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07/06/2018 TJDFT - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Circunscrição :1 ­ BRASILIA
Processo :2016.01.1.117304­4  
 
Vara : 115 ­ QUINTA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL
   
SENTENÇA
   
RELATÓRIO (ART. 489, I, CPC)
   
O  Ministério  Público  do  Distrito  Federal  e  Territórios  (MPDFT)  ajuizou  a  presente  ação  civil  pública  com  pedido
liminar  de  antecipação  de  tutela  em  desfavor  do  DISTRITO  FEDERAL  e  INTENSICARE  GESTÃO  EM  SAÚDE  LTDA
formulando os seguintes pedidos:
   
"I. ao DF, que:
   
a)apresente, no prazo máximo de 30(trinta dias) dias a esse juízo projeto de recuperação dos serviços de UTI do
HRSM,  comprometendo­se  a  executá­lo,  definitivamente,  no  prazo  máximo  de  06  (seis)meses,  da  concessão
dessa medida liminar, assumindo a gestão plena dos serviços relegados, indevidamente à segunda ré, sob pena
de multa diária (no valor de R$10 mil reais);
   
b)  glose,  imediatamente,  nas  NFs  apresentadas  pela  contratada,  a  partir  da  concessão  dessa  medida  liminar,
todo e qualquer pagamento relacionado com leitos bloqueados e valores a título de lucro;
   
c)  nomeie,imediatamente,  servidor  para  acompanhar  detidamente  a  prestação  de  contas  ofertada  pela
contratada, durante o período que resta ao DF, para retomar os serviços em tela;
   
d) abstenha­se de empenhar, liquidar, pagar e/ou reconhecer dívidas em favor da empresa Intensicare, até que
proceda, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, ao imediato ajuste de contas, que deverá contemplar a glosa pelos
valores alusivos aos leitos bloqueados/em desuso/inativos, os quais não podem jamais ser admitidos; o valor do
lucro indevido, consoante as Decisões 437/11 e 553/2014­ TCDF, abatendo­se o valor do sobrepreço preconizado
pela  Polícia  Federal,  desde  o  início  da  vigência  do  Contrato  221/13  (o  último)  até  a  data  da  concessão  dessa
liminar, sob igual pena de multa cominatória, diária de R$10mil reais, em caso de descumprimento, e 
   
II. à Intensicare:
   
a)que  cumpra,  imediatamente,  a  RDC  07,  antes  citada,  durante  o  período  em  que  se  mantiver  prestando,
temporariamente, os serviços em questão, ou seja, até, no máximo, os 06 meses deferidos pelo juízo, prazo em
que o GDF deverá ter recuperado a sua plena capacidade, sob igual pena de multa cominatória diária de R$10 mil
reais.
   
II­ Pedido Definitivo
   
Dessa forma, o MPDFT postula integral acolhimento e procedência de todos os pedidos a seguir:
   
a)a citação dos réus, nos endereços do preâmbulo desta inicial, para contestarem a presente ação. 
   
b) a procedência da ação, em face do notório estado de ilegalidade, confirmando­se a medida liminar de tutela
antecipada, condenando­se o réu, DF, ainda, à obrigação de fazer, consubstanciada na obrigação de executar o
projeto  de  recuperação  dos  serviços  de  UTI  do  HRSM,  dotando  o  referido  Hospital  de  plenas  condições,  para
prestar, diretamente,os referidos serviços, por meio de pessoal concursando;
   
c) a declaração de ilegalidade do Contrato 220/13 e posteriores pagamentos, sem cobertura contratual;
   
d)  a  condenação  da  contratada  a  ressarcir  aos  cofres  públicos  os  prejuízos  sofridos,  valores  os  quais  poderão,
ainda, ser apurados em liquidação de sentença;
   
e) a condenação da contratada em custas e honorários, e demais valores, como perícia, se necessário."
   
Para formular tais pedidos alegou que o DF firmou contrato para prestação de serviços de suporte e apoio médico
às atividades de assistência da UTI do Hospital Regional de Santa Maria.
   
Disse que ofertou representações para questionar a ilegalidade do contrato e para que fossem auditados.
   
Disse que o SES/DF passou a contratar diretamente antigos fornecedores sendo eles a Intensicare alegando que
não houve cuidado prévio de verificar a idoneidade da organização social contratada.
   
Falou  dos  riscos  concretos  da  terceirização  dos  serviços  de  saúde  pública  e  disse  ainda  que  o  DF  não  tratou  de
regularizar a situação, deixando de planejar previamente o que se faria ao término do contrato. Assim passaram
a realizar pagamento a Intensicare sem cobertura contratual.
   

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Finda a vigência do novo contrato, os serviços da Intensicare foram pagos, dizendo a parte autora que não houve
cobertura contratual quando foi realizado o contrato emergencial 220/13.
   
Tal contrato, de 180 dias foi prorrogado por mais 60 dias e até hoje a Intensicare presta serviços.
   
Afirmou ainda que a Intensicare veio reclamar a falta de licitação dos leitos de UTI oferecidos no HRSM nos autos
de outra ação civil pública reconhecendo prestar os serviços.
   
Afirmou a terceirização ilícita, posto que, sendo atividade fim não é possível terceirização.
   
Afirmou que a prestação do serviço é mera intermediação de mão de obra.
   
Mencionou repasse de recursos e decisões do TC/DF, bem como não haver cobertura contratual, com violação da
ordem cronológica dos pagamentos e prejuízo aos cofres públicos.
   
Assim, com tais alegações, formulou o pedido acima.
   
Com a inicial vieram os documentos de fls. 32/243.
   
Nova petição do MPDFT a fls. 246/248 com documentos de fls. 249/272.
   
Decisão de fls. 274 concedendo liminar e determinando citação. 
   
Petição  do  DF  a  fls.  279/282  com  documentos  de  fls.  280/292,  solicitando  autorização  de  pagamento  aos
profissionais de saúde.
   
Embargos de declaração a fls. 283/284 com documentos de fls. 285/292.
   
Decisão  de  fls.  294  determinando  o  pagamento  à  empresa  Intensicare  e  manifestação  do  DF  a  cerca  do
prosseguimento do feito.
   
Manifestação da empresa Intensicare a fls. 296/305 com pedido de reconsideração juntando documentos de fls.
307/357.
   
Pedido de reconsideração indeferido a fls. 359 e determinando vista de reconsideração ao MPDFT e ao DF.
   
Manifestação do MPDFT a fls. 361/366 com documentos de fls.367/390.
   
O DF se manifestou a fls.391/392 juntando os documentos de fls.393/405.
   
Embargo de declaração da Intensicare a fls. 406/408 com documentos de fls.409/414.
   
Decisão de fls.416/417 deferindo pedido para realização de pagamento direto dos salários.
   
Manifestação da Intensicare sobre o agravo de instrumento a fls. 422/426.
   
Contestação da Intensicare a fls.432/477 com juntada de documentos a fls.478/537.
   
Novamente,  a  Intensicare  interveio  no  feito  a  fls.  545/546,  havendo  no  caso  uma  certidão  interposta  à  petição
com fls.544.
   
Decisão de fls.547 concedendo prazo para cumprimento de determinações.
   
Decisão de fls.548 designando audiência.
   
A Intensicare interpôs agravo de instrumento a fls.549/551 com documentos de fls.552/600.
   
Documento dos coordenadores médicos a fl. 601/603.
   
O MPDFT se manifestou a fls.604/605 ofertando aditamento e juntando documento de fls.606/629.
   
Decisão de fls.631 determinando a certificação do MPT a cerca da audiência intimando o Secretário de Saúde.
   
Audiência  realizada  a  fls.636/637  deferindo  o  ingresso  do  MPT.  Na  mesma  audiência  foi  proferida  decisão  nos
seguintes termos:
   
"1)  Serão  pagos  integral  e  diretamente  pelo  Distrito  Federal  a  INTENSICARE  GESTÃO  EM  SAÚDE  LTDA.  o  valor
referente a três faturas mais antigas do ano base 2016, observado a legislação contábil pertinente, em aberto no
dia 21/12/2016, já deduzido o percentual de 10% (dez porcento) referente aos leitos bloqueados e 12,65 (doze

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vírgula  sessenta  e  cinco  porcento)  referente  ao  lucro,  bem  como  os  valores  devidos  a  título  de  INSS  que  serão
recolhidos diretamente pela Secretaria de acordo com as faturas apresentadas pelo SES/DF;2) que os percentuais
de  10%  (dez  porcento)  referente  aos  leitos  bloqueados  e  12,65  (doze  vírgula  sessenta  e  cinco  porcento)
referente ao lucro serão descontados do valor líquido após o abatimento da quantia referente ao INSS, a serem
depositados  pela  SES/DF  em  juízo;  3)  os  valores  repassados  diretamente  a  INTENSICARE  GESTÃO  EM  SAÚDE
LTDA. serão direcionados exclusivamente aos pagamentos dos empregados ( salários, demais verbas e benefícios
trabalhistas,  encargos  sociais  e  tributos);4)  o  juízo  determina  que  a  INTENSICARE  GESTÃO  EM  SAÚDE  LTDA.
realize  o  pagamento  dos  profissionais  contratados  em  até  24  horas  (vinte  e  quatro)  horas  a  contar  do  créditos
dos valores mencionados no item 1, sob pena de aplicação de multa diária de R$50.000,00 (cinqüenta mil reais),
bem como responsabilidade criminal, civil e administrativa e devolução dos valores; 5) a INTENSICARE GESTÃO
EM SAÚDE LTDA. fica obrigada a prestar contas dos valores pagos aos profissionais acima mencionados no prazo
de  cinco  dias  a  contar  do  pagamento  dos  referidos  profissionais,  nas  quais  devem  constar  os  comprovantes  de
todos  os  salários  e  encargos  pagos;  6)  o  pagamento  das  outras  faturas  a  serem  realizados  pela  Secretaria  de
Saúde a INTENSICARE GESTÃO EM SAÚDE LTDA. em relação aos serviços prestados na UTI do Hospital Regional
de Santa Maria deverão ser feitos judicialmente, deduzidos os valores referentes ao INSS, que serão recolhidos
diretamente pela  SES/DF  de  acordo  com  as  faturas  apresentadas;  7)  o  representante  dos  médicos  que  presta
serviço na UTI do Hospital Regional de Santa Maria deverá informar,em audiência a ser realizar junto a Justiça do
Trabalho, no dia 19/12/2016, o compromisso de continuarem prestando serviço na UTI do Hospital Regional de
Santa Maria, sob pena de suspensão da determinação constante do item 1; 8) o SES/DF comprometeu­se, ainda,
a apresentar cálculo do dimensionamento dos médicos intensivistas no prazo de 10 (dez) dias de forma analítica;
9) defiro o pedido do MPT para ingressar no presente feito como litisconsórcio ativo".
   
Despacho de fls.638 para proceder a correção do item1 em fls.634, mantendo­se inalterado os outros itens.
   
O MPT peticionou a fls.639/641, reiterando os pedidos anteriores e juntando documentos de fls.642/643.
   
Do  agravo  de  instrumento  interposto  há  notícia  da  distribuição  a  fls.644  com  documentos  de  fls.  645/646,
mandando intimação a fls. 647 e juntada de documentos a fls.649/662por cópia, embora protocolado.
   
Decisão de fls. 663 não conhecendo de pedidos formulados. 
   
Despacho de fls.665 determinando juntada de petições.
   
Petição de fls.666/669 da Intensicare em requerendo alvará para levantamento de valores e juntando decisão de
agravo a fls. 670/675 deferindo atribuição de efeito suspensivo ao agravo de instrumento interposto. Seguindo­se
os documentos até fls. 686.
   
Decisão de fls. 688/690 deferindo a entrada do feito do MPT e determinando a regularização processual.
   
Manifestação do MPDFT a fls. 691 v./693 com documentos de fls.694/701.
   
Após o DF formulou petição a fls.704 juntando documentos de fls.705/707.
   
A  Intensicare  formulou  petição  a  fls.708/711  para  expedição  de  alvará  juntando  com  documentação  de  fls.
712/774.
   
Despacho de fls.776 determinando cumprimento do 3º parágrafo da decisão de fls.690 o que foi cumprido a fls.
778.
   
Petição do DF a fls.779 juntando comprovante de depósito a fls.780/781.
   
Deferido pedido de liberação de valores a fls.783.
   
Contestação  do  DF  a  fls.785/797  sem  assinatura,  na  qual  afirma  que  a  contratação  se  configura  em  mera
intermediação de mão de obra e que a Lei 8080/90 e a Constituição Federal preconizam que a complementação
do  serviço  de  saúde  obedeceriam  os  limites  quando  "o  Estado  não  tiver  condição  de  suprir  a  demanda
diretamente, o que seria o caso". Mencionou a falta de interesse de agir, os limites de intervenção do MPDFT, a
possibilidade de interrupção do serviço público, a possibilidade de contratação, juntando jurisprudência e pedindo
a improcedência do pedido.
   
Com a contestação vieram os documentos de fls.798/806.
   
A  Intensicare  apresentou  petição  a  fls.807/808  requerendo  expedição  de  alvará  e  embargo  de  declaração  a
fls.809/810, o que foi indeferido a fls.812.
   
Petição do DF a fls.815 com documentação de fls.816/828.
   
Petição da Intensicare com agravo de instrumento a fls. 829 com documentos de fls.830/857.
   

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Mantida a decisão agravada a fls.859.
   
Petição da Intensicare fls.861/863 pedindo expedição de alvará com documentos de fls.864/865.
   
Despacho de fls. 867 abrindo­se vista ao DF e ao MPDFT.
   
Manifestação do DF a fls.869 requerendo intimação do MPT para acompanhar o feito e juntando documentação de
fls.870/878.
   
O Conselho Regional de Medicina enviou ofício e documentos de fls. 879/884.
   
Certidão a fls.885 de expedição de alvará
   
Documentos  de  fls.886/896  que  dizem  respeito  à  Intensicare  com  referência  a  pessoa  natural  de  Gustavo
Teixeira de Aquino.
   
Alvará assinado a fls.897 ao Senhor Gustavo Teixeira de Aquino.
   
Decisão interlocutória a fls.900 determinando­se réplica.
   
Decisão de fls.905 chamando o feito à ordem.
   
Ofício da Secretaria de Saúde a fls.910/917
   
Decisão interlocutória a fls.919 determinando expedição de alvará.
   
Petição do DF a fls.920/923 para revogação de liminar.
   
Alvará concedido a fls.925.
   
Nova petição do DF a fls.926 no mesmo sentido com documentos de fls.927/928
   
Ofício a fls.929/936.
   
A  Intensicare  interveio  no  feito  a  fls.938/940  requerendo  expedição  de  alvará  e  juntando  documentos  de
fls.941/962.
   
Decisão de fls.946 determinando a remessa ao MPDFT
   
a  Intensicare  se  manifestou  a  fls.948  requerendo  juntada  de  agravo  e  juntando  documentos  de  fls.949/962,  o
que foi certificado a fls.963.
   
Decisão mantida a fls.964
   
O MPDFT se manifestou a fls. 965v.
   
Informação de decisão pelo TJDFT a fls.968 v./970 dizendo sobre a regularidade do pagamento.
   
Despacho de fls.972 determinando o cumprimento do agravo.
   
A  Intensicare  protocolou  petição  a  fls.977/980  requerendo  emissão  de  alvará  e  juntando  documento  de
fls.981/989, assim também a fls.991/994 com documentos de fls.995/1012, novamente petição da Intensicare a
fls. 1013/1020e fls. 1021/1032 e ainda fls.1033/1035.
   
Réplica a fls.1036/1052 juntando documento de fls.1053/1125.
   
Decisão de fls.1127 determinando decisão de agravo de instrumento.
   
A fls.1133/1134 decisão determinando liberação de valores.
   
Manifestação da Intensicare a fls.1141/1147 com documentação de fls.1148/1153.
   
Novamente  petição  a  fls.  1158/1163  requerendo  nulidade  de  publicação  e  tempestividade  de  embargo  de
declaração.
   
Despacho a fls.1165 determinando vista sobre o embargo de declaração. Documentos juntados a fls.1169/1175
   
Foram protocolados documentos a fls.1167 com certidão a fls. 1177 esclarecendo as manifestações e petições.
   

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Petição do DF a fls.1176 sobre as verbas que poderiam ser pagas.
   
Manifestação a fls.1177 v./1178 onde o Ministério Público pede a apreciação de pedido da réplica.
   
Decisão interlocutória a fls.1190.
   
A  Intensicare  protocolou  petição  a  fls.1192/1196  requerendo  expedição  de  alvará  e  juntando  documentos  de
fls.1197/1206.
   
Determinação de intimação ao MP a fls.1209.
   
Comunicação  de  agravo  a  fls1211/1213  e  assim  também  a  fls.1216/1240  e  comunicação  de  ofício  a  feita  a  fls.
1245 sobre decisão de fls.1242/1244.
   
A  Intensicare  peticionou  a  fls.1247/1251  requerendo  expedição  de  alvará  e  juntando  documentos  de
fls.1252/1258.
   
Alvará expedido a fls.1260.
   
Decisão de fls.1264 determinando­se intimação do DF para cumprimento de decisão.
   
Nova petição da Intensicare a fls.1266/1271.
   
A fls.1272 o DF requereu prazo para explicações dos depósitos juntando documentos de fls.1273/1274.
   
Decisão de fls.1276 intimando o DF para cumprimento de decisão.
   
Decisão de 2º grau a fls.1279/1283 para autorizar liberação de valores.
   
Manifestações do DF a fls.1283 e1284esclarecendo sobre os depósitos.
   
Despacho a fls.1287 para cumprimento de decisão.
   
Manifestação do DF a fls.1291 com documentos de fls.1292/1307.
   
Ofício a fls.1309/1346.
   
O MP reiterou o pedido de antecipação de tutela a fls.1347/1354 com documentos de fls.1355/1381.
   
A fls.1383 o DF juntou documentos de fls.1384/1404.
   
Não há outras provas a produzir em relação aqui aos fatos apreciados.
   
Vieram os autos conclusos.
   
É o relatório.
   
FUNDAMENTAÇÃO (ART. 489, II, CPC)
   
Trata­se de pedido formulado pelo MPDFT em face dos requeridos para fornecimento de tratamento de saúde.
   
A decisão liminar está devidamente fundamentada no art. 196 da Constituição da República.
   
É  necessário  apontar  quem  são  os  requeridos,  e  estes  já  estão  indicados  pela  parte  autora  e  responderam
regularmente,  de  sorte  que  esta  decisão,  bem  como  a  concessiva  de  liminar  não  padece  de  vício  de  falta  de
fundamentação.
   
Esclareça­se que o pedido de fls.30/31 referem­se ao DF e em seu item C ao contrato 220/13, daí a presença da
Intensicare.
   
Fundamentação sucinta não significa falta de fundamentação e não se deve confundir pensamentos concisos com
falta de pensamentos.
   
Às vezes muito falar é pouco dizer.
   
O  fato  é  que  a  documentação  trazida  pelo  MPDFT  comprova  suas  alegações,  sem  necessidade  de  que  a  parte
requerida venha fazer acordos para inverter o pedido formulado e obter verbas públicas, posto que não se há que
fazer algo que se diga da possibilidade de ceder ou negociar com os impostos que pagamos a todo dia.
   

http://cache-internet.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?MGWLPN=SERVIDOR1&NXTPGM=tjhtml34&ORIGEM=INTER&CIRCUN=1&SEQAND=362&CDNUPRO… 5/6
07/06/2018 TJDFT - Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Saúde não é comércio. 
   
O  pedido  ministerial  está  fundamentado  na  dignidade  da  pessoa  humana,  direito  consagrado  na  parte
fundamental da Constituição da República.
   
O art.1º da Constituição Federal diz:
   
"Art.1º ­ A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui­se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
...  
 
III ­ A dignidade da pessoa humana".
   
Isso  significa  dizer  que  existem  conseqüências,  igualmente  normativas,  as  quais  decorrem  de  outros  artigos
constitucionais, notadamente art. 5 e art.196.
   
Nesse entendimento, a Constituição da República não se pautou pelo simples e mero acordo comercial, e é para
isso que o MPDFT agora chama à atenção.
   
As partes são legítimas, o pedido está composto e pode ser apreciado.
   
Não  se  diga  que  a  presente  decisão  não  está  fundamentada,  pois  a  própria  Constituição  Federal  fundamenta  a
presente decisão e os documentos constantes dos autos fazem prova do alegado, de sorte que, sendo legítimas
as partes e não havendo outras preliminares deve ser julgado o mérito.
   
No mérito as provas trazidas pelo MPDFT são suficientes para mostrar que o pedido pode ser deferido na medida
em que os documentos carreados aos autos demonstram as alegações.
   
Leve­se em conta também o artigo 5º e o artigo 196 da Constituição Federal conjugados com as apurações feitas
pelo  MP  e  juntadas  aos  autos,  de  modo  que  a  parte  requerida  não  conseguiu  produzir  provas  suficientes  para
eliminar as razões ministeriais.
   
Razão tem o MP ao apontar ilegalidades, de modo que segundo as provas carreadas aos autos devem ser julgado
procedente o pedido.
   
Não há como se desconhecer a veracidade do que o MPDFT veio a trazer aos autos.
   
O pedido deve ser julgado procedente.
   
DISPOSITIVO (ART. 489, III, CPC)
   
Pelo  exposto,  julgo  totalmente  procedente  o  pedido  tal  qual  formulado  pelo  MPDFT  nos  exatos  termos  em  que
formulado, revogando as decisões em contrário, sobretudo no que diz respeito ao levantamento de outros valores
públicos.
   
Excluo o MPT, pois esta lide não se refere as verbas trabalhistas, porém a contratos administrativos.
   
Eventuais  verbas  trabalhistas  deverão  ser  objeto  de  ação  própria  entre  os  trabalhadores  diante  da  justiça
especializada no trabalho, não cabendo a este juízo decidir sobre tais verbas.
   
Valores depositados deverão ser liberados para os cofres públicos.
   
Julgo extinto o feito com base no art 487, I, do CPC.
   
Condeno a parte requerida ao pagamento de verbas sucumbenciais.
   
P.R.I.
   
 
Brasília ­ DF, segunda­feira, 28/05/2018 às 09h51.
   
 
 
 
 
 
Processo Incluído em pauta : 28/05/2018
   

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