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SEGUNDA-FEIRA, 25 DE DEZEMBRO DE 2017 17:55
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notícia falsa
REPORTAGEM
DAG HERBJORNSRUD
tradução CLARA ALLAIN Como funciona a engrenagem das
ilustração FABIO ZIMBRES notícias falsas no Brasil
24/12/2017 02h00 ENSAIO FILOSÓFICO
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Yacob nasceu numa família pobre numa propriedade agrícola perto de Axum,
a lendária antiga capital do norte da Etiópia. Como estudante, ele
impressionou seus professores e foi enviado a uma nova escola para estudar
retórica ("siwasiw" em ge'ez, a língua local), poesia e pensamento crítico
("qiné") por quatro anos.
que nenhuma religião tem mais razão que outra —e seus inimigos o Compare preços:
denunciaram para o rei.
Ali encontrou uma área desabitada com uma "bela caverna" no início de um
vale. Construiu um muro de pedra e viveu nesse local isolado para "encarar
apenas os fatos essenciais da vida", como Henry David Thoreau descreveria
uma vida também solitária, dois séculos mais tarde, em "Walden" (1854).
Por dois anos, até a morte do rei, em setembro de 1632, Yacob permaneceu na
caverna como ermitão, saindo apenas para buscar alimentos no mercado mais envie sua notícia
próximo. Na caverna, ele alinhavou sua nova filosofia racionalista.
Fotos Vídeos Relatos
Ele acreditava na primazia da razão e afirmava que todos os seres humanos, CMA Series 4
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homens e mulheres, são criados iguais. Yacob argumentou contra a
escravidão, criticou todas as religiões e doutrinas reconhecidas e combinou
essas opiniões com sua crença pessoal em um criador divino, asseverando que
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a existência de uma ordem no mundo faz dessa a opção mais racional.
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uma obra em cinco volumes sobre a filosofia etíope, que foi lançada pela nada Os africanos que propuseram ideias
comercial editora Commercial Printing Press, de Adis Abeba. 1 iluministas antes de Locke e Kant
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Yacob, pelo contrário, propõe um método muito mais agnóstico, secular e
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inquisitivo —o que também reflete uma abertura ao pensamento ateu. O
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quarto capítulo da "Hatäta" começa com uma pergunta radical: "Tudo que
está escrito nas Sagradas Escrituras é verdade?" Ele prossegue pontuando que Box Filme Noir (Vol. 9)
todas as diferentes religiões alegam que sua fé é a verdadeira: (DVD)
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"De fato, cada uma delas diz: 'Minha fé é a certa, e aqueles que creem em Por: R$ 79,90
outra fé creem na falsidade e são inimigos de Deus'. (...) Assim como minha fé
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me parece verdadeira, outro considera verdadeira sua própria fé; mas a
verdade é uma só".
mas continua a crer em algum tipo de criador universal. Sua discussão sobre a Jotabê Medeiros
existência de Deus é mais aberta que a de Descartes e talvez mais acessível aos De: R$ 49,90
leitores de hoje, como quando incorpora perspectivas existencialistas: Por: R$ 47,90
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"Quem foi que me deu um ouvido com o qual ouvir, quem me criou como ser
reacional e como cheguei a este mundo? De onde venho? Tivesse eu vivido
antes do criador do mundo, teria conhecido o início de minha vida e da Cinema Faroeste (Vol.
consciência de mim mesmo. Quem me criou?". 5) (DVD)
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No capítulo cinco, Yacob aplica a investigação racional a leis religiosas
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diferentes. Critica igualmente o cristianismo, o islã, o judaísmo e as religiões
indianas.
Ele aponta, por exemplo, que o criador, em sua sabedoria, fez o sangue fluir
mensalmente do útero das mulheres, para que elas possam gestar filhos.
Assim, conclui que a lei de Moisés, segundo a qual as mulheres são impuras
quando menstruam, contraria a natureza e o criador, já que "constitui um
obstáculo ao casamento e a toda a vida da mulher, prejudica a lei da ajuda
mútua, interdita a criação dos filhos e destrói o amor".
E, nos ensaios de ética do alemão, lemos que "o desejo de um homem por
uma mulher não se dirige a ela como ser humano, pelo contrário, a
humanidade da mulher não lhe interessa; o único objeto de seu desejo é o
sexo dela".
ANTON AMO
Alguns meses depois de ler a obra de Yacob, enfim tive acesso a outro livro
raro: uma tradução dos escritos reunidos do filósofo Anton Amo (c. 1703-55),
que nasceu e morreu em Gana.
O ganês nasceu um século após Yacob. Consta que ele foi sequestrado do povo
akan e da cidade litorânea de Axim quando era pequeno, possivelmente para
ser vendido como escravo, sendo levado a Amsterdã, para a corte do duque
Anton Ulrich de Braunschweig-Wolfenbüttel —visitada com frequência pelo
polímata G. W. Leibniz (1646-1716).
CONTRA A ESCRAVIDÃO
Em sua tese, Amo escreveu explicitamente que havia outras teologias além da
cristã, incluindo entre elas a dos turcos e a dos "pagãos".
CORPO E MENTE
Ao mesmo tempo, Amo diz que vai tanto defender quanto atacar a visão de
Descartes de que a alma (a mente) é capaz de agir e sofrer junto com o corpo.
Ele escreve: "Em resposta a essas palavras, pedimos cautela e discordamos:
admitimos que a mente atua junto com o corpo graças à mediação de uma
união natural. Mas negamos que ela sofra junto com o corpo".
Mas será possível que tanto Wiredu quanto Smith tenham razão? Por
exemplo, será que a filosofia akan tradicional e a língua nzema continham
uma distinção cartesiana entre corpo e mente mais precisa que a de
Descartes, um modo de pensar que Amo então levou para a filosofia europeia?
Talvez seja cedo demais para sabermos, já que uma edição crítica das obras de
Amo ainda aguarda ser publicada, possivelmente pela Oxford University
Press.
COISA EM SI
Ele desenvolve em seguida, dizendo que "a cognição ocorre com a coisa em si"
e afirmando: "O aprendizado real é a cognição das coisas em si. E assim tem
sua base na certeza da coisa conhecida".
Seu texto original diz "omne cognoscibile aut res ipsa", usando a noção latina
"res ipsa" como "coisa em si".
Hoje Kant é conhecido por seu conceito da "coisa em si" ("das Ding an sich")
em "Crítica da Razão Pura" (1787) —e seu argumento de que não podemos
conhecer a coisa além de nossa representação mental dela.
Mas é fato sabido que essa não foi a primeira utilização do termo na filosofia
iluminista. Como diz o dicionário Merriam-Webster no verbete "coisa em si":
"Primeira utilização conhecida: 1739". Mesmo assim, isso foi dois anos depois
de Amo ter entregue seu trabalho principal em Wittenberg, em 1737.
À luz dos exemplos desses dois filósofos iluministas, Zera Yacob e Anton Amo,
talvez seja preciso repensarmos a Idade da Razão nas disciplinas da filosofia e
da história das ideias.
Nessa linha, podemos indagar se Yacob e Amo algum dia serão elevados à
posição que merecem entre os filósofos da Era das Luzes.
DAG HERBJORNSRUD, 46, é historiador de ideias e fundador do SGOKI (Centro de História Global e
Comparativa de Ideias), em Oslo.
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Sem dúvida vão encontrar evidências suprimidas pelos brancos colonialistas e racistas de
compositores negros superiores a Bach, Mozart e Beethoven,escultores superiores a
Michelangelo e Rodin, pintores superiores a Leonardo e Rafael, filósofos superiores a Platão e
Aristóteles.Sem dúvida muitos impérios sofisticados e civilizados de negros existiram antes da
Babilônia eEgito, mas foram destruídos pelos colonialistas brancos que com isso justificaram a
escravidão dos negros como se fossem animais
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem
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Esse texto tem diversas marcas que sugerem ser uma brincadeira, como aquela dos escritores
russos desconhecidos, publicada há anos. Nenhuma referência é conhecida, os autores são
desconhecidos, os livros não estão acessíveis, a publicação apareceu em um site obscuro, etc.
A Folha precisa zelar pela credibilidade, nesse momento de auge das chamadas fase New.
O comentário não representa a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem
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