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Nota: A opção por um caderno de recursos alargado prende-se, sobretudo, com a ideia de constituir não só um conjunto de materiais que
correspondam às propostas de trabalho formuladas, mas que possam ser, também, mobilizados para outras propostas, leituras e reflexões que ocorram
no decurso das sessões de formação.
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
Índice
Textos Notícia 4...................................................................................... 44
Notícia 5...................................................................................... 48
Texto 1 -........................................................................ 5 Notícia 6...................................................................................... 49
Texto 2 –....................................................................... 8 Notícia 7...................................................................................... 50
Texto 3 –....................................................................... 9 Notícia 8...................................................................................... 51
Texto 4 –...................................................................... 10 Notícia 9...................................................................................... 52
Texto 5 –...................................................................... 15 Notícia 10.................................................................................... 57
Texto 6 –...................................................................... 16 Notícia 11.................................................................................... 59
Texto 7 –...................................................................... 19 Notícia 12.................................................................................... 58
Texto 8 – ………....................................................... 22 Notícia 13.................................................................................... 59
Texto 9 –...................................................................... 26 Notícia 14.................................................................................... 60
Texto 10 –.................................................................... 28
Texto 11 – ………..................................................... 29
Texto 12 –.................................................................... 35
Dossier informativo
Texto 13 –.................................................................... 36 Vários textos ..................................................................... 63 a 90
Texto 14 – ………..................................................... 37
Texto 15 – ………..................................................... 39
Nota: os textos apresentados não devem ser considerados como vinculativos às propostas de trabalho apresentadas mas, isso sim, como indicativos na
busca de outros textos/documentos que sejam entendidos pela equipa de formadores como mais pertinentes e de acordo com as características e
especificidades do grupo-turma que irão monitorar.
Textos
O Mundo em mudança: somos consumidores 4
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
Texto 1
Papalagui
O chefe dos índios da ilha de Samoa situada na Polínésía visitou a Europa e ficou impressionado com o que observou.
Regressado à sua terra fez vários discursos onde contou os costumes e hábitos do Papalaguí (homem branco) de uma forma muito crítica.
Podereis reconhecer também o Papalagui pelo seu desejo de nos fazer crer que somos pobres e
miseráveis e que necessitamos de muita ajuda e piedade, em virtude de não possuirmos «Coisas».
Queridos irmãos destas muitas ilhas: permiti que vos diga o que é uma «coisa». A noz de coco é uma
Coisa, o enxota-moscas, o pano, a concha, o anel, o prato da comida, o adorno da cabeça são outras
tantas coisas. Mas há duas espécies de coisas. Há coisas que o Grande Espírito cria sem nós vermos
e que nos não exigem, a nós, humanos, qualquer esforço ou trabalho, coisas tais como a noz de
coco, a concha e a cabana, e há coisas que os homens criam, que exigem muito esforço e trabalho,
tais como o anel, o prato ou o enxota-moscas. Pretende então o afii que são estas coisas criadas
pelas suas próprias mãos, as coisas humanas, que nos fazem falta; pois não é possível que se esteja a
referir às coisas criadas pelo Grande Espírito. Quem, realmente, será mais rico e possuirá mais
coisas do Grande Espírito do que nós? Passeai os olhos à vossa volta, até ao longínquo horizonte,
onde a grande abóbada azul se apoia na borda da terra: está tudo cheio de grandes coisas – a floresta
virgem com os seus pombos selvagens, os seus colibris e periquitos, a lagoa com os seus pepinos do
mar, as suas conchas, as suas lagostas e outros animais aquáticos, a praia com o seu rosto claro, a
pele macia da areia, o grande mar capaz de imitar o guerreiro furioso, capaz também de sorrir como
uma taopoú, a grande abóbada azul diferente de hora para hora, semeada de grandes flores que nos
dão uma luz ora doirada ora argêntea. Para quê ser parvo, para quê criar ainda mais coisas para além
das coisas sublimes que o Grande Espírito nos dá? Nunca, mas nunca, poderemos nós igualá-lo, porquanto o nosso espírito é demasiado pequeno e
demasiado fraco para se medir com o poder do Grande Espírito, e a nossa mão demasiado fraca para se medir com a sua mão magnífica e possante.
Tudo quanto fizermos será medíocre, nem sequer vale a pena falar nisso. Com a ajuda de um pau podemos alongar o nosso braço, com a ajuda de
uma tanoa aumentar o côncavo da nossa mão, mas nunca Samoanês ou Papalagui algum fez uma palmeira ou um tronco de kava.
O Papalagui julga-se na verdade capaz de obrar tais coisas, julga-se tão forte como o Grande Espírito.
Eis porque, do nascer ao pôr-do-sol, milhares e milhares de mãos mais não fazem do que fabricar coisas, coisas humanas cujo sentido ignoramos e
O Mundo em mudança: somos consumidores 5
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
cuja beleza desconhecemos. O Papalagui procura inventar sempre novas coisas. As suas mãos tornam-se
febris, o seu rosto, cor-de-cinza, e curvadas as suas costas; mas os olhos brilham-lhe de felicidade sempre
que consegue uma nova coisa. Logo todos a querem ter, todos a adoram e a celebram com cantos na sua
língua.
Oxalá, irmãos meus, me acrediteis quando vos digo: eu descobri o que se oculta por detrás dos
pensamentos do Papalagui, eu vi o que ele pretende, tão claramente como ao sol do meio-dia. Destruindo,
por onde quer que passe, as coisas do Grande Espírito, pretende ele, pelas suas próprias forças, fazer
reviver o que mata e persuadir-se a si mesmo que é o Grande Espírito criador das várias coisas.
Imaginemos, irmãos, que de repente surge a grande tempestade e arranca a floresta virgem e as
montanhas, com todas as suas folhas e árvores, e leva à sua frente todas as conchas e os animais da lagoa;
imaginemos que não mais haverá flores de ibisco para as nossas donzelas enfeitarem os cabelos, que tudo,
tudo quanto está à vista desaparece, que só nos resta a areia, e que o solo se assemelha à palma da mão
estendida ou a uma colina pela qual escorreu a lava incandescente: lamentaríamos então ter perdido tudo -
as palmeiras, as conchas, a floresta virgem. Pois precisamente onde se erguem as inúmeras cabanas dos
Papalaguis – esses sítios a que eles chamam «cidades» - o solo está tão árido como a palma da mão! É por isso que o Papalagui perdeu o trambelho e
brinca ao Grande Espírito para esquecer o que não tem. Como é assim pobre, e a sua terra triste, apodera-se das coisas, colecciona-as como um louco
que apanhasse folhas murchas e com elas enchesse a casa. Mas é também por isso que ele nos inveja e deseja que nos tornemos pobres à semelhança
dele.
É sinal de pobreza o homem precisar de tanta coisa mostra, com isso, que é pobre em coisas do Grande Espírito. O Papalagui é pobre porque está
obcecado pelas coisas. Já não pode passar sem elas. Quando ele, das costas da tartaruga, faz um instrumento para alisar os cabelos (depois de lhes
aplicar um óleo), logo de seguida faz ainda uma pele para esse instrumento, um pequeno baú para pôr a pele e mais um baú grande para pôr o baú
pequeno. Há baús para os panos, para os tecidos de cima e os tecidos de baixo, para os tecidos de limpar o corpo, tecidos para cobrir a boca e outros
tecidos mais, baús para pôr as peles para as mãos e as peles para os pés, baús para o metal redondo e para o papel forte, baús para as provisões e para
o livro santo, numa palavra: para tudo quanto há. De todas as coisas faz ele inúmeras coisas, quando uma só bastava. Quando entramos numa cabana-
cozinha europeia, vemos uma porção de pratos de comida e de utensílios de cozinha que nunca são usados. Para cada alimento há uma tanoa diferente,
uma para a água, outra para o kava europeu, mais outra para a noz de coco e outra ainda para o pombo.
Numa cabana europeia há sempre tantas coisas que, mesmo que todos os homens de uma aldeia de Samoa carregassem mãos e braços com elas, nem
assim conseguiriam levar tudo. Há, numa única cabana, tão grande número de coisas, que a maior parte dos chefes de tribo Brancos necessita de
imensos homens e mulheres que outra coisa não fazem do que pôr essas tais coisas no seu lugar e limpar a poeira que as cobre. E até a taopoú mais
importante gasta grande parte do seu tempo a contar as suas inúmeras coisas, a mudá-las de um lado para o outro e a limpá-las.
Sabeis, irmão, que eu não minto, e que vos digo toda a verdade tal como a vi, sem tirar nem pôr. Crede que há na Europa homens que encostam a
arma de fogo à sua própria fronte, pois preferem deixar de viver do que viver sem coisas. Porque o Papalagui embriaga o seu próprio espírito de toda
a maneira e feitio e, assim, convence-se a si próprio que não pode viver sem coisas, do mesmo modo que um homem não pode viver sem comer.
É por isso que eu nunca encontrei na Europa uma cabana onde pudesse instalar-me, onde nada me impedisse de estender os membros em cima
O Mundo em mudança: somos consumidores 6
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
duma esteira. Todas as coisas lançavam chispas e tinham cores tão berrantes que eu não conseguia pregar olho. Nunca encontrei verdadeira
tranquilidade e nunca senti, como então, tantas saudades da minha cabana de Samoa, onde só o que há uma esteira e um rolo de dormir, onde só o
que chega até mim é a suave brisa do mar.
Quem tem poucas coisas considera-se pobre e isso fá-lo sentir-se triste. Não há Papalagui algum que seja capaz de cantar e mostrar um olhar feliz se
apenas possuir, como nós, uma esteira para dormir e uma tanoa para comer. Muito se lamentariam os homens e as mulheres do mundo branco se
vivessem nas nossas cabanas! Tratavam logo de ir buscar madeira à floresta; traziam depois carapaças de tartaruga, e vidro, e arame, e pedras de todas
as cores, bem como outras coisas mais; as suas mãos não paravam, de manhã à noite, até a cabana de Samoa ficar repleta de pequenas e grandes coisas,
coisas que se decompõem, todas elas, rapidamente, que um fogo ou uma chuvada tropical bastam para destruir, de modo que é sempre preciso tornar
a fazer outras.
Quanto mais realmente europeu for um homem, mais necessidade terá de coisas. Eis a razão por que as mãos do Papalagui nunca param de fazer
coisas. A razão por que o rosto dos Brancos se apresenta geralmente cansado e triste, por que só muito poucos gastam tempo com as coisas do
Grande Espírito, e a jogar no largo da aldeia, e a compor e cantar canções joviais, ou a dançar ao domingo, em plena luz do dia, ou a fruir dos seus
membros de todas as formas possíveis, como a nós nos é dado fazer, é que eles têm sempre coisas a fazer. E coisas a guardar. Coisas que se fincam,
que se agarram a eles como as formiguinhas das praias. Para se apropriarem das coisas, cometem toda a espécie de crimes, sem que isso lhes afecte o
ânimo. Guerreiam-se, não porque a sua honra esteja em jogo, ou para medir forças, mas apenas por cobiça das coisas de outrem.
Apesar disso, todos eles têm consciência de quão pobre é a sua vida; senão, não haveria tantos Papalaguis venerados por terem levado a vida inteira a
molhar cabelos em líquidos de várias cores e a pintarem assim belas imagens sobre esteiras brancas. Esses copiam todas as belas coisas criadas por
Deus, com todos os cambiantes de cor e toda a sincera alegria de que são capazes. Criam terra mole, desprovida de panos, raparigas de belos
movimentos livres como os da taopoú de Matautu ou figuras de homens brandindo clavas, retesando o arco ou espiando pombos na floresta. O
Papalagui constrói também grandes cabanas de festa especialmente para esses seres humanos de barro, que as gentes vêm de longe visitar, a fim de
fruírem da sua divina beleza.
Envoltos nos seus muitos e grossos panos, os visitantes postam-se diante dos homens de barro e estremecem de emoção. Vi Papalaguis chorarem de
alegria à vista de uma tal beleza, que eles mesmos perderam. E eis que, hoje, os homens brancos querem trazer-nos os seus tesouros, as suas coisas,
para também nós nos tornarmos ricos! Contudo essas coisas não passam de setas que envenenam mortalmente o peito daquele que é atingido. Ouvi
um Branco que conhece bem a nossa terra dizer: «Temos que levá-los a ter necessidades!» Necessidades, quer dizer coisas! E acrescentou depois esse
homem inteligente: «Só então é que eles ganharão de facto gosto pelo trabalho!» E propôs-nos que empregássemos também a força das nossas mãos a
fazer coisas, coisas para nós, é claro, mas, acima de tudo, coisas para ele, Papalagui! Como se também nós devêssemos ficar derreados, envelhecidos e
curvados!
Tanoa – recipiente com vários pés, no qual se prepara a bebida nacional. O Papalagui, Discursos de Tuiavii Recolhidos por Erich Scheurmann
Texto 2
Do consumo excessivo a um consumo selectivo
Texto 3
A publicidade
Durante o jantar, Robert Goutorbe volta ao seu tema: a apetência do público ardilosamente domesticada pela publicidade. A maioria das pessoas não
tem opinião, deixa-se seduzir e modelar por indolência intelectual. Torna-se cómodo que os outros pensem por nós.
E dá-nos exemplos. Nos jornais suíços, há tempos, apareceram dois anúncios: "Receba um rádio em sua casa por três francos"; "Receba uma máquina
de lavar por dez francos e fale aos seus amigos desta maravilhosa oportunidade". Seria possível? Era possível, sim senhor, tanto mais que na
desconfiada Suíça há mão-de-ferro para quem promete e não cumpre. Assim, centenas ou milhares de crédulos enviaram os três ou dez francos e, com
efeito, receberam em casa um rádio ou uma máquina de lavar. Em miniatura. Um brinquedo de plástico. Tudo legal. Nada nos anúncios garantia que
esses objectos (fabulosas pechinchas em que o burlado era com certeza o vendedor, por isso mesmo mais apetecíveis) tivessem de ser o que as pessoas
haviam suposto. Mais saboroso ainda, com estilo e senso de humor, o terceiro exemplo contado por Goutorbe: "Envie dois francos em selos postais
se deseja saber como aumentar substancialmente os seus rendimentos sem esforço e sem abandonar o emprego". Quem, à tentação, não passaria a
língua pelos beiços? Daí, que tivessem chovido em casa do finório, que prontamente esclareceu os cobiçosos: "Faça como eu".
Texto 4
20 anos de Europa
Temos o rei na barriga?
Como é que as mulheres e os homens europeus gerem os respectivos orçamentos familiares? Como e onde gastam o dinheiro? As
mulheres são mais gastadoras do que os homens? A resposta a estas e muitas outras questões encontram-se no relatório A vida das
mulheres e dos homens na Europa – um retrato estatístico que o Eurostat acaba de divulgar. Para já, fique a saber que os homens portugueses
são campeões europeus de "restaurantes e hotéis" – nenhuns outros comem e dormem fora como eles! E quanto ao consumo de roupa
e sapatinhos, só somos batidos pelos espanhóis, gregos e italianos, e os homens pelas mulheres, bem entendido. Bem vestidos e bem
alimentadinhos, graças a Deus, como nós não há, mas quando falamos de consumo de "cultura, distracção e lazer” o quadro torna-se
mais negro. Negro, negro, Também não, porque sobram as listas – azuis, verdes, encarnadas – ou seja, o futebol .
Falando de sapatos…
As nossas grandes indústrias nacionais são a têxtil e a do calçado. Daí que só nos fique bem gastar uma boa parte do nosso
rendimento em trapos e sapatos. Somos dos melhores da Europa neste exercício...
De acordo com o relatório, tanto os homens como as mulheres europeus (excepto aqui os vizinhos espanhóis, os gregos, os italianos, e
portugueses gastam, respectivamente, dois por cento do orçamento claro, os portugueses) são um bocado mais contidos neste tipo de
familiar em vestuário e um por cento em sapatos - em conjunto, gastam consumo, gastando menos de 1,5 por cento do orçamento familiar anual
seis por cento do total do orçamento anual da família -, precisamente a em trapinhos e sapatos: numa família que ganhe, por exemplo, 50 mil
percentagem média que todos os povos europeus despendem neste tipo euros por ano - o equivalente a dez mil contos - as mulheres gastarão
de bens durante um ano. pelo menos 1250 euros/ano em vestuário e calçado, enquanto os
homens não despendem mais do que 750 euros.
Mas números são números. Curiosamente, são os povos mediterrânicos
(os mais pobres) que mais dinheiro gastam todos os anos para se vestir e
calçar. Os espanhóis ocupam o lugar cimeiro, despendendo cerca de sete
Por acaso imaginava que: a hora de trabalho de um português custa
por cento do orçamento da família, seguidos dos gregos e dos italianos. E
quase quatro vezes menos do que a de um sueco?
nós, nobre povo, ocupamos um honroso quarto lugar.
Cada trabalhador português representa um custo de 8,13 € para o
Quem menos parece preocupar-se com a apresentação são os finlandeses patrão, mas no espaço da UE o valor médio é de 22,7€!
e os belgas, que gastam menos de quatro por cento do orçamento Os trabalhadores portugueses são os que auferem, em média, os
familiar em vestuário e calçado; seguidos dos ingleses, suecos, salários mais baixos da UE! As empresas portuguesas pagam os mais
finlandeses, dinamarqueses, alemães, irlandeses, luxemburgueses e baixos salários e as mais baixas taxas de contribuição social.
austríacos, todos com uma despesa média anual que oscila entre os A taxa média europeia de encargos sociais dos empregadores por cada
quatro e os cinco por cento. trabalhador é de 21,5% chegando aos 29,6% na Suécia e aos 27,7% na
Diferenças entre homens e mulheres? Sim, existem de facto. Diz o Irlanda -, mas os empregadores portugueses só contribuem com 19,3%!
relatório que "em todos os Estados membros, e em média, pelo menos Fonte eurostat
dois por cento das despesas das famílias são gastos em vestuário
feminino e 0,5 por cento em sapatos... para mulheres". Já os homens
homens neste tipo de bens de consumo, o que nível socioeconómico das famílias europeias, a
Também são as mulheres europeias quem
o relatório do Eurostat justifica verdade é que a marcha é o exercício físico
organiza as férias da família e quem mais
cavalheirescamente ao dizer que tal facto "se mais praticado - 4° por cento das mulheres e 4°
dinheiro gasta no período estival: por exemplo,
explica porque geralmente são os homens que por cento dos homens europeus "dizem
as suecas reservam 3,6 por cento do orçamento
convidam as mulheres para almoçar e dormir marchar pelo menos uma hora por semana".
familiar para gozar férias e as alemãs, 3,4 por
fora". Será pouco? Se calhar sim. Mas como estas
cento. Quanto às portuguesas, não gastam mais
estatísticas reportam a médias, fica claro que
do que 0,6 por cento do orçamento da família E depois pagam a conta, acrescentamos nós!
são os europeus do Norte que mais marcham,
no período de férias e os nossos homens E quais são as actividades físicas mais ao contrário dos povos mediterrânicos.
gastam apenas 0,5 por cento. praticadas, no quotidiano, pelas mulheres e Sabendo que a marcha quase não tem contra-
Mas no que toca a almoçar e jantar em homens europeus? A primeira é a marcha, indicações e que o seu custo é zero (em termos
restaurantes e a dormidas em hotéis, o nosso seguida da jardinagem, do fitness, do ciclismo e financeiros), aos portugueses a nossa ordem é
povo é campeão: isso mesmo, os homens da natação. Mais uma vez, são os homens entre “marchar, marchar”!
despendem 19 por cento do orçamento da os 25 e os 64 anos que mais praticam exercício
família para comer e dormir fora e as mulheres, físico por rotina. Um dado curioso é que a
9,3 por cento. Muito mais do que qualquer prática de exercício físico tende a aumentar
outro povo europeu. Afinal, no nosso encalce com o nível de escolaridade das pessoas:
só estão os homens gregos, espanhóis e “metade do homens e 43 por cento das
luxemburgueses que gastam, respectivamente, mulheres que concluíram um curso superior
16,7, 13 e 12,7 por cento do orçamento familiar praticam exercício físico pelo menos durante
em restaurantes e hotéis. São os cinco horas por semana; enquanto apenas 32
dinamarqueses, os irlandeses e os finlandeses por cento dos homens e 28 por cento das
quem menos dinheiro gasta para comer e mulheres que completaram a instrução primária
dormir fora. dedicam cerca de duas horas por semana a uma
actividade física”.
Traço comum a todos os países é que as
mulheres gastam sempre menos do que os Independentemente do nível de instrução e do
Texto 5
Publicidade enganosa
Durante um ano, J. S. Elvas coleccionou a a ser enviados ou, quando o são, não
publicidade enganosa que recebeu no seu correspondem à publicidade. Ora tal foi
correio e fez queixa ao Instituto do o que aconteceu com este leitor.
Consumidor, a entidade a quem compete
instaurar processos e fiscalizar as empresas Os diversos folhetos da publicidade que
com este tipo de práticas. J. S. coleccionou continham cláusulas
com as reais condições de habilitação
Primeiro, foi a empresa Arcádia a prometer dos prémios referidos, mas, como
um desconto, depois a 3 Suisses a anunciar a sempre acontece, toda esta conversa
oferta de uma aparelhagem e, no último aparecia em letras pequeninas.
Verão, a 3 Suisses voltou ao ataque com um Um dos casos foi mesmo denunciado
fato de treino e um leitor de DVD por J. S. ao Instituto do Consumidor e,
supostamente grátis. três meses depois, este organismo
comunicou que o processo tinha sido
Na maioria dos casos, para convencer os iniciado, para eventual aplicação de uma
consumidores a comprarem o maior número multa.
de artigos, as empresas anunciam prémios que nunca chegam
Texto 6
Publicidade dirigida a menores
Com o objectivo de analisar a publicidade dirigida a menores, o Observatório da Publicidade realizou, em Outubro passado, um estudo
que envolveu a imprensa escrita, televisão, rádio, cinema, internet e publicidade exterior, cujos resultados agora se divulgam.
Entre as 00h00 do dia 22 e as 24h00 do dia 28 de Outubro, foram identificados 28 anúncios contendo publicidade dirigida a menores e envolvendo 17
produtos ou marcas, cabendo a maior percentagem à Coca-Cola e Vodafone.
O suporte utilizado na maioria dos casos foi a imprensa escrita (39,3%), sendo de reduzida expressão os anúncios na internet.
Radio
RFM 08.00 às 09.00 h. 01.00 h. 23.10.01
R. Comercial 08.00 às 09.00 h. 01.00 h. 22.10.01
Mega FM 11.00 às 12.00 h. 01.00 h. 26.10.01
Antena 3 11.00 às 12.00 h. 01.00 h. 25.10.01
Radio Cidade 11.00 às 12.00 h. 01.00 h. 24.10.01
Imprensa
Expresso, A Capital, Diário Notícias, Jornal Notícias, Público, Correio da Manhã, Visão, Máxima, Activa, VIP, Nova Gente, Ana, Maria, Elle,
Caras, Mulher Moderna, TV Guia, Pais e Filhos, Crescer, Barbie, Playstation, Desporto Jovem, Ragazza, Superjovem, Teenager e 100% Jovem.
Internet
AEIOU, Autoportal, IOL, Oninet, Sapo, Clix, Terravista e netc.
Publicidade Exterior
Red
Rectângulo
Placa
Foram identificados 5 anúncios – que se inserem numa campanha publicitária- onde é utilizada uma língua estrangeira, o que indica violação do
disposto no número 3 e 4 do art. 7º do Código de Publicidade.
Aspectos psicossociais
Um vector interessante dos anúncios refere-se aos aspectos psicossociais, verificando-se que dos 28
anúncios observados, só um em cada seis (17,9%) não utiliza personagens, o que de acordo com os
autores do estudo se justifica, pelo facto de a existência de personagens ser mais apelativa para os
jovens. Constatou-se, também, que em cerca de dois terços dos anúncios (60,9%) só é utilizado um
personagem, enquanto pai e mãe aparecem em igual percentagem (4,3%) na companhia de um filho,
como personagens dos anúncios analisados. A utilização de grupos de jovens é utilizada por um em
cada seis anúncios (17,4%), aparecendo os grupos de crianças numa percentagem mais reduzida
(8,7%)
Os menores e a publicidade
O Código da Publicidade faz referência expressa à publicidade dirigida a menores em vários artigos, quer no concernente
aos conteúdos, quer às sanções a aplicar no caso de violação dos diversos preceitos. Transcrevem-se, de seguida, os artigos
onde é expressamente mencionada a publicidade dirigida a menores.
Artigo 14.
1 - A publicidade especialmente dirigida a menores deve ter sempre em conta a sua vulnerabilidade psicológica, abstendo-
se, nomeadamente, de:
a) Incitar directamente os menores, explorando a sua inexperiência ou credulidade, a adquirir um determinado bem ou
serviço;
b) Incitar directamente os menores a persuadirem os seus pais ou terceiros a comprarem os produtos ou serviços em questão;
c) Conter elementos susceptíveis de fazerem perigar a sua integridade física ou moral, bem como a sua saúde ou segurança, nomeadamente através de
cenas de pornografia ou do incitamento à violência;
d) Explorar a confiança especial que os menores depositam nos seus pais, tutores ou professores.
2 - Os menores só podem ser intervenientes principais nas mensagens publicitárias em que se verifique existir uma relação directa entre eles e o
produto ou serviço veiculado.·
Artigo 20.
É proibida a publicidade a bebidas alcoólicas, ao tabaco ou a qualquer tipo de material pornográfico em estabelecimentos de ensino, bem como em
quaisquer publicações, programas ou actividades especialmente destinados a menores.·
Artigo 25. -A
4- A televenda não deve incitar os menores a contratarem a compra ou aluguer de quaisquer bens ou serviços.
Observatório da publicidade
A actividade económica das empresas dirigida aos consumidores finais tem hoje uma importante incidência em matéria de publicidade. O acesso livre
e indiscriminado dos cidadãos à informação, designadamente comercial, é um elemento essencial do esforço de intervenção das empresas nos
mercados. Refira-se, a título indicativo, que o investimento das empresas em publicidade cifrou-se, no âmbito nacional, entre Janeiro e Outubro de
2001 em valores superiores a 340 milhões de contos (durante todo o ano 2000, esse valor atingiu nos 370 milhões de contos). Por outro lado, a
comunicação comercial e, em especial, a publicidade, são um factor muito dinâmico de modernização das empresas portuguesas: na sociedade de
informação apenas são ouvidos aqueles que se conseguem fazer ouvir. A saturação publicitária e a utilização de métodos agressivos de comunicação
são, também, por vezes, factores apontados para a indiferença dos destinatários face à publicidade. Tendo em consideração estes dados, o Instituto do
Consumidor (IC) e a Escola Superior de Comunicação Social (ESCS) estabeleceram um acordo visando a colaboração no âmbito do Observatório da
Publicidade.
Sob a orientação e gestão do IC, o Observatório (cuja fase experimental terminou em Dezembro), tem como objectivos o acompanhamento da
publicidade dirigida aos consumidores, de modo a identificar as tendências, a adaptação das comunicações comerciais aos novos meios tecnológicos,
os procedimentos desconformes com as regras aplicáveis ao sector, por forma a, de maneira pró-activa, assegurar o conhecimento por todos os
agentes intervenientes, em especial as empresas, das alterações e correcções de procedimento que garantam a sua competitividade e o respeito pelos
direitos dos consumidores no mercado global.
Texto 7
Consumo Responsável
Escolher a pensar no ambiente
Desde a Cimeira do Rio, em 1992, que nos países europeus, Estados
Unidos e Canadá, cresce o número de instituições que fazem
sucessivos apelos aos consumidores para que consumam de forma
mais responsável, tendo em atenção o impacto ambiental dos
produtos.
Lá diz o ditado que "a necessidade aguça o engenho". Com efeito, foi a quotidianamente, sem que sobre isso sejamos informados.
crise energética de 1973 que criou a necessidade de poupar energia e É no entanto inteiramente justo realçar que, apesar de todas as
levou os fabricantes de electrodomésticos a produzir produtos mais vicissitudes, algo tem evoluído no respeito pelo ambiente,
eficientes e "poupados", ou a encontrar formas de iluminação mais nomeadamente em termos europeus, já que os EUA parecem estar um
económicas. De igual modo, os construtores de automóveis viram-se pouco alheados da questão, mostrando-se mesmo refractários à tomada
obrigados a criar modelos com menor exigência de consumo (lembre- de medidas "duras". A falta de informação dos consumidores e as
se que há 30 anos era normal encontrar automóveis consumindo 30 pressões para consumir de que são alvo, continuam, também, a ser
litros aos 100 quilómetros...). obstáculos a avanços mais visíveis. Preocupadas com a falta de
Na última década, as preocupações ambientais obrigaram esses informação dos consumidores sobre esta matéria, algumas
mesmos construtores a produzirem modelos menos poluentes e os organizações de consumidores decidiram lançar o alerta do consumo
fabricantes de electrodomésticos a terem em consideração a "vertente responsável, recomendando aos consumidores soluções alternativas
verde" dos seus produtos. que protejam o ambiente. Um dos exemplos ultimamente mais citados,
É certo que continuamos a ver nas montras, todos os dias, produtos como marcantes de uma mudança em curso, relaciona-se com os
fabricados em condições que implicam atentados ao ambiente e detergentes, cujo impacto ambiental é bastante gravoso, o que tem
constituem ameaças ecológicas: uso excessivo de pesticidas, poluição levado a que governos, indústria e associações ajam de forma
dos recursos hídricos, alteração dos ecossistemas marítimos, ou concertada, no intuito de reduzir em 10% o consumo de detergentes e
destruição de fauna e flora, são apenas alguns dos pecados que se embalagens e em cerca de 5% a energia despendida em cada lavagem,
podem apontar a uma vasta gama de produtos que consumimos (em relação aos valores de 1996).
O Mundo em mudança: somos consumidores 19
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
Para o efeito, diversas organizações de consumidores europeias concentrados, visto que assim se perdem as vantagens ecológicas,
lançaram uma campanha incentivando os aumentando o custo das lavagens. Não se podem,
consumidores e a indústria de detergentes a todavia, ignorar as dificuldades com que os
adoptarem um conjunto de comportamentos que consumidores deparam para fazer opções
permitam lavagens ambientalmente menos responsáveis, face à força das mensagens
agressivas, onde se apela nomeadamente: publicitárias e mesmo da rotulagem que
frequentemente os leva para compras que nem
▪ à reutilização de embalagens permanentes e sempre se revelam como as mais ajustadas.
compra de recargas;
▪ ao doseamento do produto em função da sujidade O papel da União Europeia
e da dureza da água; Embora a União Europeia seja o maior fabricante
▪ à lavagem a baixas temperaturas (cerca de 90% da de produtos químicos a nível mundial (substâncias
energia eléctrica que consome uma máquina é que se encontram em produtos como detergentes,
destinada ao aquecimento da água e qualquer tintas e vernizes, mobiliário, tapetes, brinquedos,
programa a 90 graus gasta quatro vezes mais têxteis, pesticidas, cosméticos, materiais de
electricidade que a 40 graus); construção, computadores...), pouco se sabe acerca
▪ ao uso da máquina apenas quando estiver bem do seu processo de fabrico e comercialização.
cheia, já que gasta praticamente a mesma Conhecem-se, no entanto, muitos dos seus efeitos
quantidade de água e de energia se trabalhar meio nefastos, quer para o ambiente, quer para a saúde.
cheia. Por essa razão se justifica que a União Europeia
prepare a eliminação progressiva de algumas
Uma das atitudes que importa superar nos hábitos substâncias e procure melhorar os procedimentos
de consumo é a de sobredosagem com produtos de classificação e rotulagem.
A campanha europeia "Um dia sem carros" insere-se neste espírito de eléctrico e electrónico, para que esta assuma a responsabilidade de,
apelo aos cidadãos para que ao consumir tenham também consciência numa primeira fase, dar informações aos consumidores acerca de
cívica. reparações simples e, numa segunda fase, tomar a seu cargo a
Outras manifestações de consumo responsável passam por práticas de reciclagem destes aparelhos em fim de vida.
boicote às empresas poluidoras, pelo esclarecimento dos consumidores
sobre o impacto ambiental dos alimentos processados ou pela
comemoração, no primeiro fim-de-semana de Maio, do Dia
Internacional sem Compras (1) como momento de reflexão quanto aos (1) Ver site www.adbusters.org e www.buynothingday.com
nossos comportamentos de consumidores desenfreados.
Texto 8
As implicações do consumo na preservação do ambiente
A sociedade actual é a sociedade do desperdício, em que coexistem a Face a este quadro faltam as iniciativas. As políticas de consumidores
mais atroz miséria e a opulência mais ostensiva. ou inexistem ou são frouxas ou inconsequentes.
A concentração da riqueza num escasso número de pessoas amplia, E a sociedade do desperdício consolida-se.
qual mancha ou nódoa, a franja dos excluídos. O divórcio entre o consumo e o ambiente perspectiva-se nas medidas
isoladas, incongruentes que episodicamente se adoptam ou em
Os níveis de consumo disparam em estratos determinados e iniciativas inconsequentes que mobilizam um sem número de agentes e
comprimem-se nos mais desfavorecidos. em que as soluções de continuidade se observam sem quebras …
O descaso que atinge dois dos mais relevantes domínios de intervenção
O consumo de produtos, em particular, tem sido dominado pela de uma qualquer política de consumidores é decerto responsável pelos
reprodução insaciável do número de produtos à disposição do público. desvarios que se registam neste passo.
As tecnologias permitem, a um tempo, ampliar o número de produtos A educação e a formação para que se possa enfrentar sem temores a
disponíveis e faze-los passar de “moda” para que novas gerações de sociedade do desperdício em que mergulhamos constituem domínio,
produtos desemboquem no mercado e os apetites se tornem quase se diria, maldito, entre nós, conquanto os textos saídos do punho
insaciáveis. do legislador consagrem impressivamente as vias que é mister trilhar.
A informação dos cidadãos, que é fundamental assuma feição
Os métodos e as técnicas de promoção, aliados a formas cada vez mais eminentemente formativa, falece de modo semelhante porque não há
manipuladoras de publicidade, garantem o escoamento dos produtos. quem invista congruentemente em um tal domínio.
À custa evidentemente de um poderoso instrumento que enfraquece as E, no entanto, a Lei do Consumidor de 31 de Julho de 1996 prescreve
sociedades e constitui perigoso meio de sujeição - o crédito ao paradigmaticamente, no seu artigo 6º, um autêntico programa que, a ser
consumo. observado, produziria vastoss efeitos sobre os níveis de
aperfeiçoamento da sociedade em geral:
"1- Incumbe ao Estado a promoção de uma política educativa para os
consumidores, através da inserção nos programas e nas actividades
escolares, bem como nas acções de educação permanente, de matérias
relacionadas com o consumo e os direitos dos consumidores, usando,
designadamente, os meios tecnológicos próprios numa sociedade de
informação.
Texto 9
Consumo e Ambiente
Se olharmos para o nosso caixote do lixo e Para já a minimização do problema
o compararmos com o dos nossos avós, passa por soluções óbvias e do bom
vemos aí reflectida a história do consumo senso. Se não queremos tanto lixo,
da segunda metade deste século. A maior temos que fazer menos e reciclar mais.
parte do lixo do passado recente era, De um modo geral resumimos as
fundamentalmente, constituído por restos orientações ao consumidor nos 3Rs -
de alimentos. Era um lixo biodegradável Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Lembre-
que, nas zonas rurais era utilizado como se que é a si que cabe a decisão de
adubo e nas zonas urbanas depositado em compra e que é essa decisão que
lixeiras onde o espaço permitia uma rápida condiciona a quantidade do lixo
degradação. doméstico.
Hoje o lixo é muito mais (cada português Tudo o que compramos produziu
produz 300Kg por ano) e o espaço é menor, lixo na sua produção, produz lixo na
o que leva a que se coloquem também sua utilização e vai produzir lixo na
problemas com a degradação, mesmo do sua morte.
que é biodegradável. Mas, o que é mais grave, é que o lixo é outro. Aos REDUZIR
restos da alimentação viemos acrescentar as embalagens com que
compramos os alimentos (plástico, vidro, cartão complexo, alumínio, Sempre que vai às compras tenha presente estas questões antes de fazer
etc.); os produtos perigosos, as tintas, os diluentes, os vernizes, os as suas escolhas:
óleos, os insecticidas, os medicamentos, as pilhas, os produtos de · Evite produtos de usar e deitar fora.
limpeza de fornos e desentupidores, a naftalina, os detergentes, os · Evite embalagens inúteis.
têxteis, os restos dos electrodomésticos. · Diga não, decididamente, aos produtos duplamente embalados (são
apenas truques de marketing). Lembre-se que, além do mais, vai pagar
Que fazer com tanto lixo? a embalagem.
Que fazer para não ter tanto lixo? · Escolha os produtos com embalagens para as quais existe recolha
para reciclagem na sua autarquia.
Texto 10
África do Sul proíbe sacos de plástico
"Nós não queremos que elas acabem nas ruas. Nós queremos que
todos, fabricantes, lojistas e consumidores, comecem a reciclá-las",
disse Phindile Makwakwa, porta-voz do Ministério do Meio Ambiente.
O governo da África do Sul decidiu proibir que lojas distribuam aos
seus clientes sacos plásticos para carregar mercadorias. A medida, que As informações são do site da BBC em português.
atinge bolsas de plástico com espessura inferior 30 micrómetros
Texto 11
Guia do consumidor ecológico - Nunca se esqueça…
A cada dia são descartados 2 milhões de toneladas de lixo domiciliar no mundo. Quase um terço desse lixo é deitado fora nos
Estados Unidos.
Não existe um sistema perfeito de disposição final para o lixo. Tanto os aterros como a incineração e a reciclagem têm,
em maior ou menor grau, impacto ambiental. Hoje, grande percentagem dos resíduos domésticos produzidos nas
cidades é deitada a céu aberto ou em aterros irregulares, provocando a contaminação das águas subterrâneas e a poluição do
ar com gases tóxicos.
Por isso, o ideal é evitar na origem que o lixo seja produzido. O consumidor pode ajudar recusando embalagens
desnecessárias, reaproveitando restos de comida e preferindo alimentos a granel, por exemplo.
Se isso não for possível, a saída é reutilizar materiais usados. Reutilize envelopes, recondicione cartuchos de tinta para impressora, doe livros para
bibliotecas.
Por fim, existe a opção da reciclagem. Papel, vidros, plásticos e metais - os principais materiais recicláveis - representam 38% do peso total dos
resíduos gerados.
Se você usa 100 folhas de papel por mês, poderá economizar 50 folhas - ou 0,48 quilos - com este novo hábito.
O cidadão moderno é acordado pelo rádio-relógio, come alimentos que saem do congelador para o forno e vai para o
trabalho de carro ou autocarro. Finalmente, à noite, quando quer descansar, liga a televisão ou o aparelho de som. Para
manter esse ritmo, cada indivíduo do planeta tem de consumir o equivalente a 8 toneladas de petróleo por ano - é mais de
100 vezes o seu próprio peso.
A maioria das fontes de energia tem grande impacto sobre o meio ambiente. Uma das excepções é a energia solar -
renovável, ela não polui nem o ar nem a água, exige pouco espaço e não faz barulho. Já a queima de gasolina, diesel, gás e
carvão mineral emite gás carbónico e monóxido de carbono, que causam uma série de problemas respiratórios e cardíacos,
além da poeira fina que pode atingir os pulmões.
A queima de combustíveis fósseis também colabora para o aquecimento da Terra, o chamado efeito estufa. Se carros e indústrias continuarem
queimando combustíveis petróleo e carvão no ritmo actual, a temperatura média do planeta poderá aumentar em até 5°C nos próximos 50 anos.
A energia das hidroeléctricas praticamente não emite poluentes no ar, mas exige a inundação de áreas imensas, que muitas vezes expulsam as
populações da vizinhança e inutilizam áreas que poderiam ser plantadas.
Cada banho cuja duração foi reduzida de 12 para 6 minutos economiza, em média:
• 54 litros de água
• 440 watt-hora de energia eléctrica
1,62 milhões de metros cúbicos de água por mês — o suficiente para abastecer 432 mil pessoas ou 108 mil famílias com 125 litros de água por
dia por pessoa
Em 2025, faltará água de qualidade para duas em cada três pessoas. Um dos motivos é que o consumo mundial aumentou seis
vezes no século XX. Os maiores responsáveis por isso foram a explosão populacional e o uso indiscriminado de água para a
irrigação e a indústria.
Outro motivo é a poluição que compromete os mananciais. Ela está ligada aos despejos produzidos pela agricultura e indústrias
e pela falta de saneamento. Hoje, cerca de 2,5 biliões de pessoas - quase a metade da humanidade - vivem sem saneamento
básico. Cada litro de esgoto que não recebe tratamento é capaz de contaminar outros 10 litros de água limpa. Essa sujeira causa
doenças como o tétano e a desinteria que matam milhões de indivíduos em todo o mundo.
Se um milhão de pessoas guardarem seu carro na garagem um dia por semana ao longo de um ano, elas deixarão de:
Texto 12
Carta do Consumidor – Reciclador
Artigo 6º: Comprometo-me a sensibilizar a minha autarquia a fazer
Artigo 1.º: Se eu vou às compras levo um cesto ou uma seira ou
uma recolha de resíduos metálicos e falarei do assunto a uma
um saco de pano e evito com firmeza e determinação trazer
associação ambienta.
grandes quantidades de sacos de plástico para casa, e após ter posto
Artigo 7º: Não deito para o lixo nenhum têxtil, vou sim pensar se os
a questão de saber se tenho realmente necessidade deste ou daquele
posso oferecer a uma entidade social ou saber de alguém que os
produto, eu comprometo-me a comprar de preferência produtos
recicle.
duradouros, reciclados ou recicláveis e a evitar os
Artigo 8º: Como, infelizmente, ainda não existem
produtos excessivamente embalados. A recusa
contentores, adequados para recolher pilhas, óleos
deve começar logo pelos produtos descartáveis.
de viaturas nem resíduos químicos decorrentes de
Artigo 2º: Prevejo um recipiente para os restos de utilizações domésticas, vou procurar ser
alimentos Se tenho um jardim preparo um espaço parcimonioso nestes consumos e pedirei uma
para os compostar com as folhas e outra matéria tomada de posição quer das associações de
orgânica do jardim. Se não tenho um jardim, consumidores, quer das associações ambientais.
procuro colaborar com uma associação de
agricultura biológica Com o composto poder-se-á Artigo 9º: Deixo o, medicamentos fora do prazo de
fertilizar sem químicos. validade no farmacêutico e entrego os restos de
medicamentos ainda com eventual utilização nos Centro de Saúde.
Artigo 10º: Vou tirar um curso para aprender a fabricar objectos a
Artigo 3º: Guardo sacos em papel para os poder reutilizar nas partir de materiais de recuperação.
compras seguintes. Artigo 11º: Vou propor a alguns amigos criar um sistema de trocas
e passarei a frequentar estabelecimentos especializados na venda em
Artigo 4º: Junto cartões e jornais para que eles possam ser segunda mão.
reciclados. Artigo 12º: Vou procurar sensibilizar os meus vizinhos e dentro do
praticável vou organizar com eles o transporte dos materiais para os
Artigo 5º: Utilizo o mais possível os recipientes recuperáveis e lugares, apropriados.
periodicamente deixo no vidrão garrafas, frasco e recipientes de
vidro não recuperáveis. Beja Santo, O Livro do. Consumidor, Lisboa Bertrand Ed. 1994,
pp. 333-4.
Texto 13
Anorexia e Publicidade
Texto 14
O hipermercado, o carrinho e o congelador
PHILIPPE BOVET
Março 2001
No fim-de-semana, os hipermercados dos arredores têm uma forte As grandes estruturas comerciais incitam ao armazenamento:
afluência. Vindos, na sua maioria, em automóvel, os consumidores sabonetes em grupos de três, leite de “longa conservação” em
fazem ali as suas compras para a semana. Das malas dos carros, os embalagens de seis, eternos bidões duplos de detergente para a roupa
alimentos saem para os frigoríficos, para os congeladores ou outros e acondicionamento por lotes levam a uma “sobreembalagem”
locais de armazenamento. Por trás desta prática, bastante expandida, plástica.
instala-se um modo de consumo que absorve muita energia. Armazenar estes produtos apenas exige espaço. Em contrapartida, a
conservação dos congelados consome energia. E este consumo é tão
Assim, fazer as compras num hipermercado da periferia causa quatro maior quanto maior for o tempo de armazenamento. Comprar uma
vezes mais poluição e perturbações do que comprar as mesmas grande quantidade com o objectivo de realizar economias conduz a
provisões a 500 metros de casa, num hipermercado do centro da um sobreconsumo do congelador, que tem de trabalhar no máximo.
cidade (1). Isto pela simples razão de que 85% dos consumidores se A economia feita no momento da compra é, então, posta em causa
deslocam de automóvel. A poluição criada por este deslocamento é pela factura da electricidade!
tão mais elevada quanto o veículo é potente. Para um trajecto em
Nas zonas rurais, onde as grandes superfícies têm tendência a
zona urbana, um pequeno carro consome sete litros de gasolina aos
100 quilómetros, consumo que passa a 11 litros num veículo de substituir os mercados e os pequenos comércios, os consumidores
gama alta e que pode subir aos 30 litros em certos modelos “4x4”
percorrem, por vezes, até 50 quilómetros para fazer as suas compras.
quando têm em funcionamento o sistema de ar condicionado. O balanço energético é, pois, dos piores. “Existe um laço evidente
entre o tipo de estrutura frequentada e o modo de transporte”,
Consumidores de carga explica Erwan Segalou, investigador do Laboratório da Economia
dos Transportes. “Uma cidade que possua um tecido de
Um consumidor regressa de um hipermercado mais carregado do estabelecimentos de proximidade implica menos deslocações em
que quando volta de um supermercado: 25 kg contra 4,16 kg (2). automóvel. O que é bastante claro quando se compara duas cidades
como Marselha e Bordéus”.
Em Marselha, o pequeno comércio alimentar (mercearias, padarias,
bares) representa 27,3% dos estabelecimentos económicos, contra
O Mundo em mudança: somos consumidores 37
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
22,4% em Bordéus, cidade que, com os seus 49 hipermercados, é continua a ser delicado escolher bons produtos (e frescos) ou roupas
uma das aglomerações mais equipadas em França. Em Bordéus, o num ecrã de computador.
carro é utilizado para 67% das deslocações ligadas às compras,
contra 48% em Marselha. Ainda em Bordeús, andar a pé representa De facto, o ideal é, claro está, fazer as compras a pé. O que permite
28% das deslocações, contra 44% em Marselha. Quanto à utilização ter um mínimo de actividade física, reencontrar o prazer do passeio
dos transportes públicos para fazer compras, os números são de 4% nas ruas de comércio, observar as lojas, cumprimentar os vizinhos...
para Bordéus contra 6% de Marselha. Isto com uma distância média e fazer viver um bairro.
de deslocação automóvel (só ida) calculada em 9,3 quilómetros em
Bordéus, contra 6,1 quilómetros em Marselha (3). (1) Compilação de diversos documentos da Agence de
l’Environnement et de la Maîtrise de l’Energie (ADEME), Paris.
Esta relação de 1 a 4 diminui se o consumidor agrupar as suas
Urgência consumista deslocações em automóvel. Por exemplo, se fizer as compras da
semana quando regressar do trabalho.
Em vez de se deslocar em automóvel, pode ir-se a pé a um (2) Formes de distribution commerciale et génération des
supermercado das proximidades e ter a entrega das compras ao déplacements, Beauvais Consultants, Tours, Dezembro de 1997.
domicílio, através de um serviço, geralmente gratuito, a partir de um (3) Erwan Segalou, “Étude comparative de la mobilité d’achats dans
mínimo de compras. trois agglomérations de province: Bordeaux, Dijon et Marseille”,
documento de trabalho interno do LET, Lyon, Fevereiro de 2000.
Fazer estas compras pela Internet não é mais satisfatório. É certo que
o consumidor não tem que se deslocar ao hipermercado, mas * Jornalista
Texto 15
O mundo actual tem vindo a sofrer uma acelerada transformação em resultado da acção das novas tecnologias de
informação e comunicação, da globalização dos mercados e, no caso da Europa, em resultado também da própria
construção europeia, em especial com o próximo alargamento a Leste.
Esta transformação, geradora de novas dinâmicas, implica a colocação de grandes desafios à sociedade portuguesa.
Se, por um lado, estes desafios tendem a potenciar as características positivas, por outro, acentuarão as
vulnerabilidades e fragilidades estruturais do país. O défice de escolarização e de qualificação profissional dos
portugueses é, sem dúvida, um grande obstáculo à capacidade competitiva das empresas, à continuidade dos actuais
níveis de emprego, bem como à melhoria da qualidade do emprego.
Notícias
As ideias e opiniões expressas nos textos apresentados são da responsabilidade dos seus autores
Notícia 1
Consumidores na falência
Nível de poupança e
AS FAMÍLIAS portuguesas caíram num que em 1993, quando Portugal de endividamento das famílias
pessimismo sem precedentes. Os dados mergulhava na recessão. (países com situação mais crítica)
relativos a Fevereiro, divulgados na quinta- Também as intenções de compra de
Países Dívida (%) Poupança (%)
feira pelo Instituto Nacional de Estatística automóvel ou de habitação nos
Dinamarca 186 5,2
(INE), mostram que o indicador de próximos dois anos mantém o mínimo
Holanda 143 11,1
confiança dos consumidores mantém a atingido em Janeiro. Noruega 136 4,0
tendência de queda dos últimos nove O mesmo se passa com as previsões de Suiça 130 9,3
meses, rodando agora os mínimos realizarem melhoramentos na Austrália 127 0,9
históricos de uma série iniciada em 1986. habitação no próximo ano. Japão 123 8,2
A quebra deste indicador reflecte as Na semana passada, a Comissão
Reino U. 123 5,1
respostas dadas pelas famílias em todo o Europeia já revelara que os
Suécia 117 6,3
inquérito. consumidores e comerciantes
Alemanha 113 10,4
N. Zelândia 113 0,2
O INE destaca as expectativas sobre a portugueses são os mais pessimistas de PORTUGAL 106 9,6
evolução do desemprego a oportunidade todos. O inquérito de conjuntura que
de POUPANÇA, que atingiram o pior sintetiza o sentimento económico na
resultado da última década. Endividadas e União Europeia quebrar mínimos compras. A opinião do comércio a retalho
sem perspectivas, as famílias respondem históricos. nacional também cria novos mínimos
com pessimismo a todas as perguntas. As quanto a situação económica actual e
Segundo Bruxelas, as famílias portuguesas esperada quanto às expectativas de
expectativas sobre a situação económica nunca estiveram tão pessimistas como em
dos agregados familiares e do país nos emprego.
Fevereiro quanto à situação das famílias e
próximos doze meses são mais baixas do do país nos próximos 12 meses, quanto à Expresso, 8-03-2003
oportunidade de poupança ou de grandes
Notícia 2
Endividamento no limite
Televisões, carros e até férias. Os bancos e o comércio em geral incentivaram, os portugueses aceitaram o
desafio. Hoje, as taxas de juro para o consumo e habitação atingiram níveis impensáveis no início da década
e o resultado está à vista: as famílias portuguesas têm níveis de endividamento perto dos cem por cento do
rendimento disponível.
O crédito ao consumo, que era quase inacessível ou inexistente no início dos anos 90, é hoje corrente e as
taxas de juro no crédito à habitação passaram de 19,4% (média de 1990) para os cerca de 3% actuais. A
juntar a estes indicadores, a evolução positiva da economia e a confiança dos consumidores deram um
empurrão ao crescimento explosivo do crédito contraído pelas famílias portuguesas e, por arrastamento, aos
níveis de endividamento.
No final de 1997, data em que as estatísticas do Banco de Portugal começam a apresentar o crédito ao
consumo a particulares de um modo independente, o valor concedido pela totalidade dos bancos presentes no mercado atingia os 643 milhões de
euros; em Novembro de 2001, este valor tinha aumentado para os 2 723 milhões de euros.
Apesar desta evolução, a partir do final de 1999, quando os juros pararam de descer e o plafond do crédito das famílias começou a esgotar-se, os ritmos
de crescimento foram abrandando e, nalguns casos, até caíram. A partir de 2000, a quebra contínua da confiança dos consumidores na economia e a
necessidade de satisfazer a dívida contraída nos últimos anos levou a um abrandamento do consumo privado. Esta situação foi mais intensa na
aquisição de bens duradouros, em particular de automóveis.
Visão, Março 2002
Notícia 3
Empresta-me dinheiro para comprar uma casa?
O mercado da habitação entrou num novo ciclo na década de 90. A descida vertiginosa
das taxas de juro do crédito à habitação beneficiou em grande escala os consumidores
portugueses e trouxe um novo fôlego aos vendedores, construtores e bancos.
Tendo em conta que, em 1990, as taxas de juro médias para habitação eram de 18,7%
e, em 1999, de pouco mais de 6%, consegue perceber-se a razão desta explosão da pro-
cura de crédito à habitação. Os bancos entraram no negócio do crédito bonificado, que
no início dos anos 90 estava praticamente limitado ao banco estatal, e lançaram-se
numa corrida à captação de novos clientes. Chegaram as campanhas publicitárias
agressivas e as ofertas adicionais por cada negócio fechado.
O crédito bancário às famílias cresceu, entre 1995 e 1999, à taxa média de 29,3 por cento. E o segmento do bonificado, destinado aos agregados com
rendimentos mais baixos e cujos juros são suportados em parte pelo Estado, em 1998, representava quase o dobro do montante dos empréstimos
contratados ao abrigo do regime geral. Uma situação que, aliada às crescentes denúncias de fraudes na concessão de bonificações (famílias com
rendimentos elevados que contraíam empréstimos através dos seus filhos com rendimentos menores, por exemplo), levou o Estado a reforçar as
restrições do acesso a este regime, nomeadamente através da diminuição do valor das habitações a adquirir, a partir deste ano. Em 2000, a subida das
taxas de juro veio acentuar o abrandamento na procura de crédito à habitação e o montante dos contratos para habitação caiu 13 por cento. O crédito
bonificado caiu ainda mais, 26%, reduzindo o seu peso no conjunto do crédito concedido.
Visão, Março 2002
Notícia 4
Portugal no fim da linha
Temos os salários mais baixos e, em muitos casos, os preços mais elevados da Europa. Resultado? Somos
o país com o pior nível de vida de um conjunto de oito, incluindo a Espanha.
CARLA ALVES RIBEIRO
pôr um partido no poder. Do que isto é, que têm um nível de vida baixo em
gostaríamos era de que, seja o Partido relação às populações de muitas nações
A mim tanto me faz que o gato seja Socialista, seja o Partido Social da Europa e não apenas da Alemanha e
branco, preto ou cinzento. O que é Democrata, seja o partido que for, tome da França, mas também da Espanha, país
preciso é que apanhe ratos.» Foi esta a medidas para inverter a actual situação com o qual costumamos comparar-nos.
resposta que o líder chinês Deng económica. Se um determinado partido Além de confirmarem o que já se suspeitava,
Xiaoping deu aos seus detractores, conseguir aumentar a produtividade, aqueles números revelam um cenário muito
quando o acusaram de tomar medidas aumentar os salários e diminuir a inflação, pior do que se poderia imaginar. O nível de
económicas muito pouco comunistas. E esse partido tem o nosso voto.» vida em Portugal, considerando os salários
foi assim, também, que respondeu Jorge A obra, na qual participaram, também, médios e os preços, é inferior em 44% ao
Vasconcellos e Sá, 48 anos, um dos Miguel Frasquilho, 36 anos, professor na dos espanhóis, e em 45% à média de oito
autores do livro Portugal Europeu?, lançado Universidade Católica e Frederico países, a Alemanha, França, Áustria,
hoje, quinta-feira, 22, quando lhe Machado Jorge, 38, director-geral da Holanda, Bélgica, Espanha, Itália e Portugal.
perguntámos se, subjacentes a esta obra Watson Wyatl, traduz em números o que Esta discrepância resulta de dois factos: o
existem motivações políticas. a maioria dos portugueses há muito sente salário médio português é inferior em 38%
O professor catedrático do Instituto na pele. Que ganham pouco e que os ao espanhol e em 44% à média europeia, e o
Superior de Economia e Gestão (ISEG) preços de muitas coisas são mais altos em nível de preços é superior ao espanhol em 11
não fugiu à pergunta: «O objectivo não é Portugal que noutros países europeus, por cento.
Números polémicos
Estes números, no entanto, não são a conclusão dos autores de que os preços em outros países europeus, foi posta em
pacíficos. Ainda o livro não viu a luz do dia, de muitos produtos são mais elevados em causa. Porquê? As estatísticas do Eurostat
e já a polémica se instalou. Nos últimos dias, Portugal do que em Espanha, e até mesmo (organismo de estatística da Comissão
Notícia 5
Um risco cada vez mais gordo
Notícia 6
Coisas do tabaco
O valor das vendas de tabaco em Portugal totalizou 323,7 milhões de (61,75%, sem IVA). Enquanto que a receita do imposto sobre
euros (2001). Este quantitativo significa um aumento de 116% entre produtos petrolíferos evoluiu, entre 1997 e 2002, 23%, o relativo ao
1992 e 2001, evolução cifrada em 201 milhões de euros. Mesmo tabaco aumentou 39% no mesmo período, tendo rendido ao Estado
cingindo-nos ao período 1999-2001, o valor das vendas cresceu 35% e 1,1 mil milhões de euros em 2002.
o volume de produção 32%.
Em Dezembro de 1996, a americana Philip Morris (actualmente
O negócio do tabaco é, de acordo com os últimos dados do INE, designada por "Altria") e o Grupo de Jorge de Mello venceram a
considerável relativamente à média da indústria transformadora: primeira fase do concurso de privatização da Tabaqueira, onde o
volume de vendas, lucros, riqueza produzida pela empresa e Estado se desfazia de 65% do capital da empresa. Para trás ficaram os
produtividade por trabalhador. Em tudo, o tabaco destaca-se da média espanhóis da Tabacalera, associados ao empresário Horácio Roque, e
da indústria transformadora. os franceses da Seita.
A Tabaqueira é, claramente, a grande responsável por este Na altura, a polémica sobre o provável domínio por parte de empresas
desempenho. A aquisição da empresa pela americana Philip Morris fez estrangeiras, que acabou por se concretizar, foi motivo de aceso debate.
com que, a partir de 1997, tudo mudasse. A produção no país de É natural: a Tabaqueira foi a única empresa cujo controlo foi
marcas internacionais, sobretudo da Marlboro, fez disparar as totalmente perdido pelo Estado no período 1996-2001. Quatro anos
quantidades produzidas e o valor das vendas. Em 2001, a produção de depois da privatização, o Grupo Jorge de Mello vendeu à Philip Morris
cigarros com filtro (23,2 mil milhões de unidades) representou 99% do os 20% que detinha no capital da empresa de tabacos, a fatia que lhe
volume de produção. Em apenas dois anos (1999-2001), a Tabaqueira coube na sequência da privatização da Tabaqueira. Em troca, o
passou a produzir mais cinco milhões daquele tipo de cigarro. empresário adquiriu a parte do capital da Nutrinveste que ainda era
controlada pelos americanos. Uma separação de águas, entre os
E é evidente que o Estado agradece. Não é por acaso que Portugal tem negócios do tabaco e a área agro-alimentar, que mobilizou Jorge de
a terceira maior carga tributária da União Europeia sobre o tabaco Mello a concorrer à Tabaqueira. Hoje, a empresa é 100% americana.
Notícia 7
O toque dos telemóveis
Gostava de fazer um protesto em relação aos toques dos telemóveis, à forma como as pessoas usam e abusam deste aparelho e
referir aquilo que considero ser um exemplo moderno de más maneiras por parte de quem não prescinde do telemóvel, esteja
onde estiver.
Começo pelos toques. Tudo por causa desta mania moderna de alterar os toques e transformar um aparelho prático num
objecto de culto. Assim, há toques para todos os gostos e feitios. É insuportável!
Quanto à falta de maneiras, também gostava de expor o meu ponto de vista. Não nada mais desagradável do que ir jantar com
alguém, sozinha ou em grupo, e ver que o primeiro gesto é pousar o telemóvel na mesa. Pior, mal toca atender sem ter a noção de
que é uma absoluta falta de educação deixar a pessoa ao lado pendurada, a meio de uma conversa, para desatar a falar com outra só
porque ligou.
Acabo dizendo apenas que este meu protesto é uma tentativa de chamar a atenção para um assunto que ameaça tomar proporções gritantes, no
sentido literal da palavra.
M. Amélia Vasconcelos, Revista Xis, nº 113, Público, Agosto de 2001 (adaptado e com supressões)
Notícia 8
Com os telemóveis é melhor prevenir
Notícia 9
Fome no celeiro do mundo
As imagens de crianças esqueléticas morrendo de fome na Argentina vieram chamar a atenção para o maior de todos
os paradoxos: o da injustiça gritante e da exploração desenfreada num país que continua a ser potencialmente dos
mais ricos do planeta.
Apenas sete quilos no corpito de uma milhões de vacas, muito mais do que os
criança de 4 anos atingiram na Argentina a seus 30 milhões de habitantes.
força devastadora de um cataclismo. As Os pais de Pablo são dois jovens sem
fotos, publicadas na primeira página dos emprego que vivem numa barraca de lata
grandes diários, das crianças que, por falta dos arredores de Tucumán, e já viram
de alimentos, esperam a morte nos morrer por desnutrição outro dos seus
hospitais de Tucumán bateram em cheio no quatro filhos. Ambas estas vítimas
coração de um país que produz dez vezes integram a fatídica lista de 350 crianças
mais alimentos do que precisa e que mortas só este ano. Uma história da miséria
poderia dar de comer a 30 países como que não é nova no Norte da Argentina - só
Portugal. que agora se tornou visível na capital,
O corpo esquálido, os ossos das pequenas Buenos Aires, desde que os jornais se
pernas que se adivinha a pele, os olhos encheram com as fotos dos pequenos
desorbitados e tristes de Pablo Gomez, uma rostos famélicos de crianças, geralmente
das crianças internadas no Hospital do nos braços das mães que desmamam um
Menino Jesus, de Tucumán, puseram um filho para amamentarem o outro, recém-
rosto nos números que, desde há algum nascido. E o mate, a infusão de chá
tempo, vinham advertindo sobre um dos argentina, ao substituir o leite materno, em
paradoxos da era da globalização: a fome muitos casos passa a ser o único alimento!.
num dos cinco países exportadores de A falta de proteínas, mais tarde, fará
cereais e que tem nos seus campos 58
Notícia 10
Diz-me o que deitas fora...
Pelo lixo urbano (ou Resíduos Sólidos Europa, depressa ganhou o nome de
Urbanos, RSU) - o que cada um de nós «consciência ecológica». Vários países da
rejeita diariamente - pode medir-se, por UE reduziram drasticamente os RSU (a
exemplo, o grau de conforto de uma Alemanha, o Luxemburgo, a Finlândia e o
sociedade. Um português produzia, em Reino Unido).
média, em meados da década de oitenta, Em Portugal, o crescimento deste indicador
pouco mais de meio quilo de lixo por dia. foi combatido através de uma política de
Hoje, este valor duplicou. Causas: o tratamento que anuncia agora o Governo,
desenvolvimento económico aumentou, o pôs fim às lixeiras. Trata-se da ponta do
poder aquisitivo cresceu, as prateleiras dos iceberg de um processo que envolveu a
hipermercados encheram-se de «produtos criação de recolhas selectivas (separar o que
indispensáveis» . pode ser reutilizado ou reciclado do que é
Mas o bem-estar também tem um reverso. matéria orgânica ou simples «lixo»), um
O lixo acumulado durante décadas tomou- sistema co-financiado pelos produtores de
se num grave problema ambiental: lixeiras a embalagens. Entretanto, entraram em
céu aberto, contaminação de solos e lençóis funcionamento cinco centrais de
de água, focos de contágio para as compostagem, que aproveitam a matéria
populações. E mais. Aquilo que orgânica dos RSU e duas centrais de
consideramos «lixo» pode muito bem ter incineração, que fazem o aproveitamento
utilizações várias, benéficas, proveitosas. energético do lixo com poder calorífico. O
Essa certeza, que começou por ser apenas resto, esse sim, destina-se aos impopulares
uma das peculiaridades do Norte da aterros. Visão, 7 de Março de 2002
Notícia 11
O perigo que vem do ar
Monóxido de carbono, dióxido de exposições, acarretam riscos para a
azoto, dióxido de enxofre, ozono, saúde humana não foi ultrapassado
partículas finas ou inaláveis são os em nenhum dia de 2001. Mas o ozono
principais inimigos da nossa saúde ultrapassou, e logo por 37 vezes, o
respiratória. O mais grave é que os nível que exige «informação ao
inspiramos todos os dias. Provêm dos público». Em seis dias, nos meses de
carros que conduzimos e das fábricas Maio e Junho de 2001, foram
que produzem artigos para o nosso ultrapassados os limites toleráveis de
bem-estar. Segundo os relatórios presença deste gás na atmosfera,
sobre o índice de qualidade do ar, os colocando em risco a saúde de
lisboetas e os portuenses em geral «idosos, crianças, doentes do foro
tiveram dias irrespiráveis em 2001. respiratório ou cardiovascular», como
Em Lisboa, Junho e Setembro foram refere o Ministério do Ambiente. O
meses para esquecer; no Porto, Dia sem Carros, que vai na terceira
Dezembro situou-se, com vários dias edição anual, é uma das formas de
«maus» e «fracos», nos dois últimos sensibilização para a poluição do ar. O
degraus de qualidade antes do «alerta». problema são os outros 364 dias do
O limite - porque algumas destas ano...
substâncias, ainda que em curtas
Visão, 7 de Março de 2002
Notícia 12
Sentados em casa
Ricos e pobres, aqui não há distinção: os bailes, e um terço distrai-se em
portugueses renderam-se à televisão, e é com jogos de sociedade como as
ela que gastam a maior fatia dos seus tempos cartas, o xadrez e as damas.
livres. Apesar da apetência pelo pequeno Em média, os portugueses
ecrã, estamos, porém, a sair cada vez mais de desfrutam de três horas diárias
casa. Quanto ao tempo médio despendido, de momentos de lazer, mais
anualmente, com o lazer, as estatísticas tempo do que despendem em
dizem que ocupamos 2.02 horas por dia a trabalhos domésticos e cuidados
passear de carro, mais do que em iniciativas com a família.
cívicas e de voluntariado (1.44 horas) ou até Dentro deste período de lazer,
a jogar à bola (1.55 horas). Já as visitas e as 62% do tempo é passado
refeições fora de casa (com familiares ou exclusivamente a ver televisão.
amigos) são as únicas actividades sociais O domingo é o dia da semana
comuns à maioria da população com mais de em que os portugueses têm um
15 anos (91% e 73%, respectivamente). período maior de lazer, 11.30
Segundo o inquérito à ocupação do tempo horas em média: dez horas no
de lazer realizado pelo Instituto Nacional de caso dos homens e 7.30 horas
Estatística, as tradições continuam bem vivas para as mulheres.
no dia-a-dia dos portugueses. Metade da
população frequenta festas populares e Visão, 7 de Março de 2002
Notícia 14
Independentemente do local, os
elementos considerados menos
importantes pelos nossos inquiridos
são a existência de outras lojas no
mesmo local, a possibilidade de ter
um cartão de cliente, a oferta de
refeições preparadas e a entrega de
compras ao domicílio.
A proximidade é um critério
primordial na escolha dos
estabelecimentos. Na maioria dos
supermercados analisados aparece em
primeiro lugar. É, por exemplo, o caso
das cadeias, A. C. Santos, Alisuper,
Bonjour, Ecomarché, Europa, Froiz,
Intermarché, Japão, Novo Mundo,
Pingo Doce, Polisuper e Ulmar.
Enquanto que quem compra nas lojas de No que diz respeito à variedade dos
desconto indica o preço como o aspecto produtos disponíveis, os
mais importante, para quem compra no hipermercados Carrefour, Continente,
hiper ou supermercado, o preço é Feira Nova e Jumbo são os únicos
relevante, mas aparece em sexto lugar na estabelecimentos onde este é um dos
lista das prioridades (ver quadro). aspectos mais determinantes para os
Também encontrámos outras diferenças seus clientes.
significativas. Por exemplo, em geral, a
variedade dos produtos, a possibilidade
de comprar tudo no mesmo sítio e a
oferta de produtos frescos são aspectos
menos valorizados por quem compra em
supermercados e lojas de desconto dos
pequenos hipermercados.
Dossier informativo
O Mundo em mudança: somos consumidores 62
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
O que é um Consumidor?
A desprotecção dos consumidores sob o ponto de vista económico-social e jurídico, pode ser compensada:
- pela consciência individual das suas necessidades e exercício pessoal dos direitos
- pela consciência colectiva e acção conjunta (movimento associativo)
- pela atribuição de direitos específicos e compensatórios da desprotecção (direitos dos consumidores)
O reconhecimento de que os consumidores se encontram numa situação de desprotecção justifica que lhes sejam atribuídos, nessa qualidade, direitos
especiais que atenuem o desfavor face ao poder económico-social e à especialização profissional dos fornecedores.
Incumbe ao Estado, às Regiões Autónomas e às autarquias locais proteger o consumidor, designadamente através do apoio à constituição e
funcionamento das associações de consumidores e de cooperativas de consumo.
O dever geral de protecção dos consumidores pressupõe a intervenção legislativa e regulamentar adequada em todos os domínios envolvidos.
É imprescindível, por essa razão, sabermos quando estamos, em concreto, perante uma situação em que surge um consumidor.
Para que uma pessoa mereça essa especial protecção torna-se necessário que se verifiquem os requisitos
seguintes:
- que os bens fornecidos, os serviços prestados ou os direitos transmitidos se destinem a uso não profissional
- que o fornecedor seja alguém que exerça com carácter profissional uma actividade económica que vise obter benefícios, incluindo os organismos da
Administração Pública, as pessoas colectivas públicas, as empresas de capitais públicos ou detidos maioritariamente pelo Estado, as Regiões
Autónomas ou as autarquias locais e as empresas concessionárias de serviços públicos.
A protecção do consumidor e a atribuição de direitos específicos dependem assim da existência de uma relação de consumo, seja através da celebração
de um contrato seja mediante uma situação destinada a promover o fornecimento de bens ou serviços ou a transmissão de direitos.
Só existe, pois, relação de consumo se o objecto do acto ou do contrato for um bem, serviço ou direito destinado ao uso não profissional as partes no
contrato ou as pessoas em relação no acto de promoção forem, por um lado, um profissional e, por outro, uma pessoa que actue como não-
profissional para a satisfação de necessidades pessoais ou familiares.
DEFESA DO CONSUMIDOR
DIREITOS CONSIGNADOS NA LEI
Os direitos gerais atribuídos aos consumidores no ordenamento jurídico português podem agrupar-se da seguinte forma:
Estes direitos encontram-se consagrados na Constituição e na Lei de Defesa do Consumidor ( Lei nº 24/96, de 31 de Julho).
Poderá surgir a ideia de que não passa de uma enumeração formal: são direitos que embora plasmados ao mais alto
nível nos textos legais não têm reflexos no quotidiano do consumidor. Falsa ideia. Qualquer convenção ou cláusula contratual que afaste ou limite os
direitos consagrados na Lei de Defesa do Consumidor é nula.
DEFESA DO CONSUMIDOR.
QUALIDADE E GARANTIAS
Como vimos os produtos e serviços fornecidos devem corresponder ao requisito geral de que não impliquem perigo para a saúde ou segurança do
utente. Além disso eles devem ainda respeitar requisitos específicos que a lei estabelece para cada um deles. Desse respeito surgirá a qualidade do
produto.
Tais requisitos são indicados, para um número elevado de produtos, de forma mais ou menos detalhada, em legislação nacional e prendem-se com
aspectos como os seguintes:
- a composição físico-química dos seus elementos
- os aditivos alimentares
- a quantidade global
- o aspecto exterior e embalagem
- o processo de fabrico
- a sua durabilidade ou o prazo de utilização sem riscos
Para assegurar a qualidade do produto, existem ainda as normas portuguesas, regras aprovadas por entidade pública competente, em regra o Instituto
Português de Qualidade, que visam garantir níveis mínimos de qualidade, prevendo comportamentos idóneos a assumir pelas empresas.
A Lei de Defesa do Consumidor define o prazo mínimo de um ano de garantia da qualidade dos bens móveis não consumíveis e de 5 anos para os
imóveis.
Por exemplo, o condómino que detectar, dentro do prazo de garantia, um defeito originário no imóvel onde adquiriu uma fracção autónoma terá
direito à reparação do dano se denunciar o defeito no prazo de um ano a contar da data em que dele teve conhecimento.
DEFESA DO CONSUMIDOR
ROTULAGEM DE ALIMENTOS
O rótulo é o "bilhete de identidade" de um produto, por isso, para além da função publicitária, o rótulo deve ser fundamentalmente um meio de
informação que facilita ao consumidor uma escolha adequada e uma actuação correcta na conservação e consumo do produto.
Assim, as indicações devem ser completas, verdadeiras e esclarecedoras quanto à composição, qualidade, quantidade, validade ou demais
características que entrem na composição do produto.
O que é a rotulagem
Conjunto de menções e indicações, inclusive imagem e marca de fabrico ou de comércio, respeitantes ao produto alimentar que figuram sobre a
embalagem em rótulo, etiqueta, cinta, gargantilha, letreiro de documento, acompanhando ou referindo-se ao respectivo produto.
É obrigatório que o rótulo contenha:
• Denominação de venda
• Designação do produto pelo seu nome (bolacha, carne, gelado, ovos, etc.). Não pode ser dissimulada, encoberta ou substituída por marca de
comércio ou designação de fantasia. Sempre que o consumidor possa ser induzido em erro a denominação de venda deve incluir indicação
do estado físico do produto ou do tratamento específico a que foi submetido (fumado, concentrado, reconstituído, congelado, liofilizado,
etc.).
• A lista de ingredientes e aditivos elaborada por ordem decrescente das quantidades.
• Quantidade líquida ou quantidade de produto contido na embalagem , expresso em volume (litro) ou em massa (quilograma).
• Data de durabilidade mínima ou data limite de consumo ou seja, a data até à qual o produto alimentar conserva as suas propriedades
específicas nas condições de conservação apropriadas.
· a data de durabilidade mínima deve constar sempre na embalagem e ter a seguinte designação: "consumir de preferência antes de …"
· a data limite de consumo também é obrigatória e é representada pela inscrição: "Consumir até …"
· nos produtos que duram menos de três meses: o mês e o dia
· nos produtos que duram entre três e dezoito meses: o ano e o mês
· nos produtos que duram mais de dezoito meses: o ano.
• Condições especiais de conservação, utilização e modo de emprego quando os produtos careçam de especiais cuidados de conservação ou
utilização e o seu modo apropriado exija indicações especiais.
Estão isentos:
Da indicação da data de durabilidade mínima:
açúcar, vinho, frutos e hortícolas frescos, sal, vinagre, bolos de pastelaria, gelados, etc..
DEFESA DO CONSUMIDOR
AFIXAÇÃO DE PREÇOS
VENDA DE BENS
Como regra geral refira-se que é obrigatória a afixação de preços de venda a retalho de todos os géneros alimentares, não alimentares e de serviços
Esteja atento às seguintes regras:
· Todos os bens devem ter os seus preços afixados.
· O preço afixado deve ser o preço total em moeda portuguesa, incluindo todas as taxas e impostos (nomeadamente o IVA).
· Devem ter também o preço de unidade de medida, sejam comercializados a granel ou pré-embalados.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
Esteja atento às seguintes regras
· É obrigatória a afixação de preços nos serviços prestados à hora, à percentagem ou à tarefa - os preços devem sempre indicar o critério utilizado
incluindo eventuais taxas de deslocação ou outras.
· Para além desta é ainda obrigatória a afixação de preços nos serviços, cabeleireiros e barbeiros, garagens, postos de gasolina e oficinas de reparações,
lavandarias, estabelecimentos de limpeza a seco e tinturarias, reparação de calçado e outros artigos de couro, estabelecimentos de electricistas e
reparação de aparelhos eléctricos, hotéis e estabelecimentos similares e o serviço telefónico nestes prestados.
· Quando os serviços são numerosos a afixação pode ser substituída por catálogos à disposição do público.
· Os preços devem constar de listas ou cartazes afixados no local onde os serviços são propostos ou prestados.
· A obrigatoriedade da afixação dos preços dos serviços fica dependente de Portaria conjunta dos Ministérios do Ambiente, da Economia e da tutela
do respectivo sector de actividade.
· Se vir que estas regras são violadas, pode denunciar o facto à Inspecção Geral das Actividades Económicas.
NÃO SE ESQUEÇA:
· A informação sobre os preços protege o consumidor e é elemento essencial da concorrência.
· Antes de comprar compare preços e qualidade dos produtos. Pode encontrar o mesmo produto, nas mesmas condições, a melhor preço.
· Exija os preços afixados de forma bem visível. É um elemento indispensável para uma boa compra.
· Prefira os estabelecimentos que respeitem a lei de Afixação de Preços.
Para ter uma ideia da sua capacidade de endividamento, comece por fazer uma lista das despesas fixas mensais (alimentação, habitação, transportes,
despesas escolares e outras) e preveja uma quantia para despesas imprevistas (saúde, lazer …) e alguma emergência (reparações domésticas …).
Não se esqueça de considerar certos encargos trimestrais, semestrais ou anuais. Tenha em conta a maior ou menor estabilidade dos seus rendimentos a
curto e médio prazo (emprego precário …).
Como ponto de partida para qualquer decisão, defina um limite máximo para os encargos mensais a assumir com o crédito.
Tomada a decisão de recorrer ao crédito, compare as TAEG (Taxa anual de encargos efectiva global: traduz o custo total do crédito para o
consumidor, incluindo juros e outras despesas que o consumidor deva pagar pelo crédito) do mercado: regra geral, ao valor mais baixo corresponde o
crédito mais barato.
No entanto tenha em atenção as condições do reembolso ou eventuais indexações da TAEG.
Feita a opção e após negociar as condições de crédito, peça ao seu futuro credor uma informação escrita sobre o total dos encargos mensais que terá
de suportar e confronte-os com a sua capacidade de endividamento.
Saiba se tem de oferecer alguma garantia e pondere se as garantias exigidas não são excessivas.
Dê uma informação verdadeira por forma a permitir ao credor uma avaliação rigorosa da sua real capacidade de endividamento.
Não assine o contrato sem o ler com muita atenção e esclarecer os aspectos menos compreensíveis.
Nunca assine nada em branco, nomeadamente contratos, letras ou livranças. Lembre-se que a sua assinatura pode responsabilizar também o seu
cônjuge e que pode estar a pôr em risco o seu património familiar, caso deixe de pagar os encargos em dívida.
Após assinar o contrato, dispõe de um período para reflexão de 7 dias úteis, durante o qual pode desistir do contrato - sem que para tal tenha de
invocar quaisquer motivos - através: de declaração enviada ao credor por carta registada com aviso de recepção ou de declaração notificada ao credor,
por qualquer outro meio.
Para o efeito, deve subscrever o formulário da declaração de revogação anexo ao contrato de crédito.
Legislação-Base:
Crédito ao Consumo - Decreto-lei nº 359/91, de 21 de Setembro (D.R. I-A Série)
Cartões de Crédito - Decreto-Lei nº 166/95, de 15 de Julho (D.R. I-A Série), Aviso nº 4/95, de 27/7 do Banco de Portugal, proveniente do Gabinete do Ministro das Finanças (D.R. II Série, 2º Suplemento, de 28 de Julho).
Supervisão - A supervisão das instituições de crédito incumbe ao Banco de Portugal.
Instituto do Consumidor, 13-Mar-03
VENDAS AO DOMICÍLIO
Considera-se venda ao domicílio o contrato que, tendo por objecto bens ou serviços, é proposto e concluído no domicílio do consumidor, pelo
vendedor ou seu representante, sem que tenha havido prévio pedido por parte do mesmo consumidor, e ainda, entre outras situações, as vendas
efectuadas:
· no local de trabalho do consumidor
· no domicílio de outro consumidor, designadamente em reuniões em que a oferta dos bens e serviços é promovida através de demonstração
· numa deslocação organizada pelo vendedor fora dos estabelecimentos comerciais.
O consumidor deve começar por exigir uma completa identificação das pessoas que trabalham para as empresas que efectuam vendas ao domicílio.
Quando o contrato for de valor igual ou superior a 10.000$00 (Portaria nº 1300/95 de 31 de Outubro), ele tem que ser reduzido a escrito, devendo
dele constar os seguintes elementos, sob pena de não se considerar válido:
· Nome e domicílio dos contraentes.
· Elementos identificativos da empresa vendedora.
· Identificação das características essenciais do bem ou serviço objecto do contrato.
· Preço total, forma e condições de pagamento e, no caso de pagamento em prestações, os seus montantes e datas dos respectivos vencimentos.
· Forma, lugar e prazos de entrega dos bens ou início da prestação do serviço.
· Regime de garantia e de assistência pós-venda se o bem o justificar com a indicação do local onde se poderão efectivar e para o qual o consumidor
possa dirigir as suas reclamações.
· Informação sobre os direitos do consumidor relativamente à possibilidade de rescisão do contrato, suas formas e prazos.
O consumidor deve datar e assinar o contrato, conservando em seu poder uma cópia assinada igualmente pelo vendedor ou seu representante.
Antes da recepção da mercadoria ou da prestação de serviço não pode ser exigido ao consumidor qualquer pagamento.
O consumidor pode rescindir o contrato, isto é, pode desistir da aquisição, dentro do prazo de sete dias úteis contados da data da sua assinatura ou
desde esta última e até sete dias úteis ulteriores à entrega da mercadoria, se esta for posterior.
Principalmente na área do vestuário assiste-se ao desenvolvimento desta modalidade de distribuição comercial em que se oferece ao consumidor a
possibilidade de encomendar pelo correio, telefone ou outro meio de comunicação, os bens ou serviços divulgados através de catálogos, revistas,
jornais, impressos ou quaisquer outros meios gráficos ou audio-visuais.
Que precauções deve tomar e que direitos deve exigir:
As ofertas devem ser claras, completas e formuladas em termos que não induzam em erro quanto à natureza, características e preço do bem ou
serviços e condições de pagamento.
Da oferta deve constar, designadamente:
· A descrição dos bens ou serviços e a sua completa identificação.
· O preço, forma e condições de pagamento.
· Menção de quaisquer outras despesas que devam ser suportadas pelo consumidor.
· O prazo para o envio da mercadoria ou para o início da prestação de serviço, a contar da data da recepção pelo vendedor do pedido do consumidor.
· O regime de garantia e de assistência pós-venda, quando o bem o justifique.
· A identificação completa da empresa vendedora bem como a indicação do local para onde o consumidor possa dirigir as suas encomendas ou
pedidos de informação.
Não é admitida a indicação exclusiva de um apartado ou qualquer outra forma que não permita a localização imediata do vendedor ou seu
representante.
Após a recepção da comunicação do consumidor aceitando a oferta, o vendedor remeter-lhe-á documento do qual constem os elementos presentes na
oferta inicial e nos mesmos termos.
Este documento não é exigido quando a nota de encomenda seja parte integrante do suporte utilizado na oferta de venda (por exemplo no catálogo).
Quando os contratos forem de valor igual ou superior a 10.000$00 serão sempre reduzidos a escrito.
VENDAS EM CADEIA
Esta é uma venda que se encontra proibida o mesmo sucedendo com a sua promoção.
Ela consiste na entrega gratuita, ou a um preço reduzido, de um bem ou serviço, desde que o consumidor assegure ao fornecedor uma de duas
condições:
· um certo volume de vendas, ou a angariação de um número mínimo de novos clientes.
Bem vistas as coisas o consumidor não ganha em nada com a obtenção da «oferta», dado que estas exigências se traduzem num custo agravado em
relação ao que resultaria da normal aquisição do bem ou serviço.
Mesmo que alcance os objectivos acordados (no caso contrário, nada ganhará) a vantagem aparente é decerto inferior ao valor do trabalho que
desenvolveu.
A razão da proibição deste tipo de venda radica no desviar fraudulento do papel do consumidor para a realização de funções de revenda.
VENDAS FORÇADAS
A lei proíbe ainda as práticas comerciais pelas quais da falta de resposta de um consumidor a uma oferta ou proposta que lhe tenha sido dirigida se
presuma a sua aceitação.
Mesmo que as ofertas ou propostas indiquem expressamente que o decurso de um certo prazo, sem qualquer reacção implica a aceitação, o
consumidor não fica vinculado ao cumprimento de qualquer obrigação.
Por outro lado o destinatário (consumidor) de um produto recebido sem que por ele tenha sido encomendado ou solicitado, ou que não constitua o
cumprimento de qualquer contrato válido, não fica obrigado à sua devolução ou pagamento, podendo conservá-lo a título gratuito.
SALDOS
Ao adquirir um determinado produto em saldo, o consumidor deve atender não só à relação qualidade/preço, mas ainda à necessidade real que tem
desse mesmo produto.
Os saldos, que devem respeitar todas as regras atrás enunciadas, consistem em vendas praticadas em estabelecimentos comerciais, em fim de estação,
tendo por objectivo a renovação das existências por escoamento acelerado com redução de preços.
Destas características derivam novas exigências legais:
A venda deve ser sempre efectuada no estabelecimento em que o produto era anteriormente vendido.
Não é permitida a venda de artigos que o comerciante tenha adquirido expressamente para saldar.
Só pode efectuar-se entre 7 de Janeiro e 28 de Fevereiro (saldos de Inverno) e entre 7 de Agosto e 30 de Setembro (saldos de Verão).
LIQUIDAÇÕES
As liquidações são verdadeiramente excepcionais e destinam-se ao escoamento acelerado com redução de preços da totalidade ou de parte das
existências do estabelecimento.
O Mundo em mudança: somos consumidores 73
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
O seu carácter excepcional reside nos motivos que lhe podem dar origem: cessação de actividade, mudança de ramo, realização de obras, trespasse e
danos provocados por motivo de força maior.
Em regra a venda tem de ser comunicada antes da data prevista para o seu início à Direcção-Geral do Comércio.
O período máximo necessário ao escoamento não pode exceder os 60 dias, sendo também expressamente proibida a venda em liquidação de bens
adquiridos para esse fim.
1. Pedir sempre o recibo das quantias pagas ou dos objectos entregues (por exemplo: máquinas para reparar, roupa na lavandaria, etc.).
2. Exigir orçamento escrito.
3. Se a empresa diz que dá regalias que não são usuais que as passe a escrito.
4. Exigir um exemplar do contrato assinado com a empresa.
5. Não assinar nada cujo conteúdo:
- seja muito longo e não lhe deixem ler em casa;
- não perceba integralmente.
6. Se uma cláusula do contrato parece dúbia e a empresa diz que tem um sentido que não lhe parece decorrer no texto, exija que lhe passem a escrito
essa interpretação e a assinem dando-lhe um exemplar desta.
7. Se tiver dúvidas antes de celebrar um contrato informe-se antes, junto de uma entidade competente.
Como reclamar
1. Junte todas as provas (recibos, facturas, contratos, etc.).
2. Tente resolver a questão primeiro com a empresa. Ela tem de saber que o consumidor tem direitos.
3. Relate sempre correctamente o que se passou e o que pretende. É inútil filosofar sobre o sucedido.
4. Aja rapidamente. Não esqueça que há sempre prazos.
A quem se dirigir
1. Aos CIAC (Centros de Informação Autárquicos ao Consumidor).
2. Às Associações de Defesa do Consumidor.
3. Ao Instituto do Consumidor.
4. Aos Centros de Arbitragem.
5. Aos Gabinetes de Consulta Jurídica gratuitos da Ordem dos Advogados.
6. A um advogado.
Morada:
Av. da República, 44, 3º Esq.
1 100 Lisboa
Telefone: (01) 795 16 96 Fax: (01) 795 21 22
Com actuação na região de Entre Douro e Minho e ligação à região da Galiza, compete-lhe esclarecer os consumidores sobre questões relacionadas
com o consumo transfronteiriço, tanto no âmbito restrito das duas regiões envolvidas como num sentido mais amplo do consumo na União Europeia.
Compete-lhe igualmente providenciar na resolução, através da mediação, de litígios de consumo transfronteiriço.
Morada:
Rua Capitão Alfredo Guimarães, 1
4 800 Guimarães
Telefone: (053) 513 700/1/2/3/4/5/6/7
Fax: (053) 513 709/710
Informação da responsabilidade de: Instituto do Consumidor
As organizações dos consumidores adquirem primordial importância na medida em que, para além da satisfação das necessidades imediatas dos seus
associados, zelam também pela defesa dos direitos e interesses dos consumidores em geral.
As associações de consumidores não são regulamentadas por qualquer Delegação Regional Évora
dispositivo legal específico. É o Código Civil o seu único normativo de Lg. das Alterações, nº 4
referência. 7 000 Évora
Telefone: (266) 74 45 64 Fax: (266) 74 45 64
DECO-Associação Portuguesa para a Defesa do
Consumidor Comissão Instaladora da Delegação Regional de Leiria
Av. Defensores de Chaves, 22 R. Dr. António Costa Santos, nº 9, 1º Esq.
1 049 Lisboa 2 410 Leiria
Telefone: (21) 357 12 92/357 39 08/357 71 27 Fax: (21) Telefone: (244) 81 14 19 Fax: (244) 81 14 19
357 78 51
UGC - União Geral de Consumidores
Delegações Regionais
R. Buenos Aires, 11
Delegação Regional do Porto/Zona Norte 1 200 Lisboa
R. Dr. Alfredo Magalhães, nº 46B, 5º, Sala 3 Telefone: (21) 60 02 47/397 65 05/397 64 86 Fax: (21)
4 000 Porto 357 78 51
Telefone: (22) 208 87 73 Fax: (22) 208 87 74
ACOP - Associação dos Consumidores de Portugal
Delegação Regional de Santarém Villa Cortez - R. Vilaça da Fonseca, 5
Lg. Espírito Santo, 11 3 000 Coimbra
2 080 Almeirim Telefone: (239) 40 47 33 Fax: (239) 40 47 38
Telefone: (243) 53 233 Fax: (243) 53 233
ACRA - Associação de Consumidores da Região
Delegação Regional de Coimbra Autónoma dos
R. Rui Carrington da Costa, nº 43 - Santa Clara Açores
3 040 Coimbra R. de S. João, 33
Telefone: (239) 44 50 44 Fax: (239) 44 50 50 9 500 Ponta Delgada
Telefone: (296) 62 97 26
ADUS - Associação de Defesa dos Utentes de Sangue FENACOOP - Federação Nacional das Cooperativas
Av. da República, 44, 3º Esq. de Consumo
1 100 Lisboa R. da Guiné, 8, R/c Dto.
Telefone: (21)795 45 65 Fax: (21) 795 08 48 1 000 Lisboa
Telefone: (21) 814 69 69 Fax: (21) 814 69 90
AIL - Associação dos Inquilinos Lisbonenses
Av. Almirante Reis, 12 PLURICOOP - Cooperativa de Consumo
1 150 Lisboa Av. António Sérgio
Telefone: (21) 354 60 30 2 900 Setúbal
Telefone: (265) 76 14 77/8
Associação dos Inquilinos do Norte de Portugal
R. Frieza, 107 APDC - Associação Portuguesa de Direito de
4 000 Porto Consumo
APET - Associação Portuguesa de Espectadores de Vila Cortez - R. Vilaça da Fonseca, 5
Televisão 3 000 Coimbra
R. de Vila Nova, 143, 2º Dto. Aldoar Telefone: (239) 40 47 33 Fax: (239) 40 47 38
Para a apreciação de pequenos conflitos de consumo na área dos concelhos de Lisboa, Porto e Coimbra e Figueira da Foz, existem os Centros de
Arbitragem de Conflitos de Consumo.
Estes Centros de Arbitragem têm por objectivo promover a resolução de pequenos conflitos de consumo nos respectivos municípios,
compreendendo o tratamento de reclamações através da informação, mediação, conciliação e arbitragem.
O litígio tem-se por pequeno se o valor em causa não ultrapassar os 500.000$00, só podendo ser submetidos à arbitragem os conflitos decorrentes de
aquisições de bens e serviços efectuadas nos respectivos concelhos.
CIAC de Almada
MORADAS: Marcado Retalhista de Almada, Loja 17
Praça do Comércio
CIAC de Abrantes 2800 -158 Almada
Câmara Municipal de Abrantes, Rua José Estevão Telefone: 21 2748171 Fax: 212742949
2200-420 Abrantes
Telefone: 241 37 16 66 Fax: 241 37 16 61
CIAC de Alenquer
Avenida 25 de Abril, nº 2-B CIAC de Amadora
2580-318 Alenquer Passagem subterrânea da Estação da CP, Amadora, L
Telefone: 263 730 01 04 Fax: 263 733304 loja 9
2700-595 Amadora
Telefone: 21 491 40 99 Fax: 21 4943295
CIAC de Guimarães
Rua Paio Galvão, 10 CIAC de Oeiras (Carnaxide)
4 800 Guimarães Mercado Municipal de Carnaxide, Estrada de Outorela,
Telefone: (053) 51 74 40 - linha directa Fax: (053) 51 51 132
34 - Carnaxide
2795 Linda-a-Velha
CIAC de Lagos Telefone: (01) 417 12 64 Fax: (01) 443 56 61
Câmara Municipal de Lagos, Praça Gil Eanes
8 600 Lagos
Telefone: (082) 76 20 55/6/7 Fax: (082) 76 93 17
CIAC de Paredes
Câmara Municipal de Paredes, Parque José Guilherme
4 580 Paredes
CIAC de Loures Telefone: (055) 78 21 53/4 Fax: (053) 78 21 55
Rua da República, nº70 E
2 670 Loures
Telefone: (01) 982 28 54/982 30 62/982 07 14 Fax e
Videotex: (01) 982 30 46 CIAC de Peniche
Rua Alexandre Herculano, Posto de Turismo
2 520 Peniche
Telefone: (062) 78 78 07 Fax: (062) 78 96 84
CIAC de Matosinhos
Av. D. Afonso Henriques, Parque Basílio Teles
4 450 Matosinhos
Telefone: (02) 937 36 26 Fax: (02) 937 32 13 CIAC de Portimão
Câmara Municipal de Portimão, Largo 1º de Maio
8 500 Portimão
Consumo e justiça
Observatório de conflitos de consumo: as primeiras estatísticas
O Observatório de Conflitos de Consumo iniciou a sua actividade há nove meses. Com base nas informações transmitidas por alguns
serviços municipais de defesa do consumidor, apresentamos-lhe as primeiras conclusões referentes à distribuição geográfica das
reclamações e respectiva natureza.
A lei atribui ao Estado, às regiões autónomas e às autarquias locais a incumbência de proteger o consumidor. Algumas autarquias do nosso país têm
investido na criação de serviços municipais que visam o apoio e defesa do consumidor. Serviços esses que surgem com designações várias, tais como
Centro de Informação Autárquico ao Consumidor (CIAC); Gabinete de Informação e Apoio ao Consumidor (GIAC); Serviço Municipal de
Informação ao Consumidor (SMIC) e Serviço Municipal de Informação e Apoio ao Consumidor (SMIAC). Apesar das diferentes denominações, o seu
objectivo é comum: formar, informar e apoiar o consumidor.
Centro: 133
Lisboa e Vale do Tejo: 334
Cumpre aqui frisar que apesar de um dos critérios utilizado ser em termos quantitativos, o bom desempenho de qualquer um destes serviços junto da
sua população não se mede pelo número de reclamações que receba. Como já atrás foi referido, todo e qualquer serviço desta natureza tem como
objectivo uma actuação pedagógica abrangendo a formação e informação dos cidadãos consumidores.
Quanto à natureza das reclamações a análise é efectuada em três grandes sectores: produtos alimentares, produtos não alimentares e serviços.
Enquanto o primeiro não revela nenhum peso, já o sector dos serviços é o que apresenta uma percentagem mais elevada de reclamações.
Sendo o sector dos serviços o que apresenta mais reclamações, a maior incidência recai sobre alguns serviços públicos essenciais (telefone e a água),
reparações, serviços da administração local, lavandaria e tinturaria, serviços financeiros e seguros e por fim o turismo.
Quanto ao sector dos produtos não alimentares, de entre as diversas reclamações apura-se que as áreas mais reclamadas são: veículos e acessórios,
vestuário e calçado, material e aparelhos terapêuticos, casas, electrodomésticos, mobiliário e artigos de decoração, louças e por fim os computadores e
periféricos.
Quanto à natureza dos produtos alimentares mais reclamados atendendo à sua fraca relevância não se justifica sua representação gráfica. No entanto,
cumpre mencionar que foram registadas duas reclamações neste sector.
Depois de apresentada a análise efectuada, dois factores há a realçar: por um lado, que dos 308 concelhos que compõem o país, apenas 54 assumiram a
criação de serviços municipais de defesa do consumidor como uma área de eleição; por outro lado, o universo dos serviços municipais que
mensalmente colabora com o Observatório de Conflitos de Consumo é restrito o que condiciona uma visão fidedigna da realidade.
As conclusões extraídas são apenas as possíveis face à falta de informação de que padece o Observatório de Conflitos de Consumo, podendo assim
não representar um quadro fiel da realidade em termos quantitativos, nem qualitativos.
PUBLICIDADE
A publicidade consiste na acção dirigida ao público com o objectivo de promover, directa ou indirectamente, produtos e serviços ou uma actividade
económica, procurando persuadir os seus destinatários sobre a excelência dos seus objectos publicitados.
Podendo ser, em princípio, útil aos consumidores, ela transforma-se em muitos casos num obstáculo a uma livre escolha, utilizando em favor das
empresas a ignorância e a vulnerabilidade dos consumidores.
A publicidade está sujeita legalmente a um conjunto de princípios, estabelecendo-se paralelamente um número apreciável de proibições.
A licitude
A liberdade de exercer a actividade publicitária tem como limite o respeito de certos valores essenciais. Assim é proibida a publicidade que, pela sua
forma, objecto ou fim, ofenda os valores, princípios e instituições fundamentais consagrados na Constituição.
Por exemplo, é proibida a publicidade que:
O Mundo em mudança: somos consumidores 88
DREN – Equipa de Educação e Formação de Adultos
· depreciativamente se socorra de símbolos nacionais, religiosos ou personagens históricas;
· faça apelo ou estimule a violência;
· contenha discriminação em razão da raça ou do sexo;
· utilize linguagem obscena;
· utilize idiomas de outros países quando a mensagem não tenha os estrangeiros por destinatários principais ou exclusivos
A identificabilidade
A publicidade tem de ser claramente identificada como tal, sendo que na rádio e na televisão ela deve ser separada da restante programação por sinais
acústicos ou ópticos.
Seja qual for o suporte publicitário, o consumidor tem que saber que está perante uma mensagem publicitária.
Daqui decorre a proibição da publicidade oculta ou dissimulada.
A publicidade diz-se oculta quando o destinatário não tem consciência de que é alvo de uma mensagem publicitária, o que se alcança pela utilização de
imagens subliminares ou outros meios dissimuladores.
É o caso das imagens intercaladas num filme que, pela brevidade da aparição, só o subconsciente pode captar:
ou seja provoca-se no destinatário percepções sensoriais de que ele não chega a tomar consciência.
Por outro lado é também proibida a focagem directa e exclusiva da publicidade existente em qualquer acontecimento ou situação, real ou simulado
(por exemplo, a chamada de atenção internacional para um rótulo de garrafa numa cena televisiva).
A veracidade
a publicidade deve ser verdadeira não deformando os factos.
Todas as informações relativas à origem, natureza, composição, propriedades e condições de aquisição dos bens ou serviços publicitados, devem ser
exactas e comprováveis, isto é passíveis de prova, a todo o momento.
É assim proibida a publicidade enganosa, aquela que por qualquer forma, incluindo a sua apresentação, induza ou seja susceptível de induzir em erro
os seus destinatários ou possa prejudicar um concorrente.
Conteúdo da publicidade
Texto 1
Marcas com ferro em brasa nas nossas consciências
Autor(es): MARIE BÉNILDE
Data: Maio 2001
Octave Parango, o personagem de Frédéric Beigbeder em 99 francs, causa danos nas agências de publicidade (1). Depois de este anti-herói cocainómano arrasar a
indústria, com a sua narração apocalíptica da actividade do “criativo”, o microcosmos profissional está em plena crise. “Se o publicitário seduzia, há alguns anos, ele
é actualmente objecto de um certo desprezo agressivo”, alarma-se Alexandre Pasche, director da Agência B. “Hoje, uma grande parte da população, de diferentes
categorias sociais, fustiga os publicitários (2)”.
Jacques Séguéla, que para nós não deixou de ser o publicitário simpático e próximo, faz figura de fóssil. Frente a ele, Frédéric Beigbeder, “o renegado”, é mais
“tendência”. O antigo criador-redactor publicitário da agência Young & Rubicam, cronista na Voici e antigo animador de festas decadentes, é com efeito um autor
em foco. Entre doses de cocaína, cenas pornográficas e a lista completa de todos os seus “slogans” publicitários, o seu herói decide denunciar o “mercantilismo
universal”. Confirma assim que a Nestlé é proprietária da palavra felicidade, que existem máquinas de lavar incansáveis que ninguém quer comercializar e que todo
o indivíduo é, em média, exposto a 350 000 anúncios publicitários até aos 18 anos.
Será por isso o escritor subversivo? Porá em causa um modelo dominante? Bem pelo contrário, completa-o. O seu livro, que vendeu mais de 300 000 exemplares,
serve actualmente de modelo de lançamento das publicações. Tudo resulta efectivamente do caso que fez escola: um título exemplar (“por 99 F apenas”), um
licenciamento oportuno (“Escrevo este livro para mudar”), um personagem moderno que ganha 13 000 euros por mês (“Passo toda a minha vida a mentir-vos e
recompensam-me generosamente”) e um senso da fórmula que é mais uma forma de demissão colectiva que qualquer revolta ideológica (“Vivemos no primeiro
sistema de domínio do homem sobre o homem, contra o qual mesmo a liberdade é impotente (3)”).
Será então a publicidade um sistema inabalável, contra o qual nada mais se pode tentar fazer do que uma narração de menino mimado? A constatação seria
inquietante se, com o 99 francos, não se tratasse de fazer gostar do publicitário tal como de criticar a publicidade. Pois que o affectio societati, autor da figura
penitente de Octave, serve melhor a indústria publicitária que um panegírico da Procter & Gamble. No sistema de crenças veiculado pela “cultura publicitária”, “o
criativo” é efectivamente sempre o gentil doidivanas que opomos ao maquiavélico anunciante.
Face à brutalidade dos imperativos do mercado, é função própria do publicitário ser um agente de humanização da ideologia de mercado. Frédéric Beigbeder não é
excepção à regra. Já que a opinião começa a não querer mais digerir o abuso da publicidade que conquista a nossa vida quotidiana (extravasa dos grandes media
tradicionais para invadir o desporto, os táxis, as fachadas dos prédios, os espectáculos, e dentro em pouco a escola ou os hospitais), o papel do “criativo” é o de
integrar a oposição que transparece para melhor abraçar “os novos tempos”.
Por consequência entrámos nesta nova era de capitalismo a que Galbraith chama a “fieira invertida (4)”: já não é o consumidor que comanda o ritmo da produção
pelos seus gastos, mas o produtor que orquestra o desejo de consumo para produzir. De onde o sentimento comum de que a publicidade cria necessidades inúteis,
cujas primeiras vítimas são as pessoas menos educadas e as mais vulneráveis sociologicamente. O ano 2000, que viu a France Télécom tornar-se o primeiro
anunciante de França, é disto elucidativo: do telemóvel ao fornecedor de acesso à Internet, passando por todo um florescer de novos negócios (“start-up”),
numerosos são os produtos e serviços que apenas devem a sua existência aos milhares de milhões de francos investidos nos grandes media.
O símbolo publicitário desta ideologia foi sem dúvida a campanha do “site” Selftrade, mostrando uma foice e um martelo em ouro engastados de diamantes para
incitar o pequeno accionista inexperiente a especular na Bolsa.
Já não é necessário a um produto ser consumido para que seja produzido: o fabrico do desejo de consumo pode determinar a actividade da empresa. No fim de
contas, a publicidade é auto-suficiente, visto que nos vende um bem cuja produção depende menos dos lucros que gera que do sistema de convicções sobre o qual
repousa a sua economia. Sinal desta reviravolta de valores: a Bouygues Télécom fez no ano passado a promoção de uma série de anúncios oferecendo telefone
móvel gratuito aos que não o pudessem pagar... com a condição de aceitarem que as suas chamadas fossem regularmente entrecortadas por mensagens publicitárias.
A publicidade falsa é seguramente proibida. Mas desligou-se do objecto que nos pretende vender. Qualquer saída de um novo produto é além disso a ocasião para
uma encenação destinada a criar o acontecimento, a favorecer a identificação com uma marca. Em inglês, a palavra-marca (“brand”) encontra-se no verbo “to
brand”, que significa “marcar com ferro em brasa”. De resto, a eficácia de um anúncio não se mede pelas vendas que gera mas pelos resultados do impacto e do
reconhecimento que obtém nos institutos de sondagem. Tecnicamente, seria possível medir a incidência das despesas publicitárias sobre o consumo à saída das
caixas. Mas isso não interessa verdadeiramente aos anunciantes. Preferem orgulhar-se das suas estratégias de comunicação mais do que se confrontarem com a
sanção do mercado. Os seus anúncios são menos destinados a vender do que a favorecer a transmissão de uma ideologia comercial na qual a marca é o estandarte.
As campanhas ditas institucionais têm além disso como objectivo vender-nos um estado de espírito mais do que uma mercadoria. Os “slogans” desempenham
assim a função de sinais de reconhecimento e a sua repetição acaba por desenvolver o pronto-a-pensar do qual se alimenta o nosso inconsciente colectivo. É o
“Just do it” da Nike ou o “soluções para um pequeno planeta” da IBM. Frédéric Beigbeder cita Goebbels a este propósito: “A propaganda deixa de ser eficaz no
momento em que a sua presença se torna visível”.
O caso da IBM é revelador: as suas campanhas não cessam do nos apelar às virtudes de uma aldeia planetária onde as diferenças culturais e
sociais não existiriam. “A IBM Global Services. Gente que pensa. Gente que age”, diz o “slogan” publicitário. Por detrás da aparente bonomia
destes anúncios onde homens e mulheres deste planeta estão ligados entre si, no trabalho ou em casa, sem distinção hierárquica, é o fim do
assalariado, a apologia da flexibilidade e o nivelamento de culturas que se entendem. Pela sua parte, a Vediorbis apresenta uma visão idílica do
trabalho temporário: o técnico de reparações mostra em sua casa um bebé nos braços, aparece confortado na sua vida familiar. Os sociólogos
sabem no entanto que o recurso a esta forma de subempreitada fragiliza o indivíduo no seu trabalho e no seu lar.
Lei do silêncio
Em Julho de 2000, a campanha para a introdução na Bolsa de um gigante militar aeronáutico, EADS, não fazia, na televisão, nenhuma referência à actividade militar
deste consórcio. E, no entanto, a empresa fabrica mísseis e helicópteros de combate, daí tirando uma boa parte dos seus lucros. É em todo o caso inútil confiar-se
no Gabinete de Verificação da Publicidade (GVP), organismo procedente dos anunciantes, para incitar a profissão a auto-regular-se. Os “criativos”, que se dizem
em avanço sobre a sua época e dispostos a quebrar uma quantidade de “tabus”, são de uma frieza exemplar quando se trata da verdadeira lei do silêncio que lhes diz
respeito: a impossibilidade de combater os fundamentos da ideologia de mercado. Inversamente o tabu do sexo é considerado honroso desde que as agências de
publicidade estabeleceram a correlação entre o desejo sexual e o impulso da compra.
Em Outubro de 1999, o GVP, onde dominam os interesses de grandes anunciantes americanos (Procter & Gamble, Ford, Coca-Cola...), tinha recusado uma
campanha da Amnistia Internacional contra as violações dos Direitos Humanos nos Estados Unidos sob o pretexto inédito de que isso prejudicava as “boas
relações entre Estados”. No entanto, fruto da ligação dos Estados Unidos à noção de liberdade de expressão, a campanha não poderia sem dúvida ter sido interdita
no seu país. Mas, em França, o discurso publicitário é estritamente vigiado. A associação Casseurs de Pub, que queria promover o dia sem compras em Novembro
de 1999, pôde verificá-lo à sua custa. O seu anúncio de 30 segundos, financiado por militantes para difusão a uma hora tardia no canal France 3, foi proscrito com o
motivo de que não passava uma mensagem de interesse geral. “Podemos virar-nos contra os político, mas desde que ataquemos as multinacionais todos tremem”,
denuncia Raul Anvélaut, antigo funcionário da Publicis, responsável do Comité de Criativos Contra a Publicidade (CCCP). Nos grandes media, qualquer forma de
resistência à publicidade parece votada ao fracasso. Do mesmo modo, já não contam as agressões desta indústria: a mulher-objecto é quase consubstancial aos
discursos dos anunciantes; a sub-representação dos negros, magrebinos ou asiáticos é mais forte que em qualquer outro género televisivo (5).
Quanto à criança, para quem a Nestlé e a Colgate fabricam já “kits pedagógicos” nas escolas, será no futuro a nova vítima de um sistema neo-esclavagista (não se
trata de “marcar com ferro em brasa?”), sob o pretexto de a criança ter um poder decisório sobre metade dos novos produtos nos lares e que em adulto continuará
a comprar dois terços do que consome em casa dos seus pais. Será então necessário, como Frédéric Beigbeder, contentar-se em matar em sonho o reformado da
Flórida, cujos fundos de pensões americanas dominam o capital das multinacionais?
MARIE BÉNILDE *
Maio 2001
Texto 2
O imperialismo de um sistema
Algumas datas marcaram o desenvolvimento dos anúncios na televisão francesa desde há 30 anos:
1968: No Outono, a publicidade de marca faz a sua aparição no pequeno ecrã, contra o desejo maioritário do público (em Maio, recordemos, era à
sociedade de consumo que a juventude se opunha). Tranquiliza-se as pessoas: não será mais que alguns minutos por noite.
1972: A parte da publicidade ultrapassa já 20% dos recursos do serviço público, a lei fixa o limite em 25%.
1974: A ORTF é desmantelada. A lei instaura a concorrência entre os canais. Rapidamente, a A2 e a TF1 serão financiadas em mais de 50% pela
publicidade. A famosa “ditadura do audímetro” começa, em detrimento da qualidade dos programas.
1978: O volume de anúncios aumenta ao ponto de os próprios meios publicitários temerem uma saturação. Que fazer? Pois bem, abrem-se novos
espaços (21h30, 22h15, etc.), o que obriga a calibrar a duração das emissões em função das “pausas publicitárias”.
1983: A Esquerda renuncia à sua oposição ao “matraquear publicitário”. A FR3 , até então poupada, abre-se à publicidade, contra a opinião do
público. A “sponsorisation” (patrocínio) entra nos media.
1985: Momento muito crítico. Vai dar-se a privatização? Em Novembro, o quinto canal (dito Berlusconi) era criado por François Mitterrand em
pessoa, com autorização de entrecortar os filmes com a publicidade...
1995: Um anúncio de 30 segundos no meio de um filme de domingo rende à TF1 500 000 francos. Desde aí, a expansão da publicidade televisiva é
exponencial. Não se trata evidentemente de uma simples propaganda comercial em direcção a espíritos já constituídos, mas de uma colonização e uma
constituição do seu imaginário.
Le monde Diplomatique
Maio 2001
Texto 3
Parasitas no nosso quotidiano
Entre 1950 e 1996, as despesas publicitárias mundiais multiplicaram-se por sete, progredindo bastante mais rapidamente que a produção. Apesar da crise financeira
asiática e do abrandamento americano, o número de negócios da publicidade continua impulsionado: 429 mil milhões de dólares há dois anos, 494 mil milhões
previstos em 2001 (1). Para as empresas que pagam estas enormes somas, trata-se no entanto de um bom negócio.
O tapete-rolante dos novos produtos impõe-lhes com efeito um esforço comercial sempre mais sustentado. A Kraft Food (uma sucursal da tabaqueira Philip
Morris) previu destinar 800 milhões de dólares ao financiamento da promoção de 100 novos produtos entre 1999 e 2001. Deverão representar a maior parte da
subida das suas vendas. Para o seu aparelho de barbear de lâmina tripla para senhora (“Vénus”), a Gillette teve que despender 300 milhões de dólares na pesquisa,
desenvolvimento e fabrico. Mas também 150 milhões de dólares de gastos publicitários em 29 países (2).
As empresas farmacêuticas, que têm orçamentos para a pesquisa e desenvolvimento inigualáveis para produzir novos medicamentos, não podiam, até recentemente,
difundir anúncios comerciais dirigidos ao público americano. Interdição levantada: em 2000, destinaram 2,1 mil milhões de dólares para a sua publicidade. A
Novartis, cujo director comercial do departamento farmacêutico veio da Pepsi-Cola, destinará nos próximos dois anos 1,2 mil milhões de dólares para o lançamento
de cinco medicamentos. Por fim, a Coca-Cola concluiu uma aliança com a Disney para comercializar junto das crianças sumos de fruta, concentrados e bebidas
lácteas em embalagens representando personagens dos desenhos animados.
A escala de uma tal imposição “cultural” corta a respiração. Quando, no ano passado, a Coca-Cola doou à Biblioteca do Congresso o equivalente a meio século dos
seus anúncios publicitários difundidos no Mundo, havia mais de 20 mil exemplares. O que, em média, significa que no mínimo um anúncio da Coca-Cola foi criado
diariamente desde há 50 anos (3).
Vender à escala internacional requer um trabalho de coordenação confiado a um punhado cada vez mais reduzido de grandes agências publicitárias. Resultantes de
numerosas compras e fusões, cinco supergrupos emergiram: a WP (Londres), a Omnicom e a Interpublic (Nova Iorque), a Havas Advertising e a Publicis (Paris). A
Dentsu, sediada em Tóquio, tem um tamanho quase comparável, mas as suas actividades no estrangeiro são insignificantes enquanto que para as outras cinco o
estrangeiro representa um a dois terços do seu volume de negócios. Um tal gigantismo publicitário responde à fusão dos produtores: “A maior parte dos clientes
exige que a sua agência lhes faça obter uma notoriedade mundial e uma capacidade de comunicação que integre todos os suportes (4)”.
Mesmo as grandes empresas de media se diversificaram para integrar um leque de dispositivos de vendas – dos armazéns à televisão, sem esquecer a Internet.
Entre os anos 20 nos Estados Unidos e os anos 80 à escala planetária, os anunciantes e os seus emissários conseguiram substituir o monopólio do Estado sobre os
sistemas audiovisuais por sistemas privados financiados pela publicidade. A etapa seguinte consistiu em obter a generalização do poder dos anunciantes em anunciar
como sonhavam e onde sonhavam. Armand Mattelart resumiu a regra na sua simplicidade brutal : “Não há media sem publicidade (6)”. A indústria não cessa de
trabalhar nesse sentido. Onde as restrições publicitárias subsistem, combate-as. Quando é necessário ceder algum terreno – como no caso do tabaco – prospecta
novas jazidas (anúncios de medicamentos). Integra todas as obrigações impostas à actividade dos anunciantes num ataque à liberdade de expressão. E, apoiada pelos
proprietários dos media comerciais, utiliza todas as vias de recurso judiciais, todas as seduções do “lobbying”, para se apropriar de cada um dos canais de expressão
cultural, velhos e novos.
Daí a grande subida das despesas publicitárias mundiais. Continuando totalmente concentrado na América do Norte, na Europa e no Japão, “o crescimento
acelerou-se na América Latina e na Ásia, particularmente na segunda metade dos anos 80. [Entre 1986 e 1996] os Estados destas regiões conheceram uma
progressão publicitária espectacular: mais de 1000% na China, de 600% na Indonésia, de 300% na Malásia e na Tailândia, de 200% na Índia, na República da Coreia
e nas Filipinas. Em 2000, um país tão pobre como o Vietname acabou por abrir o seu mercado às agências de publicidade estrangeiras; vários supergrupos se
instalaram rapidamente lá (7)”.
Mas a promoção não significou um tempo de paragem nas metrópoles do capitalismo mundial. Na Europa, as despesas de anúncios televisivos deverão passar de
27,8 mil milhões de dólares em 1999 para 40,6 mil milhões de dólares em 2004. Nos Estados Unidos, país que representa perto da metade das despesas publicitárias
mundiais, a saturação comercial obrigou à procura de novas técnicas de infiltração. Assim, em troca da sua compra de ecrãs publicitários, nove patrocinadores do
“Survivor” (um programa televisivo muito popular, que filmava vinte e quatro horas por dia a vida de pessoas desconhecidas) conseguiram ver os seus produtos
As instituições públicas, a educação em particular, não são poupadas. A Motorola recorreu a antropólogos para aprender a vender telemóveis no Azerbaijão, no
Cazaquistão e no Uzebequistão (9). Mais de metade das escolas secundárias californianas permitem às cadeias de restauração fast-food vender os seus produtos nos
seus recintos. Mesmo os manuais de Matemática das escolas primárias fazem por vezes referências a marcas como a Nyke e a Disney (10).
Através do patrocínio, a publicidade investiu igualmente nos museus. Como que inspirada nas indulgências papais de outrora, a Biblioteca do Vaticano permitiu às
empresas associarem-se às celebrações do jubileu do ano passado. O Gruppo Telecom Italia pagou 80 milhões de dólares (sob a forma de serviços telefónicos e
Internet) pelo direito exclusivo de colocar o seu logótipo nas T-shirts, chapéus e guarda-chuvas dos 70 000 voluntários das festividades. Os Correios americanos já
vendem espaços publicitários nas laterais dos seus camiões de entregas, das suas caixas de correio, dos envelopes, e nas paredes dos postos. Apenas os selos não
estão (ainda) à venda.
O desporto está em vias de rápida anexação. Em toda a Europa, as equipas de futebol solicitam conselheiros americanos para aprender como obter das empresas os
financiamentos de novos estádios. Nos Estados Unidos, uma centena de complexos desportivos beneficiaram deste género de ajuda; por vezes utilizam o nome das
marcas das empresas.. Um quarto dos festivais e eventos americanos eram patrocinados por empresas há uma quinzena de anos. Neste momento a percentagem é
superior a 85% (11).
Por sua vez, a informação é sistematicamente adulterada, reformatada de forma a melhor servir os interesses do sistema de promoção comercial. A simples ameaça
de uma diminuição do orçamento publicitário faz recuar muitos jornais (12). Nos Estados Unidos, onde bate o coração da força publicitária, as empresas
farmacêuticas fizeram doações “educativas” importantes para ajudar “sites” na Internet que informam sobre a saúde. Consequência: “ Num ‘site’ dedicado aos
cancros de pulmão (...) um debate sobre as novas terapias apresenta uma longa sequência sobre o medicamento Hercepton, fabricado pela Genentech Inc, o
patrocinador do ‘site’”. Não é tranquilizador saber que o Journal of the American Medical Association gere um “site” sobre a sida subvencionado pela Glaxo
Wellcome, que fabrica tratamentos contra a sida. Ou que o New England Journal of Medicine teve que se desculpar por ter publicado 19 artigos sobre
medicamentos redigidos por médicos financeiramente ligados às indústrias farmacêuticas (13).
E desde já a indústria publicitária investe numa nova frente, a da recolha sistemática – e frequentemente sub-reptícia – de dados sobre os consumidores. Para
melhor cooptar as últimas práticas culturais (música, moda, expressões em uso), a vigilância comercial estende-se à Internet (ler Procura de alvos comerciais na
Internet). As informações respeitantes aos hábitos de consumo adquirem uma importância estratégica. A America On Line (AOL) dispõe de dados bastante
objectivos sobre 130 milhões de subscritores de revistas (Time, Fortune, etc.), cadeias por cabo (CNN) e de serviços Internet que controla (14).
Quer a manipulação publicitária seja ou não bem sucedida, ela já conduziu a uma mudança das prioridades sociais. Não é apenas o facto de a imprensa criar
incessantemente suplementos destinados a angariar anunciantes, de as cadeias de televisão subordinarem a duração das suas emissões ao impacto dos anúncios
DAN SCHILLER *
* Professor na Universidade da Califórnia, Santa Cruz, autor de Digital Capitalisme, MIT Press, Boston, 2000
Texto 4
A fábrica dos desejos
Já em 1892, por exemplo, a Coca-Cola se dota de um dos principais orçamentos publicitários do mundo. E em 1912, a divisão dos investimentos publicitários da
firma é a seguinte: 300 000 dólares de anúncios na imprensa, 1 milhão de calendários, 2 milhões de cinzeiros, 5 milhões de painéis litográficos, 10 milhões de caixas
de fósforos com as cores da Coca-Cola (3)... Já nesta época, os dirigentes desta firma concebem a publicidade tendo em consideração o maior número possível de
compradores potenciais. “A repetição, declara um deles, pode superar tudo. Uma gota de água acabará por atravessar um rochedo Se vos acertar em cheio e sem
parar, o prego cravar-se-á na cabeça (4)”.
Mensagens subliminares
O século XX, com a multiplicação dos media eléctricos (cinema, rádio), electrónicos (televisão) e numéricos (Internet), viu não somente a explosão da publicidade,
mas também a sua sofisticação. A ambição de manipular os espíritos, no interior das próprias residências, elevou-se quase ao nível de uma ciência. As técnicas de
persuasão não cessaram de se refinar para vencer a barreira da “agitação”, derrubar a nossa desconfiança e vir cravar no nosso espírito uma mensagem muito
precisa.
Como procede então a publicidade para nos atingir? Alguns imaginaram uma mensagem reduzida a uma só imagem cujo efeito seria considerável. Um tal
procedimento, chamado de imagem subliminar, torna a publicidade imperceptível. Inserindo uma imagem parasita entre as 24 que desfilam por segundo no cinema
(25 na televisão), a persistência retiniana não se produz. O olho vê e o cérebro é informado, mas abaixo do limite da consciência. Por efeito subliminar (do latim sub
limen, sob o limite).
Consideradas como ilegais, estas imagens subliminares atormentam o espírito de muitos cidadãos (5). Em França, em 1988, após a vitória eleitoral de François
Mitterrand, o jornal Le Quotidien de Paris censurava este candidato por ter beneficiado do efeito oculto de “imagens subliminares” contidas no genérico do jornal
televisivo do segundo canal (na altura Antena 2). Foi intentado um processo por “manipulação eleitoral”. Os queixosos perderam o processo. Mas a CNCL,
antepassado do actual Conselho Superior do Audiovisual (CSA), decidiu interditar toda a utilização deste tipo de imagens.
Em Maio de 2000, uma associação, nos Estados Unidos, acusou o filme Battlefield Earth, adaptado de um romance de Ron L. Hubbard, fundador da Igreja de
Cientologia, e interpretado por John Travolta, de “conter imagens subliminares” para favorecer a conversão do público.
Em Setembro de 2000, no decurso da campanha presidencial, o candidato republicano George W. Bush teve de admitir que um anúncio produzido pela sua equipa
continha uma imagem subliminar. Este anúncio referia-se ao programa do seu adversário democrata Al Gore. Em sobre-impressão sobre a imagem deste candidato
aparecia primeiro a frase: “The Gore Prescription Plan: Bureaucrats Decide”. Depois sobre um fundo negro, esta frase via as quatro últimas letras da palavra
“bureaucrats” separarem-se e virem inscrever-se, uma fracção de segundo, em maiúsculas, “RATS”, sobre todo o ecrã (6). Perseguido pelos media, Bush teve que se
resignar a tirar o anúncio da sua campanha.
Na publicidade que se considera uma arte de persuadir, cada mensagem é muito elaborada. Antes da difusão, por exemplo, uma imagem é por vezes submetida ao
teste chamado de “eye camera”: regista-se, num espectador-cobaia que olha a imagem, por câmara invisível, o movimento dos olhos, a actividade das pupilas.
Multiplicando estes testes, pode-se determinar estatisticamente o percurso do olho; o que é visto em primeiro, o que lhe escapa. Tudo isso procede de um trabalho
de pesquisa fruto da colaboração de especialistas pertencentes a diferentes disciplinas: sociólogos, psicólogos, semiólogos, linguistas, gráficos, decoradores.
Uma tal conjugação de peritos fez Marshall McLuhan dizer: “Não existe equipa de sociólogos capaz de rivalizar com as equipas de publicitários na pesquisa e
utilização de dados sociais exploráveis. Os publicitários destinam todos os anos milhares de milhões de dólares para a pesquisa e exame das reacções do público e a
sua produção é uma extraordinária acumulação de dados sobre a experiência e os sentimentos comuns de toda a sociedade (7)”.
As crianças são um alvo privilegiado. Segundo uma estimativa do Sindicato Nacional da Publicidade Televisiva, os anunciantes despenderam, em França, em 1999,
mais de 1 milhar de milhões de francos em anúncios destinados às crianças com menos de 14 anos. O Instituto da Criança estima que cerca de 45% do consumo
familiar (cerca de 500 a 600 mil milhões de francos por ano) é mais ou menos directamente influenciado pelos desejos infantis. “A opinião dos de 4 a 10 anos incide
sobretudo sobre a alimentação, a confeitaria, o têxtil ou os brinquedos, refere Joel-Yves Le Bigot, presidente deste Instituto, mas eles influenciam também 18% das
compras de veículos e 40% da escolha dos locais de férias (8)”.
Impotência da liberdade
Antigo activista contra a Guerra do Vietname, William Zimmermann considerava que não era preciso ter vergonha em utilizar a publicidade para se fazer perceber:
“Hoje, a classe progressista americana não tem outra escolha: ser destruída pelo sistema ou, o que nós por fim compreendemos, destruí-lo utilizando as suas
próprias armas (10)”. Isto não é, bem entendido, assim tão simples. Pois que o princípio da publicidade é o de tudo reciclar. A este respeito viu-se recentemente
símbolos como a foice e o martelo (Self-Trade), ou grandes líderes revolucionários como Marx (o banco UFF), Lénine (LibertySurf), Mao (banco UFF), Zapata
(LibertySurf) ou Che Guevara (LibertySurf) servirem de actores secundários em anúncios para elogiar a “revolução” Internet...
A este respeito, Frederic Beigbeder observa: “Os ditadores de outrora, temendo a liberdade de expressão, censuravam a contestação, encarceravam os escritores,
queimavam os livros controversos. (...) Para reduzir a Humanidade à escravatura, a publicidade escolheu o low-profile, a astúcia, a persuasão. Vivemos no primeiro
sistema de domínio humano contra o qual a própria liberdade é impotente. Pelo contrário, o sistema baseia-se na liberdade, esse é o seu maior achado. Qualquer
crítica lhe assenta bem, qualquer panfleto reforça a ilusão da sua tolerância . Subjuga-vos igualmente. O sistema atingiu o seu objectivo: mesmo a desobediência se
torna uma forma de obediência (11)”.
Estruturalmente redutora, a publicidade oferece uma visão condensada, esquemática e simples da vida. Recruta voluntários estereotipados para nos ditar os nossos
desejos. E faz-nos aceitar a nossa própria escravidão.
IGNACIO RAMONET
(1) Ver a exposição “250 anos de publicidade”, Museu da Publicidade, 107, Rue de Rivoli, 75001 Paris.
(2) Libération, 24 de Março de 2001.
(3) Cf. Richard S. Tedlow, L’audace et le marché: L’invention du marketing aux Etats-Unis, Odile Jacob, Paris, 1997.
(4) Ibid.
(5) Ler Propagandes silencieuses, Galilée, Paris, 2000.
Texto 5
Dia sem compras
Os viciados e os outros
Mário diz que o aspecto das coisas liberta um "apelo à experimentação". Manuela vai para o centro comercial quando está com a neura. Os
psiquiatras já encontraram a pílula para a doença das compras. Outros preferem acções mais directas - usam máscaras de porcos e
imitam os viciados no Dia Sem Compras, o próximo sábado - que por acaso nos EUA é aquele em que mais se consome.
Os compulsivos
Uma mulher, cerca de 30 anos, provavelmente alcoólica ou viciada no jogo, com baixos níveis de auto-estima é problemática nas relações
afectivas. Eis o retrato-robot da "shopaholic", o novo termo que os médicos dos Estados Unidos da América e da Grã-bretanha utilizam
para designar os viciados em compras.
A dependência consumista é tida por estes especialistas como uma “desordem obsessivo-compulsiva”. A doença pode ser lucrativa: no
ano passado, as estações de televisão CBS e BBC noticiaram a abertura de departamentos especializados no tratamento de “shopaholics”
em clínicas psiquiátricas. Realizados alguns testes, os investigadores receitaram o seguinte: engolir diariamente um comprimido de
Cipramil, um anti-depressivo da família do famoso Prozac.
Não consta que em Portugal a “doença das compras” tenha já atingido o estatuto das perturbações depressivas. O psiquiatra João Carlos
Fernandes garante mesmo que “não há quem tenha uma doença das compras”, e justifica os tratamentos clínicos como um “exagero da
medicação e da psiquiatrização da vida moderna”.
"”As pessoas têm compulsões para comprar”, explica João Carlos Fernandes, “e por vezes até faz muito bem perder os limites e gastar
dinheiro, mas não existe qualquer constituição biológica ou de doença no vício das compras. A vida também precisa de ser feita com
alguma loucura”.
Trabalhar na área da publicidade pode acender luzes de alerta, mas não significa necessariamente menos dependência consumista. Mário
Nascimento, 30 anos, publicitário, admite isso mesmo. “Já não me sinto tão permeável à família feliz com o detergente super-qualquer-
coisa, mas continuo seduzido pelo aspecto das coisas”, explica. A linguagem estética liberta nele um “apelo à experimentação”.