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TJRN

PJe - Processo Judicial Eletrônico

21/07/2023

Número: 0802341-91.2023.8.20.5121
Classe: IMISSÃO NA POSSE
Órgão julgador: 3ª Vara da Comarca de Macaíba
Última distribuição : 12/05/2023
Valor da causa: R$ 38.860,00
Assuntos: Imissão na Posse
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
GAETAN GUY SERGE MOUSSA (AUTOR) RODRIGO EMANUEL RABELO DOS SANTOS PEREIRA
(ADVOGADO)
LIDIA NETA DA SILVA (REU)
Companheiro de Lidia Neta da Silva (REU)
2ª Defensoria Cível de Macaíba (DEFENSORIA (POLO
PASSIVO))
Documentos
Id. Data Documento Tipo
103287237 17/07/2023 Decisão Decisão
08:55
Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Norte
Tribunal de Justiça
3ª Vara da Comarca de Macaíba

Processo nº 0802341-91.2023.8.20.5121

IMISSÃO NA POSSE (113)

Promovente: GAETAN GUY SERGE MOUSSA

Promovido(a): LIDIA NETA DA SILVA e outros

DECISÃO

I. Relatório

Trata-se de IMISSÃO NA POSSE com pedido de tutela de urgência, proposta por GAETAN
GUY SERGE MOUSSA, qualificado(a), em face de LIDIA NETA DA SILVA, igualmente
qualificado.

O autor alega, em síntese, que:

a) através de procedimento público de venda direta da Caixa Econômica Federal, adquiriu o


imóvel situado na Rua Dalmira Maurício de Oliveira, 68, Loteamento Eco Vende II, Centro,
Bom Jesus/RN;

b) o imóvel foi consolidado pela CEF em 29 de setembro de 2017 e o autor, após a aquisição,
notificou a ré para desocupá-lo, contudo, em resposta, foi caluniado por áudio e a
possibilidade de consenso foi frustrada;

c) a ré está na posse indevida do bem desde 29.09.2017, não restando alternativa senão o
manejo da presente ação.

Ao final, requereu a antecipação da tutela, a fim de ser imitido na posse do imóvel, sem a
oitiva da parte contrária.

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A inicial foi instruída com os documentos de Id 100104045 – 100104053.

Estabelecido o contraditório, o promovido, através da defensoria pública, apenas requereu a


habilitação nos autos (Id 100209160).

É o que importa relatar.

II. Fundamentação

Recebo a inicial, haja vista estarem presentes os pressupostos processuais e as condições da


ação.

Conforme disciplina o art. 300 do CPC, a concessão da tutela de urgência pressupõe: a) a


probabilidade do direito; b) o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo; c)
ausência de perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Em sede de cognição sumária, vê-se presente os pressupostos para a concessão do pleito


antecipatório.

A imissão na posse é a ação daquele que detém o domínio da coisa (natureza petitória), sem
nunca haver exercido a posse. Assim, possui como requisitos a existência de título de
propriedade e o fato de nunca haver o proprietário gozado ou fruído da posse.

A pretensão da medida encontra guarida no art. 1.228 do Código Civil, verbis: "O proprietário
tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer
que injustamente a possua ou detenha."

Para que a ação de imissão seja exitosa, cabe ao autor comprovar a propriedade do bem e a
posse injusta do réu (art. 1.228 do Código Civil).

Por outro lado, quando o imóvel reivindicado for objeto de garantia fiduciária pelo Sistema
Financeiro Imobiliário, como na hipótese em testilha, a liminar de imissão ou reintegração na
posse deve ser analisada à luz do art. 30 da Lei 9.514/97, que disciplina:

Art. 30. É assegurada ao fiduciário, seu cessionário ou sucessores, inclusive o


adquirente do imóvel por força do público leilão de que tratam os §§ 1° e 2° do art.
27, a reintegração na posse do imóvel, que será concedida liminarmente, para
desocupação em sessenta dias, desde que comprovada, na forma do disposto no art.
26, a consolidação da propriedade em seu nome.

No caso dos autos, o autor logrou comprovar a consolidação da propriedade e consequente


aquisição do bem, conforme contrato de Id 100104047, devidamente registrado, e certidão de
titularidade de Id 100104049.

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De outra banca, a posse injusta da ré está, a princípio, comprovada através dos áudio que o
autor relacionada na inicial (Id 100104039), bem como mediante os diálogos via whatapp
apresentados (Id 100104053), nos quais se percebe a inequívoca ciência da parte ré acerca da
propriedade do autor.

No áudio é possível se ver que a pessoa que responde às mensagens, o qual se identificada
com companheiro da ré, chega a dizer que iria na CEF analisar a situação do imóvel bem
como que já teria acionado a defensoria pública para se defender.

Cabe acrescer que, em que pese intimada, inclusive através do seu companheiro, de nome
João Maria Mota da Silva (Id 100485728), a parte ré não se manifestou nos autos, mas apenas
pediu habilitação por parte da Defensoria, o que já ocorreu (ID 102658878).

O perigo da demora, de sua vez, também se faz presente, pois com a ocupação injusta da ré,
retira-se do autor, adquirente do imóvel, o direito de usufruto, gozo e disposição do bem.

Por fim, não há falar em perigo de irreversibilidade do provimento, haja vista que o imóvel
poderá ser restituído a ré a qualquer momento, na hipótese de reforma desta decisão.

Assim, nos termos do art. 30 da Lei nº 9.514/97, encontram-se presentes os pressupostos para
a concessão do pleito antecipatório.

III. Dispositivo

Ante o exposto, DEFIRO o pedido de tutela de urgência formulado na inicial, nos termos do
art. 30 da Lei 9.514/97.

Intime-se a ré, pessoalmente, para desocupar o imóvel no prazo de 60 (sessenta) dias, sob
pena de imissão na posse do imóvel pelo autor.

Nos termos do art. 334, caput, do CPC, designe-se audiência de conciliação conforme
pauta disponível.

As partes devem ser advertidas de que a audiência somente não ocorrerá se ambas
manifestarem desinteresse, bem como que o não comparecimento injustificado à audiência de
conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça, podendo ser sancionado com
multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida
em favor da União ou do Estado (art. 334, §8º, do CPC).

Intime-se o(s) autor(es) através do advogado habilitado (art. 334, §3º, do CPC). Cite-se e
intime-se o(a) réu, ressaltando que poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15
(quinze) dias, a contar da audiência de conciliação (art. 335, I, do CPC) e que, em caso de não
contestar o pedido, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato
formuladas pelo autor (art. 344 do CPC).

Decorrido o prazo para contestação, intime-se a parte autora para, no prazo de quinze dias
úteis subsequentes, apresentar manifestação, oportunidade em que:

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I – havendo revelia, deverá informar se quer produzir outras provas ou se deseja o julgamento
antecipado;

II – havendo contestação, deverá apresentar réplica, manifestando-se inclusive sobre as provas


colacionadas a eventuais questões incidentais;

III – em sendo formulada reconvenção com a contestação, deverá a parte autora apresentar
resposta à reconvenção.

Após, façam-se conclusos os autos.

Macaíba, data do sistema.

JOSANE NORONHA

Juíza de Direito em substituição legal

(Documento assinado eletronicamente)

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