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12/02/08
Conteúdo
Sentença
Coisa julgada
Teoria Geral dos Recursos
Recursos em Espécie
Avaliação
1º Bimestre → somatório dos exercícios práticos (6 exercícios valendo 2,0 pontos cada,
totalizando o máximo de 10,0 pontos).
Observações:
Bibliografia
Importante ter um manual com toda disciplina de Processo Civil. Sugestões:
Alexandre Freitas Câmara
Cassio Scarpinela Bueno
Fredie Didier
18/02/08 – 08/08/08
Capítulo I – Introdução
1) RECAPITULAÇÃO
Trilogia do Direito Processual Civil:
Processo
Jurisdição
Ação
O processo começa quando o autor protocola a petição inicial (art. 262, CPC).
Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso
oficial.
Autotutela (uso da força física para dar solução à lide). A doutrina chama de vingança
privada. Exemplo de autotutela prevista em lei: defesa da posse. Se você utilizar a
autotutela, sem que esteja prevista em lei, será um exercício arbitrário das próprias
razões, que é um crime.
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Auto-composição → busca da solução da lide de forma amigável, por meio de acordos,
conciliação. É a forma mais indicada para a resolução da lide no direito brasileiro. Dado o
prestígio da auto-composição, pode o juiz subverter as regras do Processo Civil em prol
do acordo. A transação se sobrepõe à sentença transitada em julgado (art. 475-L, VI,
CPC).
Petição Inicial
(art. 282 e 283, CPC)
Emenda Indeferimento
(art. 264, CPC) (art. 267, CPC)
Deferimento
(art. 285-A, CPC)
Antecipação de tutela
(art. 273, CPC)
Citação Contestação
Reconvenção
Impugnação ao
valor da causa
Impugnação ao pedido
de assistência Judiciária
Providências
preliminares
Julgamento conforme o
Despacho saneador estado do processo
Audiência Preliminar (art. 329 e 330, CPC)
Fase instrutória
A. I. J.
SENTENÇA
O processo se inicia com o protocolo da petição inicial (requisitos elencados nos art. 282 e 283,
CPC). Faz-se a juntada regular, vai ao fórum, recolhe as custas e protocola, vai para o cartório que
monta os autos, registra (autua) e envia os autos conclusos ao juiz.
Da mesma forma que de plano o juiz pode indeferir a petição inicial, ele pode julgar o processo de
plano no mérito, desde que a petição inicial esteja regular, ou seja, seja deferida.
A partir do deferimento da petição inicial, o juiz pode conceder uma antecipação de tutela estando
presentes os requisitos do art. 273.
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte,( 1º.) antecipar, total ou parcialmente, os
efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca,(2º) se
convença da verossimilhança da alegação(3º.) e: (Redação dada pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994) REQUISITOS ALTERNATIVOS:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação( 4º.); ou (Incluído pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório do réu( 5º.). (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 1o Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do
seu convencimento. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do
provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as
normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4 o e 5o, e 461-A. (Redação dada pela Lei nº 10.444,
de 7.5.2002)
§ 4o A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo( 6º.), em
decisão fundamentada. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 5o Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento.
(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 6o A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos
cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Incluído pela Lei nº 10.444, de
7.5.2002)
§ 7o Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar,
poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em
caráter incidental do processo ajuizado. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
Em seguida vem a citação, que é uma convocação para que o réu integre a relação jurídica
processual. Há apenas um caso em que o réu pode recusar a citação e não integrar a relação
jurídica processual, a nomeação a autoria. A citação pode ser feita por: que pode ser feita por:
edital; carta AR; Mandado oficial de justiça; Hora certa.
Abre-se para o réu o prazo de resposta. O réu tem 5 mecanismos de defesa que podem ser
usados ao mesmo tempo: contestação, exceções, reconvenção, impugnação ao valor da causa,
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impugnação do pedido de assistência jurídica. A forma normal de defesa é a contestação (prazo
de 15 dias - art. 302 e 303 CPC).
Art. 302, CPC – Princípio da especificidade, da impugnação específica
Art. 303, CPC – Princípio da eventualidade
Outra forma de defesa é a exceção que tem como espécies a exceção de incompetência (15 dias),
impedimento (art. 485, II) e suspeição (15 dias a partir da ciência do fato). Cabendo exceção de
incompetência, é mais vantajoso apresentar esta em primeiro, pois suspenderá o prazo para a
apresentação da contestação. As exceções de impedimento e de suspeição são julgadas pelo
Tribunal, pois são contra o juiz. Ambas suspendem o processo. A exceção é autuada em
separado, mas fica apensado aos autos principais. A decisão do juiz que decide a exceção não
é sentença, mas sim uma decisão interlocutória.
A contestação e a reconvenção são juntadas nos mesmos autos do processo, os outros terão
autos próprios, vão ficar em apenso (abre outra pasta e amarra uma na outra) – não é um novo
processo, mas sim um incidente processual, ele proferirá decisão interlocutória também. A
impugnação valor da causa e pedido se assistência também são espécies de defesa, que também
são autuadas em autos em separado.
As providências preliminares são a última fase da fase postulatória (art. 326 e 327, CPC). O juiz
deve abrir vista ao autor pra réplica, se for o caso. Será caso de réplica:
1) Quando a contestação tiver defesa indireta de mérito, ou seja, o réu reconhece os fatos
articulados pelo autor, mas a esses atos opõe outros fatos novos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito do autor (prazo de 10 dias, art. 326, CPC).
2) Também será o caso de réplica quando a contestação contiver defesas processuais (art. 301,
CPC), prazo de 10 dias, conforme art. 327, CPC.
3) Outra possibilidade de réplica é quando a contestação vem acompanhada de documentos
(prazo de 5 dias – art. 398).
Art. 326. Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro Ihe opuser
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no prazo de 10
(dez) dias, facultando-lhe o juiz a produção de prova documental.
Art. 327. Se o réu alegar qualquer das matérias enumeradas no art. 301, o juiz mandará
ouvir o autor no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de prova documental.
Verificando a existência de irregularidades ou de nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-
las, fixando à parte prazo nunca superior a 30 (trinta) dias.
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A defesa de mérito direta é a impugnação das alegações do autor, a indireta é a refutação dos
fatos e oposição de outros fatos novos, neste caso o juiz deve abrir possibilidade para o autor
replicar, devido ao contraditório. Também o ônus da prova nesse caso incumbirá ao réu. O art. 327
(preliminares) são defesas processuais que podem ser levantadas pelo réu. A dilatória dilata o
processo, mas não o extingue, a peremptória pode extinguir o processo e haverá a necessidade
de réplica, dentro das providencias preliminares.
Depois da réplica, o juiz irá intimar o Ministério Público para manifestação, se for caso de
intervenção (art. 82, CPC). Poderá ser agente, quando for autor ou réu da ação. Pode ser também
interveniente, custus iuris. Ex: ação onde um menino de 5 anos fora atropelado por um caminhão
de uma empresa – o MP autua em prol do incapaz.
Em seguida, o juiz poderá tomar três caminhos: julgar conforme o estado do processo, dar um
despacho saneador ou marcar audiência preliminar. O juiz marcará a audiência preliminar se
perceber a possibilidade de acordo, de conciliação.
1º) O juiz vai tentar julgar pelo estado do processo e verificar se o processo já está maduro para
receber uma sentença, conforme art. 329 e 330, CPC. Tanto no julgamento conforme o estado do
processo (art. 329), assim como no julgamento antecipado da lide (art. 330), não há necessidade
de dilação probatória.
Art. 329. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 267 e 269, II a V, o juiz
declarará extinto o processo.
O legislador definiu esses casos porque para todas essas sentenças não há necessidade de
dilação probatória.
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº
11.232, de 2005)
I - quando o juiz indeferir a petição inicial;
Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento
válido e regular do processo;
V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;
Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a
legitimidade das partes e o interesse processual;
Vll - pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)
Vlll - quando o autor desistir da ação;
IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
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X - quando ocorrer confusão entre autor e réu;
XI - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a
extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta
e oito) horas.
§ 2o No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as
custas e, quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários
de advogado (art. 28).
§ 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não
proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que a
não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas
custas de retardamento.
§ 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento
do réu, desistir da ação.
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;(Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
III - quando as partes transigirem; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; (Redação dada pela Lei nº
5.925, de 1º.10.1973)
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei
nº 5.925, de 1º.10.1973)
Sentença de mérito própria, típica (art. 269, I). Único caso dentro do CPC que o juiz presta a tutela
jurisdicional e compõe a lide, nos demais casos a atividade é desempenhada pelo autor ou réu.
Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: (Redação dada
pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não
houver necessidade de produzir prova em audiência; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
II - quando ocorrer a revelia (art. 319). (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
OBS: os efeitos da revelia são relativos, se a prova documental não for
suficiente, mesmo sendo revel o juiz abrirá instrução.
2º) Se não for possível julgar o processo, e o juiz perceber que há possibilidade de acordo,
marcará audiência preliminar (art. 331).
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar
a causa sobre direitos que admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a
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realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer,
podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.
(Redação dada pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
§ 1o Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Incluído pela
Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 2o Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos
controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a
serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. (Incluído
pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
§ 3o Se o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias da causa
evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz poderá, desde logo, sanear o processo e
ordenar a produção da prova, nos termos do § 2 o. (Incluído pela Lei nº 10.444, de 7.5.2002)
3º) Sanear o processo (limpar o processo de questões processuais que podem se apresentar
como embaraço para a análise do mérito).
Saneamento não é fase do procedimento ordinário, ele termina a fase postulatória e inicia a fase
instrutória, após a fixação dos pontos controvertidos da lide (as questões de embate entre
alegações do autor e contestação do réu). O saneamento pode ser feito numa audiência preliminar
ou em gabinete (despacho saneador). O juiz marcará a audiência preliminar se perceber a
possibilidade de acordo.
Obs.: Às vezes a petição inicial vem cheia de preliminares, principalmente quando o mérito for
difícil de analisar. Sanear o processo significa limpar o processo.
Em ambos os casos, o juiz vai resolver as questões preliminares, fixar pontos controvertidos da
lide, deferir ou indeferir as provas requeridas (separação da fase postulatória e instrutória).
Em seguida, inicia-se na seqüência a fase instrutória, onde serão analisadas provas periciais e
testemunhais. Há uma ordem para a instrução de provas. O Código traz uma ordem para o juiz ao
presidir essa audiência (art. 452, CPC) – cogente.
Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem:
I - o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos,
requeridos no prazo e na forma do art. 435;
II - o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu;
III - finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu.
Após coleta da prova oral o juiz converte os debates orais em apresentação de memoriais, e
posteriormente converte em sentença.
Observação
Teoria da asserção → para essa teoria as condições da ação são afirmadas na petição inicial.
Também chamada de teoria da prospectação. Nesse caso a sentença será de mérito.
Teoria da apresentação → para essa teoria as condições da ação são apresentadas na petição
inicial, devendo ser verificadas. Nesse caso a sentença será sem resolução do mérito.
19/02/08 – 12/08/08
1.2) Efetividade processual
A expressão efetividade processual é indevida, pois o que se busca é um processo eficaz
e não efetivo, o processo que atinge o fim a que se presta. Processo efetivo é aquele que
atinge o fim a que se presta, ou seja, é aquele que soluciona a lide (art. 269, I, CPC –
sentença de mérito própria).
b) Especificidade da tutela → o bem jurídico reclamado pela parte tem que ser igual
àquele que ele teria caso não precisasse acionar a jurisdição. O processo tem que dar
a parte exatamente o que ela teria se não tivesse acionado ao Judiciário. Quando não
for possível, será o caso de conversão em perdas e danos.
Conjugando o art. 5º, LXXVIII, CF com o art. 189, CPC, em caso de demora na decisão
do juiz, caberá Mandado de Segurança pela ausência da sentença.
25/02/08 e 15/08/08
2) SENTENÇA
2.1) Conceito (art. 162, § 1º, CPC) – Lei 11.232/2005.
Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos.
§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269
desta Lei.
Antes da reforma processual, a sentença era considerada o ato do juiz que põe termo ao
processo. Com isso, para cada tutela jurisdicional era necessário um tipo de processo
específico.
1
O ativismo judicial como elemento máximo da efetividade processual. Artigo de Fredie Didier, REPRO 127.
12
Com a alteração dada pela Lei 11.232/2005 a sentença passou a ser o ato do juiz que
implica algumas das situações previstas nos art. 267 e 269, CPC. Assim, vigora
atualmente a era do sincretismo processual – é o processo que convive com todos os
tipos de tutelas jurisdicionais: cognitiva, executiva e cautelar. Por isso não se fala mais em
processo de execução, mas sim em fase de cumprimento da sentença, tudo dentro de um
mesmo processo sincrético.
Sent. Cond. Sent. T. J.
Fase postulatória Fase Fase Fase Fase de cumprimento
da sentença
instrutória decisória recursal
Petição inicial É feita no juízo de1º grau.
Contestação
Hoje, sentença teve seu conceito alterado de uma raiz topológica para uma raiz de
conteúdo, ou seja, a sentença não é o fim do processo. É possível, então, que num
mesmo processo haja mais de uma sentença (ex. art. 475-M. § 3º, CPC).
No entanto, o legislador resolveu esse problema conceitual, mas criou um novo problema
no âmbito dos recursos.
Ex: se numa ação o autor pede 100 mil reais e o réu, em sua contestação, reconhecer que
deve 70 mil, o juiz pode conceder por tutela antecipada a quantia incontroversa (70 mil),
por meio de uma sentença (art. 269, II, CPC) e não por meio de uma interlocutória 2. No
entanto, qual seria o recurso? Não poderia ser apelação, visto que o processo teria que
subir para o 2º grau, e como ficaria a controvérsia dos 30 mil? Para não tumultuar, a
contrário do art. 513, CPC, o recurso a ser utilizado é o agravo. Assim, a regra do art. 513,
CPC não é absoluta.
Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269).
Não é porque se trata das hipóteses dos arts. 267 e 269, que o recurso utilizado será
sempre apelação.
2
A contrário senso, decisão interlocutória é a decisão do juiz que não é sentença, ou seja, decisão interlocutória é
todo ato do juiz que não esteja previsto no art. 267 e no art. 269, CPC.
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ou dúvida. Após a reforma de 1994, ficou excluída possibilidade de embargos de
declaração em caso de dúvida (art. 535, CPC).
Art. 535. Cabem embargos de declaração quando: (Redação dada pela Lei nº 8.950, de
13.12.1994)
I - houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; (Redação dada pela Lei
nº 8.950, de 13.12.1994)
II - for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se o juiz ou tribunal. (Redação dada pela
Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Com o advento da Lei 9.099/95 (art. 48), caberá também o recurso de embargos de
declaração em caso de dúvida. Assim, em caso de dúvida, só caberão embargos de
declaração nos Juizados Especiais Cíveis. Nos outros procedimentos do CPC, não cabe
mais.
Art. 48. Caberão embargos de declaração quando, na sentença ou acórdão, houver
obscuridade, contradição, omissão ou dúvida.
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
Se a sentença trouxer a qualidade da obrigação (pagar, fazer, não fazer, entregar coisa)
e, também a quantidade, a obrigação será líquida e a sentença, via de conseqüência,
será líquida. Se a sentença determinar apenas a qualidade, a sentença será ilíquida.
Como o juiz vai saber se tem que proferir uma sentença líquida ou ilíquida? Depende do
pedido formulado pelo autor. Se o pedido for:
Certo e determinado → a sentença, obrigatoriamente, será líquida.
Genérico → a sentença será ilíquida.
A regra do Código de Processo Civil (art. 286, caput) é que o pedido deve ser certo e
determinado. Em algumas situações o Código permite que o pedido seja genérico (art.
286, I, II e III).
Art. 286. O pedido deve ser certo ou determinado. É lícito, porém, formular pedido genérico:
I - nas ações universais, se não puder o autor individuar na petição os bens demandados;
II - quando não for possível determinar, de modo definitivo, as conseqüências do ato ou do
fato ilícito;
III - quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado
pelo réu.
Se o pedido for certo e determinado e o juiz proferir uma sentença ilíquida, a sentença
será omissa, cabendo embargo de declaração.
Art. 459. Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz
proferir sentença ilíquida.
26/02/08
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2.3) Principais efeitos da sentença
Tutela jurisdicional → proteção emanada do Poder Judiciário para as hipóteses de lesão e
ameaça a direitos.
Classificação quinária, adotada por Cássio Scarpinella Bueno, mas que não é aceita por
todos os doutrinadores. Barbosa Moreira não é adepto dessa classificação, é adepto da
classificação trinária (considera a tutela executiva “lato sensu” e a tutela mandamental
como espécies de tutela condenatória).
Técnicas que o juiz pode utilizar para solucionar a lide no processo de execução:
Meios executivos sub-rogatórios → o Estado-juiz se sub-roga na atividade que
deveria ser desenvolvida pelo devedor para fins de dar quitação ao credor. Os meios
coercitivos sub-rogatórios podem ser:
Diretos → quando é possível a satisfação do credor com a tutela específica da
obrigação, ou seja, o credor vai receber exatamente o bem da vida almejado.
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Usucapião é uma forma de aquisição da propriedade. Cumprido o prazo e presente todos os requisitos a pessoa já é
proprietária. Dessa forma, a ação apenas vai declarar esse direito.
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Indiretos → quando não é possível a entrega do bem da vida almejado, a
satisfação do credor será com o equivalente em dinheiro (exemplo: hasta pública,
penhora)
Essa estrutura será exigida apenas para as sentenças de mérito típicas (art. 269, I, CPC,
quando o juiz acolhe ou rejeita do pedido do autor). Nos casos do art. 269, II, III, IV e V, e
do art. 267, CPC, as sentenças podem ser concisas ou compactadas, mas não significa que
não precisam ser fundamentadas (art. 93, IX, CF).
Relatório → narrativa em torno dos atos processuais mais importantes que foram
praticados ao longo do procedimento.
Fundamentação → iniciada a partir do final do relatório, o juiz aplica o direito ao caso
concreto e fundamenta com base na doutrina, na jurisprudência e nas provas.
Conclusão → parte dispositiva da sentença, onde o juiz deixa explícito a conclusão a
que chegou, se acolhe ou rejeita a pretensão do autor.
A coisa julgada incide exatamente da parte conclusiva ou dispositiva da sentença. O
relatório e a fundamentação não fazem coisa julgada (art. 469, CPC).
Exercício prático nº 1 – Dia 04/03 (3ª feira) – Valor: 2,0 pontos (grupos de até 5 componentes)
Sentença e principalmente os princípios norteadores da sentença.
Encarar a figura de um advogado que irá responder aos termos de um recurso. Haverá uma sentença e o
advogado da parte que saiu derrotada irá oferecer um recurso (apontando supostos defeitos da sentença) e
nós como advogados da parte vencedora temos que defender a sentença (contra-razões de recurso).
18
03/03/08 e 27/08/08
2.6) Capítulos da sentença (Livro de Cândido Dinamarco)*
A sentença pode se dividir em partes, denominadas capítulos, na hipótese de existência
de mais de uma pretensão, ou também quando se analisam, na fundamentação e na
conclusão, separadamente as questões processuais das questões materiais.
Uma das importâncias da sentença que se organiza em capítulos é quanto ao aspecto das
nulidades processuais, pois se poderá aproveitar a parte da sentença que não estiver
contaminada por algum vício. Finalidade: Aproveitamento dos atos processuais →
princípio da instrumentalidade das formas → efetividade do processo.
Capítulos são unidades autônomas do decisório da sentença. Cada uma dessas unidades
expressa uma deliberação específica; cada uma dessas deliberações é distinta das
contidas nos demais capítulos e resulta da verificação de pressupostos próprios, que não
se confundem com os pressupostos das outras.
Obs.:
A tutela antecipada é concedida, via decisão interlocutória, a partir do deferimento da
inicial, desde que exista fundamento que a justifique. Pode até ser concedida no momento
da sentença. Nesse caso, segundo entendimento de Marinoni, deve o juiz conceder a
tutela antecipada por meio de decisão interlocutória e em outra decisão proferir a sentença
(a crítica a essa sentença é a formalidade, mas, é uma formalidade importante para
preservar o direito de recorrer). Mas, na prática, há jurisprudências que concedem a tutela
antecipada no bojo da própria sentença, em um capítulo da sentença (podendo ser
recorrida por meio de agravo – posição do TJ/ES). O professor entende que quando o juiz
concede a tutela antecipada no bojo da sentença estará julgando com error in procedendo,
podendo isto ser argüido por meio de correição parcial, além de poder apelar da sentença.
4
Ver livro: Princípios do processo civil. PORTANOVA, Rui. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado.
19
Exceções: convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou
aposentado. O novo juiz que for proferir a sentença, caso tenha alguma dúvida, poderá
mandar repetir as provas que achar necessárias.
Obs.: O art. 132 não fala de remoção (ocorre horizontalmente, é a mudança de uma vara
para outra na mesma entrância), mas apenas de promoção (ocorre verticalmente, é a
mudança de uma entrância para outra entrância). Nos casos de remoção, o juiz removido
continuará responsável pelo processo, ou seja, deve o juiz voltar para julgar o mérito do
processo (princípio da identidade física do juiz).
Elementos da causa
Subjetivos:
Autor
Partes
Réu
Objetivos:
Causa de Próxima → repercussão jurídica do fato
Remota → fato (narrativa, descrição dos acontecimentos)
pedir
Imediato → prestação jurisdicional pretendida (tipo de tutela)
Pedido
Mediato → o bem da vida almejado
Decorre uma máxima no sentido de que o que não está nos autos não está no mundo,
como decorrência do princípio da vinculação do juiz aos fatos da causa. Um dos requisitos
da petição inicial é a causa de pedir (causa de pedir fática + causa de pedir jurídica). Em
relação à causa de pedir fática, temos a referência daquela construção que é feita na
petição inicial, em torno exatamente dos fatos (causa de pedir fática ou remota). Dessa
causa de pedir o juiz não pode se distanciar para julgar os fatos, pois exatamente em
relação a esses fatos é que o réu apresentará suas defesas.
E) Princípio da adstrição do juiz ao pedido da parte (art. 128 e art. 460, caput, CPC)
22
Também chamado de princípio da congruência.
Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida,
bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi
demandado.
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica
condicional. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)
Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de
questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte.
a.2) Será verificada quando o juiz condenar o réu em objeto diverso do que lhe foi
demandado. Ex: numa ação de indenização por danos materiais, o juiz condena o réu
a pagar, além dos danos matérias, danos morais (fora do pedido). Se esse vício for
verificado no Tribunal, será invalidado o capítulo que concedeu o que não foi pedido.
Muito cuidado com as exceções!!! Se houver exceção a essa regra, tem que está
prevista em lei. Situações em que o juiz está autorizado, de ofício, a acolher ou
conceder, tutelas de natureza diversa da pretensão do autor. Ex: O art. 7º da Lei
8.560/1992 (Lei da averiguação oficiosa). O juiz além de declarar a paternidade,
condena ao pagamento de alimentos.
Art. 7° Sempre que na sentença de primeiro grau se reconhecer a paternidade, nela se
fixarão os alimentos provisionais ou definitivos do reconhecido que deles necessite.
b) ultra petita (mais do que o pedido) → será verificada sempre que o juiz condenar o réu
em quantidade superior àquela que lhe foi demandada. O julgamento ultra petita só
pode ocorrer quando a sentença for líquida. Não é ultra petita a sentença que
considerar os efeitos da correção monetária.
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c) citra petita ou infra petita (menos que o pedido) → ocorrerá sempre que o juiz deixar
de analisar um dos pedidos formulados pela parte (omissão), ou seja, será verificada
diante de pedidos cumulativos ou sucessivos, quando o juiz deixar de analisar um dos
pedidos formulados pelo autor.
Cuidado com os pedidos subsidiários! Ex: investigação de paternidade e alimentos.
10/03/08
F) Princípio “iura novit curia”
O juiz conhece o direito, dai-me os fatos que lhe darei o direito, essa máxima, significa
que o juiz não está vinculado a fundamentação jurídica lançada na petição inicial. De
acordo com esse princípio o juiz está vinculado a causa de pedir fática, e não está
vinculado a causa de pedir jurídica, pois o réu irá se defender dos fatos e não da
repercussão jurídica desses fatos. O juiz pode utilizar uma fundamentação para decidir
completamente diferente das que forem suscitadas pela parte. Esse princípio é um
princípio de direito processual (inclusive no processo penal – art. 383, CPP) e de direito
internacional.
Ex.: Imagine que eu estava trafegando meu carro e outro carro bate no meu. Diante do
prejuízo, ajuízo uma ação de reparação de danos, fundamentando que ocorreu com
dolo. O réu, em sua contestação, diz que foi com culpa. O fato é que houve uma
violação do direito. Se o juiz decidir com culpa ou dolo não vai diferenciar, pois neste
caso haverá procedência do pedido. O enquadramento jurídico dado pelo juiz não o
vincula, ele dá o que acha que deve.
Exceções:
1) Erro material ou erro de cálculo (art. 463, I)
2) Embargos declaratórios (art. 463, II)
3) Juízo de retratação (art. 296 e 285-A, do CPC e art.198 da Lei 8069/90)
Contra sentença que indefere a petição inicial (Art. 296)
Todas as sentenças que forem proferidas com base no Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Contra sentenças de mérito em causas repetitivas.
2.8) Sentenças de mérito proferidas em causas repetitivas (art. 285-A, caput, CPC)
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Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver
sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser
dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente
prolatada.
Para o professor, o art. 285-A é uma antecipação do julgamento antecipado da lide, ou seja,
antes de abrir a instrução da causa. Veio atender um reclame antigo dos juízes. O juiz pode
proceder a uma sentença de mérito (art. 269, I), desde que seja de total improcedência.
Questões importantes:
a) O legislador falhou a fazer referência a questão controvertida unicamente de direito, pois
questões dessa natureza são raríssimas. A melhor interpretação é a seguinte: questão
controvertida unicamente de direito ou questão controvertida de direito e de fato, quando
não houver necessidade de produção de qualquer outra prova que não seja a documental
que já está nos autos.
b) Cuidado com a expressão casos idênticos, pois a doutrina reporta a ações idênticas e não é
isso que o legislador quis dizer. O legislador quis se reportar a casos análogos, pois se
fossem idênticos seria o caso de coisa julgada ou litispendência.
c) A primeira ação que chegar ao julgamento do juiz não pode se aplicar o art. 285-A, pois é
necessário fazer referência a uma ação que já se tenha julgado improcedente o pedido
anteriormente. Só a partir da segunda ação é que o juiz pode aplicar o artigo.
Se já houve uma sentença de improcedência no juízo, qualquer outro juiz desse juízo pode usar
essa sentença anterior e aplicar o art. 285-A.
3) COISA JULGADA
3.1) Conceito
“É um direito fundamental reconhecido pela Constituição Federal (art. 5º, XXXVI), que tem por
objetivo garantir a estabilidade de determinadas manifestações do Estado Juiz, pondo-as a
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salvo inclusive dos efeitos de novas leis que, por qualquer razão, possam pretender eliminar
aquelas decisões ou, quando menos, seus efeitos e, nesse sentido, uma forma de garantir
maior segurança jurídica aos jurisdicionados.” (Cássio Scarpinella Bueno)
11/03/08
3.2) Natureza jurídica
Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a
sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.
De acordo com esse artigo, a coisa julgada se verifica quando a sentença produz os seus
efeitos, no plano da percepção, segundo Barbosa Moreira. No entanto, segundo art. 520, é
possível que a sentença produza seus efeitos mesmo sem haver coisa julgada, nos casos em
que houver apelação sem efeito suspensivo. Assim, a referência do art. 467 não pode ser usada
como uma verdade clara e translúcida.
Para Liebman a coisa julgada é uma qualidade especial que a sentença pode possuir ou não.
Alexandre Câmara, reportando-se a Barbosa Moreira, considera a coisa julgada uma situação
jurídica que guarda pertinência com a imutabilidade da sentença como ato processual e,
também, com seu conteúdo. Esse posicionamento é um aprimoramento da teoria de Liebman.
Coisa julgada não tem nada a ver com eficácia, pois pode ser até que a sentença tenha
transitado em julgado e os seus efeitos não sejam imutáveis. Ex: ação de separação judicial,
ação condenatória de pagamento (pode haver acordo, mesmo depois da sentença).
Prevalece hoje, 2008, a linha de entendimento de que a coisa julgada é uma situação jurídica
que guarda pertinência com a imutabilidade da sentença como ato processual e, também, com
seu conteúdo.
3.4) Modalidades
Hipóteses de sentença que só fazem coisa julgada formal (para o processo civil individual):
A) Sentenças terminativas → art. 267, CPC (exceto: inciso V e o indeferimento da inicial pelo
reconhecimento da prescrição e da decadência).
B) Sentenças de processos cautelares → art. 807, CPC, pois dependem da sobrevivência
desses dois institutos: fumus boni iuris e periculum in mora (exceto se o juiz acolher a
alegação de prescrição ou decadência do direito do autor – art. 810, CPC).
C) Separação judicial litigiosa procedente → art. 46, Lei de Divórcio (Lei 6.515/77), pois é
possível restabelecer o casamento, ou seja, voltar a condição de casado.
D) Improcedência na conversão do divórcio → art. 37, § 2º, Lei de Divórcio (Lei 6.515/77), pois
é possível a repropositura da ação.
E) Jurisdição voluntária → art. 1.111, CPC, pois se trata de jurisdição administrativa, ou seja,
como não há lide, a questão pode ser reproposta a qualquer tempo.
Art. 1.111. A sentença poderá ser modificada, sem prejuízo dos efeitos já produzidos, se
ocorrerem circunstâncias supervenientes.
5
Perda da faculdade de se praticar ato processual. A preclusão pode ser temporal (em razão do decurso do tempo),
lógica (pela prática de ato processual incompatível com o ato que gostaria de praticar) ou consumativa (perda da
faculdade de praticar o ato processual por já ter praticado todos os atos possíveis).
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F) Sentenças determinativas ou dispositivas → são sentenças que tratam de ações que se
prolongam ao longo do tempo (art. 471, I, CPC). Ex: ação de alimentos, pois é possível a
revisão para adequar a real situação do condenado.
Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide,
salvo:
I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato
ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença
17/03/08
3.5) Teorias informadoras da coisa julgada
a) Teoria da tríplice identidade
Para essa teoria, duas demandas são idênticas quando têm as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo objeto. Isto significa dizer que, como regra geral, a
coisa julgada material só implica extinção do processo que se instaure após a sua
formação se este novo feito decorrer de demanda idêntica à que levou à instauração do
primeiro processo, sendo certo que duas demandas são idênticas quando seus três
elementos identificadores (partes, causa de pedir e pedido) são iguais.
Art. 301.
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente
ajuizada.
§ 2o Uma ação é idêntica à outra quando tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e
o mesmo pedido.
§ 3o Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando
se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.
Ocorre, porém, que a teoria das três identidades não é capaz de explicar todas as
hipóteses, servindo, tão somente, como regra geral. Há casos em que se deve aplicar:
EXERCÍCIO PRÁTICO Nº 2
Dia: 18/03 (3ª feira) – Papel de juízes na fase de saneamento do processo.
Na contestação tem uma preliminar de coisa julgada. Se acolher a preliminar, irá julgar extinto o
processo sem resolução do mérito. Se rejeitar, deve continuar o procedimento para sanear o
processo.
Matéria: Limites objetivos e subjetivos da coisa julgada.
24/03/08
4) AÇÃO RESCISÓRIA
4.1) Conceito
É o remédio processual utilizado para desconstituir ou revogar Acórdão ou Sentença de mérito
transitada em julgado por ocorrência de algum dos vícios de anulabilidade indicados no art.
485, CPC.
O prazo para ajuizamento da ação rescisória é decadencial de 2 anos, contados do trânsito em
julgado da sentença (art. 495, CPC)
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Se o réu, numa ação de danos materiais e morais, apelar apenas quanto aos danos morais, a
parte da sentença que fala dos danos materiais transitou em julgado. Caso queira entrar com
uma ação rescisória quanto à sentença (na parte dos danos materiais) o prazo decadencial
começa a contar da data em que o réu entrou com o recurso de apelação (preclusão
consumativa).
A exigência da lei é em torno de sentença de mérito. O objeto da ação rescisória é a sentença
de mérito própria (Art. 269, I), tendo sido admitido nos casos do art. 269, IV.
Não cabe ação rescisória nas sentenças homologatórias, deve-se utilizar ação de anulação de
sentença.
Cabe ação anulatória ou ação rescisória de sentença terminativa?
Cabe ação anulatória, desde que essa sentença gere coisa julgada material.
Art. 486. Os atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for meramente
homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos termos da lei
civil.
4.3) Hipóteses de cabimento (art. 485) → rol de causa de pedir próxima da ação rescisória.
As hipóteses estão elencadas em numerus clausus, ou seja, o rol é taxativo. É perfeitamente
possível conjugar os incisos na ação rescisória.
Art. 485. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; [não precisa
haver ação penal contra o juiz]
III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, [quando a parte
vencedora agiu com fraude processual] ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
[conluio entre as partes a fim de fraudar a lei, ou seja, autor e réu se unem para fraudar a lei –
ex.: marido que quer fazer uma doação a sua amante] 6
6
Tema para Monografia - Art. 129, CPC: Art. 129: “Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e réu
se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirá sentença que
obste aos objetivos das partes”. Deve o juiz julgar extinto o processo (de ofício) sem resolução do mérito, por falta de
interesse de agir, e condenar os dois por litigância de má-fé.
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Vl - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal, ou seja,
provada na própria ação rescisória; [A falsidade do documento, que tenha sido determinante
para a sentença, pode ser provada na própria ação rescisória.]
Vll - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que
não pôde fazer uso, capaz, por si só, de Ihe assegurar pronunciamento favorável; [O
documento novo deve ser um documento que já existia por ocasião do processamento da ação
originária, mas que a parte não sabia de sua existência ou não pudesse fazer uso. Mas tem que
ser um documento determinante para o julgamento]
VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou
a sentença; [Existem dois erros nesse inciso, pois a desistência e a transação não são capazes
de gerar sentença que possa ser rescindida. No caso de transação, a ação cabível é anulatória]
§ 2o É indispensável, num como noutro caso, que não tenha havido controvérsia, nem
pronunciamento judicial sobre o fato.
4.4) Legitimidade ativa (art. 487) + interesse (tem interesse aquele que saiu da ação pelo
menos parcialmente derrotado)
Art. 487. Tem legitimidade para propor a ação:
I - quem foi parte (autor ou réu) no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular;
[no caso de morte, desde que o objeto da ação seja transmissível]
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II - o terceiro juridicamente interessado;
III - o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo, em que Ihe era obrigatória a intervenção;
b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei.
25/03/08
4.5) Competência
Regra de competência funcional (competência absoluta).
A regra de competência das ações rescisórias é que são processadas e julgadas perante uma
das Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça do Espírito Santo. No momento em que é sorteado o
Desembargador Relator (que irá presidir a ação), tem-se a Câmara Cível que será responsável
pelo julgamento. Apesar de o julgamento da ação rescisória ser em Colegiado, o
Desembargador Relator é que presidirá o processo desde o recebimento da petição inicial até o
julgamento final do processo.
TJES
1ª Câmara Cível → 3 Desembargadores (A, B, C)
2ª Câmara Cível → 3 Desembargadores (D, E, F)
3ª Câmara Cível → 3 Desembargadores (G, H, I)
4ª Câmara Cível → 3 Desembargadores (J, K, L)
4.8) Julgamento
A ação rescisória pode ter até três etapas de julgamento:
1ª) Admissibilidade → é feita em tese. O Des. Relator, fazendo uma leitura prévia da petição
inicial, vai verificar se esta se enquadra em alguma das hipóteses do art. 485. Sendo
admitida a ação rescisória passará a ser processada. O Desembargador Relator pode,
monocraticamente, indeferir a petição inicial, se esta não se enquadrar em uma das
hipóteses do art. 485, CPC. O juízo de admissibilidade do Des. Relator não vincula os
demais Desembargadores da Câmara, podendo haver a inadmissibilidade no julgamento
Colegiado.
7
Outro exemplo de prazo judicial é o prazo para arrolar testemunhas no procedimento comum ordinário – art. 407,
CPC: “Incumbe às partes, no prazo que o juiz fixará ao designar a data da audiência, depositar em cartório o rol de
testemunhas, precisando-lhes o nome, profissão, residência e o local de trabalho; omitindo-se o juiz, o rol será
apresentado até 10 (dez) dias antes da audiência.”
8
O Princípio da indelegabilidade da jurisdição significa que o juiz não pode delegar parcela de sua competência a
outro órgão jurisdicional, pois violaria o princípio do juiz natural.
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Se a sentença rescindida for de 1º grau e, em caso de incompetência absoluta ou
impedimento do juiz, deve o processo originário voltar ao Juízo de 1º grau, para novo
julgamento.
O professor acha que nem toda ação rescisória deva ter intervenção do MP, pois não é
escopo da Constituição para o Ministério Público. Acredita que pode intervir desde que a
intervenção seja também na ação originária. Nos casos em que se restringe às partes, não
se mostra necessária a intervenção do MP.
07/04/08
CAPÍTULO II – TEORIA GERAL DOS RECURSOS
1) INTRODUÇÃO
1.1) Noção
1.2) Conceito → “É o meio processual que a lei (A) coloca à disposição(B) das partes, do
Ministério Público e de um terceiro (C), a viabilizar, dentro da mesma relação jurídica
processual(D), a anulação, a reforma, a integração ou o aclaramento (F) da decisão judicial(G)
impugnada.” (Nelson Nery. Teoria Geral dos Recursos. p. 184.)
(A) Só existe recurso se houver expressa previsão legal. Todos os recursos devem estar
expressamente previstos em lei. Essa lei é lei federal, porque recurso é instituto de Direito
Processual, que é matéria de competência privativa da União (art. 22, I, CF).
(C) Legitimação para recorrer (art. 499, caput, CPC) → as partes (autor ou réu), o MP
(interveniente – custus iuris) e o terceiro (juridicamente prejudicado – desde que
demonstre a situação legitimante que é própria da intervenção de terceiros).
(D) A interposição de um recurso jamais irá alterar a relação jurídica processual, não
geram a formação de uma nova relação jurídica processual. A relação jurídica deverá
continuar a mesma, ou seja, o recurso é interposto dentro da mesma relação jurídica
processual. Se houver formação de nova relação jurídica processual, não será recurso.
(E) Objetivos que um recurso pode possuir → reformar ou invalidar uma decisão judicial.
Na reforma é reconhecido o chamado error in judicando, ou seja, o juiz observou o devido
processo legal, mas houve um erro no julgamento. Se for error in procedendo, ou seja,
quando o juiz não observou o devido processo legal, gera a invalidação da decisão
36
judicial. Existe um recurso específico que não tem como objetivo reformar ou invalidar a
decisão judicial. Os Embargos de Declaração têm como característica ou integrar a
decisão (em caso de omissão) ou esclarecer (em razão de uma obscuridade ou
contradição).
(F) Recursos que são próprios do processo jurisdicional. É próprio para impugnar decisões
judiciais. Só pode recorrer se houver uma decisão.
Art. 496, CPC → arrola os recursos previstos no Código de Processo Civil: apelação;
agravo; embargos infringentes; embargos de declaração; recurso ordinário; recurso
especial; recurso extraordinário; embargos de divergência em recurso especial e em
recurso extraordinário.
08/04/08
2) Lei processual no tempo e os recursos
2.1) Regra geral
A lei processual nova tem aplicação imediata e é irretroativa (preserva os atos processuais
já praticados) – art. 1.211, CPC.
Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em
vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes.
Exceção:
No caso de penhora de bens de família (antes da Lei 8.009/90). O que fazer com as
penhoras realizadas antes dessa lei? Haveria um confronto: de um lado o ato jurídico
perfeito e de outro lado a dignidade da pessoa humana. Aplicando o princípio da
proporcionalidade o STJ sumulou.
Súmula 205, STJ: A Lei 8.009/90 aplica-se a penhora realizada antes de sua vigência.
14/04/08
4) Princípios fundamentais
4.1) Voluntariedade
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Os recursos são considerados uma faculdade processual, pois o ato de recorrer é uma
decorrência tanto do direito de ação quanto do direito de exceção (ampla defesa estabelecida
na Constituição).
No sistema processual brasileiro não existe a expressão “recurso de ofício” ou “recurso
obrigatório”, nem para se reportar ao exame necessário, que não é recurso. Essa expressão
está banida do Código de Processo Civil vigente. O recurso é sempre ato voluntário daquele
que está recorrendo. Da mesma forma não se tem que falar em recurso voluntário, pois seria
redundância, visto que o recurso já é voluntário.
Mesmo em se tratando dos entes de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal,
Autarquias), o recurso também é um ato voluntário.
Não existe nenhuma hipótese de obrigatoriedade em se recorrer.
4.2) Singularidade
Também chamado de princípio da unicidade ou unirrecorribilidade das decisões. Significa que
pelo sistema do CPC, para cada decisão emanada do Poder Judiciário existe apenas e tão
somente uma única espécie de recurso, ou seja, tem que haver sempre uma adequação entre a
decisão recorrida e o recurso que está sendo interposto. Não se trata de um único recurso, mas
sim de uma única espécie de recurso (das previstas no art. 496, CPC).
Exceções:
1ª) Interposição de embargos de declaração e, sucessivamente, do recurso adequado para
impugnar àquela decisão específica (art. 535, CPC). Os embargos são juntados aos autos do
próprio processo e serão julgados primeiro (recurso iterativo) pelo próprio juiz que julgou a
decisão.
2ª) Interposição de recurso especial e de recurso extraordinário, concomitantemente, caso o
acórdão, ao mesmo tempo, viole lei federal e afronte também a Constituição da República
(art. 498, CPC).
4.3) Personalidade
Também chamado de princípio da proibição da reformatio in pejus, princípio do efeito devolutivo
ou princípio de defesa da coisa julgada parcial, esse princípio objetiva evitar que o tribunal
destinatário decida de maneira pior para o recorrente.
A proibição da reforma para pior nada mais é do que uma decorrência natural da incidência de
outro princípio, o princípio dispositivo, ou seja, em razão de o juiz somente se manifestar
quando provocado, e na medida dessa provocação, a decisão por ele proferida não prejudicará
a situação do recorrente.
Esse princípio não está expressamente no Código de Processo Civil, mas decorre da
"conjugação do princípio dispositivo, da sucumbência como requisito de admissibilidade e,
finalmente do efeito devolutivo do recurso." (Nelson Nery, p.158).
Como o órgão julgador somente pode conhecer e julgar a parte da decisão impugnada pelo
recorrente, àquele abrem-se apenas dois caminhos: dá-se provimento ao recurso, e a situação
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do recorrente é melhorada; ou nega-se provimento ao recurso, e o recorrente encontrar-se-á
em idêntica situação àquela que se encontrava quando da prolação da decisão.
Quando ambas as partes recorrem, face à existência de sucumbência recíproca, é possível que
a situação dos recorrentes venha a ser piorada, mas tal fato em nada altera o que aqui se
expõe, pois a questão em tela diz respeito, por óbvio, a piora da situação do recorrente em
razão da interposição do recurso da parte contrária.
Essa decisão pior para o recorrente poderia acontecer quando os julgadores extrapolassem o
âmbito de devolutividade do recurso ou mesmo por não haver recurso da parte contrária. Isso
porque se a parte adversa interpõe recurso, não haverá reforma para pior se o tribunal der
provimento ao recurso de qualquer das partes.
Não haverá proibição de reforma para pior mesmo que haja apenas um recurso interposto, se o
tribunal decidir contra o recorrente por ter examinado matéria de ordem pública, já que esse tipo
de questão pode ser examinada a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição (art.
267, § 3º, CPC), podendo inclusive ser pronunciadas ex officio pelo magistrado ou pelo tribunal.
Isso nada tem a ver com o efeito devolutivo dos recursos, mas sim com o princípio inquisitório.
Esse princípio tem exceções.
A sucumbência recíproca é um requisito necessário para a adesividade. O “recurso adesivo” é
uma forma de contornar a vedação da reformatio in pejus. O recurso adesivo não é um recurso
é um procedimento recursal.
4.4) Dialeticidade
Tese – recurso
Todos os recursos têm que ser fundamentados já na própria petição. Recurso é ato de
desconstrução. Fundamenta-se um recurso com argumentos que desconstruam a decisão
impugnada.
4.5) Taxatividade
Pelo princípio da taxatividade, os recursos estão listados em numerus clausus em lei federal
(Art. 22, I, CF), pois somente lei federal pode tratar de recurso que é instituto de Direito
Processual. No Código de Processo Civil, podem ser utilizados os recursos previstos no art.
496, CPC. Mas existem espécies de recursos que não estão no CPC. Exemplo a Lei dos
Juizados Especiais (Lei 9.099/95) criou o recurso inominado para as sentenças. Não há
previsão de recurso para as decisões interlocutórias nos Juizados Especiais, nem para tutela
antecipada.
41
Não pode uma lei estadual ou uma norma regimental criar espécie de agravo (regimental), pois
seria inconstitucional, visto que afronta o princípio da taxatividade.
5) Reexame necessário
5.1) Generalidades
É a mesma coisa que remessa obrigatória, que é a mesma coisa que remessa ex ofício, que é a
mesma coisa que duplo grau de jurisdição obrigatório.
Significa que havendo ou não recurso, a sentença proferida pelo juiz, será analisada pela
instância superior.
Em 1973, a sentença de anulação de casamento era uma hipótese de reexame necessário (em
razão da importância que se dava ao casamento). Hoje, o reexame necessário ainda sobrevive,
com o pressuposto da necessidade de avaliar a sentença em razão de um suposto interesse
público. A tendência é acabar com o reexame necessário. Os doutrinadores como Ada
Pelegrine9 consideram que o reexame necessário é fator de entrave da celeridade processual.
O reexame necessário gera uma ampliação dos limites do julgamento.
9
Foi Ada Pelegrine que elaborou o projeto de Lei da Ação Civil Pública. Não faz referência ao reexame necessário,
pois ela abomina este instituto, ou seja, considera que o reexame necessário é um instituto completamente superado
dentro do Processo Civil.
42
Sérgio Bermudes é o único doutrinador que considera o reexame necessário como recurso,
pois assim como os recursos, tem a característica da devolutividade, ou seja, devolve a exame
superior a matéria decidida. Argumentos contrários a essa tese:
1º) Voluntariedade – A característica fundamental de todo e qualquer recurso é a
voluntariedade e o reexame é obrigatório. Logo, não é recurso.
2º) Taxatividade – O reexame necessário também não pode ser recurso, por conta da
taxatividade. Os recursos são enumerados em numerus clausus (art. 496, CPC).
3º) Singularidade –
4º) Dialeticidade – todo recurso tem que ser fundamentado e o reexame necessário não
tem nenhuma fundamentação contrária à sentença. Trata-se de re-análise.
5º) Legitimidade e interesse em recorrer – só podemos falar em recurso se há legitimidade
e interesse de quem está recorrendo, mas como é o juiz que remete para o reexame
necessário e ele não tem legitimidade para recorrer, não será o caso de recurso.
6º) Tempestividade – todos os recursos estão submetidos aos prazos previstos no Código
de Processo Civil, e o reexame necessário não tem prazo. Só haverá o trânsito em julgado
da sentença se houver o reexame necessário (art. 475, § 1º, CPC). O reexame necessário
é impositivo, o juiz tem que observar a regra, é dever do juiz.
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja
ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los.
7º) Preparo – os recursos, de um modo geral, devem ser preparados, ou seja, deve-se
recolher as custas do recurso (nome técnico: preparo) e o reexame necessário não tem
preparo.
Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença: (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
I - proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas
autarquias e fundações de direito público; (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução de dívida ativa da
Fazenda Pública (art. 585, VI). (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 1o Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja
ou não apelação; não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. (Incluído pela Lei
nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 2o Não se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito
controvertido, for de valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como
no caso de procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo
valor. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada em
jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do
tribunal superior competente. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
22/04/08
d) Art. 19, Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular)
Art. 19. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao
duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal ; da
que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo.
Interesse público
Primário → quando é um interesse da coletividade
Secundário → quando é um interesse da própria Administração Pública
A partir da leitura do art. 19, da Lei 4.717/65, como que o intérprete vê a aplicação do
dispositivo frente à sistemática processual (art. 475, CPC), ou seja, caberá reexame necessário
mesmo em caso da procedência da ação da ação popular? Há três correntes.
1ª) A lei da ação popular é uma lei especial e via de conseqüência, em razão do princípio da
especialidade, não se aplica ao art. 475 do código de processo civil. A lei da ação popular é
uma lei voltada para o processo coletivo, enquanto o CPC trata do processo meramente
individual. O próprio artigo 19 dispõe que da sentença que julgar procedente, caberá
apelação com efeito suspensivo.
2ª) O Código de Processo Civil (1973) é lei posterior à lei da Ação Popular que é de 1965.
Ademais, diante de uma interpretação sistemática, há a necessidade de integrar o sistema
processual com a regra genérica do art. 475, I, CPC. O que leva a conclusão no sentido de
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que qualquer que seja o sentido dado à solução de mérito da ação popular, a sentença
reclamará o reexame necessário.
3ª) A Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) revogou implicitamente o art. 19 da Lei
4.717/65, pois não há não Lei da Ação Civil Pública, nenhuma hipótese de cabimento de
reexame necessário. Para essa corrente, com base no micro sistema de direito processual
coletivo, não caberia nenhuma hipótese de reexame necessário, em se tratando de direito
processual coletivo.
c) Fundamentação ou motivação
No sistema recursal, todo e qualquer recurso deve estar devidamente fundamentado já no
ato de interposição – princípio da dialeticidade. É importante sempre se lembrar de que
recurso é ato de desconstrução, ou seja, não basta fundamentar/motivar, é necessário
utilizar argumentos capazes de destruir a decisão atacada.
Súmula 182, STJ: É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar
especificamente os fundamentos da decisão agravada.
Súmula 284, STF: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua
fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia.
d) tempestividade
Todo recurso do Código de Processo Civil tem um prazo. Se esse prazo não é observado,
será o caso de preclusão temporal e o recurso não será admitido. Prazos:
Embargos de declaração → 5 dias
Agravo → 10 dias
Agravo interno (diante de decisão monocrática dos Desembargadores) → 5 dias.
Apelação, embargos infringentes, recurso ordinário, recurso extraordinário, embargos
de divergência em recurso especial e em recurso extraordinário → 15 dias
Art. 508. Na apelação, nos embargos infringentes, no recurso ordinário, no recurso especial,
no recurso extraordinário e nos embargos de divergência, o prazo para interpor e para
responder é de 15 (quinze) dias.
Pelo princípio da isonomia ou igualdade das partes, o prazo para apresentação das
contra-razões será o mesmo.
d.2) Art. 191, CPC → prazo em dobro para recorrer e para apresentação de contra-razões
Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em
dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.
d.3) Art. 5º, § 5º, Lei 1.060/1950 (Lei da assistência judiciária) → em caso de assistência
jurídica gratuita (ocupante de cargo público) haverá prazo em dobro para recorrer e
apresentar contra-razões.
§ 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o
Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos
os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos.
e) preparo
Recurso preparado é o recurso em que foram recolhidas as custas do recurso (de acordo
com o valor da causa) e o porte de remessa e de retorno.
Art. 511. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob
pena de deserção.
O recurso sem preparo é considerado deserto, mas em alguns casos é possível que o juiz
reconsidere o recurso, relevando a pena de deserção.
Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção,
fixando-lhe prazo para efetuar o preparo. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunal
apreciar-lhe a legitimidade.
49
Obs.: Se o advogado errar nas contas o juiz pode intimá-lo para, no prazo de 5 dias,
complementar o valor do preparo.
§ 2o A insuficiência no valor do preparo implicará deserção, se o recorrente, intimado, não
vier a supri-lo no prazo de cinco dias. (Incluído pela Lei nº 9.756, de 17.12.1998)
A partir desses julgados, o STJ está admitindo os recursos interpostos antes da publicação
da sentença, com fundamento de que o prazo é peremptório, ou seja,
06/05/08
9) Efeitos dos recursos
Podem aparecer em qualquer recurso. Quem sistematizou essa proposta foi Nelson Nery.
Tantun devolutum quantum apelatum → se devolve a julgamento a matéria que foi impugnada
pela apelação.
Barbosa Moreira concebe o efeito devolutivo como a devolução da matéria impugnada a outro
órgão do Poder Judiciário. Como os Embargos de Declaração devolvem a matéria impugnada
ao mesmo órgão, pelo entendimento de Barbosa Moreira, não seria uma espécie de recurso.
Efeito extensivo subjetivo → outros legitimados para recorrer serão atingidos por seu
julgamento. Esse efeito se apresenta diante da exceção ao princípio da autonomia dos
co-litigantes (art. 48, CPC), ou seja, em caso de litisconsórcio unitário.
Art. 48. Salvo disposição em contrário, os litisconsortes serão considerados, em suas
relações com a parte adversa, como litigantes distintos; os atos e as omissões de um não
prejudicarão nem beneficiarão os outros.
9.6) Substitutivo → interposto um recurso de apelação contra uma sentença, sendo esse
recurso admitido e provido, a sentença jamais transitará em julgado, pois a decisão proferida
pelo Tribunal substitui o julgamento operado pelo juiz de primeiro grau (art. 512, CPC).
Art. 512. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a sentença ou a decisão recorrida
no que tiver sido objeto de recurso.
07/05/08
10.2) Extintivos
a) Desistência do recurso → a desistência ocorre após a interposição do recurso.
Independe da aceitação da parte contrária. CUIDADO: pois desistência do direito de
ação precisa de aceitação da outra parte.
Art. 501. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos
litisconsortes, desistir do recurso.
APELAÇÃO
1) INTRODUÇÃO
1.1) Conceito → é o meio processual que a lei coloca à disposição das partes (autor e réu) do
Ministério Público interveniente, ou de um terceiro prejudicado a viabilizar na mesma
relação jurídica processual a anulação ou reforma de uma sentença que tenha ou não
resolvido o mérito da causa (art. 267 e 269, CPC).
Art. 513. Da sentença caberá apelação (arts. 267 e 269).
Único caso de uma sentença que não cabe apelação, mas sim recurso ordinário ao STJ.
Art. 105 (CF). Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário:
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um
lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;
1.2) Interposição
53
O recurso de apelação é protocolado perante o juiz prolator da sentença, razão pela qual a
petição inicial do recurso é dirigida a esse juiz, requerendo que o recurso seja recebido
(juízo de admissibilidade prévio positivo). Em seguida, no corpo da mesma petição, deve-
se dirigir ao Tribunal para expor as razões de apelação. Por último, tem que formular a
pretensão recursal, para estabelecer os limites do recurso.
Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz (juízo), conterá:
I - os nomes e a qualificação das partes; → necessária apenas, e tão somente, quando o
recorrente é um terceiro interessado que não tinha ainda ingressado na relação jurídica
processual.
II - os fundamentos de fato e de direito;
III - o pedido de nova decisão.
b) Suspensivo
A apelação tem efeito devolutivo e suspensivo. Só não terá efeito suspensivo nas
seguintes hipóteses:
Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto,
recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: (Redação dada pela
Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
III - julgar a liquidação de sentença; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973 )
(Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005)
IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada
pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de
23.9.1996)
VII - confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de
26.12.2001)
12/05/08
Outras hipóteses de apelação sem efeito suspensivo:
Apelação interposta contra sentenças proferidas em Mandado de Segurança (art. 12,
parágrafo único, Lei nº 1.533/51);
Apelação interposta contra sentenças que concedem habeas-data (art. 15, parágrafo
único, Lei nº 9.507/97);
Apelação interposta contra sentenças que declaram a interdição (art. 1.184, CPC);
Apelação interposta contra sentenças proferidas nos procedimentos da Lei de
Locações (art. 58, V, Lei nº 8.245/91).
O que fazer para dar efeito suspensivo à apelação que não o tenha?
Sentença → apelação com pedido de efeito suspensivo (art. 558, p. único) → art. 518 → decisão
interlocutória negando efeito suspensivo → agravo de instrumento (art. 522)
Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil,
adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros
casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a
fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da
turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
Parágrafo único. Aplicar-se-á o disposto neste artigo as hipóteses do art. 520. (Redação
dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar
vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
55
§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade
com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado
pela Lei nº 11.276, de 2006)
§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos
de admissibilidade do recurso. (Incluído pela Lei nº 11.276, de 2006)
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma
retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil
reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em
que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.
(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995)
2) JULGAMENTO DA APELAÇÃO
O julgamento da apelação ocorre em até quatro etapas.
Há uma crítica em relação a esse dispositivo, pois se o juiz não receber a apelação, o
apelante poderá agravar dessa decisão. Flávio Cheim Jorge e Marcelo Abelha defendem a
inconstitucionalidade desse dispositivo, pois impede o direito de recorrer. O professor
discorda, visto que é possível a interposição do agravo.
Esse dispositivo dá competência ao juiz para deixar de receber apelação contra sentença
que esteja em conformidade com súmula do STJ e do STF (análise de mérito).
A interposição do agravo no Tribunal, quando for acolhido, gerará uma análise do mérito
da própria apelação. Aplica-se, o art. 544, § 3º, 2ª parte, por analogia, ao art. 518, § 1º.
Art. 544, § 3o Poderá o relator, se o acórdão recorrido estiver em confronto com a súmula ou
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, conhecer do agravo para dar
provimento ao próprio recurso especial; poderá ainda, se o instrumento contiver os
elementos necessários ao julgamento do mérito, determinar sua conversão, observando-se,
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daí em diante, o procedimento relativo ao recurso especial. (Redação dada pela Lei nº 9.756,
de 17.12.1998)
13/05/08
O julgamento da apelação se encerrará na primeira etapa se entender que está ausente algum
dos requisitos recursais ou quando for possível a aplicação do art. 518, § 1º.
Se não for caso de aplicação do art. 557, a apelação será julgada pelo Colegiado.
Art. 552. Os autos serão, em seguida, apresentados ao presidente, que designará dia para
julgamento, mandando publicar a pauta no órgão oficial.
§ 1o Entre a data da publicação da pauta e a sessão de julgamento mediará, pelo menos, o
espaço de 48 (quarenta e oito) horas.
§ 2o Afixar-se-á a pauta na entrada da sala em que se realizar a sessão de julgamento.
§ 3o Salvo caso de força maior, participará do julgamento do recurso o juiz que houver
lançado o "visto" nos autos.
Art. 554. Na sessão de julgamento, depois de feita a exposição da causa pelo relator, o
presidente, se o recurso não for de embargos declaratórios ou de agravo de instrumento,
dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente e ao recorrido, pelo prazo improrrogável de
15 (quinze) minutos para cada um, a fim de sustentarem as razões do recurso.
4.2) Análise de questões anteriores à sentença ainda não decididas (art. 516, CPC)
Art. 516. Ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores à sentença, ainda
não decididas. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 13.12.1994)
59
19/05/08
4.3) Art. 515, § 3º → chamado por Alexandre Freitas Câmara de teoria da causa madura
Se foi observado no 1º grau o princípio do devido processo legal, caso haja reforma da
sentença terminativa no julgamento da apelação, os Desembargadores já podem enfrentar
o mérito, ou seja, estão autorizados a sair da linha horizontal e penetrar na linha vertical.
§ 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode
julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em
condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
Para que seja aplicado o art. 515, § 3º, CPC, há necessidade de observância dos seguintes
requisitos:
a) Juízo de admissibilidade positivo da apelação → tem que estar presentes todos os
pressupostos recursais.
b) Inexistência de vício capaz de invalidar a sentença → se os Desembargadores se
depararem com outra questão de ordem pública, não poderão enfrentar o mérito. Ex:
incompetência absoluta.
c) Inexistência de outro obstáculo impeditivo ao exame do mérito → quando o
Desembargador reforma a sentença no conteúdo e não na decisão. Continua na
horizontal.
d) Estar a causa em condições de imediato julgamento (“causa madura”) →
Se o juiz indefere a petição inicial, o autor interpõe apelação e o Desembargador verifica
que o juiz se equivocou, e reforma a sentença terminativa, não poderá julgar o mérito,
pois não foi observado o devido processo legal.
e) Requerimento da parte recorrente?
A aplicação do art. 515, § 3º conduz a uma hipótese de reformatio in pejus permitida.
Por isso, alguns autores entendem que para sua aplicação deve haver requerimento
expresso do recorrente. Esses autores ainda dizem, o direito de recorrer é uma
extensão do direito de ação, que está escorado na iniciativa das partes, razão pela qual
não devem os Desembargadores analisar o mérito sem requerimento do recorrente.
Em posição contrária, o Prof. Marcelo Zenkner entende que o Desembargador pode
aplicar, de ofício, o art. 515, § 3º, ou seja, admite que o 2º grau resolva o mérito da
questão, sem requerimento expresso do recorrente, tendo em vista a celeridade
processual.
Obs.: Em relação à conjunção e, doutrina e jurisprudência têm aceitado que esta não é
necessária, pois basta que a causa esteja em condições de imediato julgamento.
Se a causa não estiver madura, quando, por exemplo, os Desembargadores entenderem que a
sentença não é caso do art. 285-A, deve ser devolvido o processo para o juiz de primeiro grau.
Programação:
03/06 → Agravo
09/06 → Agravo
10/06 → Agravo
11/06 → Exercício Prático nº 5
16/06 → Embargos Infringentes
17/06 → PROVA (matéria: até agravo)
23/06 → Embargos Infringentes
24/06 → Embargos Infringentes
30/06 → Exercício Prático nº 6
6) Inovação na apelação
6.1) Fatos novos (art. 517)
Posso ventilar fatos novos na apelação? Depende do caso concreto (ver exemplo da apelação
enviada pelo professor)
Art. 264. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o
consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por
lei.(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Parágrafo único. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será
permitida após o saneamento do processo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 517. As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
6.2) Documentos novos – desde que guardem pertinência com os fatos novos.
AGRAVO
1) INTRODUÇÃO
1.2) Objeto → decisões interlocutórias simples, mistas e de mérito, desde que recorríveis.
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma
retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil
reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em
que a apelação é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.
(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
Parágrafo único. O agravo retido independe de preparo. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de
30.11.1995)
Existem decisões interlocutórias irrecorríveis. Exemplos:
Decisões interlocutórias nos Juizados Especiais (os advogados usam Mandado de
Segurança).
Decisão do juiz que recebe a petição ou que recebe o recurso (mesmo sendo
intempestivo).
- PRINCIPAIS EFEITOS GERAIS (não tem nessa folha mas zenkner colocou no slide)
2.1 Suspensivo
Via de regra o agravo não possui efeito suspensivo, o artigo abaixo exemplifica as possibilidades
cabíveis, sendo sempre que houver em decisão interlocutória lesão grave ou de difícil reparação a
parte, a partir do requerimento do agravante e análise do caso concreto.
Art. 558, caput, CPC. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão
civil, adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em
outros casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a
fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da
turma ou câmara.
Como o agravo não tem o condão de atingir a marcha processual, os atos processuais
praticados após sua interposição ficarão sujeitos à condição resolutiva. Isso significa dizer que a
eficácia dos atos processuais posteriormente praticados, inclusive a sentença, dependerão do
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desprovimento do recurso; caso seja ele provido, os atos processuais subseqüentes à interposição
do agravo, se incompatíveis com o resultado de seu julgamento, tornar-se-ão insubisistentes.
2.3 Regressivo
Art. 523, §2º, CPC. Interposto o agravo (RETIDO), e ouvido o agravo no praz de 10 dias, o
juiz poderá reformar sua decisão.
Art.529 CPC. Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará
prejudicado o agravo.
2.4 “Ativo”
Se o tribunal pode suspender os efeitos de uma decisão, ele pode promover os efeitos de uma
decisão que não as produz, dando a parte que está recorrendo aquilo que ela teria com o
julgamento final do recurso. Não se relacionam apenas as possibilidades de tutela antecipada.
Atenção:
A primeira corrente diz que, à luz do artigo 558, numa interpretação sistemática, deve haver
requerimento do agravante para a produção do “efeito ativo” do art.527.
A outra corrente, dispensa essa exigência para a produção de ambos os efeitos. (suspensivo e
“ativo): a primeira justificativa, diz que, o artigo 527, III, tem a nova disposição estampada por uma
lei de 2001, enquanto a 558 por uma lei de 1995, logo LEI POSTERIOR DERROGA LEI
ANTERIOR. Além disso, a parte que recorre deseja a prestação jurisdicional de forma célere, não
precisa ser explícito, até em termos de garantia constitucional. Logo o desembargador também
pode dar de ofício ambos os efeitos.
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele
conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. (Redação dada
pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
§ 1o Não se conhecerá do agravo se a parte não requerer expressamente, nas razões
ou na resposta da apelação, sua apreciação pelo Tribunal. (Incluído pela Lei nº 9.139,
de 30.11.1995)
§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá
reformar sua decisão. (Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
§ 3o Das decisões interlocutórias proferidas na audiência de instrução e julgamento
caberá agravo na forma retida, devendo ser interposto oral e imediatamente, bem
como constar do respectivo termo (art. 457), nele expostas sucintamente as razões do
agravante.(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005).
64
2.2) Procedimento
Decisão interlocutória (10 dias) → Agravo retido (protocolizado e juntado aos autos do
processo) → conclusos ao juiz → abre vista para o agravado apresentar contra-razões (10 dias)
→ juízo de retratação (o juiz pode reformar a decisão – prazo do art. 189 – 10 dias)
continuação da tramitação do processo normalmente.
Se o agravo retido for intempestivo, a melhor decisão do juiz é deixar ele prosseguir, pois caso
ele desentranhe, irá promover outra decisão interlocutória que cabe outro agravo, que atrapalha
o processo.
Art. 523. Na modalidade de agravo retido o agravante requererá que o tribunal dele
conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento da apelação. (Redação dada pela Lei
nº 9.139, de 30.11.1995)
Pergunta: Numa apelação, o apelante não requer o julgamento do agravo retido. O apelado
apresenta recurso adesivo. Pode o apelante formular o requerimento nas contra-razões do
recurso adesivo?
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Depende. Se o interesse no julgamento do agravo retido já existisse por ocasião da apelação,
haveria preclusão. Se o interesse do julgamento do agravo retido só ocorrer após a apelação
adesiva, terá o apelante o direito de formular requerimento de julgamento do agravo retido nas
contra-razões de apelação adesiva – única hipótese de requerer o julgamento do agravo após a
interposição da apelação. Ex: ação de investigação de paternidade, cumulada com pedido de
alimentos. Ver jurisprudência do STJ: RESP 121.730 – PR. O juiz indeferiu o exame de dna,
autor interpõe agravo retido, e a outra parte interpõe as contra razões dizendo que não é pai,
então o autor interpõe apelação adesiva para julgar o primeiro agravo retido.
Observações:
a) O art. 523, § 3º fala em A. I. J, mas a doutrina caminha no sentido de estender essa regra
também para as audiências preliminares (audiências de tentativa de conciliação e
saneamento do feito – art. 313, CPC).
b) Se a decisão do juiz causar lesão grave ou de difícil reparação tem que ser utilizado o
agravo de instrumento no Tribunal de Justiça, apesar de a decisão ser proferida na A. I. J.
Para saber se é o caso de lesão grave ou de difícil reparação tem que se analisar o caso
concreto. Mas se o advogado entender que é o caso de lesão grave ou de difícil reparação,
mas o Desembargador não considerar assim e indeferir o agravo, o prazo para a
interposição do agravo retido estará precluso, pois este deveria ser interposto
imediatamente. O que fazer nesse caso? Deve o advogado deixar registrado o protesto (art.
867, CPC) para ressalvar direitos, e propor o agravo de instrumento dentro do prazo. Se o
Desembargador entender que não é o caso de lesão grave ou de difícil reparação, deverá
converter o agravo de instrumento em agravo retido. Essa decisão foi dada pela Ministra
Nancy Andrighi, STJ. O protesto é importante para garantir a tempestividade do agravo,
caso venha a ser convertido em retido.
Art. 867. Todo aquele que desejar prevenir responsabilidade, prover a conservação e
ressalva de seus direitos ou manifestar qualquer intenção de modo formal, poderá fazer por
escrito o seu protesto, em petição dirigida ao juiz, e requerer que do mesmo se intime a
quem de direito.
66
3) AGRAVO DE INSTRUMENTO
3.1) Conceito → é a modalidade de agravo que somente poderá ser utilizada por aquele que
necessita obter desde logo o reexame de uma decisão interlocutória proferida em seu desfavor
em razão de os efeitos dessa decisão causar-lhe “lesão grave e de difícil reparação”.
3.2) Leitura da cláusula geral – “Lesão grave e de difícil reparação” (conceito subjetivo, vago e
indeterminado)
Os casos de interposição de agravo de instrumento são os seguintes:
a) Diante de decisão interlocutória que envolver tutela jurisdicional de urgência, que não
pode aguardar o decurso do tempo (tutela que está assentada no periculum in mora).
Exemplos: liminares em ações cautelares; tutelas antecipadas (art. 273, I); tutelas
antecipadas específicas (liminar em mandado de segurança, liminar em ação civil pública,
liminar em ação de improbidade, alimentos provisórios); ação popular.
b) Diante de decisão interlocutória que reclama agravo de instrumento por imposição legal.
Exemplos:
Art. 522, CPC (inadmissão da apelação e decisão interlocutória em relação aos efeitos
em que é recebida);
Art. 475-H (decisão interlocutória que julga liquidação de sentença);
Art. 475-M, § 3º (decisão interlocutória que rejeita a impugnação apresentada pelo
devedor na fase de cumprimento da sentença. Obs.: se o juiz acolher a impugnação o
processo será extinto, cabendo a parte perdedora apelação);
Art. 17, § 10, Lei 8.429/92 (Lei da Improbidade Administrativa) – protocolada a petição
inicial o juiz manda notificar o réu para apresentar defesa preliminar, podendo inclusive
ventilar matéria de mérito, e o juiz vai decidir se rejeita a petição inicial (hipótese de
recurso de apelação) ou pode rejeitar a defesa preliminar e mandar citar o réu para
apresentar contestação (hipótese de recurso de agravo de instrumento)
10/06/08
67
c) Decisões interlocutórias em relação às quais é verificada uma situação de incompatibilidade
do sistema com a utilização do agravo retido. Se o sistema processual observado não
comporta o agravo retido, deverá ser utilizado o agravo de instrumento, ou seja, quando for
verificada uma situação de incompatibilidade do sistema com a utilização do agravo retido.
Exemplos:
Numa ação indenizatória se o juiz da Vara Cível se dá por incompetente dizendo que a
ação deverá ser interposta mediante o Juizado Especial Cível – o recurso que deve ser
utilizado é o agravo de instrumento.
Processo do Trabalho – não existe agravo retido.
No processo de execução por título extrajudicial (termina apenas e tão somente com as
sentenças que estão elencadas no art. 794, CPC) – o recurso será o agravo de
instrumento.
Inventário (similar com o processo de execução, pois não tem sentença apelável) –
havendo qualquer tipo de decisão interlocutória, o agravo tem que ser o agravo de
instrumento.
d) Decisões interlocutórias diante das quais a utilização da modalidade retida implicar em falta
de interesse em recorrer. Exemplo: julgamento antecipado da lide.
Pode documento obrigatório ser dispensado? Sim, como agravo interposto antes da intimação e
depois da sentença.
São entendidos como pressupostos recursais do agravo de instrumento, não sendo admitido ,
Agravante
Obrigatórios (art. 525, I) → cópia da decisão interlocutória; cópia da certidão de
intimação (para demonstrar a tempestividade do recurso); cópia das procurações dos
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advogados do agravante e do agravado (para que este possa ser intimado no
Tribunal).
Necessários (jurisprudência) → documentos que apesar de não serem obrigatórios
podem ser determinantes para o julgamento do agravo.
“ o agravo de instrumento deve ser instruído com as peças obrigatórias e também com
as necessárias à correta apreciação da controvérsia, nos temos do art.525, II, do CPC.
A ausência de qualquer delas obsta o conhecimento do agravo.”
Facultativos (art. 525, II) → qualquer documento que o agravante entender útil, não é
necessário que faça parte do processo.
Agravado
Facultativos → por isonomia, se o agravante pode apresentar documentos
facultativos, o agravado também poderá apresentar qualquer documento que julgar
conveniente nas contra-razões (art. 527, V).
Art. 527. Recebido o agravo de instrumento no tribunal, e distribuído incontinenti, o relator:
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
V - mandará intimar o agravado, na mesma oportunidade, por ofício dirigido ao seu
advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para que responda no prazo de 10
(dez) dias (art. 525, § 2 o), facultando-lhe juntar a documentação que entender conveniente,
sendo que, nas comarcas sede de tribunal e naquelas em que o expediente forense for
divulgado no diário oficial, a intimação far-se-á mediante publicação no órgão oficial;
(Redação dada pela Lei nº 11.187, de 2005)
3.4) Procedimento
Decisão interlocutória
Em 3 dias da interposição ↓ Prazo de 10 dias
do agravo de instrumento, Agravo de instrumento
deve se comunicar ao juiz
do 1º grau a interposição Será interposto no TJ ou
(art. 526, CPC) indicando ↓ protocolado no Correio
inclusive quais os (art.524)
documentos presentes no
agravo de instrumento.
Desembargador Relator
↓
A exigência do art. 526 é O Des. Relator chamará o Prazo de 10 dias
69
necessária para facilitar a
agravado para apresentar contra-
apresentação das contra-
razões (art. 527, V)
razões pelo agravado.
↓
3 Desembargadores
Câmara Cível julga o Agravo de
(não tem revisor e nem
Instrumento sustentação oral)
4) EFEITOS GENÉRICOS
4.1) Devolutivo (retido e de instrumento) → vide teoria geral dos recursos.
O professor vislumbra a possibilidade de aplicação analógica das regras da apelação do
art. 515 para o agravo. Mas na prática os Desembargadores ainda não vêm aplicando.
Art. 558. O relator poderá, a requerimento do agravante, nos casos de prisão civil,
adjudicação, remição de bens, levantamento de dinheiro sem caução idônea e em outros
casos dos quais possa resultar lesão grave e de difícil reparação, sendo relevante a
fundamentação, suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da
turma ou câmara. (Redação dada pela Lei nº 9.139, de 30.11.1995)
Obs.: Não é necessário requerimento da parte para que o Desembargador conceda o efeito
suspensivo ou o efeito ativo.
16/06/08
EMBARGOS INFRINGENTES
1) Introdução
1.1) Noção: é um recurso tendente a ser extinto – já quase foi eliminado na última reforma do
CPC, em 2001, sendo “salvo” por Barbosa Moreira, sob o argumento de que os recursos
que ele julgou como Desembargador do TJRJ, os mais interessantes foram os de
embargos infringentes. Ele ocorre quando o julgamento, nas Câmaras Cíveis, não é
unânime, ou seja, o placar foi de 2 x 1. Na última reforma do CPC de 2001, ficou claro a
restrição ao cabimento dos embargos infringentes somente para apelação e ação
rescisória (art. 530, CPC).
1.2) Conceito: é o recurso que tem por objetivo fazer prevalecer o voto minoritário proferido em
acórdão não unânime (2 x 1), que tenha reformado sentença de mérito em recurso de
apelação (se o acórdão, ainda que não unânime, for no mesmo sentido da sentença de 1º
grau, não caberá os embargos infringentes), ou então que tenha julgado procedente
pedido formulado em ação rescisória. A lógica para permitir os embargos infringentes
somente na hipótese em que o acórdão tenha reformado sentença de mérito em recurso
de apelação, e não se o acórdão for no mesmo sentido da decisão de 1º grau, é porque,
no 1º caso, o scorre final da manifestação do Poder Judiciário será de um empate, ou
seja, 2 x 2, contando os votos do juiz de 1º grau e da câmara cível; já no 2º caso, o scorre
será de 3 x 1, não havendo dúvida sobre a posição final do Poder Judiciário acerca da
matéria.
Entretanto, como se pode deduzir qualquer crítica jurídica contra a decisão recorrida nos
embargos infringentes, outra corrente (a qual adere o Zenkner) entende que se trata de
recurso de fundamentação livre – o que é limitado é apenas o campo em que recairá o
recurso, qual seja, aquilo que foi objeto de divergência na câmara cível.
Recurso de fundamentação vinculada é aquele em que a lei discrimina o tipo de crítica
jurídica que pode ser deduzida contra a decisão recorrida. Exemplo: recurso especial, que
está vinculado à demonstração que a decisão recorrida ofende lei federal.
1.4) Incidência: a divergência que se deve estabelecer entre os Desembargadores, para efeitos
de embargos infringentes, deve estar na parte dispositiva do acórdão, o que significa que,
se houver divergência dos desembargadores na parte da fundamentação, isto não será
motivo para impetração de embargos infringentes, tendo em vista o princípio do iuri novit
cúria.
Revisão:
Teoria da asserção: as condições da ação devem ser afirmadas na petição inicial. Faz-se coisa
julgada material, porém a causa é julgada com resolução do mérito (sentença de mérito, com
base no art. 269, I, CPC), porém improcedente, se verificado posteriormente a ausência de
alguma das condições da ação;
Teoria da apresentação: as condições da ação devem ser provadas (apresentadas) no curso
do processo. Faz-se coisa julgada material, porém a causa é julgada sem resolução de mérito
(sentença terminativa, com base no art. 267, VI, CPC), pela falta da condição da ação
verificada posteriormente.
23/05/08
2) PRINCIPAIS EFEITOS
2.1) Devolutivo restrito (art. 530, parte final)
Art. 530. Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado,
em grau de apelação, a sentença de mérito, ou houver julgado procedente ação rescisória.
74
Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.
(Redação dada pela Lei nº 10.352, de 26.12.2001)
É chamado de efeito devolutivo restrito, em razão do disposto na parte final do art. 530, do
CPC, pois fica limitada à matéria objeto da divergência. A devolutividade dos embargos
infringentes fica restrita aquilo que foi divergente.
2.2) Suspensivo
O Código de Processo Civil não fala nada a respeito do efeito suspensivo dos embargos
infringentes. Também o regimento do Tribunal de Justiça é silente a esse respeito.
A interposição dos embargos infringentes não tem o condão de alterar a situação vigente
em primeiro grau de jurisdição no tocante à eficácia da sentença (ou seja, o que está
acontecendo no 1º grau continua a acontecer independentemente da interposição de
embargos infringentes).
Se o autor se beneficia da eficácia da sentença, ele continuará se beneficiando. Se não
tiver se beneficiando, continuará sem se beneficiar.
2.3) Translativo
Possibilidade de se verificar questões de ordem pública, no julgamento dos embargos:
1ª corrente (Ernani Fidelis dos Santos – minoritária) → em sede de embargos infringentes
o Tribunal somente pode analisar matéria de julgamento não unânime (devolutividade
restrita), razão pela qual as questões de ordem pública somente poderão ser objeto de
julgamento caso constituam a questão suscitada do próprio recurso (só se for o próprio
objeto dos embargos infringentes – ex: dois Desembargadores entenderam que era caso
de prescrição e um não).
2ª corrente (STJ e doutrina majoritária) → é perfeitamente admissível a apreciação de
matéria de ordem pública no âmbito dos embargos infringentes já que se as mesmas
ainda não foram enfrentadas não incide sobre elas a preclusão (art. 301, § 4º e art. 267, §
3º, CPC).
Art. 301, § 4o Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de ofício da matéria
enumerada neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
Art. 267, § 3o O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto
não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu
que a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá
pelas custas de retardamento.
Para essa corrente, se não couber embargos infringentes, a parte não tem como fazer
chegar aos Desembargadores a questão de ordem pública.
75
3) Admissibilidade
3.1) Em se tratando de apelação
Para que seja admissível o recurso de embargos infringentes contra acórdão que julgou
recurso de apelação, são necessários os seguintes requisitos:
a) Tenha a apelação sido conhecida à unanimidade ou não, pois a divergência entre os
Desembargadores tem que estar no mérito e não na admissibilidade.
Observação final
Não cabem embargos infringentes contra Acórdão que julga apelação
interposta contra sentença proferida em mandado de segurança (Súmula
597, STF e Súmula 169, STJ), porque o procedimento do mandado de
segurança é célere.
Súmula 597, STF: NÃO CABEM EMBARGOS INFRINGENTES DE ACÓRDÃO QUE, EM
MANDADO DE SEGURANÇA DECIDIU, POR MAIORIA DE VOTOS, A APELAÇÃO.
Súmula 169, STJ: SÃO INADMISSIVEIS EMBARGOS INFRINGENTES NO PROCESSO DE
MANDADO DE SEGURANÇA.
24/06/08
3.2) Em se tratando de ação rescisória
76
No julgamento de ação rescisória, poderão acontecer:
Rescindente Rescisório
A 3x0 3x0
B 3x0 2x1
C 2x1 3x0
D 2x1 2x1
E 2x1 Sem juízo rescisório
A alternativa A não será caso de embargos infringentes, pois não houve divergência.
Nas demais possibilidades, existem três correntes doutrinárias acerca do cabimento dos
embargos infringentes:
11
MOREIRA, Barbosa. Comentários ao CPC. Editora Forense. P. 531.
12
WAMBIER, Luis Rodrigues. Comentários a 2ª fase da reforma do CPC.
13
Pág. 436
14
Artigo: Embargos Infringentes e seu novo perfil.
77
1ª corrente (vários acórdãos do STJ15) → se o CPC não trouxe referência ao reexame
necessário e não houve inclusão após a reforma, é porque o legislador não quis
contemplar o reexame necessário com os embargos infringentes. Interpretação literal e
restritiva. Além disso, reexame necessário não é recurso. Corrente do Professor (que é
contra os embargos infringentes).
2ª corrente (Barbosa Moreira e Araquém de Assis 16, vários acórdãos do STJ) → em razão
do reexame necessário ter os mesmos objetivos da apelação, se houver divergência deve
ser admitido esse recurso. Há um argumento desta corrente que o professor considera
interessante, mas que, no entanto, não o convence do cabimento dos embargos
infringentes em reexame necessário: se a Fazenda Pública não recorrer e o julgamento do
reexame necessário for contrário ao particular, este poderá recorrer, utilizando-se dos
embargos infringentes.
4) Procedimento
4.1) Regramento previstos nos Regimentos Internos
Cuidado: O procedimento dos Embargos Infringentes está estabelecido no CPC e,
também, nos Regimentos Internos dos Tribunais. Nem sempre as regras de um Tribunal
valem para os outros. Pode acontecer que haja uma disparidade entre a regra do RI e a
regra do CPC, caso em que prevalecerá a regra do CPC.
4.2) Interposição
4.3) Distribuição ao relator
4.4) Intimação para contra-razões
4.5) Admissibilidade (art. 531, CPC)
4.6) Julgamento Colegiado
15
FUX, Luis. Livro.
16
ASSIS, Araquém. Livro.
78
Se a admissibilidade for
-
negativa, caberá agravo Admissibilidade
interno, no prazo de 5 dias (novo relator)
(Art. 532).
+
Julgamento Colegiado
ACÓRDÃO
Capítulo 1 Capítulo 2
Dano Moral Dano material
3x0 2x1
(ofende Lei Federal) (reforma a sentença)
79
Prazo de 15 dias. Conforme art.
498, não perderá o prazo para a
Deve interpor apenas
interposição do recurso especial,
os Embargos
pois o prazo não começará a
infringentes correr até que seja julgado os
embargos infringentes.
Acórdão do julgamento
dos embargos
infringentes
Começa a contar o prazo de 15
dias para a interposição do
Recurso especial
Interposição do
Recurso Especial