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Você foi procurado pelo empregador, que pediu que recorresse, entregando-lhe substabelecimento.
Aos onze de outubro de 2019, às 17:00 horas, na sala de audiências da 50ª Vara do Trabalho de Belo
Horizonte/MG, presente o Dr. Data Venia, Juiz do Trabalho, foi realizada a audiência de leitura e
publicação de sentença nos autos da ação trabalhista postulada por Berico Almeida em face de Tectron
Tecnologia e Informação S.A.
Aberta a audiência foram, de ordem do MM. Juiz do Trabalho, apregoadas as partes.
Ausentes.
A seguir, passou o Juiz a proferir a seguinte decisão:
Vistos etc...
Berico Almeida, qualificado no preâmbulo da inicial, ajuíza em 22/6/2019, ação trabalhista em face de
Tectron Tecnologia e Informação S.A. alegando ter sido contratado pelo réu em 14.12.2013, para
exercer as atribuições de agente de TI, presencialmente. Em dezembro de 2017, firmou termo para
passar a exercer as atividades fora do estabelecimento da ré, o que teria configurado alteração contratual
lesiva, pois, dentre outros motivos, preferia trabalhar lado a lado com os colegas de trabalho e acabava
trabalhando até mais do que antes. Sustenta, ainda, que antes da alteração, teria direito a 2 horas extras
por semana e que a partir de dezembro de 2017, deixou de ter cartão de ponto, mas continuou fazendo,
horas extras, em média, 4 horas extras por semana. Pede seja reconhecida a nulidade da alteração lesiva
e que o contrato seja considerado como presencial ao longo de todo o pacto e para todos os fins,
inclusive para pagamento das horas extras com os reflexos em 13º, férias com um terço e FGTS. Pede,
ainda, seja declarada a natureza salarial e determinado o pagamento dos mesmos reflexos indicados
quanto às horas extras da parcela que passou a receber mediante depósito em conta, junto com o salário,
todo mês, no importe de R$200,00. Nos contracheques, a mencionada quantia vinha indicada sob a
rubrica "internet/telefone".. Pede justiça gratuita. Atribuiu à causa o valor de R$60.000,00. Com a inicial
vieram os documentos de fls. xx, a procuração e a declaração de pobreza.
Citada em 16/09/2019, a ré compareceu à audiência UNA, realizada em 19/09/2019, acompanhada de
advogado, que requereu a redesignação da audiência (não conseguiu apresentar todos os documentos
pelo exíguo prazo para apresentar a defesa), o que foi indeferido, sob protesto. Na defesa, sustentava a
regularidade da alteração contratual; a ausência do direito a horas extras e a regularidade dos
pagamentos que passaram a ser feitos a partir de dezembro de 2017. Com a defesa, apresentava os
cartões de ponto até novembro de 2017 e cópia do termo de adesão ao plano de demissão voluntária,
com quitação ampla, geral e irrestrita quanto ao contrato de trabalho.
Após manifestação do Autor, foram ouvidas as partes e duas testemunhas levadas por cada uma das
partes.
Todos os ouvidos, inclusive o autor, confirmaram que assinaram o plano de demissão voluntária um mês
antes do ajuizamento desta ação.
Encerrada a instrução, produziram, as partes, suas razões finais orais.
No dia seguinte ao da realização da audiência UNA, a ré apresentou o contrato de trabalho do autor e
outros documentos relativos às condições de trabalho alteradas a partir de dezembro de 2017, inclusive
acordo entre as partes para a mudança do regime de trabalho presencial para o de teletrabalho. Os
documentos foram excluídos do sistema, sob protestos da ré.
Frustrada a segunda tentativa de conciliação.
Para julgamento foi designado o dia 11/10/2019, às 17h. É o relatório.
I. DO INDEFERIMENTO DA DEFESA E DOCUMENTOS. DA CONFISSÃO
Sem lugar o protesto registrado pelo indeferimento do requerimento de redesignação da audiência. O
momento para a apresentação da defesa com documentos é a audiência. Se a ré pretendia apresentar
documentos, deveria incluí-los no sistema com a defesa até o dia 19/09/2019, sob pena de preclusão.
Ademais, tendo sido citada a ré no dia 16/09/19, teve tempo razoável para se preparar. Assim, sem lugar
a alegação da ré de que precisaria de mais um dia para incluir os documentos referentes ao contrato de
trabalho do autor que estariam na matriz em São Paulo.
Além disso, não se tratando de documentos novos, não se admite a juntada posterior à apresentação da
defesa. Mantenho as decisões.
Processo nº …
Requer, assim, seja o recurso admitido, aberta vista ao Recorrido para se manifestar no prazo
legal e, na sequência, remetidos os autos ao Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região,
para que seja conhecido e provido o recurso, a fim de cassar ou, eventualmente, reformar a
sentença conforme razões inclusas.
Local … Data …
Advogado … OAB …
Egrégia turma,
Diferentemente do sustentado pelo juiz, a Recorrente não teve tempo hábil para preparar sua
defesa. Esta foi citada para compor a relação processual em 16/09/2019, enquanto a
audiência Una estava designada para 19/09/2019.
O Recorrido declarou em seu depoimento pessoal ter aderido a plano de demissão voluntária
(“PDV”), dando quitação ampla, geral e irrestrita quanto ao contrato de trabalho. Em que pese
a confissão, o juiz de origem não apreciou tal fato na sentença e ainda julgou procedente a
ação.
Reverbera o art. 477-B da CLT que a adesão em PDV enseja na quitação plena e irrevogável
dada pelo empregado dos direitos decorrentes da relação empregatícia. De tal forma, o
Recorrido carece de interesse processual para reclamar qualquer verba relacionada ao
contrato de trabalho, pressuposto necessário para postular em juízo (art. 330, III do CPC).
São fatos incontroversos (art. 374, III, CPC) que o Recorrido fora admitido em 14.12.2013 e
que a ação foi ajuizada em 22/06/2019. A sentença por sua vez deferiu os pedidos da inicial,
sabendo que o Recorrido reclamou verbas relativas a todo o contrato de trabalho.
Os arts. 7º, XXIX, CR/88 e 11 da CLT fixam a prescrição quinquenal para a pretensão quanto
a créditos resultantes das relações de trabalho, sendo certo que esta matéria pode ser
alegada em qualquer tempo nas instâncias ordinárias, conforme súmula nº 153 do TST.
Desta forma, a sentença deve ser reformada para extinguir o feito com resolução do mérito
em relação as parcelas já exigíveis anteriores ao período de 22/06/2014, por estarem
prescritas.
3. MÉRITO
Se, eventualmente, ultrapassadas as preliminares e em observância à prejudicial de mérito,
passa-se às razões de mérito do Recurso.
O juiz de origem entendeu que a alteração contratual foi lesiva, que esta não poderia se dar
por ajuste escrito entre as partes e por não ter havido ajuste mediante negociação coletiva.
Não obstante, o §1º do art. 75-C da CLT admite a alteração por ajuste escrito entre as partes,
desde que pactuado por aditivo. O autor declara ter assinado o aditivo contratual prevendo a
alteração do regime de trabalho, fato que também foi confirmado pelos depoimentos colhidos.
Verifica-se, portanto, a regularidade da alteração contratual celebrada, sendo descabida a
alegação de que a alteração foi lesiva.
Ocorre que, bem na verdade, tais parcelas serviam “PARA O TRABALHO” do Recorrido e não
uma contraprestação PELO trabalho. Nesse sentido, o art. 75-D esclarece que cabe ao
empregador fornecer as condições de infraestrutura para o exercício do trabalho remoto, bem
como ao reembolso de despesas. Por fim, esclarece o parágrafo único do mesmo artigo, que
as verbas pagas pelo empregador ou utilidades fornecidas possuem natureza indenizatória.
Ademais, Como o valor pago (R$200,00) sequer supera a 50% do salário mínimo legal,
presume-se a natureza indenizatória dos pagamentos.
De tal forma, é manifestamente improcedente o direito do Recorrido, razão pela qual pede a
reforma da Sentença.
4) CONCLUSÃO
Pelo exposto, requer seja conhecido e provido este Recurso Ordinário para cassar ou
eventualmente reformar a sentença, julgando-se improcedentes os pedidos, invertendo-se os
ônus sucumbenciais e para julgar procedente os pedidos da Inicial.
Local e data…
Advogado … e OAB…
Assinatura …