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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE

Análise Numérica e Programação

3. DERIVAÇÃO E INTEGRAÇÃO NUMÉRICA

Introdução
O cálculo de integrais aparece constantemente na resolução dos mais variados problemas. Na
maioria dos casos, não podem ser determinados explicitamente por fórmulas simples. Somos
conduzidos, então, à resolução numérica .

O problema de derivação numérica consiste na determinação de valores da derivada de uma


função tabulada f(x).

A integração numérica é usada quando se pretende obter um campo aproximado de valores do


integral num dado intervalo.

A derivação numérica deve ser evitada na medida do possível porque ela conduz aos
resultados que em geral são pouco precisos.

O problema de integração numérica é fundamental nas aplicações, pois, é com grande


frequência que o campo de integrais só pode ser feito por esse método de integração.

Muitas funções que aparecem nas aplicações não são elementarmente primitiváveis. Por
exemplo, as funções:
senx
f(x) = e g(x) = sen( x ) não têm primitivas.
x

3.1. Derivação numérica


Ao derivarmos os polinómios interpoladores de Newton e de Lagrange (ou seja as fórmulas
interpoladoras de Newton e de Lagrange) obteremos as Fórmulas de Derivação Numérica.

Por exemplo:
Seja f(x) uma função tabulada.

A partir da fórmula de Newton descendente:


 (  1) 2
f(x) =f(x0+ Өh )= f0 + Ө∆f0 + ∆ f0 + .........+
2!
 (  1)(  2)(  3)........(  n  1) n
∆ f0
n!
derivando essa fórmula (com os primeiros 7 termos) em Ө e depois substituirmos o Ө por
zero, obteremos a formula para a determinação da primeira derivada.
1 1 2 1 3 1 4 1 5 1 6
f’(x) = [∆f0 - ∆ f0 + ∆ f0 - ∆ f0 + ∆ f0 - ∆ f0 ]
h 2 3 4 5 6
da mesma forma se pode determinar as derivadas de ordem superior.

3.2. Integração numérica


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3.2.1. Método dos Trapézios

Seja f(x) uma função tabulada, sendo os x i espaçados (formam uma progressão aritmética),
vamos usar a fórmula de Newton descendente tomando apenas os dois primeiros termos, ou
seja, f(x) = f0 + Ө∆f0.

Suponhamos que f(x) é integrável no intervalo [x0 ; x1], então,

x1 x1
x = x0 + Өh dx = hdӨ
 f ( x)dx = x0( f 0  f 0 )dx = quando x = x0 Ө =0
x0
=
x = x1 Ө =1
2
1  1 h
( f  f 0 )hd = ( hf Ө) 1 1
= 0
0 0 + (h ∆f0 2 ) 0 = 2 ( f0+ f1)h = 2 ( f0+ f1)
0

suponhamos que f(x) é integrável no [xi ; xi+1],

x x0 x1 x2 x3 ............ xn
f(x) f0 f1 f2 f3 fn

Então,
x1 x2 x3
h h h

x0
f ( x ) dx =
2
( f0+ f1); 
x1
f ( x) dx =
2
( f1+ f2);  f ( x)dx
x2
=
2
( f2+ f3);

x4 xn
h h

x3
f ( x) dx =
2
( f3+ f4); (.......................); 
xn 1
f ( x ) dx =
2
( fn-1+ fn);

se f(x) é integrável no intervalo [x0 ; xn], teremos a formula de trapézios:

xn
h
 f ( x)dx
x0
=
2
( f0 + fn + 2 f1 + 2f2 + 2 f3 + 2 f4 + ………….+ 2 fn-1 )

Fórmula de trapézios

Interpretação geométrica:
Cada si é calculado pela
f(x)
fórmula:
f f
f2 si = i 1 i  h
f1 si 2
f1
0 x0 x1 x2 x3 x

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3.2.2. Método dos Simpson

Tomemos os três primeiros termos da fórmula de Newton descendente, ou seja,

 (  1) 2
f(x) = f(x0+ Өh) = f0 + Ө∆f0 + ∆ f0
2!

Suponhamos que f(x) é integrável no intervalo [x0 ; x2], então,

x2 x2
x = x0 + Өh dx = hdӨ
 f ( x)dx
x0
= ( f
x0
0  f 0   (  1)2 f 0 ) dx =
quando x = x0 Ө =0
=

x = x2 Ө =2
=
=
h
= (...................) = ( f0+ 4f1+ f 2 )
3

suponhamos que f(x) é integrável no [x2i ; x2i+2],

x x0 x1 x2 x3 ............ X2n
f(x) f0 f1 f2 f3 F2n

Então,
x2 x4 x6
h h h
x 0 f ( x)dx = 3 ( f0+ 4f1+ f 2 ); x 2 f ( x)dx = 3 ( f2+ 4f3+ f 4 );  f ( x)dx
x4
=
3
( f4+

4f5+ f 6 );
x8 xn 2
h h

x6
f ( x) dx =
3
( f6+ 4f7+ f 8 ); (..................................) 
x 2 n 2
f ( x ) dx =
3
( f2n-2+ 4f2n-1+

f 2 n );

se f(x) é integrável no intervalo [x0 ; x2n], teremos a seguinte fórmula de Simpson:

x 2n
h

x0
f ( x ) dx =
3
[ f0 + f2n + 4( f1 + f3 + f5 + .... + f2n-1 ) + 2(f2+ f4 + .... + f2n -2)]

Fórmula de Simpson

Interpretação geométrica:
Cada si é calculado pela
f(x)
fórmula:
f  4 f i 1  f i
f2 si = i  2 h
f1 si 3
f1
0 x0 x1 x2 x3 x

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3.2. Integração de Funções Analíticas
b

Dado um integral definido de uma função analítica f(x),  f ( x)dx ,


a
usamos o seguinte

algorítmo para o cálculo do integral:

i) escolher o número N (o número N deve ser par no caso de aplicar a fórmula de


Simpson);

ba
ii) calcular h pela fórmula : h =
N

iii) calcular os xi e os respectivos f(xi), e construir a tabela de f(x),


onde: x0 = a; xi = x0 + ih; f(xi) pela expressão de f(x);

iv) escolher a fórmula a aplicar (Trapézios/ Simpson).

Exemplo:
1.8
senx
Calcular o integral I= 
1.0
x
dx

Resolução:

N=8
1.8  1.0
h= =0.1
8

x0=1; x1=1.1; x2=1.2; x3=1.3; x4=1.4; x5=1.5; x6=1.6

1.8
senx

1.0
x
dx = 0.55962 (fórmula de Trápezios)

Exercício:
1. Resolva o mesmo integral usando o método de Smpson.

1.6

2. Calcule o integral  sen(cos x)dx


1.0
pelo método de

Simpson.

1.6

3. Calcule o integral  sen(cos x)dx


1.0
pelo método de

Trapézios.
4. Faça comparação dos resultados dos exercícios 2 e 3.

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Exercícios

1. Seja f(x) a função tabulada:

i x f(x)
0 1.2 0.94081

1 1.3 0.97083 x10

2 1.4 1.00080
1.1 Calcule o integral  f ( x ) dx , pelo método de Trapézios;
Correcção dos exercícios 2, 3 e 4.
x0

3 1.5 1.03061 2.0

R:Calcule o integral 
2.1.2 f ( x )dx , pelo método de Trapézios;
4 1.6 1.06015 1.6

5 1.7 1.08934 x10

1.3 Calcule o integral  f ( x ) dx , pelo método de Simpson;


6 1.8 1.11813 x0

7 1.9 1.14648 2.0

1.4 Calcule o integral  f ( x )dx , pelo método de Simpson;


8 2.0 1.17436 1.6

9 2.1 1.20175

10 2.2 1.22865

1.6

 sen(cos x)dx
1.0
= 0.15418, pelo método de Simpson.

3. R:

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1.6

 sen(cos x)dx
1.0
= 0.15394, pelo método de Trapézios.

4. R: Comparando os valores dos integrais nota-se uma diferença inferior a 0.003.

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