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Yewá

Também conhecida como Ìyá Wa.


Yewá é a divindade do rio Yewá.
Yewá é o orixá da alegria, do belo, dos cantos, a orixá da música, das coisas alegres e vivas, a
rainha das mutações da vida e das belezas que a vida nos da. É dos orixás mais belo. Uma lenda
conta que Yewá era uma caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se
atrevesse a olhar para ela.
Yewá é o Orixá da beleza e dos mistérios, senhora do céu estrelado, rainha do cosmo. Hábil
caçadora, Yewá está relacionada à mata, à água, e ao ar, é a deusa dos rios e lagos, do céu
cor-de-rosa, das florestas inexploradas. Yewá é simbolizada pelos raios brancos do sol, da neve,
o sumo branco das folhas, o branco do arco-íris, os espermatozóides, a saliva e, ainda, o rio
Yewá e a lagoa do mesmo nome.

Yewá é quem rege todas as mutações, sejam elas orgânicas ou inorgânicas; é o orixá
responsável pela mudança das águas, de seu estado sólido para gasoso ou vice-versa.
Transforma a água em vapor, a lagarta em borboleta, o desabrochar das flores. Ela é quem gera
as nuvens e chuvas: quando olhamos para o céu e vemos as nuvens formando figuras, pois ali
esta Yewá, dando diferentes formas. Yewá é responsável pelo ciclo interminável de
transformação da água em seus diversos estados. Ela esta ligada às mutações dos vegetais e
animais; ela esta ligada às mudanças e transformações, seja brusca ou lentas; Ewá é o
desabrochar de um botão de rosa, ela é uma lagarta que se transforma em borboleta, ela é a
água que vira gelo e o gelo que vira água, ela quem faz e desfaz. Enfim, Yewá relaciona-se com
as matas, as águas e o ar. É a deusa dos rios e lagoas, do céu cor-de-rosa, das florestas
inexploradas. Vive nas fontes e nascentes. Yewá é o principio da mobilidade.

Yewá é a própria beleza contida naquilo que tem vida é o som que encanta, é a alegria, é a
transformação do mal para o bem: enfim Yewá é a vida. Assim como Iemanjá e Oxum;
também é uma divindade feminina das águas e, às vezes, associada à fecundidade. Santa
guerreira, valente.
Yewá está nos lugares que o homem não alcança, onde só a natureza e os deuses se
manifestam.
As virgens contam com sua proteção e, aliás, tudo o que é inexplorado conta com sua proteção: a
mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode navegar ou nadar. Orixá dos
astros, guerreira valente, é também a Orixá das florestas.

A própria Yewá, acreditam alguns que só rodariam em mulheres virgens (o que não se pode
comprovar), pois ela mesma seria uma virgem. Não roda na cabeça de homem. É um Orixá
muito difícil de aparecer no Brasil, ela requer muita consciência.
No Brasil aparece como orixá das minas de água e em Cuba é considerada a mãe de Nanã,
deusa da lama primordial criada junto ao olho d'água que é Yewá. Orixá do rio Yewá é
confusamente associada a Oxumarê. Veste-se de rosa e azul claro, come cabra e pomba, milho
branco, camarão, arroz e dendê. Ao dançar usa arpão e espada. O colar de seus iniciados é de
contas de vidro verde escuro. É cultuada no jêje com o mesmo nome e no angola é considerada
qualidade de Oxum. Comemorada aos sábados, sua saudação é Rirró!
Yewá é filha de Nana, ela é o horizonte, o encontro do céu com a terra, do céu com o mar.
Dizem que quando Yewá viu o arco-íris, se encantou por ele, era Oxumarê, Ela se enamorou
por ele e juntou-se a ele tornando-se a faixa branca do arco-íris (vapor). A partir daí passou a
compartilhar com Oxumarê os segredos do universo. Dizem ainda ser irmã gêmea de Oxumarê.
Irmã mais nova de Oxum, que domina algumas partes do rio de água doce, e esposa de
Obaluwaye.
Em algumas lendas aparece como a esposa de Oxumarê e pertencendo a ela a faixa branca do
arco-íris, em outras como esposa de Obaluaiê ou Omulu.
Yewá vem a terra e se esconde nas matas, quando está na terra é chamada de Mãe das águas
doces, beleza que vem do céu, fertilizar e ajudar a manter o círculo de vida ao lado de Omolu.
Dizem também que Yewá passou a viver no mundo dos mortos, que os vivos temem e evitam,
ali ela entrega a Oyá os cadáveres humanos, os mortos que Omolu conduz a Orisa Okó e que
esse devora para que voltem a terra, à terra de Nana de onde foram um dia. Ninguém incomoda
Yewá no mundo dos mortos. Também é conhecida como a energia que torna possível o
abandono do corpo e a entrada do espírito numa nova dimensão.

Quando está no céu reina os astros ao lado de Sango.

Como se pode notar, Yewá é considerada a metade mulher de Oxumarê, a faixa branca do
arco-íris. Na verdade ela mantém fundamentos em comum com Oxumarê, inclusive dançam
juntos, mas não se sabe ao certo se seria a porção feminina, sua esposa ou filha.
Além da faixa branca do arco-íris, Yewá é representada pelos raios brancos do Sol, pela neve,
pelo sumo branco das folhas, pelo sêmen e pela saliva.
Muitos dizem ser filha de Oxalá e Iemanjá e ser uma deusa casta, que tem o poder de se
tornar invisível e de penetrar nos mistérios de Ifá (o deus da adivinhação). Yewá domina a
vidência, atributo que do deus de todos os oráculos, Orunmilá, lhe deu. Orunmilà lhe
concedeu o dom da vidência.
É reverenciada como a dona do mundo e dona dos horizontes.
É considerada a cobra fêmea do candomblé, que não dorme, sendo, portanto, a senhora das
vistas.
Preside sobre a prisão.
Yewá tem como símbolo um Ofá dourado, ou uma lança ou arpão, e às vezes traz uma pequena
espingarda, eventualmente pode carregar serpente; carrega também uma cabaça de cabo
alongado enfeitado com palha da costa, além é claro, da espada, insígnia das grandes guerreiras.
Yewá carrega uma cabaça (adó) que lhe foi dada como presente por Sàngó, essa cabaça é toda
enfeitada com palha da costa e muitos búzios, tem uma cobra por fora e mil mistérios por dentro
(um pequeno mundo de segredos).
As palmeiras com folhas em leque também simbolizam Yewá - exótica, bela, única e múltipla.

No caso do assentamento, se difere das Yabàs somente porque seu igbá é uma cobra de metal
amarelo, enroscada, que fica sobre o Ota.
Na Bahia é cultuada somente em três casas antigas, devido à complexidade de seu ritual. As
gerações mais novas não captaram conhecimentos necessários para a realização do seu ritual, daí
se ver, constantemente, alguém dizer que fez uma obrigação para Yewá, quando na realidade o
que foi feito é o que se faz normalmente para Oxuns ou Oyá.
O desconhecimento começa com as coisas mais simples como a roupa que veste, as armas e
insígnias que segura e os cânticos e danças, isso quando não diz que Yewá é a mesma coisa que
Oxum, Oyá e Yemojà.
No seu ritual é imprescindível, dentre outras coisas, o iko (palha da costa), existe mesmo um ese
Ifá do odu Otuamosun, que fala de Yewá saindo de uma floresta de iko.
Quando cultuada na nação Ketu, Yewá dança, ilu, hamunha e aguerê.
Na cultura jêje, onde suas danças são impressionantes, prefere o bravun e o sató e dança
acompanhada de Oxumarê, Omolu e Nanã.
Nas festas de Olubajé, Yewá não pode ser esquecida, deve receber seus sacrifícios, e no
banquete não pode faltar uma de suas comidas favoritas: banana-da-terra frita em azeite.

Lenda
Yewá era uma bela virgem que entregou seu corpo jovem a Sango, marido de Iansã,
despertando a ira da rainha dos raios. Yewá refugiou-se nas matas inalcançáveis, sob a proteção
de Oxossi, e tornou-se guerreira valente e caçadora habilidosa. Yewá conseguiu frustrar a
vingança de Iansã, afastou de si a morte certa.

Yewá era caçadora de grande beleza, que cegava com veneno quem se atrevesse a olhar para
ela. Yewá casou com Omulu, que logo demonstrou ser marido ciumento. Um dia, envenenado
pôr seu ciúme doentio, Omolu desconfiou da fidelidade da mulher e a prendeu em um
formigueiro. As formigas picaram Yewá quase até a morte; e ela ficou deformada e feia. Para
esconder sua deformação, sua feiúra, Omolu então a cobriu com palha-da-costa vermelha. Assim
todos se lembrariam ainda como Yewá tinha sido uma caçadora de grande beleza.

Corre a lenda entre as casas antigas da Bahia que cultuam Yewá, que certa vez indo para o rio
lavar roupa, ao acabar, estendeu-a para secar. Nesse espaço veio a galinha e ciscou, com os pés,
toda sujeira que se encontrava no local, para cima da roupa lavada, tendo Yewá que tornar a
lavar tudo de novo. Enraivecida, amaldiçoou a galinha, dizendo que daquele dia em diante
haveria de ficar com os pés espalmados e que nem ela nem seus filhos haveriam de comê-la, daí,
durante os rituais de Yewá, galinha não passar nem pela porta.

Verger encontrou esse ewo na África e uma lenda idêntica.

Na Nigéria, Abimbola publicou um itan Ifá (história de Ifá), falando que de carta feita estando
Yewá à beira do rio, com um igbá (gamela) cheio de roupa para lavar, avistou de longe um
homem que vinha correndo em sua direção. Era Ifá que vinha esbaforido fugindo de ikú (a
morte). Pedindo seu auxílio, Yewá despejou toda roupa no chão, que se encontrava no igbá,
emborcou-o em cima de Ifá e sentou-se. Daí a pouco chega a morte perguntando se não viu
passar por ali um homem e dava a descrição. Yewá respondeu que viu, mas que ele havia
descido rio abaixo e a morte seguiu no seu encalço. Ao desaparecer, Ifá saiu debaixo do igbá e
Yewá, levou-a para casa, a fim de tornar-se sua mulher.
Outra versão é:
Escondeu debaixo de sua saia Orunmilà, que fugiu da morte pelo rio. Ele a encontrou e pediu a
ela que o escondesse de Ikú (a morte), que estava atrás dele. Então Ikú perguntou a Yewá se
o tinha visto e ela replicou: "Sabe quem sou?". "Sim, Ewá, você é a esposa de Obaluwaye, mas
quero saber se você viu Orunmilà". Yewá indicou o caminho errado, salvando Orunmilà. Este,
agradecido, deu a Yewá o dom da vidência. Logo Yewá pensou algo e Orunmilà deu-lhe
imediatamente a resposta, antes que ela fizesse a pergunta: "Sim, dentro em breve você terá um
filho".
E este foi o segundo grande presente que Orunmilà deu a Yewá.

Fontes: "Mural dos Orixás" de Caribé e texto de Jorge Amado - Raízes - Artes Gráficas.
“Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia” tendo Aquarelas de Caribé e Texto de Pierre Verger e Waldeloir do Rego - Editora Raízes
Artes Gráficas – 1980.
Mitos e Ritos Africanos da Bahia – Waldeloir do Rego.

Conclusões sobre Ewá


Posso dizer a você que muitos dos livros que se propõe a falar sobre o Orisa, nunca tem uma
informação completa do mesmo até porque o Orisa se divide em diversos Itans que são
explicados seus ewós, suas proibições; também já li que não se pode fazer Yewá nem Oba na
cabeça de homem muito menos Nànà, porém em relatos dos nossos mais velhos ouvi dizer que
pode sim acontecer, porém ninguém poderá afirmar ou negar, mas posso dizer que se você olhar
na biografia do Professor Doutor Agenor Miranda nascido em Luanda raspado por mãe Aninha
(Oba Biyi) foi feito de Osolufon e Yewá tomou seus anos com Aninha e Obrigação com Pai
Abade para Yewá onde ele afirma que é seu Adjuntó, mas não pega sua cabeça.
Como dizem meus mais velhos "a ventos que nossa ciência espiritual jamais conseguirá explicar”;
e é verdade... Já ouvi também falar de Ogas feitos de Nànà não sei se é o correto mas correto
ou não dizem por ai também que Odé Danadana não roda em cabeça de mulher, e Oságuian
também não.
Conclusão, logo se pode vir como adjunto poderá vir como dono de seu Ori até porque Os
mistérios do Orisa não conseguiríamos desvendar assim.
Asé ò
Babalossanyin Netto de Logunedé

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