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FIESC
CURSO BACHARELADO EM DIREITO – TURMA 5º “B”
COLINAS DO TOCANTINS – TO
MAIO DE 2019
ALDECIR GOMES DA SILVA – RA: 2017001887
DÉBORA GOMES DOS SANTOS – RA: 2017010284
EDVAN CAIQUE P. DA LUZ – RA: 2017001884
LARISSA BRANDÃO FRANCO – RA: 2017001815
WALERY VITÓRIA MATOS VIEIRA SANTOS – RA: 2017002008
WESLEY GRAMACHO DA SILVA – RA: 2017002320
COLINAS DO TOCANTINS – TO
MAIO DE 2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................05
2. INFANTICÍDIO ................................................................................................................. 06
2.1. CONCEITO HISTÓRICO ................................................................................................ 06
2.2. O QUE VEM A SER INFANTICÍDIO.............................................................................. 06
2.3. QUANDO OCORRE INFANTICIDIO............................................................................. 07
2.4. O QUE É PUERPÉRIO..................................................................................................... 07
2.5. QUAL A CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................... 08
2.6. A OBJETIVIDADE JURÍDICA....................................................................................... 08
2.6.1. A objetividade material.................................................................................................. 08
2.6.2. Admite concurso de pessoas.......................................................................................... 08
2.6.3. Qual a teoria adotada...................................................................................................... 09
2.6.4. Consumação................................................................................................................... 09
2.6.5. Ação penal...................................................................................................................... 09
2.6.6. Competência................................................................................................................... 09
3. ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO
...................................................................................................................................................11
3.1. SUJEITO ATIVO ..............................................................................................................11
3.2. SUJEITO PASSIVO .........................................................................................................11
3.3. TIPO OBJETIVO...............................................................................................................12
3.4. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA...............................................................................12
3.5. TIPO SUBJETIVO............................................................................................................12
3.6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA ...................................................................................12
4. PROVOCAÇÃO DE ABORTO SEM O CONSENTIMENTO DA GESTANTE ...... 13
4.1. SUJEITO ATIVO.............................................................................................................. 13
4.2. SUJEITO PASSIVO.......................................................................................................... 13
4.3. OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................ 13
4.4. MEIOS DE EXECUÇÃO ................................................................................................. 14
4.5. CONTRAVENÇÃO PENAL ............................................................................................ 15
4.6. ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 15
4.6.1. Consumação ................................................................................................................... 15
4.6.2. Tentativa ........................................................................................................................ 15
4.6.3. Crime Impossível .......................................................................................................... 16
4.7. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA .............................................................................. 16
4.8. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS .......................................................................... 17
4.8.1. Ação Penal ..................................................................................................................... 17
5. ABORTO PROVOCADO COM CONSENTIMENTO DA GESTANTE..................... 18
6. FORMA MAJORADA (ART. 127 CP) ............................................................................. 19
6.1. CRIME PRETERDOLOSO .............................................................................................. 19
6.2. MORTE DA GESTANTE E ABORTO TENTADO ........................................................ 20
6.3. LESÃO CORPORAL LEVE OU GRAVE COMO MEIO NECESSÁRIO À PRÁTICA
DO ABORTO .......................................................................................................................... 20
7. ABORTO LEGAL. (ARTIGO 128 CP) ............................................................................ 21
7.1. FUNDAMENTO .............................................................................................................. 21
7.2. ABORTO NECESSÁRIO OU TERAPÊUTICO .............................................................. 21
7.3. ABORTO SENTIMENTAL. (ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE
ESTUPRO) .............................................................................................................................. 22
7.4. ABORTO EM CASO DE ANENCEFALIA ..................................................................... 23
7.5. ABORTO CONSENTIDO NO PRIMEIRO TRIMESTRE DA GESTAÇÃO ................. 24
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..................................................................................... 26
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo discorrer o tema infanticídio e aborto pelo direito
à vida, na condição intra ou extrauterina. São temas polêmicos pois envolve vários fatores, entre
eles a autonomia da vontade da mulher e o direito de escolha, no mais deverá ser o feto punido
porque sua genitora escolheu abortar e ou mesmo tirar a vida do filho. O embrião é um ser
humano em formação o qual carece da proteção da lei, o feto não é parte do corpo da gestante
e sim um ser independente com traços e genética única.
A doutrina, a ciência e a medicina não possuem um consenso sobre quando se inicia a
vida humana, por isso, existem algumas teorias nas quais iremos abordar, no entanto, nosso
entendimento assim como o de doutrinadores, que a vida começa na concepção e deve ser
assegurada sua proteção.
Do mesmo modo a dignidade da pessoa humana a qual é fundamento do Estado
Democrático de Direito, à vida como inviolável, onde discorreremos também de quando se
inicia a vida humana.
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2. INFANTICÍDIO
Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo
após: Pena – detenção, de dois a seis anos. CP/1940.
Significa matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante ou logo
após o parto, conduta que está elencada o artigo 123 do Código Penal. Cuja pena é de detenção
de 2 a 6 anos. O referido artigo protege a vida extrauterina
O infanticídio ocorre quando a mãe está em estado puerperal, que é aquele que
envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Neste momento, há
intensas alterações psíquicas e físicas, as quais chegam a transformar a mãe, deixando-a sem
plenas condições de entender o que está fazendo, razão pela qual se trata de situação de semi-
imputabilidade, ocasionando o tipo penal próprio do infanticídio.
É o período que se estende do início do parto até a volta da mãe às condições pré-
gravidez.
O que é estado puerperal? São transtornos físicos e psíquicos que podem ocorrer
durante o parto. consiste em elemento objetivo do tipo penal do crime de infanticídio e deve
ser atestado por um laudo psiquiátrico, comprovando o abalo psíquico da mãe, para que a
mesma seja enquadrada neste crime.
Até quando ocorre o estado puerperal? Não há certeza médica, devendo ser objeto
de perícia no caso concreto.
Quem é o sujeito ativo? A mãe da vítima, desde que ainda esteja sob a influência do
estado puerperal.
Quem é o sujeito passivo? É o ser humano recém-nascido, logo após o parto ou
durante ele.
O infanticídio é um crime? crime bi-próprio, pois este existe quando o tipo penal
exige condição especial do sujeito ativo e condição especial do sujeito passivo. Nesta infração
penal, o sujeito ativo é a parturiente e o sujeito passivo, o nascente ou neonato.
Qual elemento temporal? A ação deve ocorrer durante ou logo após o parto.
O que é necessário para haver esse crime? Para haver este crime é necessário que a
agente tenha agido com dolo, quer direito, quer eventual.
Dolo direto: o agente, sob a influência do estado puerperal, agindo durante ou logo
após o parto, quer a produção do resultado morte.
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Dolo eventual: com a sua conduta anterior o agente assume o risco da produção do
resultado morte.
Admite culpa? Não.
Concurso de pessoas: artigo 29: quem de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Artigo 30: não se
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime (são consideradas individualmente).
Salvo quando elementares do crime: algumas circunstâncias ou condições de caráter
pessoal que integram o tipo penal transmitem-se excepcionalmente aos demais agentes
(coautores e partícipes). É o que ocorre nesse artigo, que deveria ser aplicado exclusivamente
a mãe que sob influência do estado puerperal mata o próprio filho, neonato ou nascente,
durante o parto ou logo após. Porém, como essa condição de caráter pessoal é ementar do
crime, se integrar a esfera de conhecimento de quem lhe preste auxílio, a ele se transmite.
2.6.4. Consumação
Consumação e tentativa: o infanticídio, tal qual o homicídio, consuma-se com a
ocorrência do evento morte. Iniciada a execução, mas não ocorrente o resultado morte, por
circunstâncias alheias a vontade do agente, o infanticídio será tentado nos termos do inciso II
do artigo 14. A doutrina classifica a tentativa em duas espécies: perfeita e imperfeita. Perfeita:
embora esgotada a fase executiva, não se verifica a produção do resultado. Imperfeita:
iniciada a execução, o agente, por circunstâncias alheias a sua vontade, não consegue concluir
os atos executivos.
2.6.6. Competência
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Tribunal do júri. Exemplo: se a mãe mata o filho com o auxílio do pai? Eles
respondem por infanticídio. Se a mãe durante o estado puerperal matar o próprio filho
culposamente? temos um homicídio culposo. E se a mãe por equívoco, acaba por matar filho
de outra pessoa, confundido com o próprio filho? Ela responde normalmente por infanticídio,
como se tivesse matado o próprio filho, por se tratar de erro sobre a pessoa (art. 20, parag. 3
CP).
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Art. 124, provocar aborto em si mesmo ou consentir que outrem lho provoque: Pena
– detenção de um a três anos.
O aborto ocorre quando a gravidez é interrompida com a consequente destruição do
produto da concepção, a eliminação da vida intrauterina.
O aborto pode ocorrer entre a concepção e o início do parto. Depois disso avistam-se
as figuras típicas do homicídio ou do infanticídio. A tutela, proteção principal é a vida
intrauterina. A rigor, não se trata de crime contra a pessoa, mas contra a vida do ser humano
em formação que tem seus direitos garantidos.
O aborto em todas as suas figuras típicas é crime material, de resultado naturalístico,
exteriorizado, perceptível aos sentidos, de modo que, se exige o exame de corpo de delito.
Aborto próprio, artigo 124, 1ª parte; Aborto de mão própria = artigo 124, parte final.
Art. 125. Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena – reclusão, de três
a dez anos. CP/1940.
Esta é a modalidade mais grave do crime de aborto porque praticado sem o
consentimento da gestante. O delito pode ocorrer tanto nas hipóteses em que não há
efetivamente qualquer autorização por parte da mulher grávida (por exemplo, agressão contra
ela, ministração sorrateira de substância abortiva), como naquelas em que existe o
consentimento, mas a lei o considera inválido (nulo). Estes casos em que existe a autorização
no plano fático, porém despida de validade no plano jurídico, estão elencadas no art. 126,
parágrafo único, do Código Penal: a) se o consentimento foi obtido com emprego de violência;
b) se o consentimento foi obtido com emprego de grave ameaça; c) se o consentimento foi
obtido com emprego de fraude; d) se o consentimento foi prestado por gestante não maior de
14 anos; e e) se o consentimento foi prestado por gestante alienada ou débil mental.
Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa.
O aborto é tema controvertido para alguns, a gravidez tem início com a fecundação do
óvulo. Para outros, o início da gestação ocorre com a nidação (implantação do óvulo fecundado
no útero). Essa polêmica não é irrelevante, na medida em que, embora a nidação ocorra poucos
dias após a fecundação, há algumas substâncias que podem fazer efeito exatamente nesse
interregno – após a fecundação para evitar a nidação. É, por exemplo, o caso da pílula do dia
seguinte. Para os que entendem que a gravidez se inicia com a nidação, tal método não é
abortivo, mas para os que entendem que se inicia com a fecundação, sim. É bem verdade que
normas do Ministério da Saúde permitem o uso da pílula do dia seguinte no Brasil, e, com isso,
as mulheres que utilizem referido medicamento e os médicos que o prescrevam não correm o
risco de serem acusados por crime de aborto, já que, para os que entendem que a gravidez se
inicia com a nidação, o fato é atípico, e, para os que acham que já existe gravidez com a
fecundação, o uso constitui exercício regular de direito. A relevância do debate reside no fato
de que os defensores da tese de que a gravidez se inicia com a fecundação procuram convencer
as autoridades de que a pílula do dia seguinte deve voltar a ser proibida por ser abortiva.
Após o início da gestação, o aborto criminoso pode ocorrer até o momento do
nascimento. O produto da concepção passa por várias fases durante a gravidez, sendo chamado
de ovo nos dois primeiros meses, de embrião nos dois meses seguintes e, finalmente, de feto no
período restante. Conforme mencionado, o aborto pode ocorrer em qualquer dessas fases.
Só se pode cogitar de crime de aborto quando uma mulher está grávida. Não constitui
delito de aborto destruir embrião in vitro.
O aborto, em todas as suas figuras, é crime de ação livre, pois admite qualquer forma
de execução, desde que apta a provocar o resultado. Os métodos mais usuais são a ingestão de
medicamentos que causam contração no útero na fase inicial da gravidez, provocando o
descolamento do produto da concepção e sua consequente expulsão; raspagem ou curetagem;
sucção do feto; introdução de objetos pontiagudos pelo canal vaginal para provocar contração
uterina; utilização de choque elétrico, também para ocasionar contração no útero; uso de
instrumentos contundentes para agredir a gestante na altura do ventre (com ou sem seu
consentimento) etc.
O aborto pode, ainda, ser cometido por omissão. Exemplos: a) médico que, percebendo
a grande probabilidade de um aborto natural e ciente da existência de medicamentos que podem
evitar sua ocorrência, intencionalmente deixa de prescrevê-los; b) gestante, para a qual é
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O art. 20 da Lei das Contravenções Penais pune com pena de multa quem anuncia
processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto.
A lei penal somente pune o aborto provocado de forma dolosa. Todas as modalidades
de aborto criminoso podem ser praticadas com dolo direto, o que se verifica quando o agente
quer efetivamente causar o resultado.
O auto aborto e a provocação de aborto sem o consentimento da gestante são ainda
compatíveis com o dolo eventual. O mesmo não ocorre, todavia, com os crimes de
consentimento para o aborto e provocação de aborto com o consentimento da gestante. Com
efeito, como estes crimes pressupõem um consentimento específico para ato determinado – o
aborto –, não há como se cogitar de dolo eventual.
O Código Penal não prevê modalidade culposa do crime de aborto. Como
consequência, quando alguém o provoca por negligência, imprudência ou imperícia, responde
por delito de lesões corporais, figurando como sujeito passivo a gestante. Por sua vez, se o ato
culposo causador do aborto tiver sido dela própria, o fato será considerado atípico porque não
é punível a autolesão – não pode a gestante ser autora e vítima do crime de lesão culposa.
4.6.1. Consumação
4.6.2. Tentativa
Todas as figuras de aborto criminoso são compatíveis com o conatus. Basta que seja
realizado um ato capaz de provocar aborto e que a morte do feto não ocorra por circunstâncias
alheias à vontade do(s) envolvido(s). É ainda necessário que já tenha havido início de execução.
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Se a mulher está na sala de espera de uma clínica de aborto aguardando o momento de sua
realização quando policiais chegam ao local e impedem que as manobras se iniciem, o fato é
atípico porque ainda não houve início de execução do delito.
Na tentativa de aborto, é possível que o feto permaneça vivo no útero materno ou que
seja expulso com vida e sobreviva.
Se a manobra abortiva for realizada e o feto for expulso com vida, mas morrer, o aborto
será considerado consumado, desde que fique demonstrado que a sua morte decorreu da
manobra agressiva contra ele realizada enquanto se encontrava no útero da mãe. Exemplo:
golpe abortivo que atinge o corpo do feto; imaturidade etc. Essa conclusão deve-se à regra do
art. 4º do Código Penal que considera cometido o crime no momento da ação, ainda que o
resultado ocorra posteriormente. Nos exemplos acima, o ato agressivo foi direcionado ao feto
e o dolo do agente era o de cometer aborto, respondendo, portanto, por este crime.
Haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto quando for feita
manobra visando ao aborto, porém ficar constatado que o feto já estava morto por causas
naturais anteriores ou que a mulher, em verdade, não estava grávida. Em tais hipóteses, embora
presente o dolo característico do crime de aborto, o fato é considerado atípico em razão do que
dispõe o art. 17 do Código Penal, segundo o qual, nos casos de crime impossível, o agente não
responde nem mesmo por delito tentado.
Por sua vez, haverá crime impossível por absoluta ineficácia do meio quando o agente,
querendo provocar o aborto, escolher um meio de execução absolutamente incapaz de gerar a
morte do produto da concepção. É o que ocorre, por exemplo, quando a gestante ingere
medicamentos ou chás que não têm poder abortivo, embora suponha presente essa propriedade.
O fato é considerado atípico, sendo inviável a punição por tentativa de aborto, nos termos do
art. 17 do Código Penal.
O art. 44, I, do Código Penal, permite a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, quando a condenação não superar quatro anos, desde que se trate de crime
cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa. Tal dispositivo, entretanto, não abrange a
violência empregada contra o feto, de modo que, nos crimes de aborto, é cabível referida
substituição, se a pena aplicada não superar quatro anos, e desde que não haja agressão contra
a gestante para a provocação do aborto, bem como presentes os demais requisitos de caráter
subjetivo elencados nos incisos II e III do referido art. 44.
Pode-se dizer que aborto do artigo 126 é considerado doloso assim como o aborto
apresentado nos artigos 124 e 125. O dolo é a vontade livre e consciente de interromper a
gravidez com a eliminação do produto da concepção. Aqui, a tutela principal é a vida
intrauterina, pois o feto é o sujeito passivo, enquanto o sujeito ativo é a gestante e o terceiro
envolvido (crime próprio no que diz respeito à mãe e crime comum nas hipóteses em que pode
ser praticado por um terceiro).
O aborto é a exceção da Teoria Monista, pois, por exemplo, no artigo 126, a lei prevê
dois tipos penais diferentes para punir de forma diversa duas pessoas que estão envolvidas
diretamente no mesmo fato, no mesmo caso.
A tentativa neste delito é permitida, sabendo que está ocorre quando empregado meio
relativamente capaz de produzir o resultado, e, por circunstâncias alheias a vontade do agente
não se chega ao resultado, neste caso, a interrupção da gravidez ou ainda quando o feto nasce
prematuro e sobrevive.
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mesmo eventualmente, mas imputável ao agente a título de culpa (se eram consequências
previsíveis do aborto que se quis realizar e, por conseguinte, evitáveis). Trata-se, portanto, de
resultados que sobrevêm preterdolosos; no caso, o dolo do agente vai até a causação do aborto,
mas não abrange a superveniente morte da gestante nem a lesão grave que nela sobrevenha. Se
houver dolo, direto ou eventual, quanto a esses resultados mais graves, responderá o agente
pelo concurso de crimes: aborto e lesão corporal grave ou aborto e homicídio.
No tocante às lesões corporais leves, a própria lei as exclui das majorantes. Ao tratar
das lesões graves, como a lesão de útero, alguns autores, como Nélson Hungria e E. Magalhães
Noronha, entendem que nos casos em que as lesões, apesar de graves, possam ser consideradas
“inerentes” ou “necessárias” para a causação do aborto, não incidiria esse dispositivo, pois
estariam elas absorvidas pelo aborto. A lei, na verdade, teria em vista as lesões graves
extraordinárias, ou seja, não necessárias à causação do aborto, como, por exemplo, infecções;
do contrário, o crime de aborto seria sempre qualificado.
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7.1. FUNDAMENTO
Tal modalidade que está prevista no art. 128, I, do Código Penal, e exige dois
requisitos:
Que não haja outro meio senão o aborto para salvar a vida da gestante. Tendo como
exemplo, o caso de gravidez tubária, que o ovulo fecundado não se implante no útero, e sim em
uma das trompas, podendo gerar seu rompimento e grave hemorragia interna.
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Que seja realizado por médico. A exclusão da ilicitude com base neste dispositivo
pressupõe que a manobra abortiva seja feita por medico, pois não há situação de risco atual para
a gestante, havendo que seja feita por profissionais habilitados na área da medicina, além disso,
não são os únicos que podem interpretar os exames e concluir pela existência de risco futuro
para a vida da gestante em razão da gravidez.
Se existe perigo atual para a gestante, estando ela prestes a morrer em decorrência de
complicações na gestação, qualquer pessoa poderá realizar a intervenção abortiva a fim de lhe
salvar a vida, estando, nesse caso, acobertado pela excludente do estado de necessidade de
terceiro.
Como não há perigo atual para a vida da gestante, se a interrupção da gravidez for
praticada pela própria gestante ou por outra pessoa qualquer, que não seja o médico, o fato será
típico e ilícito. E imprescindível o consentimento valido da gestante ou de seu representante
legal, quando incapaz, pois somente ela tem conhecimento da dimensão da rejeição que possui
contra o feto.
Que a gravidez seja resultante de estupro. Essa razão a denominação de ser um aborto
sentimental, pois a provocação do aborto é permitida em tal caso por se tratar de gravidez
indesejada decorrente de ato sexual forçado.
Que haja consentimento da gestante ou de seu representante legal se ela for incapaz.
Apenas nessa modalidade é exigido o consentimento. No aborto necessário, em que há risco
para a vida da gestante, o consentimento não é requisito, embora seja comum os médicos
colherem a autorização.
Em nenhuma das modalidades de aborto legal exige-se autorização judicial. No aborto
sentimental, também não se exige a previa condenação do estuprador, mesmo porque é comum
que ele não tenha sido identificado e, ainda que o tenha sido, não é possível aguardar o desfecho
da ação penal, posto que o tempo de gravidez costume for menor do que a desta.
Para a realização do aborto sentimental, basta que o médico se convença da ocorrência
da violência sexual, por exames que tenha feito na vítima por copias de depoimentos em
inquéritos policiais ou boletim de ocorrência etc. o médico deve adotar um procedimento de
justificação e autorização de interrupção da gravidez, em que a mulher deve ser ouvida
detalhadamente a respeito do ato criminoso, perante dois profissionais da saúde, após um
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parecer técnico, e se todos estiverem de acordo, é que a interrupção da gravidez poderá ser
levada a efeito, devendo a mulher ou o representante assinar, ainda, termos de responsabilidade.
Se o médico não adotar tal procedimento, mas ficar provado que a gravidez era mesmo
resultante de estupro, não haverá crime de aborto a ser apurado.
Que seja realizado por médico. Nessa modalidade de aborto não há emergência, se não
for feito pelo médico, haverá crime. Se a gestante realizar o ato abortivo em si mesmo,
responderá por autoaborto, não havendo exclusão da ilicitude, ainda que prove ter sido vítima
de estupro. Igualmente haverá delito se o aborto for praticado por enfermeira.
Se a gestante, ao saber que está gravida, vai até uma delegacia de polícia e mente que
foi estuprada um mês atrás, mas que teve vergonha de se expor na época dos fatos, e depois
disso faz uso do boletim de ocorrência para enganar o médico, fazendo-o crer na ocorrência do
crime sexual e o convencendo a realizar o aborto. Para o médico não há crime porque ele supôs
estar agindo acobertado pela excludente de ilicitude do aborto sentimental. Segundo a gestante
responde por crime de consentimento para o aborto e por comunicação falsa de crime (art.340),
em concurso material.
O que se entendi por anencefalia, que é uma má-formação total ou parcial do cérebro
ou da calota craniana.
Contudo, em 2012, após intensos debates, o Supremo Tribunal Federal
descriminalizou o aborto para os casos em que se diagnosticar a anencefalia do feto, cenário
também reconhecido como antecipação terapêutica do parto. Tal decisão deu-se em sede da
Arguição de Descumprimento de Preceito Federal – ADPF nº 54. No julgamento em 2012, o
STF considerou inconstitucional interpretar que a interrupção da gravidez de feto anencefálico
possa ser enquadrada no Código Penal porque violaria preceitos constitucionais como a garantia
do Estado laico, da dignidade da pessoa humana, do direito à vida e da proteção da autonomia,
da liberdade, da privacidade e da saúde. Na prática, o tribunal deu às mulheres o direito de
interromper a gestação nos casos em que essa má formação fosse diagnosticada, sem
autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado.
A anencefalia consiste na malformação do tubo neural, a caracterizar-se pela ausência
parcial do encéfalo e do crânio, resultante de defeito no fechamento do tubo neural durante o
desenvolvimento embrionário. O STF no julgamento que o anencefálico, assim como o morto
cerebral. Portanto, o feto anencefálico não desfrutaria de nenhuma função superior do sistema
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A primeira turma do STF, no HC 124306/RJ, entendeu que o aborto, até o terceiro mês
da gestação, não é crime.
Destaca-se que a matéria é da 1ª Turma do STF, não do Pleno. Assim, sua aplicação
não é geral, mas específica ao caso concreto, até mesmo porque foi uma decisão proferida em
HC. Ou seja, não se aplica a todo e qualquer caso análogo. Por óbvio, como toda decisão do
STF, pode ser suscitada pela defesa em sede de precedente.
Caso concreto: foi impetrado um HC para revogação preventiva de cinco pessoas,
processadas pelo crime de abordo, praticado em uma clínica clandestina em Duque de Caxias.
A defesa alegava a descriminalização do ato. Em 2014, o Min. Marco Aurélio, concedeu liminar
para que cinco médicos e cinco funcionários da clínica fossem soltos, que estavam presos
preventivamente.
Argumentou o relator que a criminalização é incompatível com os seguintes direitos
fundamentais, os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, que não pode ser obrigada pelo
Estado a manter uma gestação indesejada, a autonomia da mulher, que deve conservar o direito
de fazer suas escolhas existenciais, a integridade física e psíquica da gestante, que é quem sofre
no seu corpo e no seu psiquismo, os efeitos da gravidez, e a igualdade da mulher, já que homens
não engravidam e, portanto, a equiparação plena de gênero depende de se respeitar a vontade
da mulher nessa matéria. Entendeu que a punição ofenderia o princípio da proporcionalidade.
No entanto, que não é possível afirmar, no presente momento, que a Corte Supremo
permitiu o aborto no primeiro trimestre da gravidez. Em primeiro lugar porque a primeira turma
limitou-se a utilizar os fundamentos acima mencionados para não decretar a prisão dos réus,
não determinando o trancamento da ação penal por atipicidade. Em segundo lugar, porque a
decisão não foi proferida pelo Plenário do STF (mas por maioria de votos dos integrantes da
primeira Turma), Não tendo, assim, caráter vinculante.
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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CIARDO, Fernanda- Do Aborto - Artigo 124 a 128 do Código Penal. Disponível em:
<https://ferciardo.jusbrasil.com.br/artigos/177420435/do-aborto-artigo-124-a-128-do-codigo-
penal> Acesso em:18 de abril de 19.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. parte especial, volume II: introdução à teoria geral
da parte especial: crimes contra a pessoa. 14. ed. Niterói, RJ: Impetus, 2017.
Gomes, Luiz Flávio. Princípios Constitucionais Penais à luz da Constituição e dos Tratados
Internacionais. Luiz Flávio Gomes, Alice Bianchini e Flávio Daher. Livro e net/ atualidades do
direito, atualizado até agosto de 2015
NUCCI, Guilherme de Souza. Código penal comentado. rev. atual. e ampl.15. Ed Rio de
Janeiro: Forense, 2015.
Jesus, Damásio E. De – Direito Penal, Parte Especial, 32º edição, São Paulo: Saraiva, 2012.
Capez, Fernando – Curso de Direito Penal – Parte Especial 2, 12ª edição, São Paulo: Saraiva,
2012.