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Ecologia Geral

e Urbana
Material Teórico
Introdução à Ecologia Geral

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Nilza Maria Coradi de Araújo

Revisão Textual:
Profa. Esp. Kelciane da Rocha Campos
Introdução à Ecologia Geral

• Introdução
• Sistemas ecológicos
• Estudando a natureza sob várias perspectivas
• Princípios gerais dos sistemas ecológicos
• Os seres humanos como parte da biosfera
• Considerações finais

OBJETIVO DE APRENDIZADO
··Iniciar o caminho para o pensamento ecológico
··Discutir vários pontos a partir dos quais o conhecimento e a visão
ecológica podem ser abordados.
··Vamos trabalhar vários sistemas ecológicos diferentes, como
organismos, conjuntos de organismos ou grupamentos de organismos
unidos de alguma forma ou dependentes de partes do sistema. Embora
a complexidade dos sistemas ecológicos possa variar de um único
ser à totalidade da biosfera terrestre, todos obedecem a um princípio
semelhante.
··Objetivamos também entender esses princípios e saber aplicá-los às
questões ambientais, o que nos ajudará a vencer o desafio de manter
um ambiente para os sistemas naturais e para nós mesmos, diante do
crescente estresse ecológico que vivemos.

ORIENTAÇÕES
Prezados alunos e alunas,
Nesta Unidade, iniciaremos o caminho para o pensamento ecológico.
Discutiremos vários pontos a partir dos quais o conhecimento e a visão
ecológica podem ser abordados. Vamos trabalhar vários sistemas ecológicos
diferentes, como organismos, conjuntos de organismos ou grupamentos de
organismos unidos de alguma forma ou dependentes de partes do sistema.
Fiquem atentos às atividades propostas e aos prazos de realização e de entrega
das mesmas. E não deixem de participar de nosso Fórum de Discussões.
Convite à leitura: leiam cada aula, façam anotações, e se necessário
pesquisem outros materiais além do que é fornecido. Não acumulem dúvidas,
participem, perguntem!
Bons estudos!
UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

Contextualização
Nesta Unidade, iniciaremos o caminho para o pensamento ecológico.
Discutiremos vários pontos a partir dos quais o conhecimento e a visão ecológica
podem ser abordados. Vamos trabalhar vários sistemas ecológicos diferentes, como
organismos, conjuntos de organismos ou grupamentos de organismos unidos de
alguma forma ou dependentes de partes do sistema. Embora a complexidade dos
sistemas ecológicos possa variar de um único ser à totalidade da biosfera terrestre,
todos obedecem a um princípio semelhante.

Um dos principais princípios está focalizado nos atributos físicos e químicos


dos sistemas ecológicos, na regulação da sua estrutura e função e nas mudanças
evolutivas (Ricklefs, 2003). Entender esses princípios e saber aplicá-los às questões
ambientais nos ajudará a vencer o desafio de manter um ambiente para os sistemas
naturais e para nós mesmos, diante do crescente estresse ecológico que vivemos.

A ecologia é o estudo científico do meio e suas relações com os organismos. A


população, o ecossistema e a biosfera são níveis de organização de funcionamento
e estrutura ecológicos, formando uma hierarquia de entidades que vão se tornando
cada vez mais complexas.

Os ecólogos utilizam diversas abordagens para estudar o meio ambiente,


trabalhando as interações dos organismos com seus ambientes, as transformações
de energia e elementos químicos e a biosfera, dinâmicas de populações e as
interações dentro das comunidades ecológicas.

Os seres humanos representam um papel importante e dominante na biosfera,


e as atividades humanas acabaram criando uma crise ambiental com proporções
globais. Para resolvermos nossos problemas ambientais, precisaremos entender e
aplicar de forma correta os princípios da ecologia.

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Introdução
Nesta Unidade, iniciaremos o caminho para o pensamento ecológico.
Discutiremos vários pontos a partir dos quais o conhecimento e a visão ecológica
podem ser abordados. Vamos trabalhar vários sistemas ecológicos diferentes, como
organismos, conjuntos de organismos ou grupamentos de organismos unidos de
alguma forma ou dependentes de partes do sistema. Embora a complexidade dos
sistemas ecológicos possa variar de um único ser à totalidade da biosfera terrestre,
todos obedecem a um princípio semelhante.

Um dos principais princípios está focalizado nos atributos físicos e químicos


dos sistemas ecológicos, na regulação da sua estrutura e função e nas mudanças
evolutivas (Ricklefs, 2003). Entender esses princípios e saber aplicá-los às questões
ambientais nos ajudará a vencer o desafio de manter um ambiente para os sistemas
naturais e para nós mesmos, diante do crescente estresse ecológico que vivemos.

Nesta Unidade, faremos uma introdução à ecologia. A palavra ecologia vem


do grego oikos, que significa “casa”, e logos, que significa “estudo”. Podemos
dizer que ecologia é, portanto, o estudo do ambiente da casa. Incluímos aí todos
os organismos contidos nela e todos os processos funcionais que a tornam
habitável. Literalmente, então, a ecologia é o estudo do lugar onde se vive, com
ênfase sobre a totalidade ou padrão de relações entre os organismos e o seu
ambiente (Odum, 1988).

Em 1870, o zoólogo alemão Ernst Haeckel deu à palavra um significado


mais abrangente:
Por ecologia, queremos dizer o corpo de conhecimento referente à
economia da natureza – a investigação das relações totais dos animais
tanto com seu ambiente orgânico quanto com seu ambiente inorgânico;
incluindo, acima de tudo, suas relações amigáveis e não amigáveis com
aqueles animais e plantas com os quais vêm direta ou indiretamente entrar
em contato – numa palavra, ecologia é o estudo de todas as inter-relações
complexas denominadas por Darwin como as condições da luta pela
existência. (In Ricklefs, 2003)

Podemos dizer, então, que a ecologia é a ciência que estuda como os organismos
interagem entre si e com o meio ao redor.

A palavra ecologia começou a ser utilizada no fim dos anos 1800, quando
cientistas começaram a citá-la nos seus estudos.

Os primeiros periódicos nos quais se estudava ecologia surgiram nas primeiras


décadas do século vinte. Desde então, o estudo da ecologia vem passando por
um enorme crescimento e já produziu um grande número de conhecimento sobre
o mundo que nos rodeia, ao mesmo tempo em que o grande crescimento da
população humana e o também crescente materialismo aceleram a degradação do
ambiente terrestre.

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UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

Nesse contexto, a necessidade da compreensão ecológica é ainda mais


importante para conseguirmos as formas de manejar as bacias hidrográficas, as
terras, os alagados e demais áreas, dos quais a humanidade depende totalmente
para poder se alimentar, suprir-se de água, proteger-se e cuidar da saúde pública.
É por meio dos estudos de controle populacional de predadores, da fertilidade do
solo, da resposta evolutiva de micróbios, etc., que se obtém a compreensão. O
manejo dos recursos bióticos e abióticos de uma forma que sustente uma qualidade
de vida humana depende do uso inteligente dos princípios ecológicos no intuito
de resolver ou prevenir os problemas ambientais, e para conseguir suprir a prática
econômica, política e social.

Podemos dizer que a ecologia é a ciência mais antiga. Os seres humanos mais
primitivos eram ecólogos ecléticos, guiados pela necessidade de entender onde
e quando seu alimento e seus inimigos estavam localizados (Fundamentos em
ecologia), além dos antigos agricultores, que precisavam sempre se aperfeiçoar
nos métodos, para otimizarem o manejo de suas fontes de alimentos.

Os primeiros ecólogos foram os ecólogos aplicados, que necessitavam entender


a distribuição e abundância dos organismos, para poder aplicar esse conhecimento
para seu próprio benefício. Tais seres humanos primitivos estavam interessados em
problemas pelos quais ainda hoje estamos interessados: como maximizar a colheita
de alimentos e como fazer isso repetidamente ao longo dos anos; como plantas
e animais podem ser domesticados, tratados e estocados, para otimizar a taxa de
retorno; como os organismos que são utilizados como fontes de alimentos podem
ser protegidos dos seus inimigos naturais; e como controlar doenças e parasitas
que nos atacam.

No último século, a ecologia vem abrangendo de maneira consistente tanto


a ciência aplicada como também a fundamental e “pura”. A. G. Tansley,
considerado um dos fundadores da ecologia, escreveu em 1904 Os problemas
da ecologia. Nesse livro, ele coloca sua preocupação com a forte tendência que
ela apresentava em permanecer no estágio descritivo e não sistemático e com
raras análises experimentais ou planejadas de forma sistemática, o que poderia
ser chamado de “científico”.

Outro fundador da ecologia, F. E. Clements, acolheu as preocupações de


Tansley e demonstrou a mesma preocupação no seu livro Métodos de pesquisa em
ecologia. Já no livro de Charles Elton (1927), este apresentou a necessidade de a
ecologia aplicada basear-se na ecologia pura.

No entanto, com o passar do tempo, as linhas puras e aplicadas têm sido


construídas. As áreas aplicadas têm contribuído para o desenvolvimento da
ecologia. Aspectos de colheita, proteção de alimentos e produção têm sido
desenvolvidos. Outras áreas, como ecofisiologia vegetal, conservação de solo,
controle de pragas e patógenos, entre outras, têm sido desenvolvidas e estimuladas
por ideias e abordagens ecológicas. A preocupação com a ecologia da poluição
começou a crescer nas décadas de 1980 e 1990, a partir de problemas locais para

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temas globais. As últimas décadas têm mostrado o aumento do interesse público
no tema, principalmente na conservação de espécies ameaçadas de extinção e da
biodiversidade, também no controle de doenças em humanos e principalmente nas
alterações ambientais de ordem global, como o efeito estufa e a redução da camada
de ozônio.

Hoje ainda muitos problemas fundamentais da ecologia continuam sem solução.


No entanto, ecologia não é uma ciência fácil, ela possui uma complexidade particular,
defronta-se com milhões de espécies diferentes, bilhões de indivíduos distintos
geneticamente e todos interagindo em um mundo em constante transformação.
A beleza da ecologia é que ela nos desafia a desenvolver a compreensão de problemas
muito básicos e aparentes, de um modo que aceita a singularidade e complexidade
de todos os aspectos da natureza, mas busca padrões e previsões dentro dessa
complexidade, em vez de ser submetida a ela (Fundamentos de ecologia).

A fim de compreender algo, é necessário que se descreva o que desejamos


entender, portanto ecólogos devem descrever antes de explicar. No entanto, as
descrições mais importantes são as realizadas com um determinado problema ou
necessidade de compreensão. Os ecólogos tentam prever o que acontecerá com
uma população de organismos dentro de uma circunstância e com os dados dessa
previsão procuram controlar e explorar. Podemos dar como exemplo a praga de
gafanhotos: para minimizar os efeitos de pragas de gafanhotos, procura-se prever
quando eles ocorrerão e procura-se agir de acordo com isso, tentando explorar de
forma mais efetiva as plantas, definindo quando as condições serão mais favoráveis
para o cultivo e desfavoráveis para seus inimigos, no caso os gafanhotos.

Muitas previsões são realizadas sem uma explicação mais profunda, pois não
é difícil prever que a destruição de uma mata eliminará seus animais, no entanto
previsões precisas e previsões em circunstâncias incomuns poderão ser feitas
quando pudermos explicar e compreender o que ocorre.

A ecologia procura responder a três perguntas principais:


1. onde estão os organismos?
2. quantos indivíduos são?
3. por que estão neste ambiente?

Hoje ainda temos na ecologia moderna limitações teóricas e metodológicas


para responder a essas perguntas. A ecologia se faz em interações múltiplas e
transdisciplinares, tais como:
1. interações com outras ciências biológicas essenciais para o desenvolvimento
teórico da ecologia moderna, incluindo-se a microbiologia e a zoologia.
2. ciências que dão ferramentas de trabalho, como a informática, a estatística e
a demografia.
3. as ciências aplicadas em que o conhecimento ecológico pode ser importante,
como a medicina, engenharias ou o direito.

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UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

Para facilitar o estudo da ecologia, podemos dividi-la em duas categorias principais:


1. Descritiva: consiste basicamente em levantamentos da fauna e da flora.
2. Experimental: é baseada em testes de hipóteses através de uma abordagem
experimental que inclui experimentos de laboratórios e de campo.

A questão principal em ecologia é a determinação das causas da distribuição


e da abundância de organismos, podendo ser estudados tanto em nível de
comunidade como de populações. Podemos dividir a ecologia segundo seu objeto
central de estudo:
1. Autoecologia: ecologia de populações.
2. Sinecologia: ecologia de comunidades.

Em ecologia, ainda hoje, é muito comum a divisão de comunidades e de


populações, principalmente pela grande diferença entre os métodos de estudos
aplicados em cada uma dessas áreas. Mas, felizmente, a divisão entre ecologia
animal e ecologia vegetal está superada, considerando-se que no desenvolvimento
dos aspectos integrados dessas ciências cada vez mais se torna necessário o estudo
simultâneo de diversos níveis tróficos e das associações entre plantas e animais.

Dado o pouco conhecimento acumulado nos maiores níveis de integração


biológicos (populações, comunidades e ecossistemas), não é de se estranhar que
as leis ou princípios universais já existentes em outras ciências (física, química)
inexistam ainda em ecologia. Isso é típico das chamadas soft sciences, quando
contrapostas às chamadas hard sciences (ecologia versus física, economia versus
matemática). O estágio atual da ecologia pode talvez ser comparável ao da química
no século XVIII. (Pinto-coelho).

Sistemas ecológicos
Como toda ciência, a ecologia adota subdivisões para seu objeto de estudo,
que é a natureza; para isso, usa a teoria dos sistemas. Um sistema ecológico pode
ser um organismo, uma população ou um conjunto de populações, chamado de
comunidade, um ecossistema ou a biosfera inteira da Terra (Ricklefs, 2003). Cada
sistema ecológico menor é um subconjunto de um maior e, assim, os diversos tipos
de sistemas ecológicos apresentam uma hierarquia de tamanho.

A ideia de uma população é a junção de muitos organismos individuais. Uma


comunidade é a junção de muitas populações que interagem; um ecossistema
representa a conexão de muitas comunidades através do uso da energia e nutrientes;
e a biosfera é a união de todos os ecossistemas da Terra.

O sistema ecológico elementar é o organismo; nenhuma unidade menor, como


órgão ou célula, tem uma vida individual no ambiente. Cada organismo é limitado
por uma membrana ou cobertura através da qual troca matéria e energia com
seu ambiente. No decorrer das suas vidas, os organismos processam materiais e

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transformam energia; para tanto, adquirem energia e nutrientes do ambiente e se
livram de produtos indesejados. Quando fazem isso, modificam as condições do
ambiente e contribuem para os fluxos de energia e para os ciclos naturais. Esse
conjunto de organismos juntamente com seus ambientes físicos e químicos formam
o ecossistema.

Ecossistemas são os sistemas ecológicos mais complexos e grandes, incluindo


diferentes tipos de organismos vivendo numa variedade de meios. Em um
ecossistema de floresta, por exemplo, existe tanto o passarinho que salta entre
as folhas de uma árvore em busca de alimento, como uma lagarta, e uma bactéria
decompondo o solo.

A biosfera é, portanto, todos os ecossistemas interligados, incluindo todos os


ambientes e organismos da Terra. A interligação das partes mais distantes da
biosfera é realizada pelos nutrientes e energia que são levados por correntes de
vento e água e pelos movimentos dos organismos. As águas que fluem de uma
nascente até um estuário faz a conexão entre os ecossistemas terrestres e aquáticos
de uma bacia hidrográfica com o reino marinho (Fig. 1).

A importância da troca de energia e matéria entre os ecossistemas na biosfera se


acentua pelas atividades globais das atividades humanas. Como exemplo, podemos
citar os rejeitos agrícolas e industriais que podem se espalhar para bem longe dos
pontos de origem, chegando a afetar todas as regiões da Terra.

Figura 1. Diversas partes da biosfera unidas pelo movimento do ar, água e organismos (Ricklefs, 2003).

As propriedades biológicas dos sistemas ecológicos são contempladas nas


dinâmicas de populações. Uma população é um grupo de organismos do mesmo tipo
vivendo juntos. Populações são diferentes dos organismos, pois são potencialmente
imortais, são mantidas através do tempo pelo nascimento de novos indivíduos que
substituem os indivíduos que morrem. As populações possuem propriedades como
as fronteiras geográficas, densidade e variação no tamanho e na composição.

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UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

Uma comunidade é o grupamento de muitas populações de diferentes tipos


que vivem no mesmo lugar. As populações dentro de uma comunidade interagem
de vários modos. Espécies predadoras, por exemplo, comem outras espécies de
organismos, e em outro momento também são presas, e todas essas interações
influenciam os números de indivíduos nas populações.

A interconectividade dos sistemas ecológicos mostra que as interações entre


as populações se espalham através do globo como os indivíduos e os materiais
se movem entre os habitats e as regiões. Assim, a comunidade é uma abstração,
representando um nível de organização mais do que uma unidade discreta de
estrutura na ecologia (Ricklefs, 2003).

Estudando a natureza sob várias perspectivas


Os sistemas ecológicos possuem estruturas e processos únicos para cada nível
diferente de hierarquia, portanto cada nível dá origem a uma abordagem diferente
no estudo da natureza, mas todas as abordagens têm suas interconexões. Nas
áreas de sobreposição, várias perspectivas de estudo de problemas ecológicos
podem ser apresentadas. O diagrama a seguir (Fig. 2) apresenta de uma forma
simples as interconexões.
Abordagem de
biosfera

Abordagem de Abordagem de
ecossistema organismo

Abordagem de Abordagem de
comunidade população

Isto representa uma área comum


a todas as cinco abordagens.

Figura 2. Abordagens no estudo de ecologia e as interconexões.

O estudo dos organismos na ecologia trabalha a forma, a fisiologia e o


comportamento de um indivíduo que o ajudam a sobreviver no ambiente. Esse estudo
procura também entender por que a distribuição de diferentes tipos de organismos
é limitada a determinados ambientes e não a outros e por que organismos parentes
que vivem em ambientes distintos têm características diferentes. O estudo com
enfoque nos organismos tem como ponto central as adaptações desses organismos
em seus ambientes. As adaptações são os resultados das mudanças evolutivas
realizadas pela seleção natural. A evolução ocorre através da substituição de um

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organismo por outro dentro de uma população. O estudo dessas adaptações torna-
se um ponto de sobreposição entre as abordagens de organismo e de população
dentro da ecologia.

No estudo das populações, o enfoque principal está nos números de indivíduos


e sua variação através do tempo, o que inclui as mudanças evolutivas dentro
da população. As variações em números dentro de uma população refletem os
nascimentos e mortes; tais variações podem ser influenciadas pelas condições
físicas do ambiente, como temperatura e disponibilidade de água. As alterações nas
taxas de nascimento e morte podem também ser influenciadas por outros fatores,
como mutações genéticas, alimentação, patógenos e predadores.

A abordagem sob o ponto de vista da comunidade estuda a diversidade e a


abundância relativa de diferentes tipos de organismos vivendo juntos no mesmo lugar.
O estudo das comunidades fica concentrado nas interações entre as populações,
que podem tanto promover como limitar a coexistência entre as espécies. Nessas
interações, estão incluídas as relações de alimentação, que são as responsáveis
pelo movimento de energia e matéria dentro do ecossistema, proporcionando uma
conexão entre as abordagens de comunidade e de ecossistema (Ricklefs, 2003).

O estudo do ecossistema descreve os organismos e suas atividades, considerando


principalmente as quantidades de energia que é movimentada e como esses
movimentos são influenciados pelos fatores físicos do ambiente.

Considerando o extremo dos sistemas ecológicos, temos a biosfera, que estuda


os movimentos de ar, água, energia e os elementos químicos na superfície da Terra.
Entender as variações naturais do clima e as provocadas pelos seres humanos é
também uma meta no estudo da biosfera na ecologia.

Princípios gerais dos sistemas ecológicos


Podemos compreender com mais facilidade os sistemas ecológicos quando
percebemos que eles são governados por um número reduzido de princípios
básicos. Falaremos de alguns desses princípios a seguir.

Estado estacionário dinâmico


Independentemente de focarmos sobre um organismo ou a biosfera, cada uma
dessas entidades ecológicas troca matéria e energia continuamente com seus
arredores. Para que os sistemas ecológicos permaneçam sem grandes mudanças,
é necessário que os ganhos e as perdas sejam razoavelmente equilibrados. Isso é a
essência de um estado estacionário dinâmico.

Essa ideia de manter um estado estacionário em face de um contínuo fluxo


de matéria e energia entre um sistema ecológico e suas redondezas se aplica a
todos os níveis de organização ecológica (Ricklefs, 2003). O que o organismo

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UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

perde para o meio não é retornado ao ambiente de graça, portanto o organismo


deve procurar matéria e energia para recuperar suas perdas. Para isso, deve
gastar energia; assim, a energia gasta com o movimento, por exemplo, deve ser
substituída pelo alimento metabolizado a um certo custo para o organismo. O
preço para manter um sistema vivo é energia.

Sistemas ecológicos evoluem com o passar do tempo


Os atributos dos organismos mudam através do tempo; essas mudanças são
chamadas de evolução. Mesmo que as propriedades físicas e químicas da matéria
e energia não mudem, os sistemas vivos utilizam-se da matéria e energia de forma
variável. As características do ambiente provocam mudanças nas estruturas e funções
dos organismos, provocando uma mudança evolutiva na população. Podemos
exemplificar com os animais que têm predadores visuais, estes normalmente são
coloridos de forma que se confundem com o meio e podem escapar sem serem
notados. As funções e estrutura que ajustam o organismo ao seu ambiente são
chamadas de adaptações.

Essa relação entre ambiente e organismo não é coincidência, ela acontece através de
um princípio fundamental dos sistemas biológicos: a seleção natural. Apenas os indivíduos
que estão adaptados aos seus ambientes sobrevivem e produzem descendentes. Os
indivíduos que não estão bem adaptados não sobrevivem ou produzem poucos filhotes.
Com isso, os atributos menos adequados desaparecem da população.

A seleção natural e a evolução promovem a mudança da espécie. E quando a


espécie muda, novas possibilidades para mudanças adicionais se abrem, tanto para
a própria espécie como para as espécies com as quais ela interage. Desse modo, a
complexidade das comunidades e ecossistemas vai se construindo.

É importante saber que uma das principais metas da ecologia como ciência é
entender como os sistemas ecológicos vieram a existir e como funcionam dentro
dos sistemas ambientais.

Os seres humanos como parte da biosfera


Há muito tempo os seres humanos vêm alterando e dominando a natureza para
seu próprio proveito. Os ambientes que as atividades humanas dominaram ou
produziram, nos quais incluímos os espaços urbanos, as terras cultivadas, áreas de
recreação, plantações, pesca, etc., são também considerados sistemas ecológicos.
Nosso bem-estar depende de se manter esses sistemas funcionando, sejam os
naturais ou artificiais. Até agora, os seres humanos já retiram mais de 40% da
produtividade biológica da biosfera.

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A população do planeta já ultrapassa os seis bilhões de habitantes que consomem
energia e recursos, além de produzir rejeitos muito acima das necessidades impostas
pelo metabolismo biológico, causando problemas globais, como interrupção de
processos ecológicos e a exterminação de espécies, além da constante deterioração
do próprio ambiente dos seres humanos.

A compreensão dos princípios ecológicos é extremamente necessária para lidar


com esses problemas.

Impactos humanos como um foco da ecologia


O único meio efetivo de preservar e usar os recursos naturais é através da
conservação de sistemas ecológicos inteiros e do manejo dos processos ecológicos
em ampla escala. Espécies individuais, incluindo aquelas das quais os humanos
dependem para alimentos e outros produtos, dependem elas próprias da
manutenção dos sistemas ecológicos de suporte (Ricklefs, 2003).

Manipulando as populações de espécies importantes, podemos mudar a


composição das comunidades biológicas e influenciar ecossistemas inteiros.

Podemos interferir no sistema ecológico de forma localizada, envolvendo poucas


espécies. Nesse caso, podemos lidar com a situação se entendermos o problema
básico. No entanto, quando nossa interferência no ambiente resulta de múltiplos
impactos e com um alcance amplo, fica difícil para os estudiosos caracterizarem,
e para os órgãos que regulam e legislam sobre o assunto controlarem. Portanto,
uma compreensão científica dos problemas ambientais se faz necessária para que
se possa partir para a ação.

Nos nossos jornais diários estão expostos milhares de problemas ambientais,


como: o buraco da camada de ozônio; a diminuição ou desaparecimento de
florestas; a diminuição de peixes; e o aquecimento global. Vemos também
muitas histórias de sucesso, como limpeza de rios, lagos e atmosfera. A chuva
ácida diminuiu por conta das mudanças na queima de combustíveis fósseis.
Espécies ameaçadas de extinção foram salvas com os esforços de conservação.
Aumentou drasticamente a preocupação da população com as questões
ambientais, contribuindo para as ações políticas, entre tantas outras ações que
resultaram na melhora do meio ambiente.

Todo esse avanço foi resultado do aumento do conhecimento científico do


mundo natural. Estudar e entender a ecologia não é suficiente para resolver nossos
problemas ambientais nas diversas dimensões econômicas, políticas e sociais, mas
à medida que precisamos enfrentar a necessidade de um manejo dos sistemas
naturais, seu sucesso dependerá do entendimento da estrutura e funcionamento
dos sistemas ecológicos.

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UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

Considerações finais
Chegamos ao fim da nossa primeira Unidade da disciplina Ecologia Geral
e Urbana.

Podemos resumir os conceitos apresentados na Unidade.

Estudamos que a ecologia é o estudo científico do meio e suas relações com os


organismos. Vimos também que a população, o ecossistema e a biosfera são níveis
de organização de funcionamento e estrutura ecológicos, formando uma hierarquia
de entidades que vão se tornando cada vez mais complexas.

Vimos também que os estudiosos da ecologia, os ecólogos, utilizam diversas


abordagens para estudar o meio ambiente, trabalhando as interações dos organismos
com seus ambientes, as transformações de energia e elementos químicos e a biosfera,
dinâmicas de populações e as interações dentro das comunidades ecológicas.

Pudemos observar a complexidade dos sistemas ecológicos e seus princípios


básicos, entre eles o conceito de que os sistemas ecológicos são entidades físicas que
funcionam com limitações físicas e químicas, as quais governam as transformações
de energia, e quando as entradas e saídas estão equilibradas dizemos que o sistema
está num estado estacionário dinâmico.

Todos os sistemas ecológicos estão sujeitos a uma mudança evolutiva dentro


das populações, resultando na sobrevivência e reprodução diferenciada. A seleção
natural traz como consequência adaptações de estruturas e funcionamento nos
organismos que se ajustam às condições do seu meio.

Os seres humanos representam um papel importante e dominante na biosfera,


e as atividades humanas acabaram criando uma crise ambiental com proporções
globais. Para resolvermos nossos problemas ambientais, precisaremos entender e
aplicar de forma correta os princípios da ecologia.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
O que é ecologia?
ASSIS, Diego Santana. Duração: 15 minutos e 12 segundos. Acesso em: 13 set. 2015.
https://www.youtube.com/watch?v=-RbkqiY10Hk
Ecologia 1 – indivíduo, população, comunidade, ecossistema, biosfera, habitat, nicho ecológico
FONTINELE, Jonatas. Duração: 5 minutos e 47 segundos. Acesso em: 13 set. 2015.
https://www.youtube.com/watch?v=MBPuxa5kiWw
Biology program. Unit 1 – Ecology. The world of life about us. What is ecology?
NCYCLOPAEDIA BRITANNICA FILMS. Traduzido em português. Duração: 9 minutos e
5 segundos. Acesso em: 13 set. 2015
https://www.youtube.com/watch?v=nbibljCz-Wg

 Leitura
O meio ambiente e o futuro.
ZULAUF, Werner E. Estudos avançados, volume 14, nº 39, 2000. Acesso em: 13 set. 2015.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142000000200009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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UNIDADE Introdução à Ecologia Geral

Referências
BERGON, M.; HARPER, J. Fundamentos em ecologia. 2ª ed. São Paulo:
Artmed, 2006.

Odum, P. E. Ecologia. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1988. 434 p.

Pinto-Coelho, R. M. Fundamentos em ecologia [recurso eletrônico]. Porto Alegre:


Artmed, 2007.

Ricklefs, R. E. A economia da natureza. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan


S.A., 2003.

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