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Resumo do livro As imagens do outro sobre a cultura surda.

A cultura surda é o
jeito de ser e entender o mundo, através da língua, dos artefatos, das ideias, das
crenças, costumes e valores, normas comportamentos, tendo autonomia de
altera-lo para assim se tornar acessível de maneira visual de forma que contribua
na formação das identidades surdas e nas comunidades surdas. É de costume
vermos situações onde a sociedade ao ver algo diferente, o qual não se encaixa
no padrão normalizador estabelecido e de praxe já excluir essa diferença como
algo inferior e digno de pena. Por essa situação se fazer tão presente no mundo
dos surdos e haver essa lacuna no campo da igualdade, os surdos por meio da
comunicação (a Libras) e sua interação social foram criando métodos onde,
nesse meio, a diferença é comum, é valorizada e digna de orgulho. Assim, essa
cultura criada se faz necessária aos demais sujeitos surdos, pois auxilia de forma
grandiosa na construção da identidade, na comunicação com os demais, na área
da interação social, na identificação, entre outros fatores que são totalmente
importantes aos indivíduos que a exercem. O povo surdo é considerado o grupo
de indivíduos que compartilham a mesma língua, história, costumes, tradições e
interesses semelhantes, enfim, uma origem em comum, um código ético visual
e a falta de audição. E é importante saber que a comunidade surda é composta
não somente por sujeitos surdos, mas qualquer membro da família, intérpretes,
professores, amigos e outros que possuem interesse e lutam em prol da
valorização da surdez e apoio aos indivíduos surdos de diversas formas, sendo
efetuado em uma determinada localização de encontro, onde no mesmo há uma
troca mútua do saber, onde todos aprendem juntos no mesmo espaço. As
comunidades surdas são essenciais nas vidas do povo surdo, pois auxilia a se
posicionar perante sua identidade, troca de ideias e pensamentos, podendo
também haver muitas vezes nesse meio identificações entre os sujeitos
participando assim, os motivando e valorizando sua cultura; onde se sentem
mais autoconfiantes e orgulhosos de si, pois estão em um ambiente onde não
são considerados estranhos ou inferiores, mas apenas diferentes e ao mesmo
tempo normais compartilhando sua origem e cultura em comum. Por fim, não há
um isolamento da comunidade ouvinte, mas uma outra identificação mais
próxima onde se é frequentada. A cultura surda pode ser caracterizada por
artefatos culturais, ou seja, os comportamentos diferentes que se tornam
peculiaridades, referentes a maneira de ser, agir, sentir, entender e mudar o
mundo através da cultura. Esses artefatos são a experiência visual na qual os
surdos expressam e comunicam com os demais o seu interior de forma simbólica
e expressiva. Pela falta de audição, a maneira utilizada para enxergar o mundo
é com a visão, mas é muito mais profundo do que enxergar apenas, pois há toda
uma interpretação de cada situação vista e todo seu contexto, para compreender
o que acontece a cada instante. Além do ambiente externo e seus fatores que
dão auxilio no campo visual, as expressões faciais, que é demonstrada a
entonação e repetição do que está sendo comunicado na língua de sinais,
auxiliando na compreensão se o que esta sendo transmitido é uma afirmação,
interrogação, negação, etc.) a oralidade e elementos corporais são de extrema
importância, tanto quanto as acessibilidades visuais que se fazem necessárias
para compreensão da situação. Dessa forma, a visão é algo bastante explorado
que quando o falha pode até haver um sentimento de pavor, pois é através da
visualização que é possível sua comunicação, compreensão e interpretação de
um contexto maior, que os ouvintes muitas vezes é voltado a audição. Outro
artefato cultural é a Libras. Em abril de 2002 a Libras foi oficialmente reconhecida
no Brasil como a língua oficial da comunidade surda, todavia, a língua pode
sofrer algumas alterações dependendo da região onde é utilizada, tanto no Brasil
quanto em diversos países; também pode sofrer alterações devido a variações
históricas de determinado sinal. O terceiro artefato é o cultural familiar, que se
dá conforme a inserção e aceitação da criança surda em seu aspecto familiar,
por exemplo, uma família de surdos ao receber uma criança surda não a vê como
um problema social, mas como uma dádiva, a aceitando e inserindo – a na
cultura surda, para que possa desenvolver – se; já em uma família de ouvintes,
há alguns casos da não aceitação e inserção, logo é constatado que essa criança
pode crescer com dúvidas a respeito de si mesma, não aceitação de si própria,
carência de diálogo, solidão e dificuldade de aprendizado, isso devido a falta de
compreensão e as barreiras de comunicação; esse processo de aceitação e
inserção social também pode ser dificultoso para as famílias surdas que
possuem uma criança ouvinte; e essa adaptação e educação é necessária para
formação do indivíduo e sua identidade social. O quarto artefato cultural é a
literatura surda, que expressa toda a questão da cultura surda e sua identidade
em diferentes maneiras, seja na poesia, história de surdos, piadas, literatura
infantil, clássicos, etc. Registra através desses gêneros as conquistas ou
dificuldades referentes ao preconceito dos ouvintes que a comunidade surda
enfrenta, testemunhando e passando de geração a geração de forma implícita
ou explícita, todos feitos ocorrentes em determinado contexto histórico
valorizando a cultura surda. O quinto artefato é a vida social e esportiva, que são
maneiras encontradas para se comunicar e se integrar com os demais,
socializando e também na pratica de esportes. Para a socialização, os surdos
reconhecem as pessoas como surdos e ouvintes, e não variam o grau de surdez,
pois demonstra a identidade cultural que o indivíduo possui, depois da interação
vem a socialização e só após alguma identificação com os demais. O sexto
artefato cultural são as artes visuais onde o povo surdo expressa suas emoções,
cultura, histórias, teatro e até músicas, mas essas sentidas por meio das
vibrações. O sétimo artefato é o da política, que luta e apoia diversos
movimentos a favor do povo surdo e seus direitos judiciais e de cidadania,
geralmente realizados em associações de surdos. Atualmente existem várias
entidades que exercem a política surda, como a Federação Nacional de
Educação de Surdos - FENEIS , que luta em prol de um novo olhar na pedagogia
brasileira, o qual mostra aos alunos a diferença dos surdos e a prévia de sua
cultura, ensinando e olhando para a subjetividade de cada surdo, para que
assim diminua o preconceito e haja uma troca de conhecimento cultural.
Também há grande participação social da cultura surda com movimentos
improvisados, lutando por um objetivo em comum. Exemplo de conquista
alcançada é o “dia do surdo”, onde é comemorado um marco histórico para o
povo brasileiro. Por último, o artefato cultural é dos materiais, os quais são
objetos que auxiliam e dão maior acessibilidade à comunidade surda e algumas
dificuldades encontradas em seu cotidiano Um exemplo de material apresentado
no livro é o TDD, um telefone adaptado que parece digitado para a pessoa surda
e que é falado para os ouvintes, e dá respostas digitadas ao remetente. Sendo
assim, a obra representa uma excelente contribuição para os Estudos Surdos,
tanto pelas suas reflexões teóricas e indagações instigadoras, quanto pelo
aprofundamento em temas de grande relevância e de ampla discussão na
atualidade, tais como: inclusão, formação de identidade, acessibilidade, entre
outros.

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