se-apresenta-
na-embaixada-da-ustria>
6
Link da matéria: <http://www.unievangelica.edu.br/noticias/4401>
23
social do aluno. Pode-se destacar a interação entre alunos em suas trocas de experiências,
saberes relativos aos instrumentos que tocam, a vivência de trabalhos em grupo e o convívio.
Ao evidenciar um projeto social, o ensino da música orquestral e a prática de
orquestra, é possível identificar uma série de possibilidades essenciais que podem contribuir
para o desenvolvimento progressivo e o êxito do projeto.Dentro do ensino coletivo da música,
podemos relacionar diferentes formas para o desenvolvimento pedagógico das atividades. No
que diz respeito à formação de conjuntos musicais, destacam-se os grupos orquestrais, a
exemplo da formação de grupos instrumentais, como a Banda Sinfônica do Projeto e o Octeto
de cordas, esses capazes de diversificar e estimular o ensino coletivo do instrumento.
Pelo fato da prática orquestral e o aprendizado de um instrumento clássico ser
algo distante da maioria das famílias de baixa renda, um Projeto como o Criar e Tocar
proporciona uma maior curiosidade deste grupo, pois é algo novo que se insere em suas vidas.
De acordo com Fonterrada (2004, p. 87) “muito projetos de inclusão social proporcionam
atividades culturais interessantes que chama a atenção do aluno”, e a música tem um papel
importante neste quesito.
Presidente Dr. Geraldo Espíndola, onde foi o ponta pé inicial para a formação do Projeto Criar
e Tocar, que tinha como proposta atingir crianças e adolescentes de baixa renda, o que
cumpria e era de acordo com a responsabilidade de cunho social da instituição.
Ainda nos documentos fornecidos com o histórico do Projeto (Vide Anexo A), foi
possível obter dados exatos do início do funcionamento do Projeto. Foram seis meses de
preparação e fomentação de parcerias para que no dia 5 de abril de 2005 o Projeto Criar e
Tocar iniciasse suas atividades. No seu início, foram convidados Professor Wellington José
Silva para assumir a direção do Projeto e assumir o papel como maestro, onde permaneceu até
o ano de 2009, e a Professora Liana Campos Potenciano na coordenação administrativa.
Segundo dados fornecidos pelo Projeto (Vide Anexo A), até o ano de 2011,
depois de seis anos de seu início, foram atendidos mais de 1000 crianças e adolescentes, tendo
formado três turmas de alunos em Teoria Musical e o funcionamento de uma Orquestra
Jovem.Atualmente a coordenação geral do Projeto Criar e Tocar é gerida pela Professora
Marisa Espíndola, idealizadora do Projeto, e os apoios financeiros do Criar e Tocar são
fornecidos pela Associação Educativa Evangélica (AEE) e pela Prefeitura Municipal de
Anápolis.
O primeiro polo do Projeto Criar e Tocar foi fundado em 2005, como citado
anteriormente. Hoje este polo fica na Unievangélica, em Anápolis. Nos anos de 2009 e 2010 a
professora Marisa Espíndola com o mesmo sonho de ver o Projeto se dissipando pela cidade
foram abertos mais quatro polos do Criar e Tocar em diferentes regiões da cidade. O segundo
polo iniciou suas atividades no dia 2 de março de 2009, no bairro Industrial Munir Calixto.Em
seu início foram matriculados cerca de 98 alunos. Com o intuito de receber recursos do
Governo Federal e Estadual, foi preciso mudar o nome do Projeto para Ponto de Cultura
Tocando com Arte, pois para ser possível conseguir o auxílio era preciso trocar o nome deste
segundo Projeto por questões burocráticas.
Até o ano de 2011o Projeto Criar e Tocar do núcleo bairro Industrial contava com
70 alunos e possuía uma orquestra didática. No dia 26 de fevereiro de 2010, foi aberta mais
uma unidade do Projeto Criar e Tocar no bairro Adriana Park, no mesmo ano foram abertos
mais dois Projetos, um núcleo no bairro Villa Operária e outro no bairro Paraíso. Até o ano de
2011, estes núcleos do Projeto Criar e Tocar contavam com cerca de 70 alunos cada. O núcleo
do bairro Paraíso foi a extensão do Projeto que já acontecia no Parque da Criança com o nome
de CLAI(Cento Livre de Artes Integradas) e até o ano de 2011, contava com 40 alunos7.
7
Todas estas informações encontram-se disponíveis no Anexo A.
25
Entre os anos de 2014 e 2016 foram matriculados mais de 1200 alunos que
passaram pelo Criar e Tocar nesse período. No ano de 2014 eram cerca de 361 alunos
matriculados em instrumento e teoria musical, em 2015, 437 alunos e 2016, 411. Consta
também a quantidade de alunos desistentes nestes mesmos anos nos documentos. No ano de
2015, 49 alunos desistiram, 2015, 77 e 2016, 40 alunos (Vide Anexo F).
A falta de identificação do indivíduo com o grupo, pode ser caracterizada
principalmente por aspectos de ordem social e problemas na área do relacionamento humano.
Segundo Tinto (1993) a evasão acontece quando o indivíduo não está integrado de forma
coerente ao sistema em que está vinculado. O autor relaciona o fenômeno da evasão com a
identificação do indivíduo com seu grupo de convivência no ambiente. O autor esclarece que
o ato de evadir consistido em um processo de interações a longo prazo. Assim, o próprio
indivíduo com um conjunto de determinadas características interage no sistema social e
acadêmico no caso do Criar e Tocar e por consequência o resultado desse processo interativo
em que acarretará à permanência ou a variadas formas de evasão. Muitas vezes os alunos não
se identificam com a proposta que o Projeto, ou chegam querendo aprender instrumentos que
não são fornecidos na instituição.
De acordo com os documentos analisados relacionados ao Histórico do Projeto
(Vide Anexo A), foi possível observar a justificativa para se abrir mais polos do Projeto. A
preocupação sobre as necessidades sociais crescentes, a sensibilidade do indivíduo em risco e
o crescimento da violência foram os principais fatores que levaram a abertura desses polos. A
ideologia seguida pelo Criar e Tocar desde o seu início é a busca do equilíbrio social através
da música, com o intuito de reduzir a vulnerabilidade social.
Hoje, o Projeto Criar e Tocar conta com 6 núcleos, núcleo Unievangélica que é o
polo principal, Nova Vila Jaiara que era o antigo Adriana Parque, Vivian Parque, Industrial,
núcleo da Igreja Batista e o núcleo na cidade de Goianésia. As aulas nestes polos acontecem
de segunda a sexta no turno vespertino, somente no núcleo Industrial são oferecidas aulas nos
dois períodos.Lá, o turno matutino funciona nas terças e quintas. O Criar e Tocar conta com
uma equipe de 31 professores de diversos instrumentos da orquestra clássica. Um total de 7
coordenadores de núcleo e um total de 2 professores de reforço escolar que atendem os
núcleos Nova Vila e Vivian Parque. A professora Marisa Espíndola é responsável pela
coordenação geral do Projeto, a coordenação pedagógica é gerida pela professora Ana
Cristina Pires. A parte administrativa do Projeto é gerida por Rosângela Moraes e a
assistência de secretaria por Hermes Cardoso de Ávila. (Vide Anexo B).
26
Martínez (2010, p.10) afirma que “[...]a proposta pedagógica não é apenas o
documento escrito, mas sim a intencionalidade educativa que se expressa de maneira viva no
conteúdo e na forma que assumem as ações educativas que caracterizam o trabalho”.A
proposta pedagógica constitui-se efetivamente como um instrumento útil para a organização
coerente do trabalho educativo. É possível observar na Proposta Pedagógica do Criar e Tocar
a linha de ensino e de atuação na comunidade, ela formaliza um compromisso assumido por
professores, funcionários, pais, alunos e líderes comunitários em torno do mesmo projeto
educacional, que no caso é o ensino de música com o objetivo de mudar uma realidade social.
Desde o seu início, o Projeto Criar e Tocar tem como foco pedagógico a prática
em conjunto. São seus princípios pedagógicos que viabilizam a profissionalização de seus
alunos e os dá a oportunidade de uma nova profissão e visão de mundo. Nessa perspectiva,
desenvolver um trabalho de educação musical, auxiliando crianças, adolescentes e jovens, a
construírem, aprimorarem e se apropriarem de habilidades artísticas e de expressão não
verbal, possibilita a percepção da importância que a música transfere ao ser humano como
ferramenta de transformação social, cultural e pessoal. “[...] uma educação musical só será
significativa quando conseguir fazer da experiência musical uma experiência para a vida na
sociedade e na cultura em geral” (QUEIROZ, 2004, p. 104).Ao longo do tempo o Projeto
sofreu várias mudanças até se firmar em uma proposta pedagógica sólida, no final de 2012
para o início do ano de 2013.
27
projetos de ensino da música clássica, como o Criar e Tocar, essa transformação se faz pela
construção de um espaço coletivo em que os mais desvalidos e carentes podem mudar suas
próprias vidas, possibilitando o crescimento pessoal destas pessoas para melhor acesso às
oportunidades já disponíveis.
Para Karter (2004), música e educação são produtos da construção humana, cuja conjugação
pode resultar numa ferramenta original de formação, capaz de promover tanto processos de
conhecimentos quanto de autoconhecimento. A partir do momento em que o aluno se desliga
do Criar e Tocar ele passa a ter possibilidades no meio musical e em tantos outros. Nem todos
os alunos que passaram pelo Projeto, necessariamente, se tornarão músicos, mas o fato é que
terão outros caminhos a explorar pela rica experiência que viveram.
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo explicitar a relevância dos Projetos sociais que
ensinam música no Brasil. Também compreender como é desenvolvido o Projeto Criar e
Tocar da cidade de Anápolis. A partir das informações expostas nesse trabalho, constata-se que a
educação musical pode ser realizada não apenas através dos conservatórios de música, mas
também pode ser efetivada por meio de espaços não-formais como projetos sociais e ONGs, as
quais também não têm fins lucrativos.
No Brasil, os projetos como, Guri, Villa Lobinhos, NEOJIBA e o Criar e Tocar da
cidade de Anápolis são exemplos de espaços não-formais que incluem o ensino de música em
suas atividades, além de cooperarem para a inclusão social de crianças e jovens que vivem em
condições de risco social e sob um reduzido IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Com a estruturação desta pesquisa, foi possível ter acesso a informações que
comprovam a contribuição das práticas sociais aplicadas nos projetos citados no texto,
sobretudo no projeto Criar e tocar que foi o principal objeto de estudo. As práticas musicais
desenvolvidas com base na convivência diária, respeito mútuo, na escuta e no diálogo
construído com as pessoas que compõem estes projetos, se mostraram fatores primordiais para
a evolução e manutenção do aprendizado.
O Projeto Criar e Tocar evidencia a possibilidade de experiências musicais
ampliarem a visão de mundo dos envolvidos e provocarem transformações significativas na
vida do indivíduo, tornando-o mais autoconfiante, consciente, crítico e reflexivo sobre sua
realidade e a da sua comunidade.
31
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