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Michael Keaton está ótimo no papel de Ray Kroc. 5. Sacrifício é só o começo.

O empreendedor nunca está


contente
Aqui vão 13 lições que podemos tirar de Kroc, o cara que
revolucionou a maneira que o mundo come. Obviamente Ray sacrifica empréstimos e até mesmo o tempo com sua
como qualquer filme hollywoodiano que conta a vida de esposa para poder armar as novas lanchonetes no país.
alguém, The Founder toma certas liberdades poéticas Por mais que ele tenha sucesso em muitos momentos, em
para deixar a história mais envolvente. nenhum instante ele para para saborear a vitória. Sempre
quer mais.
1. Conheça muito bem o seu produto e seus clientes
6. O inovador não quer dinheiro, quer algo mais
No início do filme vemos Ray como vendedor de máquinas
de milkshake. Ele é simpático com os clientes, faz várias Em nenhum momento do filme é mostrado que Ray queria
ligações para eventuais compradores, mas isso nunca é ser mais rico, queria ter bens, iates e joias. Ele queria fazer
suficiente. Seu produto não é nada demais e Ray sabe uma mudança no mundo. A missão que tinha com o
disso. McDonald’s parecia algo pessoal, que ele provasse a si
mesmo que era capaz, que podia ser bem-sucedido.
Quando os irmãos McDonald fazem uma encomenda
enorme desses liquidificadores, Ray acha muito estranho O único momento que é falado em dinheiro é quando Ray
e desconfia. Ele resolve entregar os produtos quer renegociar seu acordo, que não parecia justo.
pessoalmente para ver de perto qual é essa lanchonete
7. É preciso ver além da sua empresa e enxergar o
que está precisando tanto das máquinas. O que eles têm
impacto que ela tem na sociedade
de diferente das outras lanchonetes?
Os irmãos McDonald viam sua marca apenas como mais
2. O seu produto final pode não ser exatamente o
outra lanchonete, Ray Kroc vê a rede como uma igreja
diferencial
onde as pessoas se reúnem, mas não só aos domingos.
A lanchonete dos irmãos McDonald estava sempre lotada.
O impacto que uma comida rápida e prática faria na
A maioria das pessoas imaginaria que seria pela qualidade
sociedade é algo que ninguém poderia prever, mas Ray
da comida em si, mas Ray Kroc logo percebeu que não era
logo percebe que o McDonald’s não era apenas mais uma
só isso. A comida era boa, mas nada de outro mundo. O
lanchonete comum. Era algo novo e que estava
diferencial era a rapidez da entrega do pedido, algo único
aparecendo num momento que a sociedade americana
naquela época. As pessoas iam pro McDonald’s pela sua
estava mudando.
rapidez e não exatamente por ser o melhor hambúrguer
do mundo. 8. Sucesso não enxerga idade e nem analisa currículo

3. A importância do protótipo e dos testes Ray tinha 52 anos quando conheceu os irmãos McDonald
e só foi virar dono mesmo da empresa 7 anos depois. Foi
Para chegar a um resultado final de como deveriam armar
soldado na Primeira Guerra e vendedor de máquina para
a cozinha e os sanduíches, os irmãos McDonald fazem uma
milk-shake. Não tinha um currículo invejável e não estava
série de testes. Mesmo depois de chegar a uma conclusão
sendo disputado por várias empresas. Estava no fim da
e armar a linha de montagem de sanduíches, eles
carreira mesmo. Imagino que seus amigos o
percebem que ela poderia ser ainda melhor e refazem
aconselhavam a apenas sossegar e curtir a aposentadoria
tudo.
que estaria próxima.
4. A clientela pode não estar preparada para suas ideias
9. Encontre sócios com a mesma visão que você
inovadoras
Quando Ray começa a procurar pessoas para serem donas
Tempo para esperar que os clientes entendam o que é sua
dos novos McDonald’s ele mira amigos e conhecidos
empresa e seu projeto é algo que infelizmente muitos
endinheirados que queiram ter lucratividade num novo
empreendedores não tem. O próprio McDonald’s mesmo
negócio. Conseguir os investidores e donos não parece ser
no início foi um grande fracasso. As pessoas estavam
algo difícil, mas o problema é o perfil deles.
acostumadas com um tipo de lanchonete e quando
chegavam lá não entendiam nada. Como eles são ricos, os novos donos não se preocupam
em seguir as regras de Ray e principalmente, não tem
Não entendiam a falta de talheres, o cardápio limitado,
fome de excelência. Acabam fazendo várias modificações,
esperavam ser atendidos no carro. Só com o tempo e a
vendendo produtos fora do menu e não estão nem aí pra
insistência o público entendeu a proposta e aí pra frente
nada.
foi só história.
Ray logo percebe o erro em focar em gente endinheirada 13. Não basta ter uma boa ideia, é preciso executá-la
e começa a procurar gente como ele. Pessoas da classe
Os irmãos McDonald sabiam muito bem que a sua
média, trabalhadoras e que queiram ser donas do próprio
lanchonete era revolucionária. Eles mesmo tentaram abrir
negócio. A mudança logo faz efeito e os novos donos
uma filial em outra cidade, mas não tiveram sucesso e
seguem à risca a cartilha de qualidade do Ray, além de
desistiram disso. Não souberam executar. Porém Ray fez
trazer várias novidades e inovações para a marca.
a mesma coisa depois e foi bem-sucedido. Era a mesma
10. Ser um bom orador e ter carisma faz a diferença ideia, apenas com uma execução bem-feita.
Certamente Ray Kroc seria um homem de sucesso, talvez Mas onde foi que os irmãos Mcdonald erraram?
um pouco menos, se fosse tímido e odiasse as luzes da
Muita gente que lê sobre a história do McDonald’s deve
fama. Mas é inegável que seu carisma e talento para a
imaginar que os irmãos criadores da marca deveriam ser
oratória fizeram uma enorme diferença na história da
dois idiotas enormes, pois não souberam aproveitar as
expansão da empresa.
oportunidades, perderam a empresa e
É interessante ver os dois momentos da oratória de Kroc: consequentemente milhões de dólares. Nada mais
quando ele era vendedor de máquina pra milkshake e errado!
depois como dono do McDonald’s. A oratória não muda
Os irmãos McDonald são nada mais que apenas outro tipo
nada, mas os resultados são totalmente opostos. Quando
de empreendedor, o qual muita gente se identifica muito.
era vendedor a oratória de Ray acaba parecendo conversa
Eles não tinham tanta sede de poder e fama, não queriam
pra boi dormir, muito lero-lero. Não adianta carisma se
dominar o mundo e não estavam dispostos a servir um
seu produto não empolga ou não é bom o suficiente.
produto pior só porque isso traria mais lucros. Queriam
Agora quando ele está no McDonald’s a coisa muda balancear trabalho e qualidade de vida. Apenas
completamente. Ele parece genial, mestre da oratória, rei desejavam pagar as contas e ter sossego. Bem que
do convencimento. Acontece que Ray não mudou nada. O tentaram abrir filiais, mas desistiram porque um dos
que mudou foi o produto que ele vendia. irmãos ficou muito doente pelos enormes problemas que
isso causava. Para eles não valia a pena quase morrer por
11. É preciso estar nas ruas e sair do escritório
uma empresa.
No McDonald’s o trabalho inicial de Ray é conseguir novos
De certa maneira eles tinham conseguido o que a maioria
franqueados, inaugurar novas lanchonetes e fazer a rede
das pessoas empreendedoras hoje almejam: um negócio
crescer. Durante sua trajetória ele conhece gente de todo
próprio, revolucionário, bem-sucedido que rendia um
tipo, seus problemas, encontra-se com novos provedores
bom dinheiro e não impedia que eles tivessem uma vida
e está cara a cara com todos os desafios da empresa.
pessoal com a família.
Enquanto isso os irmãos McDonald estão sempre no
escritório cuidando de burocracia. Não saem pra rua O erro dos irmãos foi não abraçar Ray Kroc. Não ver logo
quase nunca. O filme mostra isso claramente e de no começo que o que ele estava fazendo era promissor e
propósito. podia render muito a longo prazo. Os irmãos viviam
criando dificuldades para Ray, não acompanhavam e nem
Ao sair pra rua Ray conhece a fundo todas as necessidades
se interessavam pelo trabalho que ele fazia. Logo isso
dos novos donos e os desafios de implantar novas lojas. Os
voltou em contra deles, aí Ray se aproveitou e o resto é
irmãos acabam ficando numa bolha, isolados, sem
história.
informação para tomar decisões sobre a empresa.
12. Abrace o talento ao seu redor
O filme Fome de Poder mostra a todo momento como
novas pessoas chegavam a fazer parte da empresa. Desde
funcionários novos que traziam boas ideias e mostravam
competência de cara, a novos donos que inovavam com
soluções que melhoravam o negócio. Ray nunca deu às
costas a essas pessoas, mas sim as abraçou. Ele não via os
criativos como um perigo a sua autoridade, mas como
uma força a ser aproveitada.

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