Você está na página 1de 11

DE ELOCUTIONE, IN ARS RHETORICA (III, 3-12)

DA ELOCUÇÃO, IN A ARTE RETÓRICA (III, 3-12)

CONSULTUS FORTUNATIANUS (FORTUNACIANO)


MAURI FURLAN (TRADUTOR)

F ORTUNACIANO (CONSULTUS FORTUNATIANUS) (séc. IV), rétor latino, é conhecido


por seu tratado retórico Ars rhetorica libri III, escrito na forma de diálogo e
publicado antes de 345, e é elencado entre os Rhetores Latini Minores1, embora
tenha gozado na Antiguidadede de uma fama semelhante à dos grandes mestres de retórica
antigos2. Fortunaciano dedica os dois primeiros livros à inuentio, e o terceiro livro às demais
partes da retórica, dispositio, elocutio, memoria, pronuntiatio.

A característica básica da tradução medieval é sua indissociabilidade da produção de


comentários, glosas e paráfrases. Esta forma de tradução encontra a base de sua diferença, em
relação à tradução praticada anteriormente pelos romanos, na mudança de concepção do
sistema retórico. A supervalorização da inuentio sobre as outras partes da retórica implicou o
menosprezo da elocutio e da produção retórica em geral. O fenômeno da inuentio começa a
manifestar-se com a revalorização dos tratados retóricos latinos a partir do século III, com o
fim do bilinguismo no Ocidente. A primazia da teoria inventiva sem atenção apropriada à
composição e apresentação de textos produziu, nestes manuais, um sentido distinto de retórica
com perda da força de aplicação e prática.

Com o fim do Império Romano, a progressiva perda de domínio da língua grega e o


avanço do cristianismo, aumenta a necessidade real de traduções. A tradução se torna cada vez
mais utilitária, e a eloquência adquire um sentido instrumental. A mudança de cosmovisão que
predominará durante a Idade Média, com uma distinta concepção de linguagem e de tradução,
terá a inuentio como sistema operativo, enquanto teoria da linguagem, valorizando na tradução
o conteúdo da mensagem mais que a sua forma. A tradução então passa a ser o meio de
transmissão da mensagem, importanto sobremodo aquilo que se considerava a fidelidade ao
pensamento e aos objetivos da mensagem. De onde as traduções com muito mais palavras que
os originais, nas quais o tradutor fazia livremente comentários e interpolações de todo tipo, ou

1
HALM, Karl. Leipzig, Teubner, 1863.
2
MONTEFUSCO, Lucia Calboli. “Il Nome di ‘Chirio’ Consulto Fortunaziano”, Hermes, 107, 1979, pp.78-91.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
DE ELOCUTIONE, IN ARS RHETORICA (III, 3-12)
DA ELOCUÇÃO, IN A ARTE RETÓRICA (III, 3-12)

de textos, em especial os religiosos, escrupulosamente traduzidos ad uerbum no intento de


preservar a mensagem divina.3

Um dos compêndios de retórica mais influentes do século IV (deixou fortes marcas nos
escritos de Cassiodoro, Marciano Capella, e o período carolíngeo), a Ars rhetorica libri III de
Fortunaciano, refere-se à tradução na seção da elocutio. Ali, o autor equipara elocutio a copia
uerborum (abundância de palavras), e a tradução, uma forma de exercitatio (exercício), oferece
um meio de aquirir o objetivo quantitativo. Ou seja, o objetivo final da elocutio, e da tradução,
é a copia uerborum. Fortunaciano apresenta a tradução como um método de inovação (nouatio)
e um dos aspectos do exercício (exercitatio) de produzir palavras. A elocutio, que em Cícero e
em Quintiliano envolvia copia rerum et uerborum (riqueza de pensamentos e de palavras)
como meios, em Fortunaciano é reduzida a copia uerborum como fim último. Assim, separada
a elocutio da questão do significado, a tradução perde sua capacidade inventiva e se torna mais
um mecanismo de estilo que, por sua vez, perde sua aplicação produtiva de significação. A
elocutio passa a ser somente uma ornamentação externa, um exercício mecânico de
enriquecimento do vocabulário. A aplicação produtiva, hermenêutica, é reservada à inuentio. 4

A Ars rhetorica de Fortunaciano é o único manual de retórica da Antiguidade tardia a


mencionar a tradução em geral. Provavelmente isso se deve à perda do conhecimento da língua
grega no Ocidente e à conservação da Latinitas frente à invasão dos vernáculos.

A elocução consta de que partes? Da quantidade de palavras e da qualidade da


estrutura.
Nas palavras, do que cuidaremos? Que abundemos em riqueza e excelência.
A riqueza se produz de que modo? Lendo, aprendendo, inventando, exercitando.
[...]

O terceiro modo, o que é? Que inventemos palavras, as quais, contudo, devemos


obter moderadamente, pois tanto uma palavra nova dificilmente pode tornar-se
suave e distinta, quanto os homens geralmente recusam as que não conhecem.
[...]

As palavras se inventam de que modos? Primeiro traduzimos as gregas, para que


a partir delas inventemos novas latinas, depois, por aglutinação, como Cícero diz
ferae solivagae [solus+vagus] [feras que vagam sós], e podemos inventar por
derivação, como Cato diz autumnitas [outonidade] a partir de autumnus [outono], e
Cícero, de perpetior [suportar] diz perpessio [suportamento].

Mauri Furlan
maurizius@gmail.com
Prof. dr., Universidade Federal de Santa Catarina

Fonte: Halm, Karl. “De elocutione”, in Ars Rhetorica libri III,


Rhetores Latini Minores. Leipzig, Teubner, 1863, pg. 121-128

3
FURLAN, Mauri. La retórica de la traducción en el Renacimiento. Elementos para la constitución de una teoría
de la traducción renacentista. Barcelona, Universitat de Barcelona, 2002. Disponível em:
https://www.tdx.cat/bitstream/handle/10803/1717/TOL98.pdf
4
COPELAND, Rita. Rhetoric, hermeneutics, and translation in the Middle Ages – academic traditions and
vernacular texts. Cambridge, University Press, 1991.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
FORTUNACIANO, MAURI FURLAN

De Elocutione Da Elocução
(ca. 345)

3 Elocutio quibus partibus constat? 3 A elocução consta de que partes? Da


quantitate verborum et structurae qualitate. quantidade de palavras e da qualidade da
estrutura5.
In verbis quid observabimus? ut copia Nas palavras, do que cuidaremos? Que
abundemus et bonitate. abundemos em riqueza e excelência.
Copia quo modo gignitur? legendo, A riqueza se produz de que modo? Lendo,
discendo, novando, exercendo. aprendendo, inventando, exercitando.
In lectione quid observabimus? ut varios Na leitura, do que cuidaremos? Que
auctores variarum materiarum legamus. leiamos vários autores de várias matérias.
In discendo quid observabimus? ut a peri- No aprendizado, do que cuidaremos? Que
tis multa discamus, quae sint [aut] propria aut aprendamos muitas coisas de especialistas,
comitiorum aut artium vel studiorum, ut que sejam ou próprias ou das assembleias ou
nauticae, rusticae rei et de iure civili. das artes ou dos estudos, como as náuticas,
as rústicas e as do direito civil.
Tertius modus qui est? ut novemus verba, O terceiro modo, o que é? Que invente-
quae tamen parcius debemus attingere: nam mos palavras, as quais, contudo, devemos
et aegre novum verbum facere possit leve ac obter moderadamente, pois tanto uma pala-
decorum, et fere aspernantur homines quae vra nova dificilmente pode tornar-se suave e
non recognoscunt. Vir perfectissimus dixit: distinta, quanto os homens geralmente recu-
‘Verbis utendum est ut nummis publica sam as que não conhecem. Um varão magis-
moneta signatis’. tral disse: “Deve-se usar as palavras como
dinheiro cunhado para moeda de cambio”.6
Verba quibus modis novantur? primo As palavras se inventam de que modos?
Graeca transferimus, ut nova ex his Latina Primeiro traduzimos as gregas, para que a
confingamus, dehinc per conglutinationem, partir delas inventemos novas latinas, depois,
ut Cicero ‘feras solivagas’ ait, et per deriva- por aglutinação, como Cícero diz ferae soli-
tionem novare possumus, ut ab autunno Cato vagae [solus+vagus] [feras que vagam sós],
ait ‘autumnitatem’ et a perpetiendo Cicero e podemos inventar por derivação, como
‘perpessionem’. Cato diz autumnitas [outonidade] a partir de
autumnus [outono], e Cícero, de perpetior
[suportar] diz perpessio [suportamento].
Exercitatio verbis quid praestat? quod non O que o exercício concede às palavras?
quidem generat verba, sed alit ac tuetur. Por certo que não gera palavras, mas as
alimenta e protege.
Quae igitur summa est exercitationis, id Qual é, pois, a totalidade do exercício, isto
est quot partibus constat? quattuor. é, de quantas partes consta? Quatro.
Quibus? ut Graeca in Latinum convertas, Quais? Que vertas do grego ao latim, que
ut difficilia scribas, ut µετάφρασιν facias, ut escrevas as palavras mais difíceis, que faças
de tempore adsidue dicas. µετάφρασις [paráfrase], que fales assidua-
mente de improviso.

5
O conceito de structura em Fortunaciano equivale a compositio (composição). Cf. Godo LIEBERG, “Der Begriff
‘Sructura’ in der Lateinischen Literatur”, Hermes, 84, 1956, pp. 455-477.
6
QUINTILIANO. Institutio oratoria, I, 6, 3. Variação de: utendum plane sermone ut nummo, cui publica forma est.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
DE ELOCUTIONE, IN ARS RHETORICA (III, 3-12)
DA ELOCUÇÃO, IN A ARTE RETÓRICA (III, 3-12)

4 Habeo de verborum copia: bonitas quem 4 Tenho riqueza de palavras: de que modo
ad modum comparetur? ut mala vitemus et se dá a excelência? Que evitemos as palavras
optima adpetamus. más e busquemos as melhores.
Quae sunt mala? vulgaria, obsoleta, Quais são as más? As vulgares, as obso-
aliena, gentilia, obscura. letas, as alheias, as estrangeiras, as obscuras.
Bona quae sunt, quae adpetenda esse Quais são as boas, que dizes hão de ser
dicis? splendida, antiqua, propria, translata. buscadas? As esplêndidas, as antigas, as
próprias, as transladadas.
Vulgaria ergo quae sunt? quibus utitur Quais são, pois, as vulgares? Aquelas das
vulgus, id est indocti, sine ratione atque quais se serve o vulgo, isto é, os ignorantes,
electione: nam sunt quaedam verba, quae sem reflexão e seleção, pois há certas
quamvis obsoleta sint, tamen vitanda non palavras que, embora obsoletas, não devem
sunt, si nimirum propria sint et illis melius de ser evitadas, se são com certeza próprias e
expediatur oratio, ut M. Tullius et ‘serracum’ com elas o discurso se explica melhor, como
et ‘picem’ et ‘scalas’ dicere non turpe duxit. Cícero não torpemente plasmou serracum,
pix, scalae [carroça, peixe, escadas].
Aliena verba quae sunt? quae non sunt Quais são as palavras alheias? As que não
oratori accommodata, sed historico aut são adequadas ao orador, mas ao historiador
poetae, ut si ‘genitorem’ et ‘genitricem’ et ou ao poeta, como se disséssemos genitor,
‘gnatum’ dicamus et ‘satorem’ et ‘altricem’. genitrix, gnatus, sator, altrix [genitor, geni-
tora, nato, semeador, nutridora].
Gentilia verba quae sunt? quae propria Quais são as palavras estrangeiras? As
sunt quarundam gentium, sicut Hispani non que são próprias de certos povos, assim
‘cubitum’ vocant, sed Graeco nomine como os hispanos não dizem cubitus [coto-
‘ancona’, et Galli ‘facundos’ pro ‘facetis’, et velo], mas pelo nome grego ἀγκών, e os gau-
Romani vernaculi plurima ex neutris leses, facundi [eloquentes] em vez de faceti
masculino genere potius enuntiant, ut ‘hunc [espirituosos], e dialetos romanos enunciam
theatrum’ et ‘hunc prodigium’. a maioria dos neutros mais no gênero mascu-
lino, como hunc theatrum e hunc prodigium
[este teatro e este prodígio].
Obscura quae sunt? quae nimis prisca sunt Quais são as obscuras? As que são
et a paucis eruditissimis intelleguntur. demasiado antigas e são entendidas por uns
poucos muitíssimo eruditos.

5 Quae sunt verba splendida? quae natura 5 Quais são as palavras esplêndidas? As
sua nitida sunt, quae copulata facilius que por sua natureza são reluzentes, que
claritatem suam ostendunt, ut:‘quadriremem, mostram mais facilmente sua clareza, como:
quam in salo fluctuantem reliquit’. quadriremem, quam in salo fluctuantem reli-
quit 7 [a quadrirreme, a que abandonou a
balançar-se no mar].
Haec magnificentia atque magnitudo Esta magnificência e grandeza foi ade-
omnibus locis accommodata est? Non quada em todos os lugares? Não em todos.
omnibus. Cur ita? quoniam sunt quaedam Por que não? Porque certas partes da causa
partes causae perpetuae, quae verba humilia são constantes, as quais requereriam palavras
desiderent, ut: ‘latet in scalis tenebrosis humildes, como: latet in scalis tenebrosis
Cominius’. Nam aliquando res atroces Cominius8 [Comínio se esconde numas esca-

7
CÍCERO. Verrinas, V, 91.
8
CÍCERO. Pro Cornelio, VII, 46. Fragmento de uma obra ciceroniana perdida.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
FORTUNACIANO, MAURI FURLAN

humilibus verbis invidiam suam praeferunt, das escuras]. Pois às vezes fatos atrozes mos-
ut: ‘multos cives Romanos virgis concidit’, et tram sua aversão a palavras humildes, como:
pro Cluentio: ‘post noctem mortuus et multos cives Romanos virgis concidit9 [ma-
postridie, antequam lucesceret, conbustus tou com açoites muitos cidadãos romanos], e
est’: non ait ‘concrematus’. na Defesa de Cluêncio: post noctem mortuus
et postridie, antequam lucesceret, conbustus
est10 [morreu depois de anoitecer, e, no dia
seguinte, antes que clareasse, foi queimado],
não diz concrematus [cremado].
Verba semper longiora esse debent? non As palavras devem ser sempre mais lon-
utique semper; nam aliquando et brevia sunt gas? Não necessariamente sempre, pois às
splendida. Non longioribus verbis decora et vezes também as breves são esplêndidas.
latior fit oratio? verum, sed non semper id Não se torna a oração bela e abrangente com
adfectandum est. Vbi frequentius ponenda palavras mais longas? De fato, mas isto não
sunt longiora? in fine elocutionis, ut: ‘ipse deve ser sempre almejado. Onde devem ser
me causam campus paene docuit Leontinus’. postas mais frequentemente as mais longas?
Quid? Cum sententiam torquemus? verbis No final de uma elocução, como: ipse me
brevioribus finiemus, ut: ‘quod in tempore causam campus paene docuit Leontinus 11
mali fuit, [nihil] obsit’, et ‘quod in causa boni [como que instruiu-me na causa o próprio
fuit, prosit’. campo leontino]. E quando alteramos o
período? Terminaremos com palavras mais
breves, como: quod in tempore mali fuit,
[nihil] obsit, e quod in causa boni fuit,
prosit12 [o que houve de mal naquele tempo
não pode nos prejudicar, e, o que houve de
bom naquela causa continua proveitoso].

6 Habeo de coniunctis verbis: in singulis 6 Tenho à disposição as palavras conecta-


quae observabo? ut naturam eorum conside- das; nas isoladas, do que cuidarei? Que
res. Sunt enim quaedam sono litterarum aut consideres sua natureza. Algumas, pois, pelo
levia aut gravia aut splendida et plena: alia som das letras, são leves ou graves, ou
contra dura, sordida, exilia: de quibus facilius esplêndidas e plenas; outras, ao contrário,
auribus iudicari quam oratione tradi potest. são duras, triviais, pobres: estas, pode-se
mais facilmente julgar com os ouvidos do
que ensinar com um discurso.
A quali syllaba magis incipiendum est? a Por qual sílaba deve-se preferivelmente
longa; nam vitandae sunt plures breves et começar? Pela longa; com efeito, deve-se
plura monosyllaba. evitar demasiadas breves e demasiados
monossílabos.
Quid hic aliud observabimus? ut quae Do que mais cuidaremos aqui? Que antes
verba magis sonantia sunt, ea potius conloce- coloquemos aquelas palavras que são mais
mus, quae Lucilius εὔφονα appellat, id est sonoras, as quais Lucílio chama de εὔφονα
quasi vocalia, ut pro Caelio: ‘aliut fori lumen [eufônicas], isto é, uma espécie de vocálicas,
como na Defesa de Célio: aliut fori lumen

9
CÍCERO. Verrinas, I, 122.
10
CÍCERO. Pro Cluentio, 27.
11
CÍCERO. Pro M. Scauro, 25.
12
CÍCERO. Pro Cluentio, 80.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
DE ELOCUTIONE, IN ARS RHETORICA (III, 3-12)
DA ELOCUÇÃO, IN A ARTE RETÓRICA (III, 3-12)

est, aliut lychnorum’, cum potuisset etiam est, aliut lychnorum13 [um é o lume da praça,
structius dicere ‘aliut lucernarum’. outro, o dos lustres], quando teria podido
também dizer de um modo mais estruturado
aliut lucernarum [outro, o dos lampadários].
Antiqua verba quae maxime adfectabo? Quais palavras antigas buscarei obter
quae non adeo sunt abolita, ut sunt in XII sobretudo? Aquelas que não foram abolidas
tabulis et saliari carmine; nam haec supra até o momento, como o foram as das Doze
docui esse vitanda propter obscuritatem. Tábuas ou do canto do sálio 14 ; pois essas,
instruí acima, devem ser evitadas por causa
de sua obscuridade.
Propria verba quae partes orationis magis Quais partes do discurso requerem mais
desiderant? principia et narrationes. palavras próprias? Os princípios e as
narrações.
Quid? graves ornataeque sententiae et E as sentenças graves e elegantes e as
sublimes orationis loci non plerumque pro- passagens sublimes do discurso não são
priis verbis pulchre et graviter explicantur? expostas geralmente de forma bela e
vero, qualia sunt: ‘vehebatur in essedo tribu- profunda pelas palavras próprias? Realmen-
nus plebis, lictores laureati antecedebant’ et te, as quais são: vehebatur in essedo tribunus
cetera. plebis, lictores laureati antecedebant 15 [o
tribuno do povo era transportado num ésse-
do, os lictores laureados o antecediam] etc.
In elocutione proprietas tantum verborum Na elocução, deve-se apreender apenas a
captanda est an et significationis? ita, ut propriedade das palavras ou também a do
dictatorem ‘dictum’ dicas, flaminem ‘prodi- significado? Também, como declares dicta-
tum’, Vestae virginem ‘captam’. tor ‘dictus’, flamen ‘proditus’, Vestae uirgo
‘capta’ [o ditador ‘nomeado’, o sacerdote
‘ordenado’, a virgem de Vesta ‘escolhida’].

7 Translatione verborum quot ex causis 7 Por quantos motivos nos servimos da


utimur? quattuor. Quibus? necessitatis, deco-
translação das palavras? Quatro. Quais? Pelo
ris, brevitatis, intentionis. Etiam illa inter
da necessidade, da beleza, da brevidade, da
translationes ponimus, quae non verbis, sed intenção. Também incluímos entre as trans-
nominibus translatis immutantur? vero, cum lações aquelas que modificam não com
Atratinus Caelium ‘pulchellum Iasonem’ palavras, mas com nomes transladados? Por
appellat et Cicero Clodiam ‘Palatinam certo, quando Atratino chama Célio de “um
Medeam’. bonitinho Jasão”, e Cícero a Clódia de “a
Medeia do Palatino”16.
In translatione quid observandum est? ut O que se deve observar na translação?
non longe sumatur; si quando audentius Que não seja forçada. Se alguma vez transfe-
verbum aliquod transferemus, ne omnino rirmos alguma palavra mais audaciosamente,
praeceps abruptumque videatur. que não pareça absolutamente precipitada e
abrupta.

13
CÍCERO, Pro Caelio, 67. Fortunaciano apresenta uma variação do original lux denique longe alia est solis, alia
lychnorum.
14
A Lei das Doze Tábuas constituía uma antiga legislação que está na origem do direito romano. O sálio era um
sacerdote na religião da Roma Antiga que realizava cultos a Marte.
15
CÍCERO. Philippicae, II, 58.
16
CÍCERO. Pro Caelio, 67.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
FORTUNACIANO, MAURI FURLAN

Quem ad modum id ponemus? aliquo De que modo a empregaremos? Nós a


verecundiore adminiculo fulciemus, ut inse- sustentaremos com algum apoio mais discre-
ramus ‘paene’ aut ‘quodammodo’ aut ‘prope to, de modo a inserirmos um “quase” ou “de
dixerim’ aut ‘ausim dicere’ et cetera talia. certo modo” ou “quase diria” ou “ousaria
dizer”, e outras coisas do gênero.
Quid aliut observabimus? ut obscuritatem Do que mais cuidaremos? De evitar a
vitemus, quam creat multitudo et continuatio obscuridade que a multidão e a continuidade
translationum. Cur ita? quoniam auditor das translações produzem. Por que isso? Por-
propria intellegit, de translatis suspicatur; que o ouvinte entende as palavras próprias, e
simul et translatum verbum, si infrequentius supõe as transladadas; ao mesmo tempo dirás
positum fuerit et excitatius, dices insignius que também uma palavra transladada, se
factum ac notabile. tiver sido empregada com menos frequência
e mais vigor, tornou-se mais insigne e
notável.

8 Quae alia in elocutione observanda 8 Do que mais se deve cuidar na


sunt? ut verba sint Latina, aperta, ornata, elocução? Que as palavras sejam latinas,
apta. conhecidas, ornadas, adequadas.
Latina quem ad modum? duplici modo, As latinas de que modo? De modo duplo,
tam singula quam copulata. tanto isoladas quanto concatenadas.
In singulis quid observabimus? ne sine Do que cuidaremos nas isoladas? Que não
ratione sint posita eorum, quae a grammaticis sejam empregadas sem sua propriedade, as
in eorum arte traduntur, aut sine auctoritate quais são transmitidas pelos gramáticos em
aut sine levitate. sua arte, ou sem autoridade ou sem leveza.
Quid in copulatis? ne insequenter ac per- E nas concatenadas? Que não sejam pro-
turbate proferantur, vel generibus vel casibus feridas sem conexão e desordenadamente, ou
vel personis. nos gêneros ou nos casos ou nas pessoas.
Aperta quem ad modum erit elocutio? si De que modo será a elocução clara? Se
utamur verbis propriis, usitatis, sicuti nos servirmos de palavras próprias, usuais,
nummis, ut dixi, publica moneta signatis; assim como dinheiro cunhado para moeda de
item si abstineamus ambiguitate, frequentia cambio, como eu já disse; igualmente se nos
translationum, alte petitis translationibus vel abstivermos da ambiguidade, da frequência
longius tractis vel nimis amputatis, et fere das translações, de translações buscadas
quae de lucida oratione praecepta sunt. intensamente ou produzidas mais prolixa-
mente ou amputadas em excesso, e além
disso geralmente as palavras são os preceitos
do discurso claro.
Ornata elocutio quem ad modum fit? ex De que modo se dá a elocução ornada?
rebus ipsis et locis communibus et generali- Mediante os próprios temas, lugares-
bus egressionibus et sententiis perpetualibus comuns, digressões gerais, sentenças univer-
et inlustribus exemplis et conlationibus et sais, modelos ilustres, analogias, imagens,
imaginibus et synonymis et adlocutionibus. sinônimos e alocuções.
In elocutione id quod aptum est quo modo Na elocução, como cuidaremos do que é
observabimus? si rerum qualitatem conside- adequado? Ao considerarmos a qualidade
remus, item perpetuae orationis, partium dos casos, assim como do discurso contínuo,
quoque eius, personarum, temporum. e também das suas partes, pessoas, e tempos.
In rerum qualitate quid providendum est? A que se deve atentar na qualidade dos
utrum parva res agatur an magna, privata an casos? Se se trata de um caso pequeno ou
publica, ut ita genus elocutionis accommode- grande, privado ou público, para acomodar-

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
DE ELOCUTIONE, IN ARS RHETORICA (III, 3-12)
DA ELOCUÇÃO, IN A ARTE RETÓRICA (III, 3-12)

mus tenue parvis, moderatum mediocribus, mos assim o gênero simples da elocução aos
sublime magnis. pequenos, o moderado aos medianos, o
sublime aos grandes.

9 Quot sunt genera principalia orationis, 9 Quantos são os principais gêneros da


id est characterum elocutionis? tria: oração, isto é, dos modos da elocução? Três:
ποσότητος, ποιότητος, πηλικότητος. ποσότητος [de quantidade], ποιότητος [de
qualidade], πηλικότητος [de tamanho].
Ποσότητος quot sunt genera? tria: ἁδρόν, Quantos são os gêneros ποσότητος [de
id est amplum sive sublime, ἰσχνόν, id est quantidade]? Três: ἁδρός, isto é, amplo ou
tenue sive subtile, µέσον, id est mediocre sublime; ἰσχνός, isto é, simples ou sutil;
sive moderatum. µέσος, isto é, mediano ou moderado.
Ἁδρόν uniforme est? non; nam est aut É o ἁδρός uniforme? Não, pois é ou
αὐστηρόν aut  ανθηρόν. Ἁδρῷ quod est αὐστηρός [austero] ou ανθηρός [ostentoso].
contrarium? tumidum et inflatum. Qual é o contrário de ἁδρός? Intumescido e
inflado.
Ἰσχνόν uniforme est? non; nam est aut É o ἰσχνός uniforme? Não, pois é ou mais
severius aut floridius. Ἰσχνῷ quod est severo ou mais vistoso. Qual é o contrário de
contrarium? aridum ac siccum. ἰσχνός? Árido e seco.
Μέσον uniforme est? non; nam est aut É o µέσος uniforme? Não, pois é ou
severum aut laetum. Μέσῳ quod est severo ou alegre. Qual é o contrário de
contrarium? tepidum ac dissolutum, id est µέσος? Tépido ou dissoluto, isto é, algo
velut enerve. fraco.
Ποιότητος quot sunt genera? tria: Quantos são os gêneros ποιότητος [de
δραµατικόν, διηγηµατικόν, µικτόν. qualidade]? Três: δραµατικός [dramático],
διηγηµατικός [narrativo], µικτός [misto].
Sunt et alia ποιότητος genera? sunt, quae Há também outros gêneros ποιότητος [de
vocari possunt publica sive communia. qualidade]? Há, os quais podem ser
chamados de públicos ou comuns.
Quae ista sunt? ὀρθόν,  αποφαντικόν, Quais são eles? ὀρθός,  αποφαντικός,
ἐγκατάσκευον sive λοξόν,  ασύνδετον, ἐκ ἐγκατάσκευος ou λοξός,  ασύνδετος, ἐκ
παραλείψεως, συγκριτικόν, ἐλεγκτικόν. παραλείψεως, συγκριτικός, ἐλεγκτικός [dire-
to, categórico, ornado, oblíquo ou descone-
xo, assíndeto, de omissão, comparativo,
investigativo].
Cur haec genera publica appellas? quia Por que chamas estes gêneros de públi-
omnibus superioribus serviunt. cos? Porque servem a todos os anteriores.
Πηλικότητος quot sunt genera? tria: Quantos são os gêneros πηλικότητος [de
µακρόν, βραχύ, µέσον. tamanho]? Três: µακρός, βραχύς, µέσος
[longo, breve, médio].
In oratione perpetua aptum quibus modis No discurso contínuo, em quais modos
servabimus? duobus: aut in tota oratione aut conservaremos o apto? Em dois: ou em todo
in partibus. o discurso ou em partes.
Elocutionis species quot sunt? duae, Quantos são os tipos de elocução? Dois: o
singulorum verborum et coniunctorum. das palavras isoladas e o das conectadas.
Singulorum quae ratio est? ut splendida Qual é a regra das isoladas? Que sejam
sint, non dura, antiqua, non abolita, propria esplêndidas, não duras; antigas, não aboli-
ad exprimendum, translata non improbe. das; próprias para exprimir; transladadas não
improbamente.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
FORTUNACIANO, MAURI FURLAN

Coniuncta verba quem ad modum fiunt? Em que modo se dão as palavras conecta-
figuris, id est schematibus, et compositione. das? Em σχήµατα, isto é, em figuras e em
composição.

10 Genera figurarum quot sunt? tria: 10 Quantos são os gêneros das figuras?
λέξεως, λόγου, διανοίας. Três: λέξεως, λόγου, διανοίας [de dicção; de
dicção e de pensamento conjuntamente; de
pensamento].
Quae eorum differentia est? quod λέξεως Qual é a diferença entre eles? Que as
in singulis verbis fiunt, ut nuda genu, quas figuras λέξεως [de dicção] se dão nas
uno nomine ἐξηλλαγµένας possumus dicere; palavras isoladas, como nuda genu17 [nua no
λόγου vero in elocutionis compositionibus, joelho], as quais podemos designar, por um
quae pluribus modis fiunt, ut πολύπτωτον, único termo, de ἐξηλλαγµέναι [modifica-
ἐπαναφορά, αντιστροφή, παρονοµασία; δια- das]; as λόγου [de dicção e de pensamento
νοίας autem in sensibus, ut προθεράπευσις, conjuntamente], por outro lado, nas compo-
ἠθοποιία,  αποστροφή: quibus etiam, sive sições de elocução, as quais se dão de vários
elocutionem mutaveris aut verborum ordi- modos, como πολύπτωτος, ἐπαναφορά, αντι-
nem inverteris, eaedem tamen figurae στροφή, παρονοµασία [poliptoto, epanáfora,
permaneant, verum utraque λέξεως et λόγου antístrofe, paronomásia]; as διανοίας [de
non ita. pensamento], porém, nos sentidos, como
προθεράπευσις, ἠθοποιία, αποστροφή [con-
ciliação prévia, etopeia, apóstrofe], nas
quais, embora tenhas mudado a elocução ou
invertido a ordem das palavras, contudo, as
figuras permanecem as mesmas, mas não do
mesmo modo as λέξεως [de dicção] e λόγου
[de dicção e de pensamento conjuntamente].
Opera figurarum quot sunt? quinque: ut Quantas são as funções das figuras?
augeas, ut abicias, ut probus existimeris, ut Cinco: que aumentes, que diminuas, que
imparatus, ut ornes elocutionem. sejas considerado probo, surpreendido, que
ornes a elocução.
Quid est compositio? quam structuram O que é a composição? A que chamamos
vocamus. de estrutura.
Quae sunt principales eius species? Quais são seus tipos principais? Κόµµα,
κόµµα, id est caesum, κῶλον, id est isto é, inciso; κῶλον, isto é, membro;
membrum, περίοδος, id est circuitus. περίοδος, isto é, período.
Structurae qualitas est tripertita: aut enim A qualidade da estrutura é tripartite, pois,
rotunda est, id est volubilis, aut plana, id est ou é redonda, isto é, volúvel; ou plana, isto é,
procurrens, aut gravis, id est stabilis ac corrente; ou grave, isto é, estável e resistente.
resistens.
His vitiosa quae opponuntur? resistenti Quais vícios se lhes opõem? À resistente,
aspera et confragosa, procurrenti fluxa, os ásperos e irregulares; à corrente, os frou-
volubili contorta et nimis rotata. xos; à volúvel, os intrincados e demasiado
circulares.
Quot modis struimus? quattuor. Quibus? De quantos modos as construímos?
conversione verborum, adiectione, detractio- Quatro. Por quais? Pela versão de palavras,
ne, inmutatione. adição, supressão, substituição.

17
VIRGÍLIO. Aeneis, I, 320.

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
DE ELOCUTIONE, IN ARS RHETORICA (III, 3-12)
DA ELOCUÇÃO, IN A ARTE RETÓRICA (III, 3-12)

11 Quae in structura observanda sunt? ut 11 O que deve ser observado na estrutura?


frequentior sit rotunda quam plana; ne hiulca Que a redonda seja mais frequente que a
sit vocalium et maxime longarum crebra plana; que não haja hiato de vogais e sobre-
concursione, ne aspera duarum consonan- tudo alguma conjunção abundante de longas,
tium conflictu; ne monosyllaba una plura nem seja áspera pela colisão de duas conso-
iungantur; ne brevia multa continuentur, ne antes; nem se unam muitos monossílabos
longa multa; ne ultima syllaba prioris verbi simultaneamente; nem se encontrem muitas
eadem sit quae prima posterioris; ne prima et breves, nem muitas longas; que a última
ultima efficiant obscenitatem; ne multis sílaba da palabra anterior não seja a mesma
exilibus verbis aut syllabis vastis deformetur que a primeira posterior; que a primeira e a
oratio; ne plures genetivi plurales iungantur. última não produzam obscenidade; que a
oração não se desfigure por muitas palavras
pobres ou sílabas desagradáveis; que não se
unam muitos genitivos plurais.
Quando utimur structura gravi? cum aut Quando nos servimos da estrutura grave?
indignatio est aliqua aut nimia miseratio. Quando há ou alguma indignação ou uma
excessiva comiseração.
Qui est compositionis ordo? ut ante pona- Qual é a ordem da composição? Que
mus genera quam species, communia quam anteponhamos os gêneros às espécies, as
propria, remota quam proxima, leviora quam palavras comuns às próprias, as remotas às
gravia verbi, ut non nimis longe differamus; próximas, as mais leves às mais graves, que
ut verbis plerumque in conclusione quam não delonguemos demasiado; que nos sirva-
nominibus utamur, nisi et melius cadant mos, na conclusão, mais de verbos que de
nomina et maiorem vim habeant novissime nomes, exceto se os nomes caírem melhor e
conlocata: item ut caveamus, ne ordo faciat tiverem mais força quando colocados por
ambiguitatem. último, e que cuidemos igualmente de que a
ordem não produza ambiguidade.
Quid aliud in structura observandum est? Do que mais deve-se cuidar na estrutura?
ne studium operis appareat, ne cessantem Que não apareça o trabalho da obra, que não
numerum verbis inanibus compleamus, ne enchamos com palavras vazias a falta de
numerosa sint omnia, ne dissoluta, ne eodem ritmo, que nem todas as palavras sejam
modo structurae saepe utamur. rítmicas, nem dissolutas, nem nos sirvamos
muitas vezes do mesmo modo de estrutura.

12 In singulis generibus dicendi qua struc- 12 De que estrutura deve-se servir mais
tura frequentius utendum est? In demonstra- frequentemente em cada gênero de discurso?
tivo, si laudatio sit, rotunda et plana, si No demonstrativo, se há louvor, da redonda
vituperatio, rotunda et gravi, in deliberativo e da plana; se há crítica, da redonda e da
plana et gravi, in iudiciali rotunda. grave; no deliberativo, da plana e da grave;
no judicial, da redonda.
Quid in generibus orationis? in tenui E nos gêneros da oração? No tênue, deve-
plana, in mediocri rotunda et plana, in amplo se servir da estrutura plana; no mediano, da
rotunda et gravi. redonda e da plana; no amplo, da redonda e
da grave.
Quid in partibus orationis? in principiis E nas partes da oração? Nos princípios,
rotunda et gravi, in narratione rotunda et deve-se servir da estrutura redonda e da
plana, in excessu rotunda et gravi, in grave; na narração, da redonda e da plana; na

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan
FORTUNACIANO, MAURI FURLAN

partitione plana et gravi, in argumentatione digressão, da redonda e da grave; na partição,


rotunda et plana, in peroratione omnibus. da plana e da grave; na argumentação, da
redonda e da plana; na peroração, de todas.
Quid in generibus argumentationis? in E nos gêneros de argumentação? No
epagoge, id est inductione, plana et gravi, in ἐπαγωγή, isto é, na indução, deve-se servir
enthymemate, id est ratiocinatione, varie, da estrutura plana e da grave; no ἐνθύµηµα,
prout genus enthymematis fuerit; nam in isto é, no argumento lógico, de diferentes
elenctico rotunda, in dictico plana, in maneiras, conforme for o gênero do entime-
gnomico gravi, in paradigmatico gravi et ma; de fato, no ἐλεγκτικός [refutativo], da
plana, in syllogistico rotunda. redonda; no δεικτικός [demonstrativo], da
plana; no γνωµικός [normativo], da grave; no
παραδειγµατικός [paradigmático], da grave e
da plana; no συλλογιστικός [silogístico], da
redonda.
In agentium personis qua structura Nas pessoas dos atores, de qual estrutura
frequentius uti debet orator? omnibus. Pater, o orador deve servir-se com mais frequên-
senex, rusticus, imperator et quaecumque est cia? De todas. Pai, ancião, camponês, co-
gravis persona plana et gravi, iuvenis, miles mandante e qualquer pessoa grave é próprio
et quaecumque colorata persona est rotunda da plana e da grave; jovem, soldado e
et gravi. qualquer pessoa vivaz é próprio da redonda e
da grave.

***

Projeto: Antologia da Primeira Idade Média, 2019


https://www.researchgate.net/profile/Mauri_Furlan

Você também pode gostar