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RECIFE
2019
JULLIANA MELO PINHEIRO DE ARAÚJO
PROJETO DE QUALIFICAÇÃO
RECIFE
2019
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 6
1.1. OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 9
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................... 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................................... 10
2.1. TRATAMENTO BIOLÓGICO DE EFLUENTES ................................................... 10
2.2. REATORES EM BATELADA SEQUENCIAL (RBS) ............................................ 13
2.3. LODO GRANULAR AERÓBIO (LGA)................................................................... 15
2.4. MODELAGEM MATEMÁTICA ............................................................................. 19
2.4.1. Modelos para lodos ativados ................................................................................... 20
2.4.2. Modelos de biofilme ................................................................................................. 22
2.4.3. Plataformas de simulação ....................................................................................... 24
3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 26
3.1. SISTEMA EXPERIMENTAL ................................................................................... 26
3.2. CONDIÇÕES OPERACIONAIS .............................................................................. 27
3.3. MONITORAMENTO ................................................................................................ 29
3.3.1. Monitoramento de Ciclo (Análise de perfil temporal).......................................... 31
3.4. IDENTIFICAÇÃO MICROBIANA .......................................................................... 32
3.5. MODELAGEM MATEMÁTICA ............................................................................. 33
4 RESULTADOS PARCIAIS ........................................................................................... 35
4.1. CARACTERIZAÇÃO DO ESGOTO AFLUENTE .................................................. 35
4.2. COMPORTAMENTO DA BIOMASSA ................................................................... 36
4.3. EFICIÊNCIAS DE REMOÇÃO ................................................................................ 40
4.4. ANÁLISE DE PERFIS TEMPORAIS ...................................................................... 45
5 CRONOGRAMA ............................................................................................................ 50
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 51
APÊNDICE A ......................................................................................................................... 57
6
1 INTRODUÇÃO
Uma das vantagens da utilização do LGA é que, por serem compactos e densos, precisam de
curtos tempos de sedimentação e mantêm cerca de três a cinco vezes mais biomassa por litro
de efluente quando comparado ao lodo ativado convencional. Sendo assim, os tanques de
sedimentação tornam-se desnecessários para esta tecnologia; e a redução do tempo de reação
possibilita a utilização de reatores com volumes menores, reduzindo a área utilizada pelo
sistema (SARMA et al., 2017). Outra vantagem é a existência de microambientes nos grânulos,
proporcionados pelos gradientes de difusão, os quais permitem o crescimento de bactérias com
funções metabólicas e exigências ambientais diferentes. Assim, diversas etapas do processo de
tratamento aeróbio convencional acontecem no interior da biomassa, possibilitando a remoção
biológica simultânea de matéria orgânica e nutrientes, sem a necessidade de altas taxas de
recirculação (WINKLER et al, 2013).
7
Essa tecnologia é considerada uma das conquistas relevantes na área de biotecnologia ambiental
no século XXI (SARMA, 2017). Tal fato pode ser percebido através da grande quantidade de
estudos aplicados para diversos tipos de efluentes, como efluentes ricos em corantes azo
(FRANCA et al, 2015), anilinas (DAI et al, 2015), metais pesados (LIU et al, 2015; WEI et al,
2018), fenol (TOMAR, CHAKRABORTY, 2018) e efluentes da indústria petrolífera (CHEN
et al, 2019). No entanto, a maioria dos estudos acerca de granulação aeróbia utiliza escala
laboratorial e efluentes sintéticos com alta carga orgânica devido à grande instabilidade dos
grânulos quando aplicados ao tratamento de esgotos domésticos, especialmente de baixa carga,
em escala piloto.
Nesse sentido, Sales et al. (2018) e Dantas (2018), adicionaram uma fase anóxica ao ciclo
operacional de seus experimentos, obtendo maiores eficiências de remoção, porém com
grânulos mais instáveis. Percebeu-se, então, a necessidade de melhor compreensão dos
processos que acontecem no interior dos grânulos, como transferência de massa, concentração
ótima de oxigênio dissolvido ou a influência de subprodutos. Sendo a modelagem matemática
uma ferramenta capaz de melhorar o acompanhamento dos processos em reatores biológicos,
bem como para a obtenção de parâmetros operacionais que permitam otimizar a operação em
sistemas de tratamento de efluente, este trabalho pretende iniciar as pesquisas de Modelos
Matemáticos aplicados à LGA na UFPE.
Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo implementar modelos matemáticos que
descrevam os dados experimentais oriundos de um sistema RBS experimental, em escala piloto,
com LGA tratando esgoto doméstico diluído. Para tanto, parte-se do princípio que a utilização
da modelagem matemática poderá possibilitar a otimização da operação desse sistema.
9
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Nesse capítulo serão abordados alguns princípios e aplicações inerentes ao tratamento biológico
de efluentes, enfatizando: a remoção de nutrientes e matéria orgânica; o uso de Reatores em
Bateladas Sequenciais (RBS); fundamentos, condições operacionais e particularidades da
tecnologia de Lodo Granular Aeróbio, e; breve abordagem sobre Modelagem Matemática e
suas aplicações com foco na otimização de sistemas.
Dentre os poluentes presentes nos efluentes domésticos, podem-se destacar três: Matéria
Orgânica (MO), Nitrogênio (N) e Fósforo (P). A matéria orgânica, se lançada em considerável
concentração em corpos hídricos (disposição de efluentes sem tratamento ou após tratamento
ineficiente) acarretará um dos grandes problemas de poluição das águas, o rápido consumo do
Oxigênio Dissolvido (OD), componente essencial à vida aquática aeróbia. A elevada
concentração de nutrientes (nitrogênio e fósforo) torna o ambiente propício a um acelerado
crescimento de algas, promovendo também uma queda na concentração de OD a níveis críticos,
consumido pela decomposição das algas mortas, num processo denominado eutrofização.
Outros problemas associados à presença de compostos nitrogenados no descarte de efluentes
são: a presença de amônia livre (NH3) que é tóxica à fauna aquática, e; o nitrato (NO3-), produto
11
Comumente, a remoção biológica da matéria orgânica acontece por via oxidativa, onde um
agente oxidante, ou aceptor de elétrons (e.g. oxigênio, nitrito, sulfato), é utilizado durante a
respiração celular. Quando há no meio mais de um agente oxidante disponível, será primeiro
utilizado aquele que produzir uma maior quantidade de energia, viabilizando assim um maior
rendimento celular. E sendo o oxigênio o elemento mais eletronegativo disponível, este será
utilizado preferencialmente em detrimento de outro aceptores (TCHOBANOGLOUS et al.,
2003). Posto isto, os sistemas de tratamento biológico podem ser classificados a partir do
principal aceptor de elétrons utilizado: 1) aeróbio: quando há disponibilidade de oxigênio
12
No esgoto doméstico, o fósforo pode ser encontrado nas suas formas orgânica, inorgânica
complexa (polifosfatos provenientes principalmente de detergentes), ou ortofosfato inorgânico
solúvel (prontamente disponível para assimilação/consumo biológico). A remoção de fósforo
em estações de tratamentos pode ocorrer através de processos físico-químicos (adsorção e
precipitação) ou biológicos. Durante a remoção biológica, inicialmente os compostos orgânicos
são convertidos em ortofosfatos ou polifosfatos (que após hidrólise também são convertidos em
ortofostatos). De maneira geral, o ortofosfato é a forma predominante de fósforo em efluentes
submetidos a tratamento secundário (BLACK, 1980).
13
Os RBS são reatores que operam em fluxo intermitente (regime de ciclos), e cada sistema
consiste em um único tanque que durante os ciclos de operação assume função ora de reator
biológico, ora de decantador. Ou seja, o mesmo reator será utilizado para a reação biológica e
14
para a sedimentação numa sequência temporal, diferente dos sistemas contínuos convencionais
em que estas fases ocorrem simultaneamente, mas em diferentes tanques. Considerando a
versatilidade do sistema, que possibilita a operação com diferentes condições oxirredutoras em
um mesmo ciclo operacional, condições operacionais específicas podem ser mais facilmente
manipuladas visando a otimização das remoções biológicas de matéria orgânica, nitrogênio e
fósforo no tratamento de efluentes domésticos (ARTAN; ORHON, 2005).
De maneira geral, o ciclo do RBS é composto por cinco etapas (Tabela 1). Inicialmente (fase
de enchimento), o reator é alimentado com esgoto afluente até um nível máximo fixo ou
variável, a depender da disponibilidade do afluente. Na segunda etapa (Reação), os aeradores
são ligados fornecendo oxigênio para a oxidação da matéria orgânica e nitrificação, caso o
sistema almeje a desnitrificação, a aeração pode ser interrompida, com o acionamento de um
mecanismo de agitação para garantir a mistura em um período anóxico. Em seguida
(Sedimentação), os aeradores/agitadores são desligados para a sedimentação do lodo. Por fim
(Descarte), o efluente clarificado é descartado até o nível mínimo estabelecido, devendo-se
garantir um volume de segurança ao arraste do lodo. Uma última fase (Repouso/Ajuste) pode
ser adicionada para eventuais manutenções no sistema, alterações no ciclo ou controle da idade
do lodo (THANS, 2008).
Imagem
Fase do Repouso/
Enchimento Reação Sedimentação Descarga
Ciclo Ajuste
Reserva de
Clarificação Descarte do
Objetivo Introdução Biodegradação tempo para
do efluente efluente
da fase do Substrato do substrato manutenções
tratado tratado
no sistema
Ligado ou
desligada com
Estado da Ligada ou Ligada ou
adição de Desligada Desligada
Aeração Desligada Desligada
mecanismo de
mistura
Fonte: Adaptado de Santos et al. (2006).
15
Assim como nos ecossistemas naturais, alguns sistemas de tratamento biológico de efluentes,
para estimular o acúmulo de biomassa, utilizam “superfícies” visando a adesão de
microrganismos. Tal estratégia é utilizada para aumentar a retenção de biomassa nos sistemas,
como o uso de biofiltros e MBBR, porém tais tratamentos necessitam de material suporte, além
de manutenção preventiva/corretiva para colmatação (BASSIN, 2011). A granulação aeróbia
surge, então, como alternativa à imobilização utilizando meio suporte, uma vez que, sob
condições operacionais específicas, pode-se estimular e obter a autoimobilização da biomassa
(ADAV et al. 2008).
Define-se lodo granular aeróbio como lodo composto por agregados microbianos
autoimobilizados sob tensões hidrodinâmicas que possuem velocidade de sedimentação
superior ao lodo ativado convencional. Para ser considerado lodo granular, o agregado deve
possuir diâmetro superior a 0,2mm e a quantidade de grânulos deve corresponder a 80% dos
sólidos suspensos voláteis presentes no reator, segundo conceitos estabelecidos no congresso
Aerobic Granular Sludge (Munique, Alemanha), realizado em 2004 (DE KREUK et al, 2005).
A primeira definição de um mecanismo de formação dos grânulos aeróbios, por sua vez, foi
proposta por Beun et al. (1999). Estes autores, durante a operação de um RBS alimentado com
esgoto sintético e com curtos tempos de sedimentação (2 e 4 minutos), observaram que após a
inoculação o processo de granulação se iniciava com a presença de uma matriz imobilizadora
formada por fungos. Nessa matriz as bactérias podiam crescer e formar colônias até atingirem
diâmetros entre 5 e 6 mm, quando foi observado o rompimento destes agregados, decorrente
das limitações de oxigênio no seu interior. Após isso, bactérias com melhor sedimentabilidade
se agregavam novamente, configurando-se nos primeiros grânulos aeróbios formados.
Para Liu e Tay (2002), no entanto, o processo de granulação não necessita de uma matriz não
bacteriana e pode ser dividido em quatro etapas descritas abaixo e esquematizadas na Figura
11.
1
Esquema proposto por Sarma et al. (2017) com base na teoria proposta por Liu e Tay (2002).
16
A população microbiana do LGA é semelhante àquela dos lodos ativados convencionais, porém
é diferenciada pela configuração do biofilme. A estrutura heterogênea do lodo granular é
17
produto dos gradientes de oxigênio e substratos (Figura 2) que se formam entre a superfície e o
interior do grânulo, possibilitando a existência de diferentes “camadas”, com diferentes
potenciais oxiredutores e diferentes nichos microbiológicos (HE et al., 2009). O tamanho dos
grânulos e a porosidade (maior ou menor resistência ao transporte de massa) definem o tamanho
de cada camada (aeróbia, anóxica, e alguns casos anaeróbia), resultando na estratificação das
bactérias. O lodo floculento, no entanto, necessita ser submetido a ambientes aeróbios e
anóxicos/anaeróbios, com diferentes concentrações de substrato por meio da recirculação em
diferentes compartimentos/tanques. Ressalta-se assim que a coexistência de espécies diferentes
de bactérias com diferentes funções é uma das principais vantagens do LGA, onde todas as
conversões podem ocorrer em um único tanque nas diferentes camadas do grânulo (de KREUK;
LOOSDRECHT, 2006; BASSIN., 2011; WINKLER et al., 2013).
O processo de nitrificação e desnitrificação simultânea (NDS) pode ser observado nas camadas
no LGA. A camada externa (aeróbia), de maior densidade, é composta por microrganismos
heterotróficos aeróbios e autotróficos, onde ocorrem os processos de nitrificação e boa parte da
oxidação de MO. Já a camada interna (anóxica) é composta por microrganismos heterotróficos
facultativos, onde ocorre a desnitrificação. A figura abaixo apresenta um modelo conceitual dos
principais processos biológicos na remoção de carbono e nitrogênio em lodo granular aeróbio,
o qual foi proposto por Guimarães (2017).
18
Figura 3. Modelo conceitual dos principais processos biológicos na remoção de carbono e nitrogênio
em lodo granular aeróbio (DBO: carbono disponível utilizado pelos microrganismos, PHA: carbono
armazenado em forma de polímero intracelular).
Um dos principais comportamentos físicos que diferem o LGA do sistema de lodos ativados
convencional é a sua elevada velocidade de sedimentação – LGA: 25 a 70 m.h-1; Lodos
Ativados: 7 a 10 m.h-1 (QIN et al., 2004). Por isso, a principal estratégia utilizada para formação
de grânulos aeróbios é aumentar a pressão de seleção, através da aplicação de curtos tempos de
sedimentação, altas razões de troca volumétrica (entre 50 e 70%) e elevada relação
altura/diâmetro no sistema. Sob estas condições, o lodo floculento de má sedimentabilidade é
lavado do reator (wash out), retendo-se majoritariamente biomassa granular no sistema (BEUN
et al., 1999; MORGENROTH et al., 1997, BEUN; VAN LOOSDRECHT; HEIJNEN, 2002).
Também é sabido que o uso de elevada força de cisalhamento estimula a formação de grânulos
aeróbios compactos e mais densos devido à maior produção de Substâncias Poliméricas
Extracelulares (EPS). O EPS produzido aumenta a hidrofobicidade das células, aumentando
assim o seu potencial de adesão. Estudos apontam que a produção de EPS em grânulos aeróbios
é duas vezes maior que em lodos floculentos (TAY, et al. 2001 e LIU e TAY, 2002). Deng et
al. (2016) verificou uma relação linear direta entre a concentração de substâncias poliméricas
extracelulares e o índice volumétrico de lodo (o lodo apresentava boa sedimentabilidade quando
a concentração de EPS era maior que 200mg.g-1 SSVLM). No entanto, a função das EPS na
formação de logo granular também necessita ser melhor estudada, principalmente no que tange
a sua variação no processo de cultivo.
19
Devido a estes motivos, faz-se necessário a realização de novos estudos sobre a transferência
de massa dentro dos grânulos, concentração ideal de oxigênio dissolvido e presença de
subprodutos da nitrificação ao utilizar RBS. Embora a instalação de sistemas em escala piloto
seja reportada na literatura (PRONK et al, 2015), os mecanismos de granulação ainda precisam
de estudos fundamentais em nível de condições operacionais. Para auxiliar nesse processo,
modelos matemáticos que descrevam os processos que ocorrem em sistemas com LGA e
permitam a simulação de diferentes cenários se configuram como um importante facilitador.
Para sistemas biológicos, os modelos matemáticos são utilizados para obter uma maior
compreensão de um microrganismo, um ecossistema, do crescimento e da dinâmica de uma
população específica, ou dos processos de remoção de poluentes, no caso de sistemas de
tratamento de efluentes. Nesses sistemas, a modelagem pode ser utilizada como instrumento
20
Os próximos tópicos trazem um breve resumo acerca dos principais tipos de modelos presentes
na literatura, tanto modelos para lodos ativados (com foco nos processos), quanto modelos de
biofilme (que consideram também características específicas de biomassa aderida), bem como
alguns softwares livres comumente utilizados para implementação e calibração desses modelos.
As principais diferenças entre estes modelos encontram-se listadas abaixo (HENZE et al., 1987;
HENZE et al., 1995; HENZE et al., 1999; GUJER et al., 1999):
além dos processos existentes no ASM1. Nesse modelo, a biomassa passa a ter estrutura
celular interna, tendo sua concentração descrita pelo somatório das frações heterótrofas
e autótrofas (XB,H e XB,A).
• ASM2d: Expande a capacidade do ASM2, esse modelo dispõe de 21 processos
biológicos e 20 componentes, com a inclusão da capacidade desnitrificante de alguns
organismos acumuladores fósforo (PAO), permitindo uma melhor descrição da
dinâmica de fosfato e nitrato.
• ASM3: Dispõe de 12 processos e 13 componentes. Esse modelo surge como
refinamento do primeiro modelo. Neste, há a inclusão do decaimento bacteriano pelo
processo da respiração endógena e a inclusão do armazenamento interno de material
celular (todo substrato facilmente biodegradável é primeiro absorvido e armazenado em
um componente interno celular antes do crescimento).
A Tabela 2 apresenta um quadro resumo com as principais características dos modelos ASM.
Algumas adaptações dos modelos ASM3 estão disponíveis na literatura, a saber o Módulo
EAWAG Bio-P, também conhecido como modelo ASM3-Bio-P (Rieger et al., 2001). Esse
módulo estende o ASM 3, adicionando 11 processos que descrevem a remoção biológica do
fósforo. A oxidação da DQO não é modelada como um processo único, e o glicogênio é
considerado substrato adicional para o crescimento bacteriano. Os processos de precipitação
química (semelhantes ao ASM2d) também foram adicionados ao módulo.
Akaboci (2013) modificou e implementou o ASM3 para simular o comportamento das variáveis
DQOS, QO2 (velocidade de consumo de oxigênio), N-NH4+, N-NO2- e N-NO3- durante um ciclo
22
Recentemente, Zhu, Xu, and Wu (2018) utilizaram o modelo de biofilme de Wanner e Reichert
para simular a variação da distribuição granulométrica dos grânulos e o impacto dessa variação
na nitrificação em um reator com LGA, comparando a simulação com dados experimentais.
Tanto os resultados experimentais como os resultados de simulação mostraram uma relação
inversa entre a presença de bactérias oxidadoras de nitrito (BON) e o diâmetro dos grânulos.
Assim, a maior concentração de BON em grânulos menores que 50μm reduziu o acúmulo de
nitrito, aumentando a eficiência de remoção de nitrogênio no sistema.
Outro modelo matemático dinâmico foi desenvolvido por Wichern et al (2008), o qual descreve
a remoção de DQO e nitrogênio, e processos típicos de biofilme, como difusão e limitação de
substrato em maior detalhe. O modelo foi calibrado para avaliar o efeito de diferentes
estratégias de operação para um RBS granular em escala piloto (12L). Como resultado,
percebeu-se que os parâmetros que a literatura documenta como necessários à uma operação
ótima divergiam significativamente dos resultados experimentais e simulados, no entanto, os
autores afirmaram que os dados para operação ótima são difíceis de interpretar. Visto que
apenas um número limitado de estratégias de operação são testadas, a composição do substrato
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não é completamente analisada, limitações de substrato não são investigadas e os diâmetros dos
grânulos não são medidos, podendo-se concluir que para a calibração e validação satisfatória
de modelos matemáticos, completos e robustos dados experimentais são necessários.
Os avanços obtidos na área computacional têm contribuído para uma maior utilização e
implementação dos referidos modelos (lodos ativados e biofilme) através do desenvolvimento
e difusão de softwares de simulação. Nos últimos anos, surgiram diversos softwares de
modelagem de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), podendo-se citar os mais citados
na literatura: ASIM, AQUASIM e SIMBA.
O software de simulação ASIM (Activated sludge SIMulation Program) foi desenvolvido pela
Eawag - Swiss Federal Institute of Aquatic Science and Technology, sob a coordenação dos
pesquisadores R. Fankhauser e W. Gujer, dispondo de versão gratuita para professores e
pesquisadores. O programa permite a simulação de diversos sistemas biológicos de tratamento
de efluentes, possibilitando a utilização de sistemas de lodos ativados com até dez reatores
diferentes em série (aeróbios, anóxicos, anaeróbios), podendo incluir recirculação interna de
efluente e lodo, reatores de batelada e reatores de quimiostato, além da definição de circuitos
de controle de processo e simulação dinâmica de variação de carga (variação de carga diurna
ou sazonal, variação de temperatura e variação de parâmetros operacionais como aeração,
controle da idade do lodo e taxas de recirculação).
O software SIMBA, por sua vez, é um software novo, com interface visual melhor desenvolvida
para usuários finais e com diversos recursos novos, a saber: uma estrutura de biblioteca revisada
e intuitiva, aplicativo Web para interfaces alternativas de usuário, suporte a testes de laboratório
com biblioteca para programação de scripts e coleção de modelos de projeto. Desenvolvido
pelo departamento de Água e Energia do ifak e.V., um instituto privado de pesquisa sem fins
lucrativos em Magdeburg, Alemanha. Schraa et al. (2017) utilizaram esse software para
desenvolver um modelo de biofilme adequado à modelagem de um RBS de LGA (RBS-G). O
modelo permite que sejam utilizados volume variável, alimentação escalonada, além de
suportar geometrias de biofilme não uniformes e modelar o impacto da intensidade da mistura
no desprendimento do biofilme.
Por fim, considerando que a simulação de processos difusivos pode gerar erros numéricos (e.g.
BAETEN et al., 2017), a utilização de diferentes bases de cálculo aumenta a confiabilidade do
modelo. Sendo assim, ao desenvolver, implementar ou calibrar um modelo, a escolha da
utilização de duas ou mais plataformas funcionará como ferramenta para validação dos métodos
matemáticos.
26
3 METODOLOGIA
Esse sistema é composto por um Controlador Lógico Programável (CLP, marca Siemens®,
modelo Simatic S7 1200) responsável pelo controle e automação das fases do ciclo operacional
acoplado a um painel elétrico e componentes de dois RBS cilíndricos confeccionados em
acrílico. Associados a cada reator encontram-se uma bomba (marca Erbele®, modelo BCR
2000); um compressor de ar (marca Schulz®, modelo CSA 8.2 25L Pratic air); um filtro de ar
(marca Arprex®, modelo AF1); um rotâmetro (marca Dwyer®, modelo DR 200482); um
difusor circular de membrana (marca Ecosan®, modelo DCM); duas válvulas solenoides
pneumáticas (para descarte de efluente e automação da aeração, marca Asco®, série 8210); e
uma boia de nível (marca Anauger®, modelo SensorControl). Como componente acessório aos
27
dois sistemas, foi instalado um compressor (marca Schulz®, CSA 8.2 25L Pratic air) para o
acionamento das válvulas solenóides pneumáticas para descarte do efluente dos dois reatores.
Os dois RBS cilíndricos possuem as seguintes dimensões: altura total: 3,0 m; altura útil:
2,45 m; diâmetro interno: 0,245 m; volume útil: 115,5 L; volume total: 141,4 L; espessura de
parede: 0,003 m; alturas para retirada do efluente tratado: 0,70 m e 1,0 m; e cabeçote de fibra
de vidro com 40 cm de altura com tampa e vedação. Um esquema com as dimensões dos
reatores e os componentes do sistema é apresentado na Figura 5.
15 em
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 14
diante
I e II 40 35 30 25 20 15 10 15 15 15 15 15 15
III 55 55 55 45 45 35 25 10 10 10 6 6 10
IV 40 30 20 10 10 10 10 10 8 8 8 10 10
V 40 30 20 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10
VI e
40 30 20 15 15 15 15 15 15 15 15 15 15
VII
IV. Os Experimentos de VIII ao XII adotaram desde o início da operação um curto tempo
de sedimentação (20 min), mantendo-se inalterável até o final.
3.3. MONITORAMENTO
Após o sistema ser considerado estável, foram realizados perfis temporais em um ciclo típico
de dois experimentos: nos dias 85 e 192 de operação dos Experimentos IX e XII,
respectivamente. Um perfil temporal foi realizado aos 91 dias de operação do Experimento XI,
objetivando observar um perfil temporal de um sistema não estável. Outros monitoramentos de
ciclos estão previstos para os Experimentos XI e XII do presente estudo (monitoramento mensal
a partir de junho de 2019).
III. DGGE: os produtos finais da PCR serão submetidos à DGGE (eletroforese vertical em
gel gradiente desnaturante) seguindo o procedimento proposto por Muyzer et al. (1993).
Os produtos da DGGE serão utilizados como pré-visualização da dinâmica microbiana
das amostras, indicando desaparecimento e aparecimento de bandas com alterações das
condições operacionais. Além de fornecer uma análise prévia, estes resultados indicam
quais amostras deverão seguir para a próxima etapa, o sequenciamento;
IV. Sequenciamento: o sequenciamento será realizado por empresa externa ao laboratório.
De posse do banco de dados existente e dos dados experimentais obtidos nesse estudo, serão
implementados, calibrados e validados modelos matemáticos adequados ao sistema com o
auxílio dos softwares ASIM, AQUASIM e SIMBA, buscando aumentar a confiabilidade dos
modelos.
Considerando que um modelo matemático deve ser “o mais simples possível e complexo apenas
o necessário”2 (WANNER et al, 2006), a revisão mais aprofundada de literatura dos principais
modelos de biofilme comporá uma etapa da metodologia desta pesquisa, possibilitando a
escolha dos modelos mais adequados ao sistema experimental. Ressalta-se que nessa etapa será
preciso definir a gama de condições operacionais e metas para as quais hipóteses
simplificadoras sejam feitas. Por exemplo, será avaliado quando o transporte intragranular de
solutos pode ser agrupado em cinética aparente, podendo utilizar ASM, e quando serão
necessários modelos de biofilme, para calcular explicitamente os gradientes de concentração de
substrato dentro dos grânulos. Após isso, os modelos de biofilme selecionados serão
implementados com diferentes níveis de detalhamento.
Por fim, os diferentes modelos com diferentes níveis de detalhamento serão comparados com
dados experimentais existentes e cenários com foco na otimização de parâmetros operacionais,
simulando situações específicas serão avaliados.
2
“A model should be as simple as possible, and only as complex as needed” (WANNER, 2006)
35
4 RESULTADOS PARCIAIS
Os resultados obtidos até então (26 de junho de 2019) para os Experimentos de X a XII são
apresentados e discutidos neste capítulo. Os seguintes subtópicos estão dispostos em sequência:
a caracterização do esgoto afluente, análise do comportamento da biomassa; eficiências de
remoção dos compostos de interesse e, ao final, serão apresentados dois perfis temporais
realizados aos 192 dias de operação do Experimento XII e 91 dias de operação do Experimento
XI.
(3)
Concentrações baixas de acordo com Metcalf e Eddy (2003): DQOtotal 250 mg.L-1, P-PO43- 4 mg.L-1.
(4)
Concentrações médias de acordo com Metcalf e Eddy (2003): N-NH4+ 25 mg.L-1.
36
Figura 6. Concentração de SSV no Licor Misto (SSVLM) e Tempo de Retenção Celular (TCR) para os
reatores Experimentos X (acima); XI (centro) e XII (abaixo). As linhas azul e vermelha demarcam o
início do período granular e o início do período com grânulos maduros, respectivamente.
3000 16
2500
SSVLM (mg.L-1)
12
2000
TRC (dias)
1500 8
1000
4
500
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
3000 16
2500
SSVLM (mg.L-1)
12
2000
1000
4
500
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
3000 16
2500
SSVLM (mg.L-1)
12
2000
TRC (dias)
1500 8
1000
4
500
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de operação (dias) SSVLM TRC
Fonte: Autora
37
P1000
60
P600
50
P400
40
P212
30
P<212
20
10
0
0 6 13 19 25 39 48 67 83 96 102 117 132 138
100
90
80
70
P1000
Porcentagem (%)
60
P600
50
P400
40
P212
30
P<212
20
10
0
0 15 22 41 50 56 72 80 84 91 99
100
90
80
70
Porcentagem (%)
60
50
40
30
20
10
0
196
203
211
0
2
15
22
43
50
56
65
71
78
87
92
104
113
120
127
134
146
153
162
168
176
184
192
Figura 8. Resultados dos testes de IVL aos 10 e 30 min (IVL10 e IVL30), e Relação IVL30/IVL10 para os
Experimentos X (acima); XI (centro) e XII (abaixo). As linhas azul e vermelha demarcam o início do
período granular e o início do período com grânulos maduros, respectivamente.
250 100
200 80
IVLX (mL.g SST-1)
IVL30 / IVL10
150 60
100 40
50 20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
250 100
200 80
IVLX (mL.g SST-1)
IVL30 / IVL10
150 60
100 40
50 20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
250 100
200 80
IVLX (mL.g SST-1)
100 40
50 20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de operação (dias)
IVL 10 IVL 30 IVL 10 / IVL 30
Fonte: Autora
operacionais aos 147 dias), não foram retidos grânulos em concentração suficiente para
caracterizar o lodo como granular (80%). Para os Experimentos XI (E-XI) e XII (E-XII), ainda
em andamento, a formação expressiva de grânulos foi observada após 72 e 87 dias de operação,
respectivamente, podendo-se observar um período de estabilidade granular após 168 dias no E-
XII. Dantas (2018), ao operar dois experimentos com o mesmo sistema experimental e
condições operacionais semelhantes (diferindo na utilização de um maior intervalo entre os
pulsos de ar na fase anóxica – 20min) obteve grânulos após um período mais curto (58 dias para
fase anóxica de 60 minutos, semelhante ao E-XI, e 79 dias para fase anóxica de 90 minutos,
semelhante ao E-XII). Tal fato pode ser explicado pela maior disponibilidade de matéria
orgânica e nitrogênio presentes no afluente (DQOT - 281,98 ± 51,99; N-NH4+ - 32,00 ± 5,74).
No entanto, após o período experimental de 130 dias, não foi obtido um período de estabilidade.
5
Dantas (2018) 1,67 e 1,70 g·L-1 com 130 de operação; Liu et al. (2010) 1,3 g·L-1 com 70 dias; Wagner e da
Costa (2013) 3,4 g·SSV·L-1 após 241 dias.
40
Por fim, os resultados encontrados para o IVL durante os experimentos (Figura 8) ratificam os
resultados encontrados pelo ensaio granulométrico. A análise do gráfico possibilita verificar
que apenas durante o período estável do E-XII são observados valores de IVL30/IVL10
superiores ao valor ótimo de 90% proposto por Liu e Tay (2008) (IVL30/IVL10: 95 ± 4%). No
período granular, E-X e E-XI apresentaram relação média IVL30/IVL10 de 75 ± 10 e 75 ± 8,
respectivamente, confirmando que os mesmos não atingiram granulação completa. Quanto ao
IVL30, os resultados encontrados são similares aos reportados em outros estudos com LGA
cultivados com esgoto doméstico: Wagner e da Costa (2013) 53 mL·g SST-1; Derlon et al.
(2016) 80 mL·g-1; Dantas (2018) 61,3 e 63,3 mL·g SST-1; presente estudo E-X 59 ± 15 mL·g
SST-1, E-XI 4± 6 mL·g SST-1, E-XII 43 ± 11 mL·g SST-1.
250 60
200
150 40
100
20
50
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
400 100
350
250 60
200
150 40
Perfil
100
20
50
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
400 100
Perfil
350
250 60
200
150 40
100
20
50
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de operação (dias)
DQO Afluente DQO Efluente Eficiência de Remoção
Fonte: Autora
A eficiência de remoção de DQO nos Experimentos X e XI manteve-se pouco variável durante todo o
experimento (E-X 76,2 ± 5,0%; E-XI 78,0 ±4,3%), com exceção do dia 91 de operação para o
Figura 10. Concentração de Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK) afluente e efluente, e eficiência de
remoção para os Experimentos X (acima); XI (centro); XII (abaixo). As linhas azul e vermelha
demarcam o início do período granular e o início do período com grânulos maduros, respectivamente.
60 100
40
60
30
40
20
10 20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
60 100
50 80
40
Axis Title
N-NTK
60
30
40
20
10 20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
60 100
Eficiência de Remoção (%)
50 80
N-NTK (mg.L-1)
40
60
30
40
20
10 20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de operação (dias)
Afluente Efluente Eficiência
Fonte: Autora
43
Figura 11. Concentração de amônia afluente e efluente, nitrito e nitrato efluente, e eficiência de remoção
para os Experimentos X (acima); XI (centro); XII (abaixo). As linhas azul e vermelha demarcam o início
do período granular e o início do período com grânulos maduros, respectivamente.
40 100
80
30
60
20
40
10
20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
40 100
80
30
60
20
40
10
20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
40 100
80
30
60
20
40
10
20
0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de operação (dias)
NH4 Afluente NH4 Efluente NH4 Eficiência NO2 Efluente NO3 Efluente
Fonte: Autora
A partir da Figura 11, observa-se que todos os experimentos apresentaram baixa eficiência de
remoção de amônia no período anterior ao início da granulação. Este mal desempenho pode ser
atribuído ao desenvolvimento paulatino das bactérias nitrificantes, micro-organismos de
crescimento lento e provavelmente lavados frequentemente do sistema em decorrência da alta
pressão de seleção. Com a formação dos grânulos, observou-se a melhora dos processos de
nitrificação e, considerando que não houve acúmulo considerável dos compostos oxidados
intermediários (nitrito e nitrato), pode-se deduzir que o processo de desnitrificação simultâneo
44
80
1,6
60
40
0,8
20
0,0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
2,4 100
Ortofosfato (mg P-PO43-.L-1)
40
0,8
20
0,0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
2,4 100
Ortofosfato (mg P-PO43-.L-1)
80
1,6
60
40
0,8
20
0,0 0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo de operação (dias) Afluente Efluente Eficiência
Fonte: Autora
45
A Tabela 8 apresenta uma síntese com os resultados médios dos parâmetros encontrados
durante os experimentos após o início da granulação.
6
Dantas (2018) obteve remoção média de 42,8% utilizando 1h30 de fase anaeróbia, e Sales et al. (2018) de 56,6%,
operando com fase anóxica de 40 min.
46
Figura 13. Perfis temporais aos 192 dias de operação (07.06.2019) do Experimento XII (período
estacionário - SSVLM: 1,0 g.L-1) para os parâmetros DQOs, Nitrogênio, Fósforo, OD e pH.
100
DQOS (mg.L-1)
80
60
40
25
N-NH4+/N-NOX (mg.L-1)
15
10
2,0
Ortofosfato (mgP-PO43-.L-1)
1,5
1,0
0,5
0,0
10
8
OD (mg.L-1)
32 8,0
Temp. pH
Temperatura (°C)
30 7,5
pH
28 7,0
26 6,5
24 6,0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Tempo de ciclo (min)
Fonte: Autora
47
Analisando a Figura 13, pode-se perceber que logo após o enchimento do reator, os parâmetros
DQO, Nitrogênio e Ortofosfato diminuem e o OD aumenta devido a mistura do afluente com o
efluente tratado remanescente do ciclo anterior (29% retido, em função da troca volumétrica de
71%). Após isso, o OD do meio líquido decaiu rapidamente atingindo concentração de 0,19
mg·L-1 aos 20 min, mantendo valores baixos após isso durante toda a fase anaeróbia (também
não há presença de nitrito ou nitrato nesse período). Cabe destacar que os pulsos de ar não
provocaram aumentos significativos na concentração de OD, servindo apenas com mecanismo
de mistura para promover o contato biomassa com o efluente durante esta fase.
Ao final do ciclo no E-XII, foram alcançadas as seguintes eficiências de remoção: DQOT 83%;
DQOS 60%; N-NH4+ 82%; P-PO43- 87%; e as seguintes concentrações de nitrito e nitrato
remanescente: 3,2 mg·L-1 e 0,84 mg·L-1, respectivamente. Após balanço de massa, estima-se
48
Figura 14. Perfis temporais aos 91 dias de operação (18.06.2019) do Experimento XI (período não-
estacionário - SSVLM: 0,74 g.L-1) para os parâmetros DQOs, Nitrogênio, Ortofosfato, OD e pH.
80
DQOS (mg.L-1)
60
40
20
8
N-NH4+/N-NOX (mg.L-1)
2,0
Ortofosfato (mg P-PO43-.L-1)
1,5
1,0
0,5
0,0
10
8
OD (mg.L-1)
32 8,0
Temperatura (°C)
30 7,5
pH
28 7,0
26 6,5
pH Temp.
24 6,0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
Tempo de ciclo (min)
Fonte: Autora
49
que 69% do nitrogênio virou gás, na forma de N2 ou óxidos nitrosos. Foram consumidos 75,6
mg CaCO3·L-1 de alcalinidade e o efluente apresentou pH de 7,18.
Ao final do ciclo no E-XI (não estável), foram alcançadas as seguintes eficiências de remoção:
DQOT 62%; DQOS 55% ; N-NH4+ 89%; P-PO43- 100%; e as seguintes concentrações de nitrito
e nitrato remanescente: 7,3 mg·L-1 e 1,1 mg·L-1, respectivamente. Após balanço de massa,
estima-se que apenas 15% do nitrogênio virou gás, na forma de N2 ou óxidos nitrosos. Foram
consumidos 36,8 mg CaCO3·L-1 de alcalinidade e o efluente apresentou pH médio de 7,96.
50
5 CRONOGRAMA
Semestre
Atividade
2017.2 2018.1 2018.2 2019.1 2019.2 2020.1 2020.2 2021.1
Obtenção dos créditos junto ao programa X X
Revisão bibliográfica X X X X X X X X
Delineamento experimental e adequações no sistema
X X
existente
Operação e monitoramento do experimento X X
Exame de qualificação jul.
Goethe-Institut - Curso Intensivo de Alemão ago./set.
Implementação de modelos para lodos
Ruhr-Universität
X X
ativados
Bochum
7
Artigos aprovados e apresentados oralmente no 18° Silubesa (Porto, Portugal) e no 6° Isebe (Ciudad Obregón, México) em 2018.2.
51
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57
APÊNDICE A
Figura 15. Fotomicrografias ópticas de campo claro da biomassa presente no E-X com aumento de 100x
(Barra vermelha = 100µm) em diferentes dias de operação. (a) 6 dias; (b) e (c) 25 dias; (d) 39 dias; (e)
67 dias; (f) 83 dias; (g) 132 dias; (h) 143 dias.
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
Fonte: Autora.
58
Figura 16. Fotomicrografias ópticas de campo claro da biomassa presente no E-XI com aumento de
100x (Barra vermelha = 100µm) em diferentes dias de operação. (a) 15 dias; (b) e (c) 22 dias; (d) 41
dias; (e) 80 dias; (f) 91 dias; (g) e (h) 99 dias.
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
Fonte: Autora.
59
Figura 17. Fotomicrografias ópticas de campo claro da biomassa presente no E-XI com aumento de
100x (Barra vermelha = 100µm) em diferentes dias de operação. (a) 15 dias; (b) 43 dias; (c) 64 dias
(d) 87 dias; (e) 120 dias; (f) 140 dias; (g) 192 dias; (h) 211 dias.
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
Fonte: Autora.