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UNIVERSIDADE JOSÉ DO ROSÁRIO VELLANO-UNIFENAS

GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA

Camila da Silva Profeta


Gleiziela Ribeiro Campos

SINOPSE SOBRE A OBTENÇÃO E USO DO TECNÉCIO-99m NA


PRODUÇÃO DA IMAGEM DIAGNÓSTICA EM EXAME CINTILOGRÁFICO

Belo Horizonte
2008
CAMILA DA SILVA PROFETA
GLEIZIELA RIBEIRO CAMPOS

SINOPSE SOBRE A OBTENÇÃO E USO DO TECNÉCIO-99m NA


PRODUÇÃO DA IMAGEM DIAGNÓSTICA EM EXAME CINTILOGRÁFICO

Trabalho de conclusão de Curso


apresentado à UNIFENAS, como parte
das exigências do curso de Biomedicina
para a obtenção do título de Bacharel
em Biomedicina.
Orientador: Profº. Ms. Hélio Ribeiro

Belo Horizonte
2008
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

99m
Tc- tecnécio metaestável
99
Tc- tecnécio
99
Mo- molibdênio
99
Ru- rutênio
Na+TcO-4 -pertecnetato de sódio
TcHR- tecnécio hidrolisado e reduzido
FTM-fotomultiplicadores
MDP-metileno-difosfonato
EHDP-etano-1-hidroxi-1,1-bifosfonato
Sv- Sievert
Gy- Gray
SI- Sistema Internacional
ppm- parte por milhão
mCi- mili-curie
µg- micro-grama
Kev-quilo eletron-volt
Mev-milhões de eletron-volt
mSv- milli-sievert
IPEN-Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
PET-Positron Emission Tomography
SPECT-Tomografia por Emissão de Fóton Único
JCHO- Joint Commission on Helthcare Organizations
NCR- Nuclear Regulatory Commission
USP- United States Pharmacopeia
EP-European Pharmacopeia
ICRP-Comissão Internacional da Radioproteção
ICRU-Comissão Internacional de Medidas e Unidades de Proteção
RESUMO

Uma vez administrado, o radiofármaco deposita-se em um órgão ou tecido


alvo e imagens podem ser adquiridas a partir da detecção da radiação proveniente
do paciente utilizando-se equipamentos apropriados. Trata-se de um procedimento
não invasivo que possibilita avaliações morfológicas e funcionais. O radionuclídeo
99m
Tc é obtido a partir do decaimento radioativo de outro radionuclídeo, o
molibdênio-99. Neste trabalho realizamos uma breve revisão bibliográfica a respeito
das principais propriedades dos radiofármacos produzidos com tecnécio-99m e suas
aplicações na formação da imagem diagnóstica.

Palavras-chave: Radiofármaco. Tecnécio-99m. Molibdênio-99.


ABSTRACT

Once administered to the patient, the Radioactivity is deposited in an organ or


desired tissue and images can be acquired from the detection of radiation from the
patient, using appropriate equipments. That is a noninvasive procedure, which
99m
enables morphological and functional assessments. The Tc radionuclide is
obtained from the radioactive decay of another radionuclide, the molybdenum-99.In
this work we have carried out a brief bibliographic review towards the main
properties of radiopharmaceuticals produced with Technetium-99m, their utmost
applications regarding the formulation of the diagnostic image.

Key Words: Radiopharmaceuticals. Technetium-99m. Molybdenum-99.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Transição isomérica do tecnécio-99m para tecnécio-99. ...........................14


99
Figura 2. Imagem externa e interna do gerador seco de Mo/99mTc de coluna
cromatográfica. ..................................................................................................15
99m
Figura 3. Estruturas de compostos fosforados para marcação com Tc: pirofosfato
(H4P2O7); metileno-difosfonato (MDP); etano-1-hidroxi-1,1-bifosfonato (EHDP).
...........................................................................................................................16
Figura 4. Aquisição de imagens de cintilografia óssea de corpo inteiro com (metileno
99m
difosfonato), MDP- Tc, com o qual é realizada a cintilografia óssea, entre
outros exames....................................................................................................17
Figura 5. Esquema de uma câmara de cintilação. ....................................................20
Figura 6. Gama câmara ou câmara cintilográfica......................................................21
Figura 7. Relação entre as grandezas dose absorvida, equivalente e efetiva. ........25
Figura 8. Relação dose-efeito para efeito determinísticos em uma população. ........26
Figura 9. Efeitos determinísticos esperados em função da exposição.....................27
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Limites estabelecidos pela farmacopéia americana (USP-XXIII) e pela


farmacopéia européia (EP) quanto à qualidade do eluato do gerador de
99
Mo/99mTc (Marques et al., 2001). United States Pharmacopeia (USP);
European Pharmacopeia (EP). ..........................................................................19
Tabela 2. Fármacos marcados com Tecnécio-99m. .................................................22
Tabela 3. Fatores de peso da radiação, W R .............................................................24
Tabela 4. Fatores de peso para tecido ou órgão ......................................................25
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................9
2. OBJETIVO GERAL ...............................................................................................10
2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................10
3. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................11
4. REVISÂO DE LITERATURA .................................................................................12
4.1. RADIOFÁRMACOS ........................................................................................12
4.2. SISTEMA GERADOR DE MOLIBDÊNIO-99/TECNÉCIO-99m .......................15
4.3. CONTROLE DE QUALIDADE DOS RADIOFÁRMACOS ...............................17
4.3.1. PUREZA RADIONUCLÍDICA ...................................................................18
4.3.2. PUREZA QUÍMICA ..................................................................................18
4.3.3. PUREZA RADIOQUÍMICA .......................................................................18
4.4. CINTILOGRAFIA ............................................................................................19
4.4.1. CÂMARA DE CINTILAÇÃO .....................................................................19
4.5PRINCIPAIS EXAMES CINTILOGRÁFICOS QUE FAZEM USO DE
RADIOFÁRMACOS A BASE DE 99mTc. ..............................................................21
4.6. RADIOPROTEÇÃO ........................................................................................22
4.6.1. GRANDEZAS DOSIMÉTRICAS...............................................................23
4.7. EFEITOS BIOLÓGICOS DA EXPOSIÇÃO Á RADIOATIVIDADE ..................25
4.8. PRINCÍPIOS GERAIS PARA PRÁTICAS .......................................................28
4.8.1. O PRINCÍPIO DE JUSTIFICAÇÃO ..........................................................28
4.8.2. O PRINCÍPIO DA OTIMIZAÇÃO ..............................................................28
4.8.3. O PRINCIPIO DA LIMITAÇÃO DE DOSE INDIVIDUAL E DE RISCO .....28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................30
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................31
1 INTRODUÇÃO

Desde a descoberta dos Raios X por Röentgen, em 1895 e da radioatividade


por Becquerel, em 1896 o uso das radiações ionizantes para fins médicos avançou
extraordinariamente. Com a descoberta da radioatividade houve grande crescimento
no campo da pesquisa e no desenvolvimento de novas técnicas para o diagnóstico e
terapia de doenças, contribuindo efetivamente na área da saúde humana e animal.
Embora os efeitos maléficos das radiações ionizantes sejam bastante conhecidos, a
compreensão do fenômeno nos últimos 100 anos também trouxe grandes benefícios
para a humanidade, tais como a obtenção de energia elétrica, em processos
industriais, na agricultura dentre outras áreas; entretanto é na medicina que as
radiações tem sido utilizadas na nobre tarefa de minimizar o sofrimento humano
(MARQUES et al., 2001).
Para que as radiações possam ser utilizadas em medicina, as características
físicas dos radioisótopos devem ser adequadas de maneira a serem produzidos e
manipulados de modo que sejam aplicados de forma segura nos seres humanos. O
elevado índice de utilização do tecnécio como marcador em medicina nuclear é
resultado de suas propriedades físicas e químicas ideais para um radioisótopo tais
como: meia-vida física, decaimento por emissão de radiação de gama puro com
fótons de 140 Kev, a praticidade de obtenção do radioisótopo a partir de um sistema
gerador de molibdênio-99/tecnécio-99m, a possibilidade do íon metálico atingir
vários estados de coordenação dando origem a diferentes tipos de radiofármacos e
também aos baixos índices de reações adversas desses agentes quando
comparados a outros agentes de contrastes (MARQUES et al.,2001).
2 OBJETIVO GERAL

• Estudo do tecnécio-99m como um dos principais radioisótopos aplicados no


exame cintilográfico.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Discutir os princípios da radioquímica importantes ao entendimento das


técnicas de diagnóstico por imagem em Medicina Nuclear e as características do
tecnécio-99m levando em consideração o seu processo de produção, eluição e
controle de qualidade na aplicação desse radiofármaco no paciente para a obtenção
do diagnóstico por imagem.
• Elucidar a importância da radioproteção como ferramenta indispensável das
atividades operacionais que utilizam radiação ionizante.
3 JUSTIFICATIVA

A importância do estudo das aplicações médicas do tecnécio (Tc99m) se dá


pelo fato de que nos últimos 30 anos esse radioisótopo vem sido empregado como
importante ferramenta utilizada em diagnóstico por imagem de várias doenças e
disfunções de órgãos que compõem o corpo humano. Atualmente grande
quantidade de compostos produzidos a base do tecnécio-99m são utilizados em
Medicina Nuclear gerando um volume de exames correspondentes a 80% dos
procedimentos de rotina clínica no setor de diagnóstico por imagem através de
radiofármacos. A realização desse trabalho de revisão bibliográfica consiste na
elucidação da importância dos procedimentos utilizados em medicina diagnóstica
por imagem que fazem o uso das radiações ionizantes, tanto ao fator de otimização
dos exames quanto ao sucesso frente aos índices de cura verificados na terapia.
A radiação,quando aplicada adequadamente, ressalta os benefícios e
minimizam os malefícios, perante excelência da utilização em novas tecnologias nos
mais variados campos de aplicação.
4 REVISÃO DE LITERATURA

Grande parte das técnicas de diagnóstico por imagem utilizadas em Medicina


Nuclear usam ligações covalentes ou iônicas entre o fármaco e o elemento
radioativo. Atualmente existem marcadores mais sofisticados, como o uso de
anticorpos específicos para determinada proteína que podem ser utilizados como
radiotraçadores. Dentre as várias técnicas, a cintilografia têm sido a mais aplicada
seguida do Positron Emission Tomography (PET).

4.1 Radiofármacos

Os radiofármacos são utilizados em pequenas quantidades (traços) com a


finalidade de diagnosticar disfunções e patologias do organismo. Em menor
extensão são utilizados na terapia de doenças, particularmente no tratamento de
tumores. Quando a finalidade é o diagnóstico de patologias, como por exemplo,
estudar alguma disfunção renal ou infarto do miocárdio, utiliza-se na sua
composição radionuclídeos emissores de radiação gama.
A radiação gama é uma onda eletromagnética que apresenta grande
penetrabilidade nos tecidos com baixo poder de ionização em relação às radiações
corpusculares, tais como as radiações alfa e beta, e são provenientes das emissões
de um núcleo instável sem perda de massa, mas apenas com a conseqüente
diminuição da energia potencial do sistema atômico. O menor poder de ionização da
radiação gama diminui a dose de radiação absorvida pelo paciente. Os principais
radionuclídeos emissores de radiação gama são tecnécio-99m, iodo-123, índio-111,
gálio-67 e o tálio-201 dentre outros que são utilizados na composição dos
radiofármacos para diagnóstico (ARAUJO, 2005).
Para o uso em terapia, os radionuclídeos devem emitir radiação na forma de
partículas alfa ou beta. Tais partículas apresentam alta energia e distribuem-na
localmente destruindo as células tumorais ao interagirem com estas, apresentando
alto grau de especificidade para a região que se quer atingir evitando que as células
sadias possam ser atingidas. Alguns importantes radioisótopos dessa categoria são
o iodo-131, usado no tratamento do câncer de tireóide e em casos de
hipertireoidismo, e o samário-153 que associado a outro composto químico é
indicado no tratamento de dor óssea provocada por metástase de alguns tipos de
tumores primários. Ambos os compostos além da radiação beta, também emitem
radiação gama, permitindo a obtenção de imagens dos órgãos onde estão atuando
(MARQUES et al.,2001).
A maioria dos procedimentos realizados atualmente em Medicina Nuclear
tem finalidade diagnóstica. O paciente recebe uma dose de radiofármaco composto
por um radionuclídeo gama emissor, e é posteriormente examinado por um
equipamento capaz de detectar a radiação oriunda do mesmo e convertê-la em uma
imagem que representa o órgão ou sistema avaliado. Esses equipamentos são
denominados câmaras-gama ou câmara de cintilação que adquirem imagens
cintilográficas em um único plano, entretanto, podem estar associados á tomógrafos,
que permitem a aquisição de imagens em cortes possibilitando a avaliação de um
órgão em toda a sua profundidade. As imagens tomográficas em Medicina Nuclear
são denominadas (SPECT), sigla do inglês “Single Photon Emission Computer
Tomographt”, ou seja, Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único.
Dessa forma, todo exame de medicina nuclear inicia-se com a administração do
radiofármaco (ARAUJO, 2005).
Desenvolver radiofármacos significa estudar a química das interações entres
os elementos e diferentes moléculas (substratos ou ligantes) para o preparo de
compostos radioativos, com afinidade por diferentes órgãos e sistemas. Atualmente,
o radionuclídeo mais importante para a preparação de radiofármacos com finalidade
diagnóstica é o tecnécio-99m (99mTc) devido suas características físicas ideais que
em conjunto, possibilitam a aquisição de imagens cintilográficas com excelente
resolução. Os substratos usados como radiofármacos geralmente são compostos
orgânicos, mas também podem constituir-se de espécies coloidais ou particuladas,
proteínas, anticorpos ou peptídeos, ou até mesmo células, como as vermelhas do
sangue. A natureza do ligante determina a especificidade do radiofármaco.
Para que ocorra uma adequada ligação entre o tecnécio-99m ás moléculas
desejadas, deve-se considerar uma complexa química desse elemento, devido a
seus múltiplos estados de oxidação que vão de +1 a +7. Pressupõe-se que na forma
química de pertecnetato (TcO4-), o tecnécio-99m possui o estado de oxidação mais
elevado 7+, sendo bastante estável em solução aquosa. Entretanto o tecnécio-99m
neste estado de oxidação não se liga facilmente aos fármacos de interesse
tornando-se necessário sua redução para estados de oxidação mais baixos com 3+,
4+ ou 5+ (ARAUJO, 2005).
Na maioria dos procedimentos o tecnécio-99m é reduzido pelo íon estanoso,
promovendo um estado de oxidação mais favorável a incorporação do metal. Uma
série de reagentes para pronta marcação com 99mTc foram desenvolvidos e estão
disponíveis no mercado. Esses reagentes contêm uma quantidade apropriada dos
íons Sn+2 que promovem a redução do estado de oxidação do 99mTc. Dessa
maneira os serviços de Medicina Nuclear podem realizar a marcação das moléculas
antes da realização dos exames devido a praticidade de obtenção do radioisótopo a
partir do sistema gerador de 99Mo/99mTc.
Até o presente momento todos os isótopos conhecidos do tecnécio são
reativos, desde o tecnécio 99 ao 110 e incluem oito pares de isômeros nucleares. O
núcleo no seu estado mais energético (metaestável), libera energia eletromagnética
(radiação gama) na transição para um estado isomérico de mais baixa energia
(FIG.1). O tecnécio-99m é o produto do decaimento do molibdênio-99. Cerca de
87,5% dos átomos de molibdênio-99 de uma amostra desintegram-se por emissão

de radiação ( β ) originado núcleos de 99mTc, que por sua vez, desintegram-se por
emissão de radiação gama a 99Tc, o qual se desintegra a 99Ru estável
(SAHA,1998).

FIGURA 1. Transição isomérica do tecnécio-99m para tecnécio-99.


Fonte: MARQUES et al .,2001.
99
Dessa forma o Mo/99mTc formam um par radioativo de equilíbrio transiente,
já que o tempo de meia-vida físico do pai é cerca de dez vezes maior que a do filho.
Esse equilíbrio possibilita a fabricação do sistema gerador de radionuclídeo de
99
Mo/99mTc (ARAUJO, 2005).

4.2 Sistema Gerador de Molibdênio-99/Tecnécio-99m

99
Por meio de um sistema gerador de Mo/99mTc, o elemento tecnécio-99m
pode ser facilmente disponibilizado no hospital, ou serviço de medicina Nuclear. O
gerador consiste de um sistema fechado, composto por uma coluna cromatográfica
de óxido de alumínio (Al2O3), na qual é depositada uma atividade conhecida de 99Mo
99 99m
(FIG.2). O Mo desintegra-se na coluna e origina-se o Tc. Fazendo-se passar
através da coluna uma solução salina estéril (solução de NaCl 0,9%), coleta-se no
líquido eluente somente o tecnécio-99m na forma de pertecnetato de sódio
(Na+TcO4-), enquanto que o 99
Mo permanece adsorvido à coluna de alumina
(SAHA,1998).

99 99m
FIGURA 2. Imagem externa e interna do gerador seco de Mo/ Tc de coluna cromatográfica.
Fonte: IPEN-TEC; THRALL et al., 2003.

Após um período de crescimento ideal (aproximadamente 24horas), o gerador


pode ser novamente eluído com rendimento teórico máximo de tecnécio-99m. A vida
útil desse gerador pode variar de uma semana a 15 dias, dependendo da carga
99
inicial de Mo. A cada dia, uma atividade menor de tecnécio-99m é eluída, devido
ao próprio decaimento do elemento pai. A própria solução de pertecnetato de sódio
eluída do gerador constitui-se em um radiofármaco. Administrada intravenosamente,
permite a aquisição de imagens das glândulas tireóide e salivar, sendo também
utilizada em estudos de fluxo sanguíneo e pesquisas de sangramento oculto.
Entretanto, a grande utilidade da solução de Na99mTcO4 está no seu uso na
marcação de moléculas, resultando em diversos radiofármacos com especificidade
por diferentes órgãos e sistemas do organismo (ARAUJO, 2005).
Várias moléculas são excelentes ligantes para o tecnécio-99m com aplicação
em Medicina Nuclear diagnóstica. Uma classe importante de ligantes é representada
por compostos fosforados como o pirofosfato (H4P2O7), um dímero anidro do orto-
fosfato; o etano-1-hidroxi-1,1-bifosfonato (HEDP ou EHDP) e o metileno-difosfonato
(MDP) (Murphy e Ferro Flores, 2003; SAHA,1998; Wel e Redvanty, 2003) a estrutura
química desses compostos podem ser visualizados na (FIG.3) a seguir:

99m
FIGURA 3. Estruturas de compostos fosforados para marcação com Tc: pirofosfato (H4P2O7);
metileno-difosfonato (MDP); etano-1-hidroxi-1,1-bifosfonato (EHDP).
Fonte: ARAUJO, 2005.

O radiofármaco de MDP-99mTc, por exemplo, deposita-se no osso sadio, com


preferências por áreas de crescimento ósseo. Processos inflamatórios e tumores
ósseos concentram o radiofármaco em maior quantidade e podem ser facilmente
diagnosticados por meios de imagens ósseas cintilográficas de corpo inteiro (FIG.4).
O radiofármaco MDP-99mTc é um dos mais utilizados em medicina nuclear,
particularmente na pesquisa de metástases ósseas em pacientes de câncer
(ARAUJO, 2005).
FIGURA 4. Aquisição de imagens de cintilografia óssea de corpo inteiro com (metileno difosfonato),
99m
MDP- Tc, com o qual é realizada a cintilografia óssea, entre outros exames.
Fonte: RAMATY, 2007.

4.3 Controle de Qualidade dos Radiofármacos

Antes de serem comercializados, os geradores passam por um controle de


qualidade rigoroso. Esse controle é necessário para garantia de uma boa prática
médica e atende aos requisitos do governo federal e da Joint Commission on
Helthcare Organizations (JCHO) (THRALL et al., 2003).
O controle de qualidade é feito somente no Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares (IPEN-TEC), não estando disponível nas clínicas especializadas em
exames de imagem.
Apesar da praticidade do uso do radioisótopo a partir do seu sistema gerador,
as reações de complexação do mesmo com o fármaco podem não ser tão eficientes
em conseqüência da qualidade do eluato, dos componentes dos “Kits” ou até
mesmo dos procedimentos utilizados nas marcações. Neste caso, a ineficiência do
procedimento de eluição pode dar origem a impurezas radioquímicas, tais como: o
próprio pertecnetato decorrente da sua não redução, o óxido de tecnécio (TcO2),
também denominado de tecnécio hidrolisado e reduzido (TcHR), impurezas
decorrentes da redução e não complexação do metal e de outras espécies
reduzidas com arranjos diferentes do desejado (MARQUES et al.,2001).
Os principais parâmetros avaliados no controle de qualidade do eluato são
descritos em termos do grau de pureza radionuclídica, química e radioquímica.
4.3.1 Pureza Radionuclídica

Qualquer impureza radionuclídica é indesejável, podendo expor o paciente a


uma dose extra de radiação desnecessária. O radionuclídeo contaminante mais
comum é o molibdênio devido seu tempo de decaimento ser maior, e a sua
determinação é importante para prevenir exposição da radiação beta. A quantidade
99
de Mo esta sujeita a limites estipulados pela Nuclear Regulatory Commission
(NCR), devendo ser testado a cada eluição. Para determinar a impureza
radionuclídica o eluato é colocado numa blindagem de chumbo de 6 mm,
99
determinando a atividade de Mo existente no mesmo. Desse modo é obtido uma
leitura que representa a metade do valor total da amostra (MARQUES et al .,2001).

4.3.2 Pureza Química

Outro controle de qualidade importante é a detecção da pureza química que


consiste em avaliar no eluato a presença de alumina da coluna. A avaliação é feita
através do teste calorimétrico, a reação ocorre por complexação do íon por agentes
quelantes, levando a formação de um composto colorido (MARQUES et al .,2001). A
concentração máxima permitida é de 10 µg/mL de alumina ,que é comparada com a
amostra proveniente do eluato ;a cor do eluato tem que ser menos intensa que a cor
padrão. No teste calorimétrico é feito somente avaliação qualitativa através de
comparação. O excesso de alumina interfere na distribuição de alguns
99m
radiofármacos como, por exemplo, o Tc-metildifosfonato, sugerindo um aumento
na atividade hepática (THRALL et al ., 2003).

4.3.3 Pureza Radioquímica

Cada radiofármaco possui uma pureza radioquímica em torno de 90%. A


presença dessas impurezas tem origem na decomposição do radiofármaco, pH,
presença de agentes oxidantes ou redutores. No eluato, a valência desejável do
99m
Tc 7+, na forma de pertecnetato (TcO4-). A padronização é feita pela United States
Pharmacopeia (USP), e estabelece que no mínimo 95% do 99mTc presente no eluato
esteja na valência 7+. Para melhor entender essa característica deve-se pensar que
99m
se 5% da atividade do Tc deve permanecer livre na forma de pertecnetato de
sódio, os outros 95% correspondem a pureza radioquímica desejável, não havendo
outras impurezas (THRALL et al .,2003). A tabela 1, abaixo mostra os limites
estabelecidos pelos padrões farmacológicos dos E.U. A e da Europa usados como
referência para os demais países.

Tabela 1. Limites estabelecidos pela farmacopéia americana (USP-XXIII) e pela farmacopéia européia
(EP) quanto á qualidade do eluato do gerador de 99Mo/99mTc (Marques et al.,2001). United States
Pharmacopeia (USP); European Pharmacopeia (EP).
Parâmetro USP – XXIII EP

Eficiência de eluição 90% 90-110%

Pureza radionuclídica (99Mo) 0,15µCi/mCi 1,0µCi/mCi

Pureza radioquímica 95% 95%

Pureza química (Al+3 ) 10ppm 20ppm

pH 4,0-7,0 4,0-8,0

Fonte: MARQUES et al.,2001.

4.4 Cintilografia

A cintilografia é o método diagnóstico mais empregado em medicina nuclear


que permite a visualização de órgãos pouco acessíveis à observação. Após a
introdução no organismo de um radiofármaco com fixação seletiva no tecido a ser
examinado, o paciente é colocado em uma câmara gama ou de cintilação que capta
as emissões do isótopo radioativo usado para marcação. A obtenção da imagem
cintilográfica é feita através de um software computacional que a reconstroem
matematicamente fornecendo informações acerca da funcionalidade do órgão em
estudo. Atualmente pode ser realizada cintilografia de praticamente todos os
sistemas do corpo humano, usando um tipo de radiofármaco correspondente ao
órgão de estudo desejado.

4.4.1 Câmara de Cintilação

A câmara gama é um equipamento geralmente constituído por um detector


de raios gama, como um cristal de cintilação (mais frequentemente de iodeto de
sódio NaI) ativado com tálio contido numa caixa escura, que transforma a energia de
cada raio gama em muitos fótons de luz. Estes fótons são detectados com vários
tubos fotomultiplicadores (FTM) que são oticamente acoplados. A corrente gerada
por cada fotomultiplicador é posteriormente processada no circuito de
posicionamento para calcular as coordenadas de x e y produzindo um valor de pulso
Z. O pulso Z seleciona o sinal da faixa desejada e determina se o evento detectado
deve ser usado para formação da imagem ou ser descartado. Se o evento
relacionado ao pulso for aceito, ele será gravado espacialmente na localização
determinada pelos pulsos x e y. Um colimador de chumbo é usado entre o paciente
e o detector para eliminar raios gama que não tenham direção perpendicular a ele
(o que torna as imagens mais nítidas). A produção da imagem ocorre com a ajuda
de um computador, integrado ao equipamento (THRALL et al., 2003).
Verifica-se que os raios gama captados, são oriundos dos isótopos que
constituem os radiofármacos assim como a quantidade do fármaco (eletivo) é
absorvido conforme o metabolismo do órgão em estudo, constatando que esta
modalidade de exame é de âmbito funcional. Um esquema simplificado da gama
câmara pode ser vista na (FIG.5) e o equipamento como um todo na (FIG.6) à
seguir:

FIGURA 5. Esquema de uma câmara de cintilação.


Disponível em: http://www.fas.org/irp/imint/docs/rst/Intro/Part2_26d.html
FIGURA 6. Gama câmara ou câmara cintilográfica.
Disponível em: http://www.fas.org/irp/imint/docs/rst/Intro/Part2_26d.html

4.5 Principais Exames Cintilográficos Que Fazem Uso de Radiofármaco a


Base de 99mTc.

A busca pela especificidade nos diagnósticos movimenta pesquisas no


mundo todo para o desenvolvimento de novos radiofármacos, com grande interesse
por radiofármacos de tecnécio-99m, em razão das propriedades físicas deste
radionuclídeo, além da disponibilidade do uso através dos sistemas geradores e
custo relativamente baixo. Nesse sentido, o conhecimento da química de
coordenação do radionuclídeo é imprescindível para o desenvolvimento de tais
radiofármacos (ARAUJO, 2005).
Atualmente existem aproximadamente 30 radiofármacos de tecnécio-99m
(99mTc) sendo utilizados em Medicina Nuclear especialmente nas técnicas de
cintilografia, gerando um volume de exames correspondentes a 80% da rotina clínica
(MARQUES et al.,2001). Na tabela 2 podem-se verificar alguns exemplos de
fármacos marcados com 99mTc e seus possíveis exames para cada caso.
Tabela 2. Fármacos marcados com Tecnécio-99m.

AGENTE APLICAÇÃO

99m
Tc-enxofre coloidal Linfocintilografia

99m
Tc-difosfonato Cintilografia óssea

99m
Tc-gluco-heptonato Cintilografia renal

99m
Tc-tetrofosmim Cintilografia de perfusão miocárdica

99m
Tc-bicisato Cintilografia de perfusão cerebral

99m
Tc-apctide Imagem de trombose venosa aguda

Fonte: THRALL et al ., 2003.

4.6 Radioproteção

No ano de 1928, foi criada a Comissão Internacional de Proteção Radiológica


“Internacional Commission on Radiological Protetion” (ICRP), é um órgão consultivo
que fornece recomendações à proteção contra a radiação. As recomendações sobre
os aspectos de proteção contra radiação ionizante, tratam somente da proteção ao
homem (SILVA et al .,2003). As recomendações da ICRP pretendem servir de ajuda
às agências reguladoras e consultivas, aos grupos de gerenciamento e aos
profissionais que atuam em alguma área que envolva o uso de radiações ionizantes.
A recomendação de que todas as exposições deveriam ser mantidas tão baixas
quanto possível eram nas últimas décadas observadas, mas não aplicadas
conscientemente. Desde então, maior ênfase tem sido colocada no requisito de
manter todas as exposições “tão baixas quanto razoavelmente exeqüível,
considerando fatores econômicos e socais” (ICRP-60; 2003).
A ICRP recomenda o uso de grandezas dosimétricas definida pela Comissão
Internacional de Medidas e Unidades de Proteção “International Commission on
Radiation Units and Measurements” (ICRU), e estabelece relação dessas dosagens
dosimétricas quanto ao tipo de energia e radiação incidente no organismo
(SILVA et al., 2003).

4.6.1 Grandezas Dosimétricas

4.6.1.1 Dose Absorvida (D)

A dose absorvida é a energia média depositada no tecido ou órgão, exposto a


radiação, definida pela relação:

D=
dm

Onde dε é a energia média depositada e dm corresponde ao volume da


massa. A unidade no Sistema Internacional (SI) para dose absorvida é o gray (Gy),
que corresponde à energia depositada de 1 joule/kg (SILVA et al., 2003).

4.6.1.2 Dose Equivalente

Corresponde a dose de radiação absorvida, levando em consideração os


danos da radiação com os vários tipos de tecido. É definida pela relação:

H T
=∑ W D
R TR
R

Onde temos DTR que corresponde à dose média absorvida no tecido ou órgão
T, para uma radiação R e o fator de peso da radiação W R. No Sistema Internacional
(SI) a unidade de dose equivalente é o Sievert (Sv), assim temos 1Sv que
corresponde 1Joule/kg (SILVA et al., 2003). Quando a radiação é composta por
vários tipos de energia com fatores de peso diferentes, a dose absorvida é dividida,
cada um com seu próprio fator de peso, que no final serão somados para
estabelecer a dose equivalente total (SILVA et al.,2003).
A tabela 3 a seguir mostra os tipos de radiação relativos à sua energia e o
fator de peso das mesmas.

Tabela 3. Fatores de peso da radiação, W R.


TIPOS DE RADIAÇÃO FAIXAS DE ENERGIA WR
Fótons Todas as energias 1

Elétrons Todas as energias 1

Prótons > 2 Mev 5

Partícula alfa, fragmentos de fissão e núcleos pesados Todas as energias 20


Fonte: SILVA et al., 2003.

4.6.1.3 Dose Efetiva

Para determinar a dose efetiva é feito um somatório dos respectivos fatores


de peso do tecido com a dose equivalente em cada órgão e tecido do corpo. A dose
efetiva, E, é definida pela relação:

E =∑ W H
T
T T

Onde temos, HT como dose equivalente no tecido ou órgão e W T como fator


de peso do tecido. A unidade no Sistema Internacional (SI) para dose efetiva é o
Joule por quilograma, definido como o nome de Sievert. Temos então:
Dose efetiva = Dose equivalente x Fator de peso do tecido (SILVA et al., 2003). A
tabela 4, a seguir mostra os fatores de peso para tecido ou órgão. A (FIG. 7) ilustra a
relação entre estas diferentes unidades:
Tabela 4. Fatores de peso para tecido ou órgão.

TECIDO OU ÓRGÃO WT

Gônadas 0,20

Medula óssea 0,12

Cólon 0,12

Pulmão 0,12

Fígado 0,05

Esôfago 0,05

Superfície óssea 0,01

Restante 0,05

Para fins de cálculo, o restante é composto por: glândulas supra-renais, cérebro, intestino delgado, rins,
pâncreas, baço, timo e útero.
Fonte: SILVA et al.,2003.

FIGURA7. Relação entre as grandezas dose absorvida, equivalente e efetiva.


Fonte: BETTENCOURT et al., 1994.

4.7 Efeitos Biológicos da Exposição à Radioatividade

Os efeitos biológicos das radiações estão essencialmente associados à


transferência de energia para os tecidos. Os efeitos dependem do tipo de radiação,
da sua energia, da dose recebida, das características dos tecidos e particularmente
da fase de divisão celular entre outros fatores. As radiações podem causar dois tipos
de efeitos no organismo: determinístico e estocástico. Os efeitos determinísticos são
observados após pouco tempo de exposição, são também muitas vezes chamado
de efeitos somáticos precoces ou simplesmente precoces. Estão relacionados ao
mal funcionamento ou perda de função de tecidos ou órgãos, essencialmente devido
à morte de um número significativo de células. Estes efeitos estão associados à
exposição de doses elevadas de radiação. Para este existe um limiar de dose abaixo
do qual a probabilidade de ocorrência do efeito é nula, e um segundo limiar a partir
do qual a probabilidade de efeito é 100%. No entanto, atendendo à variabilidade da
sensibilidade individual, a probabilidade de ocorrência de um determinado efeito
varia entre estes dois limiares e por isso deixaram de se chamar efeitos não-
estocásticos, como anteriormente era usual.
A (FIG. 8) mostra que a relação dose-freqüência para os tecidos tem a forma
de uma curva sigmóide, onde o efeito torna-se mais freqüente a medida que a dose
aumenta (BETTENCOURT et al .,1994).

FIGURA 8. Relação dose-efeito para efeitos determinísticos em uma população.


Fonte: BETTENCOURT et al., 1994.

Atendendo à existência de um limiar, os efeitos determinísticos


eventualmente esperados na seqüência de uma exposição, quer que seja parcial ou
total do organismo, são previsíveis. A forma da curva observada na (FIG.8) , assim
como os limiares, variam, obviamente, de órgão para órgão. Por exemplo, a (FIG. 9),
a seguir apresenta resumidamente os efeitos previsíveis em função das doses de
exposição de corpo inteiro (BETTENCOURT et al., 1994).

FIGURA 9. Efeitos determinísticos esperados em função da exposição.


Fonte: BETTENCOURT et al., 1994.

Os efeitos estocásticos podem surgir muito tempo após a exposição e incluem


o aumento de risco de câncer e mutações hereditárias. Eles resultam de
modificações provocadas a nível celular, nas cadeias de DNA e conseqüentemente
alterando a estrutura cromossômica. Os efeitos estocásticos aparentam não ter um
limiar de dose, admitindo-se que possam ser induzidos por doses muito baixas de
radiação, e a probabilidade do seu aparecimento é uma função da exposição.
Em condições normais, os efeitos determinísticos podem ser evitados
mantendo as doses abaixo dos limiares que correspondem ao seu aparecimento. No
que se refere aos efeitos estocásticos, apenas é possível reduzir a sua freqüência
mantendo as doses tão baixas quanto possível. Não é porém, viável evitá-los
totalmente , uma vez que, segundo se supõe, eles podem ocorrer mesmo em baixas
doses.

4.8 Princípios Gerais Para Práticas

O sistema de proteção radiológica é baseado nos princípios gerais de


justificação, de otimização e da limitação de dose ou risco. Tais princípios fazem
parte de um sistema coerente não podendo ser tratado de forma isolada (SILVA et
al., 2003).

4.8.1 O Princípio de Justificação

O princípio da justificação, refere-se às recomendações da ICRP, onde os


benefícios da utilização das radiações sobressaem aos detrimentos (combinação da
probabilidade de ocorrência de um efeito danoso á saúde e o grau de severidade
deste efeito), incluindo processo de escolha entre as diversas opções de práticas
(SILVA et al .,2003).

4.8.2 O Princípio da Otimização

A otimização da prática consiste na utilização adequada e redução dos riscos


da radiação, tanto para um indivíduo quanto para uma população. Onde a suposição
de futuros malefícios cede lugar às reais grandezas dosimétricas, dose efetiva e
dose coletiva.
Convém ressaltar que a ICRP considera que o bom senso e as técnicas
complexas de analise de custo – benefício, contribuam com a redução do detrimento
associado à prática (SILVA et al.,2003).

4.8.3 O Princípio da Limitação de Dose Individual e de Risco

A exposição de indivíduos deve ser submetida à limites de doses ou, no caso


de exposições potenciais, sujeita a algum controle de risco. Objetivando assegurar
que nenhum indivíduo seja exposto a riscos desnecessários.
Os limites de doses têm sido utilizados de duas maneiras: Na aplicação em
exposições ocupacionais, onde o limite de dose é visto como a restrição limitante
sobre o planejamento e a operação de uma instalação, e no controle sobre cada
acúmulo individual de dose, estruturando os procedimentos de proteção radiológica
(SILVA et al.,2003).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que utiliza elementos


radioativos com finalidade terapêutica e diagnóstica. Para estudos diagnósticos é
necessário que a radiação esteja numa faixa adequada para os sistemas de
detecção. A cintilografia é o método diagnóstico mais empregado, a concentração do
radiofármaco é observada através da obtenção por imagem cintilográfica que mostra
a funcionalidade do sistema em estudo. O radioisótopo mais utilizado em medicina
nuclear é o tecnécio-99m devido suas características física ideais, praticidade de
obtenção. Entretanto, a obtenção deste, deve ser acompanhada por profissionais
qualificados e por uma metodologia segura, para identificar e reduzir eventuais
problemas durante a preparação e manipulação dos radiofármacos.
Vale enfatizar que o conhecimento dos níveis de dose em radioproteção é um
passo importante para avaliação dos riscos associados à exposição. Avaliar o risco-
benefício do exame é imprescindível para assegurar que nenhum indivíduo seja
exposto à radiação desnecessária. Os níveis recomendados não expressam níveis
absolutamente sem riscos e sim níveis que representam um risco aceitável.
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAUJO, Elaine Bortoleti de et al. Garantia da qualidade aplicada à produção de radiofármacos.


Rev. Bras. Cienc. Farm, v. 44, n. 1, p. 1-12, 2008.

ARAUJO, E.B.A. Utilização do elemento Tecnécio-99m no diagnóstico e patologias e disfunções


dos seres vivos. Cadernos temáticos de Química Nova na Escola,n.6,Jul.2005.

BETTENCOURT, A.O., OLIVEIRA, J.C., Sérgio R. Centrais Nucleares em Portugal: Projecto


de Livro Branco. Ministério da Indústria e Tecnologia, 1978.

ESQUEMA de uma câmara de cintilação. Disponível


em:http://www.fas.org/irp/imint/docs/rst/Intro/Part2_26d.html. Acesso em: 2008.

GAMA câmara ou câmara cintilográfica. [2006?].Disponível


em:http://www.fas.org/irp/imint/docs/rst/Intro/Part2_26d.html. Acesso em: 2008.

MARQUES, F.L. OKAMOTO, M.R.Y. BUCHPIGUEL, C.A. Alguns aspectos sobre geradores e
radiofármacos de tecnécio-99m e seus controles de qualidade. Radiol. Brás, V.34, n.4, p.233-
239, 2001.

MARQUES, F.L.N. Os primórdios da radioquímica. Ciência Hoje, p.87, jul. 2002.

MURPHY, C.A.;FERRO-FLORES,G. Compuestos de tecnecio. México: Instituto Nacional de


Ciencias Médicas Nutrición.Salvador Zubirán, 2003.

SAHA, G.B. Fundamentals of nuclear pharmacy. 4.ed. EUA: Springer, 1998.

SILVA, T.A. PEIXOTO, J.G.P. JESUS, E.F.O.de .Sinopse das recomendações de 1990 da
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Nuclear,2003.

THRALL, Jomes H; ZIGSSMAN, Marvey A. Medicina Nuclear. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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