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CONTEÚDO E METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA

ESPÍRITO SANTO
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DEFINIÇÃO E LUGAR DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: https://www.tes.com/lessons/s41j-lkRO88Vtg/la-geografia-humana-grado-9

Geografia, no sentido etimológico, significa descrição da Terra. E, com um consenso

geral, da Terra, com tudo o que contém e do que é inseparável, de tudo o que vive na

superfície e a anima, da humanidade que a transforma e enriquece com traços novos.

Pensando nesta última, os gregos falavam do ecúmeno. Enquanto a Geografia Física

estuda os elementos inertes e a Geografia Biológica se ocupa dos seres vivos, a Geografia

Humana é a parte da Geografia Geral que trata dos homens e suas obras desde o ponto de

vista de sua distribuição na superfície terrestre. É a descrição do ecúmeno.

Formas do relevo, estado da atmosfera e cursos dos rios, obras dos homens, se

inscrevem em cada ponto da paisagem, enquanto expressão fisionômica de sua

combinação. Esta imagem é cambiante. A imperceptível descida de cada grão de solo ao

longo da encosta por efeito da gravidade ou as enxurradas modelam o perfil da paisagem.

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Sem dúvida, a paisagem guarda sua individualidade dado uma aparente permanência à

escala de nossa observação. E deve-a as relações sobre as quais descansa.

Há mesmo uma relação entre a atividade agrícola e a natureza do solo e do clima.

Por tudo isto, a paisagem se presta a uma descrição científica. Diremos, pois, também, que

a Geografia Humana é uma descrição cientifica das paisagens humanas e de sua

distribuição no globo. São duas definições que se correspondem e se completam.

Porém cada elemento da paisagem é, por sua vez, o objeto de outras ciências, que

também estudam os fenômenos de localização e distribuição. Um botânico ou um zoólogo,

por exemplo, completam a descrição de uma espécie ou de um grupo mencionando o seu

habitat, sua extensão geográfica. Donde vem a questão dos relacionamentos.

Iria a Geografia fragmentar-se, incorporando-se a Geografia Humana à Sociologia e

demais ciências do homem, como a morfologia responderia à chamada da Geologia, ou

como a Geografia Biológica se integraria na Botânica ou na Zoologia?

Este perigo parece ilusório se interpretam corretamente as definições iniciais. Duas

características permitem que a Geografia e os ramos de sua divisão conservem sua

autonomia. Em primeiro lugar, entre as ciências da natureza e do homem nenhuma outra

situa em primeiro plano a localização dos fenômenos. A Geografia é a disciplina dos espaços

terrestres. Sua originalidade reside na natureza dos objetos que descreve, se não na atitude

mental que implica: é um estado de ânimo, um ponto de vista (H. Baulig). A representação

cartográfica é um instrumento específico de expressão e de investigação. A Geografia traça,

comenta e compara mapas. Em segundo lugar, o homem da Geografia é o homem das

conexões e dos conjuntos.

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Conexões próximas entre os elementos das combinações locais (relevo, clima,

vegetação, obras do homem), conexões remotas entre fatos de toda classe na superfície da

Terra - a prosperidade das semeaduras europeias depende da marcha das depressões

oriundas da América -. Hoje, mais que nunca, a Geografia Humana registra a repercussão

em todas as partes dos acontecimentos que ocorrem nos países mais distantes, a

interdependência que envolve todos os pontos do ecúmeno. Sua tendência sintética nos

convida a não separar jamais os traços de ordem humana do seu contexto físico e vivo. Este

imperativo é, junto com a preocupação com a localização, o fundamento da unidade da

Geografia. Por meio da unidade da Geografia adquirimos a consciência da unidade de nosso

universo terrestre. O contexto físico e vivo representa o meio natural, ao passo que o meio

humano é definido com a ajuda das ciências do homem, à frente da qual se encontra a

Sociologia.

Deste modo, estabelecidos os laços originais e indissolúveis da Geografia Humana

com todos os ramos da Geografia, nos damos conta de suas correspondências com o grupo

das ciências do homem. Antropologia Somática e Fisiológica, Patologia, Psicologia Coletiva,

Etnologia, Sociologia em todos os seus aspectos, inclusive o econômico.

Estas ciências aclaram-lhe as condições de atividade dos grupos que integram o

tecido do ecúmeno. Por sua parte, a Geografia fornece-lhes os elementos de localização e

de síntese, a visão de mundo que acresce seu alcance e as fecunda. Tal é o caráter

complexo da Geografia Humana, terra marginal dentro do campo do conhecimento.

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NOÇÕES FUNDAMENTAIS DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/

O primeiro problema da Geografia Humana consiste em elucidar as relações entre o

homem e o meio, a partir do ângulo espacial. Trata-se de uma relação recíproca, posto que

por meio da técnica os homens modificam o ambiente natural, ao tempo que adaptam-se a

ele. Recriamos a cada momento nosso meio ao tempo que estamos submetidos a ele.

Excetuando alguns casos, cada dia mais raros, a imagem do meio que descrevemos encerra

uma parte considerável do esforço humano. Encontra-se ela humanizada por um jogo de

ações mútuas. Este jogo é, propriamente, a matéria da Ecologia, ciência das relações entre

os seres vivos e o meio, segundo Haeckel. Em boa parte, a Geografia Humana apresenta-

se como uma ecologia do homem. Examinemos cada um dos termos dessa relação.

Em primeiro lugar, o conjunto dos grupos humanos, isto é, o horno sapiens,

utilizando a linguagem dos naturalistas, que deve sua originalidade entre os seres vivos a

quatro caracteres:

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1°.) Sua notável plasticidade é o segredo da ubiquidade na qual Darwin viu um privilégio

único. Só a compartilham as espécies que evoluem a ele associadas, como o cachorro.

2º.) Seu alto grau de desenvolvimento mental faz dele um inesgotável criador de técnicas,

produto, primeiramente, do empirismo, a seguir de uma razão cada vez mais refinada. Uma

forma específica de memória assegura a conservação da experiência adquirida, ao tempo

que o aperfeiçoamento da ferramenta intelectual impede sua esclerose e dá origem a olhos

vistos ao processo em cadeia do progresso técnico que é característico de nossa era. O

homem é um ser capaz de adaptação ao meio. É mente, e por isto o domina.

3º.) Este progresso se mostra especialmente eficaz no tocante à satisfação da necessidade

da mobilidade espacial. As descobertas da arqueologia pré-histórica confirmam quão antiga

é a aspiração da conquista dos espaços. Nosso triunfo nesse terreno supera todos os

sonhos de ontem, diante da conquista dos espaços impossíveis.

4º.) Por fim, nem a acumulação dos avanços e nem as vitórias da circulação podem ser

imaginados fora das sociedades organizadas. Os naturalistas descrevem espécies vegetais

e animais, às quais qualificam de sociais. Nenhuma delas apresenta um grau de

sociabilidade tão alto quanto o gênero humano, um animal político (Aristóteles).

No só vivem em grupos, mas no homem os elementos sociais estão incorporados a

tal ponto à sua personalidade básica, que é inútil tratar de dissociá-los.

Estas quatro peculiaridades se manifestam em distintos graus na atividade dos

homens. Representam a trama essencial do nosso ser. De modo que o geógrafo preocupar-

se-á muito mais em por em relevo a importância delas que em fundamentar a Geografia

Humana nas distinções a elas externas. Correria o risco de fragmentá-la numa poeira de

geografias, cada qual pretendendo ser autônoma. Nunca se deve perder de vista a profunda

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unidade do homem, do homem inteiro em cada um dos seus atos e inclusive em suas

contradições. O fato de reconher-se a unidade da Geografia Humana elimina o falso e

fastidioso problema das geografias especiais.

A noção de ambiente ou meio cobrou toda sua significação com o triunfo das doutrinas

evolucionistas e da ideia da adaptação. Todavia, sua análise nos põe de manifesto toda sua

riqueza. Num primeiro momento, aparentemente o meio se define como uma combinação

de traços elementares isolados: situação geográfica, características do relevo, elementos

do clima (temperatura, pressão, etc.), composição da cobertura vegetal, estabelecimentos

humanos, etc. Raramente o inventário desses traços é completo e seu significado varia com

o uso que deles faz cada grupo humano.

Sucede que eles não atuam de maneira isolada, mas em combinação uns com os

outros: formam conjuntos ou, para sermos mais precisos, complexos elementares. Assim,

por exemplo, seja qual for a tolerância térmica do homem da umidade, vemos à nossa frente

um complexo hidrotémico. Num outro exemplo, os seres vivos encontram-se incorporados

em graus extremos a combinações determinadas pelo parasitismo e as simbioses, isto é, os

complexos biológicos. Por fim, indústrias de diversa natureza aglomeram-se em

associações regionais: são os complexos industriais, que os geógrafos analisam vendo as

forças de atração que os agrupam e fazem deles verdadeiras unidades vivas. A noção de

complexo geográfico elementar, cuja generalidade não foi posta até hoje em relevo no

grau devido, possui uma fecunda aplicação em todas as esferas da Geografia Humana. Na

eterna luta pela vida, o homem não só não se defronta com forças isoladas, mas ele mesmo

intervém para formar novos núcleos em proveito próprio, como na associação de plantas de

cultivo.

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O pensamento de nossos predecessores esteve dominado pela prepotência do meio

físico sobre o homem. Não temos mais entretanto porque nos preocupar com o problema do

determinismo, que tanta tinta inútil fez correr. As vitórias da técnica sobre a natureza vêm

concentrando nossos pensamentos na capacidade do homem, e isto no momento em que

as análises dos sociólogos constituem a ciência das sociedades.

Todas as análises do meio encontram-se dominadas por considerações relativas ao

espaço. Desde que existe uma Geografia Humana, põem-se em primeiro plano as noções

de situação e área de extensão dos fenômenos. A situação pode ser absoluta, determinada

pelas coordenadas geográficas, latitude, longitude, altitude, ou relativa, descrita em relação

a outras características do desenho geográfico - grau de continentalidade, situação de

enclave, posição frente às correntes de circulação, etc.

Já a ideia de área de extensão inclui a de limite, inseparável dela e que apresenta

diversos graus de determinação, desde o limite linear até a zona limite, com suas faixas de

degradação (o mesmo valendo para a Geografia Natural).

Outra noção é a que proporciona um termo de trânsito entre a atividade dos grupos

humanos e as propriedades do meio: o gênero de vida . Entende-se gênero de vida por um

conjunto coletivo de atividades transmitidas e consolidadas pela tradição, graças às quais

um grupo humano assegura sua existência em um meio determinado. Um conjunto de

técnicas adaptativas do homem e do meio, no que comportam de elementos mentais e

intelectuais. O gênero de vida oferece o máximo de estabilidade em sociedades submetidas

à tirania de um meio natural muito especificado (criadores nômades do deserto, esquimós).

A medida que os homens vão se emancipando dessa sujeição à natureza, o centro da vida

se desloca, a noção de gênero de vida se preenchendo - como acabamos de sugerir - de

elementos sociais. Assim falar-se-á do gênero de vida dos operários das áreas de

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mineração, ou dos agentes das atividades de circulação, etc. Mas nem por isso o conceito

perderá seu interesse.

O MÉTODO DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: https://filoteologia.wordpress.com/2013/11/30/adaptacao-do-homem-ao-meio-ambiente-a-geografia-humana/

O respeito à unidade essencial da Geografia Humana exige que se rechace toda

tendência à dispersão. Se, por motivos de comodidade didática orientada para uma

preparação profissional, é permitido agrupar as manifestações das atividades econômicas

sob um mesmo termo, convém saber que a expressão não tem mais que um valor de uso.

O homo economicus é um fantasma. O objeto de nosso estudo é o homem em si.

Provaremos que as características essenciais da espécie humana atuam em uma

diversidade de meios, que se transformam com a diversidade dos modos de vida, para

desembocar na formação das paisagens humanas, isto é, no ecúmeno.

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O HUMANISMO DA GEOGRAFIA HUMANA

Fonte: https://www.ufmg.br/diversa/3/geografia.htm

Esforcei-me por dar à Geografia Humana o grau de rigor de que é susceptível, assim

como o da serenidade. Espero que se reconheça o livre esforço de um pensador desejoso

de desterrar do seu campo de estudo tudo aquilo que possa vedar a sua visão. Devo muito

a amigos estrangeiros, ingleses, alemães, italianos, norte americanos, escandinavos,

russos, japoneses, brasileiros e tantos outros. No universo inteiro, as escolas geográficas

nacionais estão no auge já de alguns decênios, com o correspondente aumento dos que

seguem nossas especulações. Quiséramos oferecer ao mundo o espetáculo de uma

unidade espiritual de que tanto se necessita.

Os princípios da Geografia Humana citados por Christofoletti (1985) fazem desta uma

ciência, pois a referida ciência tem no homem o ser que causa modificações no meio natural,

criando o espaço geográfico sobre uma base territorial, fruto de suas relações de trabalho

num dado momento da história. Fazendo do homem um ser histórico, pois, no seu dia-a-dia

o homem se cria e recria socialmente e culturalmente. E é a Geografia Humana que

compreende e explica todo esse processo histórico-social do homem.

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Para Christofoletti (1993) sendo a Geografia a disciplina que estuda as organizações

espaciais, dois componentes básicos entram em sua estruturação e funcionamento,

representados pelas características do sistema ambiental físico e pelas do sistema

socioeconômico. O primeiro constitui o campo da Geografia Física enquanto o segundo

corresponde ao da Geografia Humana. Trudgill (1992) apud Chistofoletti (1993 p. 11)

entende que os geógrafos físicos contribuem para o conhecimento adequado dos processos

e restrições ambientais físicas relevantes, e, os geógrafos humanos encontram-se

habilitados para implementar políticas sociais ambientalmente fundamentadas, que sejam

realistas a respeito das restrições humanas, sociais, econômicas e políticas.

A questão ou questões que distinguem a Geografia de outras ciências não são tão

importantes. Mas, nenhuma outra ciência, além da Geografia, preocupa-se, de modo

consistente, com distribuições de fenômenos no espaço terrestre. Para Abler, Adams e

Gould (1971) apud Chisholm (1979 p. 07), “nenhuma outra ciência preocupa-se,

consistentemente, com a estrutura espacial. As questões sobre localização, estrutura e

processos espaciais que formulamos e respondemos, distinguem a Geografia de outras

ciências”. Por isso, a Geografia tem a responsabilidade de ver o mundo como um todo.

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Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/

Sendo esta a ciência que estuda o espaço geográfico e tudo o que nele está inserido,

não há como negar a abrangência de seu objeto de estudo.

Para Chisholm (1979 p. 06) pode-se dar à Geografia a abrangência de três temas

relacionados:

1- O registro e a descrição dos fenômenos sobre a superfície terrestre ou próximos a ela

(este é o sentido literal da palavra Geografia).

2- O estudo das inter-relações dos fenômenos em localizações específicas.

3- O exame de problemas que possuam dimensão espacial (territorial), especialmente para

identificar a significação do espaço como uma variável.

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OS CAMPOS EM QUE A GEOGRAFIA HUMANA MAIS

ATUA SÃO:

Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/geografia-humana.htm

Demografia

A demografia – ou Geografia da População – é a área da ciência que se

preocupa em estudar as dinâmicas e os processos populacionais. Para entender, por

exemplo, a lógica atual da população brasileira é necessário, primeiramente,

entender alguns conceitos básicos desse ramo do conhecimento.

População absoluta: é o índice geral da população de um determinado local, seja de

um país, estado, cidade ou região. Exemplo: a população absoluta do Brasil está estimada

em 180 milhões de habitantes.

Densidade demográfica: é a taxa que mede o número de pessoas em determinado

espaço, geralmente medida em habitantes por quilômetro quadrado (hab/km²). Também é

chamada de população relativa.

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Superpovoamento ou superpopulação: é quando o quantitativo populacional é

maior do que os recursos sociais e econômicos existentes para a sua manutenção.

Qual a diferença entre um local, populoso, densamente povoado e superpovoado?

Um local densamente povoado é um local com muitos habitantes por metro quadrado,

enquanto que um local populoso é um local com uma população muito grande em termos

absolutos e um lugar superpovoado é caracterizado por não ter recursos suficientes para

abastecer toda a sua população.

Exemplo: o Brasil é populoso, porém não é densamente povoado. O Bangladesh não

é populoso, porém superpovoado. O Japão é um país populoso, densamente povoado e não

é superpovoado.

Taxa de natalidade: é o número de nascimentos que acontecem em uma

determinada área.

Taxa de fecundidade: é o número de nascimentos bem sucedidos menos o número

de óbitos em nascimentos.

Taxa de mortalidade: é o número de óbitos ocorridos em um determinado local.

Crescimento natural ou vegetativo: é o crescimento populacional de uma localidade

medido a partir da diminuição da taxa de natalidade pela taxa de mortalidade.

Crescimento migratório: é a taxa de crescimento de um local medido a partir da

diminuição da taxa de imigração (pessoas que chegam) pela taxa de emigração (pessoas

que se mudam).

Crescimento populacional ou demográfico: é a taxa de crescimento populacional

calculada a partir da soma entre o crescimento natural e o crescimento migratório.

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Migração pendular: aquela realizada diariamente no cotidiano da população.

Exemplo: ir ao trabalho e voltar.

Migração sazonal: aquela que ocorre durante um determinado período, mas que

também é temporária. Exemplo: viagem de férias.

Migração definitiva: quando se trata de algum tipo de migração ou mudança de

moradia definitiva.

Êxodo rural: migração em massa da população do campo para a cidade durante um

determinado período. Lembre-se que uma migração esporádica de campo para a cidade não

é êxodo rural.

Metropolização: é a migração em massa de pessoas de pequenas e médias cidades

para grandes metrópoles ou regiões metropolitanas.

Desmetropolização: é o processo contrário, em que a população migra em massa

para cidades menores, sobretudo as cidades médias.

Urbanização

Fonte:

https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&9

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Urbanização é um conceito geográfico que representa o desenvolvimento das

cidades. Neste processo, ocorre a construção de casas, prédios, redes de esgoto, ruas,

avenidas, escolas, hospitais, rede elétrica, shoppings, etc.

Este desenvolvimento urbano é acompanhado de crescimento populacional, pois

muitas pessoas passam a buscar a infraestrutura das cidades. A urbanização planejada

apresenta significativos benefícios para os habitantes.

Porém, quando não há planejamento urbano, os problemas sociais se multiplicam nas

cidades como, por exemplo, criminalidade, desemprego, poluição, destruição do meio

ambiente e desenvolvimento de sub-habitações.

A urbanização é uma das responsáveis pelo êxodo rural (saída das pessoas do meio

rural para as grandes cidades). A disciplina destinada ao estudo da urbanização chama-se

urbanismo.

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Industrialização

Fonte: http://www.libertarianismo.org/index.php/artigos/politicas-industrializacao/

A Industrialização é o processo de modernização pelo qual passam os meios de

produção de uma sociedade. É acompanhada pela ampliação tecnológica e

desenvolvimento da economia.

A Industrialização é um processo antigo na humanidade. Ainda durante a Idade

Média, novas técnicas marcaram o avanço dos meios de produção e de produtividade. Mas

isso não quer dizer que houvesse indústrias como conhecemos atualmente ou

características do capitalismo. O progresso passou por várias fases tecnológicas. Técnicas

mais aprimoradas de agricultura, artesanato e manufatura deram suas contribuições para o

desenvolvimento pleno da indústria.

O primeiro país a passar por uma industrialização efetiva foi a Inglaterra. Isso porque

a indústria altera não só os meios de produção, mas são impactantes nas relações sociais

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também. É no século XVIII que ocorre o que é chamado de Primeira Revolução Industrial,

quando a Inglaterra baseia seu desenvolvimento econômico nas indústrias, promovendo o

cercamento dos campos e empurrando os trabalhadores para as áreas que se urbanizavam

através da produção industrial. Karl Polanyi chama o processo iniciado pela industrialização

de “O Moinho Satânico”, pois é nesse período que ocorre uma desarticulação da sociedade,

transformando a economia em economia de mercado e estabelecendo o capitalismo como

sistema. A Industrialização causa impactos que vão muito além da utilização de máquinas,

representa novas formas de organização social pela lógica de lucro que introduz, fazendo

com que as relações sociais passem a fazer parte da economia, e não o contrário.

A implantação de um maquinário próprio transforma a sociedade e a forma de trabalho

com o intuito de produzir maior riqueza e lucro. A burguesia é a classe que se consolida com

o processo de industrialização e, em muitos casos, homens são substituídos por máquinas

nos meios de produção. O impacto da industrialização gera um grande aumento na divisão

do trabalho, grandes progressos em produtividade industrial, assim como o crescimento da

classe média e dos padrões de consumo.

A Inglaterra foi o grande símbolo da Primeira Revolução Industrial, ocasião

caracterizada pela própria invenção da máquina a vapor, com aumento da produtividade,

maior exploração do trabalho e estabelecimento do sistema capitalista na economia. Outros

dois momentos marcantes de industrialização ocorreram posteriormente no mundo.

A Segunda Revolução Industrial expandiu o grupo de países detentores de

tecnologias e produções industriais. É uma fase caracterizada pela descoberta e uso da

energia elétrica, além do uso e valorização do petróleo como fonte de energia. Essa

industrialização do século XIX esteve inserida no contexto do Neocolonialismo ou

Imperialismo, no qual os países buscavam por áreas de influência no mundo, onde

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pudessem vender seus produtos industrializados e obter as matérias-primas necessárias

para o sustento de suas indústrias. Essa disputa pelos países industrializados há mais tempo

e os que ingressavam no capitalismo ocorreu, sobretudo, nos territórios da África e da Ásia.

O clima de tensão, contudo, pairou na Europa, e o aumento das hostilidades entre os países

que concorriam por regiões de influência acarretou na Primeira Guerra Mundial.

Já a Terceira Revolução Industrial é mais recente e vivemos constantemente sob

seus impactos. Essa fase é caracterizada pelo grande avanço da informática e da telemática.

É conhecida também como Revolução do Silício, a qual informatizou e tornou mais rápida

as relações de produção, econômica e social.

Atualmente o Brasil faz parte de um país considerado industrializados. Apesar de

terem conseguido alcançar certas metas no crescimento econômico, não são boas as

condições oferecidas a sua população. Grande parte da população desses países continuam

excluídas da participação da renda conseguida através do crescimento econômico.

O crescimento desses países não ocorreu de forma espontânea. A intervenção do

estado foi responsável pela base estrutural dos setores de energia e transportes, pela

legislação trabalhista, pelas políticas fiscal e cambial e pela produção direta, através de

empresas estatais. Tomadas um conjunto essas medidas tornaram-se a base para entrada

de economia dos países subdesenvolvidos.

O novo estágio de desenvolvimento nos setores de transportes, comunicação e

informação acabaram unindo locais isolados e permitindo o surgimento de uma indústria

global. Criou-se uma mundialização não só de mercado, mas também de produção. O que

não se produz numa certa região, é buscado fora dela. Isso, também requer, uma ampliação

do mercado, que de regional passa para nacional ou mundial.

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O INÍCIO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA

Fonte: https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=0ahUKEwj46-

No mercado colonial, existia no Brasil uma ocupação de exploração territorial, onde

prevalecia a monocultura de produtos para exportação, que era realizada com a utilização

de mão-de-obra escrava. Nessa época, a maior parte ou quase todo, dos lucros era enviados

para os cofres de Portugal, que procurava garantir sua fonte de renda nas Américas.

Na segunda metade do século XVIII, houve a passagem do capitalismo comercial

para o industrial, mas isso em nada mudou nas economias do Brasil e Portugal. Nesse

período qualquer tentativa de implantar indústrias no país, era impedida pela metrópole.

A Coroa de Portugal tentara impedir o surgimento de uma elite econômica que

reivindicasse a independência e, ainda, garantir que somente Portugal vendesse produtos

britânicos na colônia; garantindo elevados lucros.

Com a chegada da família real, em 1808, a política de restrições a industrialização foi

revogada, mas a concorrência com os produtos britânicos continuou sendo um empecilho

para o crescimento da indústria brasileira. Foi somente em 1844, com a Tarifa Alves Branco

e a criação de taxas médias de importação de 44%, que aconteceu o primeiro surto industrial

no país. Mas, foi somente a parti da primeira guerra mundial que o país passou por um

significativo processo de desenvolvimento industrial.

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O setor terciário apontava índices de crescimento econômico superior aos verificados

nos setores primário e secundário. É no setor terciário que circula toda a produção dos outros

dois setores. Mas, com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929, houve a

crise do café, aqui no Brasil. A parti de então, o setor secundário passou a apresentar índices

de crescimento superiores aos do setor primário.

CRISE DO CAFÉ E SUA INFLUÊNCIA NA


INDUSTRIALIZAÇÃO

Fonte: http://revistacafeicultura.com.br/?mat=18840

Com a crise de 1929, e a consequente diversificação da população agrícola, terminou

o último ciclo monocultor. A economia mundial entrou em sério aperto, que levou ao fim do

ciclo do café na região do Sudeste e trouxe crises na exportação de cana-de-açúcar, cacau,

tabaco e algodão na região Nordeste. Essa queda repentina na produção se explicava pelas

dificuldades de exportação.

Da mesma forma que estava difícil exportar, estavam sendo prejudicadas as

importações de bens de consumo duráveis e não-duráveis.

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O ciclo do café deixou como herança uma infra-estrutura básica para a implantação

da atividade industrial. Os barões do café eram os detentores de uma enorme quantia de

capital aplicado no sistema financeiro, assim, os bancos funcionaram como agentes

financiadores da instalação de novas industrias no Brasil, repassando o dinheiro depositado

pelos barões aos empreendedores industriais. Existia também, grande disponibilidade de

mão-de-obra, que foi liberada dos plantios de café, e boa produção de energia elétrica.

Havia, também, um dos fatores mais importantes, o mercado estrangeiro caiu.

Com todos esses fatores, começou a surgir à industrialização, principalmente em São

Paulo, depois nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

A maior parte das industrias implantadas era de bens de consumo, com destaque

para os de bens não-duráveis, como as alimentícias e têxteis. O governo comandava uma

política de substituição, visando um superávit cada vez maior na balança comercial.

GOVERNO GETÚLIO VARGAS

Fonte: http://www.estudopratico.com.br/governo-de-getulio-vargas-primeiro-e-segundo-mandato/

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De 1930 a 1956, a industrialização no Brasil se caracterizou por explícita intervenção

estatal.

Na revolução de 1930, foi empossado Getúlio Vargas como presidente, assumindo o

poder durante a crise econômica mundial de 1929. Com a crise, o pensamento capitalista

de que o mercado deveria agir livremente para promover um maior desenvolvimento e

crescimento econômico, foi mudado para o pensamento de que o estado poderia

diretamente na economia, evitando novos sobressaltos.

Essa prática de intervencionismo estatal na economia é conhecida por

keynesianismo.

Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova constituição, que beneficiavam o

trabalhador, destacando-se a criação do salário mínimo, as férias remuneradas e o descanso

semanal remunerados. Vargas, com o apoio das elites agrárias e industriais, conseguiu

aprovar uma nova Constituição em 1937, que o manteve no poder como ditador até o fim da

Segunda Guerra Mundial.

Esse período na produção industrial, devido à falta de oposição eficiente e a

manipulação das notícias através da forte censura aos meios de comunicação. Essa

intervenção estatal ocorreu no setor de base da economia. E graças a essa intervenção,

houve um grande crescimento da produção industrial.

Durante a segunda guerra mundial, as indústrias dos setores de metalurgia, borracha,

transportes e minério não-metálicos conseguiram grandes índices de crescimento, pois

produziam os principais produtos que o Brasil enviava as tropas aliadas no conflito.

Após a disposição de Vargas, em 1946, assumiu a presidência o General Eurico

Gaspar Dutra, que instituiu o Plano Salte, dirigindo investimentos aos setores de Saúde,

alimentação, transportes, energia e educação.

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O saldo positivo na balança comercial, obtido durante a Segunda Guerra Mundial, foi

queimado no decorrer do governo Dutra, com a importação de máquinas e equipamento

para a indústria mecânicas e têxteis, havendo o reequipamento do sistema de transportes.

Em 1950, Vargas voltou ao poder, mas dessa vez eleito pelo povo. Passou a enfrentar

novos empecilhos para o crescimento econômico: deficiências nos sistemas de transportes,

comunicação, produção de energia, petróleo. Mas, apoiado por um movimento nacionalista

popular, Getúlio criou a Petrobrás, a Eletrobrás e o Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social, inaugurados em 1953.

Atualmente a produção industrial brasileira cresceu 0,4% em janeiro em relação a

dezembro de 2015, na série livre de influenciais sazonais, interrompendo um período de sete

meses de quedas consecutivas, quando acumulou perdas de 8,7%. Os dados fazem parte

da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Brasil (PIM-PF), divulgada pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o IBGE, o setor industrial, em janeiro de 2016, "volta a mostrar um quadro

de maior ritmo produtivo, expresso não só no avanço de 0,4% na comparação com o mês

imediatamente anterior, que interrompeu sete meses consecutivos de queda, mas também

no predomínio de taxas positivas entre as grandes categorias econômicas e as atividades

investigadas”.

Média global

O crescimento de 0,4% na atividade industrial reflete resultados positivos em três das

quatro grandes categorias econômicas e em 15 dos 24 ramos pesquisados. Entre os setores,

a principal influência positiva foi registrada por coque, produtos derivados do petróleo e

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biocombustíveis, com avanço de 2,8%, segunda taxa positiva consecutiva, acumulando

expansão de 6,6%.

Já entre as grandes categorias econômicas, ainda na comparação com o mês

imediatamente anterior, bens de capital, ao avançar 1,3%, e bens intermediários (0,8%)

mostraram as expansões mais acentuadas em janeiro de 2016.

O setor produtor de bens de consumo semi e não duráveis fechou janeiro de 2016

com crescimento de 0,3%, a terceira expansão consecutiva, com ganho acumulado de 0,8%.

Já o segmento de bens de consumo duráveis (-2,4%) teve o único resultado negativo em

janeiro, após avançar 8% em dezembro, quando interrompeu quatro meses consecutivos de

redução na produção.

Ainda segundo a pesquisa do IBGE, os segmentos de bens de consumo duráveis

(0,7%) e de bens de consumo semi e não duráveis (0,2%) assinalaram taxas positivas em

janeiro, com o primeiro interrompendo 13 meses consecutivos de queda, e o segundo

voltando a crescer, após comportamento negativo desde julho de 2015.

Meio ambiente

Fonte: http://www.socursosgratuitos.com.br/curso-gratuito-de-tecnico-em-meio-ambiente/

25
O meio ambiente, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas as

coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que afetam os

ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições, leis, influências e infra-

estrutura de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas

as suas formas.

Política

Fonte: https://www.google.com/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=

Política é a ciência da governação de um Estado ou Nação e também uma arte de

negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma

derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito

abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.

Na ciência política, trata-se da forma de atuação de um governo em relação a

determinados temas sociais e econômicos de interesse público: política educacional, política

de segurança, política salarial, política habitacional, política ambiental, etc.

26
O sistema político é uma forma de governo que engloba instituições políticas para

governar uma Nação. Monarquia e República são os sistemas políticos tradicionais. Dentro

de cada um desses sistemas podem ainda haver variações significativas ao nível da

organização. Por exemplo, o Brasil é uma República Presidencialista, enquanto Portugal é

uma República Parlamentarista.

Num significado mais abrangente, o termo pode ser utilizado como um conjunto de

regras ou normas de uma determinada instituição. Por exemplo, uma empresa pode ter uma

política de contratação de pessoas com algum tipo de deficiência ou de não contratação de

mulheres com filhos menores. A política de trabalho de uma empresa também é definida

pela sua visão, missão, valores e compromissos com os clientes.

27
REFERENCIAIS

BOTELHO, C. L. A Filosofia e o Processo Evolutivo da Geografia. Fortaleza/CE: Ed. da


Universidade Federal do Ceará. 1987. Pág. 47 – 92.

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Sustentável. Geografia, Rio Claro/SP, 18 (1): 1 – 22. 1993b.

__________________. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Ed. Edgard


Blücher. 1999. Pág. 1 – 50.

CHISHOLM, M. Geografia Humana: Evolução ou Revolução. Tradução de Lenora Franco


Machado de Cortellazzi. Rio de Janeiro: Interciência, 1979. 170 p.

NUNES, J. O. R.; SUERTEGARAY, D. M. A. A Natureza da Geografia Física na Geografia.


São Paulo: Terra Livre - AGB – Associação dos Geógrafos Brasileiros. N. 17, p. 11 – 24. 2º
semestre/ 2001.

SANTOS, B. de S. A Crítica da Razão Indolente. São Paulo: Cortez, 2001. Pág. 55- 117.

VICENTE, L. E; PEREZ FILHO, A. Abordagem Sistêmica e Geografia. GEOGRAFIA –


Associação de Geografia Teorética. Rio Claro/SP. V. 28, n. 3 set. a dez. 2003. Pág.: 323 –
344.

28
Autor: Dr. Artur José Pires Veiga, Ms. Daniela Andrade Monteiro Veiga e Dr. Jana Maruska

Buuda da Matta

Disponível em: http://www.uesb.br/eventos/simposio_cidades/anais/ artigos/eixo 5/5h.pdf

Data de acesso: 25/05/2016

DENSIDADE DEMOGRÁFICA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO URBANO:

UM ESTUDO DE CASO SOBRE VITÓRIA DA CONQUISTA – BA

RESUMO

Este estudo tem como objetivo analisar a densidade demográfica de Vitória da Conquista à luz das projeções

do PDU de 1976 e 2007. Na projeção de densidade para Vitória da Conquista, o PDU-2007 estabeleceu-se a

relação de habitantes por hectare, com diferenciação de acordo com a macrozona e com a especificidade de

alguns bairros dentro de uma mesma macrozona. Para a realização desse objetivo foi necessário levantamento

de dados dos censos do IBGE 1991 e 2000, bases cartográficas, imagens de satélites, PDU de 1976 e 2007,

Agenda 21, Código de Ordenamento de Uso e Obras, Leis Complementares, pesquisas em órgãos públicos e

revisão bibliográfica com autores que discutem questões sobre densidade demográfica, crescimento urbano e

questões ambientais pertinentes ao crescimento urbano desordenado como Acioly (1998), Almeida (2002),

Vieira e Cunha (2001), Coelho (2001) e Gonçalves Guerra (2001). Como critério de análise foi utilizado à

densidade bruta estabelecida no PDU-2007, de acordo com a macrozona e considerando as especificidades

de cada uma delas. Os resultados apontam para uma uniformização de grandes áreas quando o PDU-2007

estabelecesse projeção de valores de densidade demográfica por zonas, não sendo condizente com a

realidade ao analisar o fenômeno em pequenas áreas poligonais como os setores censitários. Vitória da

Conquista possui histórico de planejamento urbano acima de 30 anos e o acúmulo de problemas é originado,

29
principalmente, pelo não cumprimento do que foi planejado, elaborado e aprovado, tanto pelo Poder Público

quanto pelos empreendedores. A insuficiência de investimentos nos projetos imobiliários, como infraestrutura

urbana para os loteamentos aprovados e a falta de fiscalização por parte do Poder Público em exigir esse

requisito, determinado em Lei, retrata a situação encontrada. Entre os problemas destacam-se a

descontinuidade das decisões e prioridades nas diferentes gestões municipais, o crescimento desordenado e

disperso à margem do planejamento e da legislação em vigor, insuficiência e ineficácia nas ações para

monitorar, revisar e fiscalizar a aplicação do planejamento.

Palavras chaves: densidade demográfica; planejamento urbano; infraestrutura.

1. INTRODUÇÃO

O estudo da densidade demográfica é fundamental para o processo de

planejamento urbano e regional. O entendimento sobre densidade demográfica ou

populacional compreende a relação entre o número de habitantes e a área do

território, geralmente expressa em quilômetros quadrados ou habitantes por hectare.

As leis de zoneamento podem fixar densidades brutas ou líquidas para as diferentes

zonas.

Este estudo tem como objetivo analisar a densidade demográfica de Vitória da

Conquista à luz das projeções do PDU (Plano Diretor de Vitória da Conquista) de

1976 e 2007. Para realização desse objetivo foi necessário levantamento de dados

dos censos do IBGE 1991 e 2000, bases cartográficas, imagens de satélites, Plano

Diretor Urbano, Agenda 21, Código de Ordenamento de Uso e Obras, Leis

Complementares, pesquisas em órgãos públicos e revisão bibliográfica. Como critério

de análise foi utilizado à densidade bruta estabelecida no PDU-2007, de acordo com

30
a macrozona e considerando as especificidades de cada uma delas. Os dados foram

processados com uso de geoprocessamento.

Por conseguinte, os resultados obtidos apontaram para uma uniformização de

grandes áreas. O PDU-2007 projetou valores de densidade por zonas, como grandes

unidades espaciais. A realidade, por outro lado, quando se trabalha com pequenas

unidades espaciais, como setores censitários, percebe-se que para algumas áreas, a

projeção estabelecida já se encontrava fora dos parâmetros definidos em Lei.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

As análises da densidade real e projetada foram feitas com dados dos censos do

IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos anos de 1991 e 2000, bases

cartográficas, imagens de satélite, Plano Diretor de Vitória da Conquista de 1976 e de 2007,

Agenda 21 Local, Código de Ordenamento de Uso e Obras, Leis Complementares,

pesquisas em órgãos públicos e revisão bibliográfica.

A densidade demográfica ou populacional é expressa em habitantes por quilômetro

quadrados ou habitantes por hectare. Uma área é superpovoada quando as necessidades

da população excedem ou ameaçam a capacidade de suporte do meio ambiente,

considerando, por exemplo, a disponibilidades de recursos naturais, ou a capacidade da

infraestrutura instalada.

Na projeção de densidade para Vitória da Conquista, o PDU-2007 estabeleceu a

relação habitante por hectare, com diferenciação de acordo com a macrozona e a

especificidade de alguns bairros em uma mesma macrozona. A densidade populacional foi

obtida nos dados do Censo de 1991 e 2000 do IBGE, através do número total de pessoas

residentes, dividido pela área do setor censitário em hectare. Como critério de análise foi

31
utilizado à densidade bruta estabelecida no PDU-2007, de acordo com a macrozona,

levando em consideração as suas especificidades.

Inicialmente foram produzidos mapas de densidade bruta para os anos de 1991 e

2000, visando analisar a situação real das áreas mapeadas em relação aos critérios do PDU-

2007 e o que está definido em Lei. O mapa da variação do crescimento urbano produzido

para 1991 e 2000, para análise da dinâmica populacional.

Os dados foram processados em ambiente computacional, utilizando as técnicas de

geoprocessamento, com uso do Sistema de informações Geográficas - SIG SPRING 5.18,

onde foi montado um Banco de Dados, definido o Projeto e os PIs (Planos de Informações)

de acordo com os respectivos Modelos de Dados.

3. REVISÃO DE LITERATURA

O ambiente urbano está cada vez mais complexo, constituindo um sistema inter-

relacionado, com obras do homem e elementos naturais. A associação entre o meio natural

e o construído estabelece uma relação que pode ter como resultado consequências positivas

ou negativas, dependendo da combinação proposta.

Vieira e Cunha (2001, p.130-131) assinalam que “o crescimento de áreas urbanizadas

tem gerado aumento no escoamento superficial pela impermeabilização do solo,

acompanhado de grande volume de sedimentos, produzidos pelas construções e pelo solo

exposto das encostas pelo desmatamento”. Dessa forma, grande parte dos problemas

ambientais urbanos ocorre nas bacias hidrográficas e existe uma razão proporcional no que

tange ao aumento da densidade populacional em relação ao aumento na carga de poluente

gerada pelas atividades humanas, culminando por contaminar os mananciais hídricos

através do escorrimento superficial.

32
Nessa mesma linha de pensamento, Acioly (1998, p. 16) considera que “quanto maior

a densidade, melhor será a utilização e maximização da infraestrutura e do solo urbano”. No

entanto, reconhece que os “assentamentos humanos de alta densidade”’ poderão aumentar

a pressão sobre o solo urbano, contribuindo para a “saturação das redes de infraestrutura e

serviços urbanos”. Essa sobrecarga “consequentemente produzirá um meio ambiente

superpopuloso e inadequado ao desenvolvimento urbano”.

Almeida (2002, p.39) assinala que o impacto provocado pelo crescimento urbano

acelerado e sem planejamento, “gera alterações na paisagem e perda das funções

ecológicas dos sistemas naturais, interferindo nas atividades e nas funções da sociedade”.

O crescimento desordenado aumenta a pressão significativamente nos remanescentes

naturais, e os resultados estarão expressos na redução das áreas verdes, desmatamento

de encostas, das matas ciliares, assoreamento dos rios e ocupação de áreas de risco,

contribuindo para a redução da qualidade de vida nas áreas urbanas.

Estudos realizados sobre as características morfológicas trazem informações

relevantes na relação solo-superfície, contribuindo para a avaliação da paisagem urbana.

Coelho (2001, p.35) tratando a respeito dos espaços urbanos, considera que no estudo de

impacto ambiental na cidade não será possível negligenciar a multidimensionalidade dos

efeitos. Quando a expansão urbana não é acompanhada do aumento e distribuição

eqüitativa dos investimentos públicos em infraestrutura, com monitoramento do uso do solo

urbano, a apropriação e uso indevido pela sociedade terminam gerando impactos

significativos no ecossistema urbano.

Os condicionantes naturais associados à ocupação de áreas impróprias para

urbanização desencadeiam reações que associadas ao mau uso podem acelerar o processo

de degradação e sua instabilidade. Assim, Gonçalves e Guerra (2001, p. 194) assinalam que

“o conhecimento da formação e evolução histórica do espaço urbano, sua implantação,

33
parcelamento e ocupação oferecem ao pesquisador uma visão dinâmica da realidade”. Essa

visão “permitirá, através dos anos, compreender como o espaço urbano atingiu o seu estado

atual e as mudanças que a sociedade vem promovendo”.

Os impactos ambientais em áreas urbanas é um processo que ocorre tanto em uma

escala local quanto global. O planejamento das cidades deve levar em conta a densidade

real e as características das áreas projetadas de forma a promover, permitir ou conduzir o

adensamento e/ou esvaziamento.

A densidade projetada deverá imbricar fatores indeterminado quando é estabelecida,

como: a tipologia habitacional; a forma de ocupação do solo; a relação entre área ocupada

e área verde das edificações; a qualidade e oferta de infraestrutura sejam para grandes

empreendimentos habitacionais privados ou megas ocupações informais. Assim, não existe

uma fórmula matemática precisa que forneça a densidade ideal de um território. Uma serie

de condicionantes deve ser analisado conjuntamente com a densidade populacional, para

promover um habitar de qualidade.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A tradição de Planejamento em Vitória da Conquista remonta ao período

histórico de sua criação, por Lei Imperial em 1840. A partir desse período foi instituído

o Conselho Municipal com governo próprio, instalando a Casa do Conselho a quem

coube aprovar um Código de Posturas, tendo como um dos subjetivos o ordenamento

territorial urbano. Esse código composto de 80 artigos, que segundo Silva (2006, p.2),

“foi considerado um dos mais completos da época e tratava de temas atualmente

34
considerados curiosos nos dias de hoje”. O Código também abordava temas como a

preservação dos rios e nascentes.

O planejamento urbano para Vitória da Conquista apesar de ter sido

instrumentalizado de forma mais concreta em 1976 com o primeiro Plano Diretor,

aprovado em 1976 (Lei Nº 118/1976), as primeiras ações de planejamento

influenciaram no desenho urbano e projeto da cidade, retangular, com as ruas em

formato xadrez. Apesar de estar desatualizado, como instrumento normativo,

estabeleceu regras e parâmetros de uso e ocupação do solo, servindo de orientação

para três décadas seguintes.

Em 2004, um novo Plano Diretor foi elaborado para Vitória da Conquista, sendo

aprovado e publicado no Diário Oficial dos Municípios em 30/01/2007. O PDU- 2007

está estruturado em dez Capítulos com conteúdos relacionados aos princípios e

objetivos; sistema de planejamento urbano; o partido urbanístico; diretrizes para

aplicação dos instrumentos de política urbana; diretrizes para os planos de ações

setoriais; projetos estratégicos; política habitacional do município; as disposições

finais e transitórias; e por fim, o anexo I (com os mapas) e o anexo II (projetos

estratégicos).

A organização do espaço urbano no Plano Diretor de 2007 foi estruturada em

macrozonas de ocupação (Art. 22º), classificando a cidade como espaços uniformes,

minimizando a complexidade de suas relações. Por outro lado, avançou quando

enquadrou as macrozonas (correspondendo à divisão de bairros) como unidades de

análise em relação às ações de planejamento e intervenções do Poder.

O tema de densidade demográfica foi citado no PDU-1976 no Art. 55° quando

trata das dimensões do leito e passeio das vias públicas, que deverão ajustar-se à

natureza, uso e densidade da população, de acordo com os gabaritos para veículos

35
e pedestres. No Art. 81° é dada orientação geral para o loteamento, cabendo à

Prefeitura estabelecer a densidade demográfica máxima da população do setor. A Lei

Nº 517/90, acrescenta dispositivos aos Art. 15º e 20º e dá nova redação ao Art. 35º

do PDU-1976, com respeito aos usos do solo, definindo o percentual variável de 60 a

80% em relação a cada Zona do Setor Urbano, de acordo com os tipos de utilização

das edificações (comercial, residencial, serviços, recreativo e institucional) e com o

grau de permissibilidade: Adequado, Tolerado e Inadequado, especificado no Anexo

da Lei (tabela do zoneamento urbano). Todavia, essa Lei deixa sem definição o

percentual ideal de densidade populacional para cada uma das Zonas.

A densidade demográfica no PDU-2007 foi detalhada com diferentes índices

de adensamento e consolidação da ocupação, de acordo com a definição das áreas

no macrozoneamento, com subdivisões para alguns bairros. Em todos os critérios de

adensamento estabelecidos pelo PDU-2007 foi feito destaque para existência ou não

de infraestrutura, restrições ambientais e a continuidade no espaço urbano. Não foi

mencionado o impacto na capacidade de suporte das infraestruturas existentes e a

relação da densidade demográfica atual com a projetada.

A densidade demográfica urbana de Vitória da Conquista foi obtida a partir da

análise da evolução da mancha urbana ocupada, obtida através da delimitação de

polígonos na análise de fotos aéreas e emissão de alvarás de grandes

empreendimentos habitacionais pela prefeitura municipal. Relacionando assim a área

urbana da sede municipal com a respectiva população residente urbana da sede

municipal nos censos existentes.

Observa-se que entre os anos de 1940 a 2010 a densidade demográfica

urbana decresceu, de 127 para 36 hab/ha. Na década de 1940 houve uma expansão

da malha urbana sobre espaços vazios no interior da área urbana e no entorno do

36
sistema viário. Essa expansão se deu de forma dispersa, não sendo acompanhado

no número de habitantes. Na década de 1950 houve acréscimo devido ao

crescimento vegetativo da população e as migrações. A década de 1970 apresenta

um decréscimo significativo da densidade demográfica, com grande oferta de lotes

entre os anos de 1972 e 1985, um total de 58 loteamentos registrados. É na década

de 1980 que se verifica um acentuado aumento da densidade demográfica que

prossegue até 2010.

A densidade projetada no PDU-2007 para Vitória da Conquista varia entre 50

e 250 hab/ha, estando à média em 103 hab/ha. Observa-se que a projeção feita para

o Plano Diretor de 2007 extrapolou a média histórica (1940 – 2010), que foi de 46

hab/ha. Esse valor médio comparado com a projeção das densidades das

macrozonas no PDU- 2007 estaria enquadra, aproximadamente, nas áreas de

Expansão Urbana Condicionada e Expansão Urbana Preferencial II. A projeção do

PDU-2007 demonstra uma perspectiva de adensamento urbano para os anos

seguintes.

Pelo fato do PDU-1976 não estabelecer os valores da densidade demográfica

urbana, foi utilizado apenas os critérios do PDU-2007. Para a produção dos mapas

de densidades demográficas brutas foram definidos os intervalos de classe baseados

nos critérios de adensamento do PDU-2007 e aplicado para os anos de 1991 e 2000,

por setor censitário, como suporte para as análises nos referidos anos. Observa-se,

então, nas Figuras 3 e 4 que a densidade demográfica de 1991 e 2000 demonstrou

haver um processo migratório interno da população de Vitória da Conquista,

associado ao crescimento vegetativo, sobretudo no centro da cidade e nos bairros

periféricos.

37
Entre os que tiveram os maiores percentuais de crescimento merece destaque

o bairro Felícia, classificado no PDU-2007 como de Expansão Urbana Preferencial I

e II, de classe baixa a média, e devido a influência de um Shopping Center que foi

implantado no local tem se constituído em uma área de crescimento populacional.

Nesse bairro ainda existem lotes vazios, classificado como ocupação rarefeita, sendo

uma área de possível expansão urbana. Bairros populares, como o Airton Senna,

apresentaram aumento populacional em 2010, com crescimento pontual da malha

urbana, enquanto que Jatobá, classificado como Expansão Urbana Condicionada,

contribui com significativo crescimento da malha urbana. Já no bairro Bateias,

também de Expansão Urbana Condicionada, ainda existem áreas livres que vêm

sendo loteadas, contribuindo para a expansão urbana, que, por conseguinte se

refletem no aumento populacional do bairro. Ainda quanto ao aumento populacional

merece destaque os bairros Nossa Senhora Aparecida e Distrito Industrial. Devido a

proximidade com a Unidade de Conservação - UC foram classificados como de

Adensamento Condicionado. Esses dois bairros e, principalmente, Nossa Senhora

Aparecida, vem apresentando crescimento urbano devido sua localização se constitui

em pressão sobre a UC.

A exceção ocorreu em algumas partes dos bairros Espírito Santo, Boa Vista e

Felícia, pelo fato de estarem situados nas imediações da Av. Juraci Magalhães e no

bairro Recreio, no final da Av. Olivia Flores, ambas avenidas classificadas pelo PDU-

2007 como Corredor de Uso Diversificado, onde houve um decréscimo da população

pela influência da expansão do comércio e dos serviços nessas áreas Embora esse

dado seja analisado entre os anos de 1991 e 2000, em 2010 foi observado nos bairros

Boa Vista e Espírito Santo, nas quadras paralelas à Av. Juraci Magalhães, atrás dos

comércios e serviços em expansão, a abertura de vários loteamentos e conjuntos

38
residenciais, com a construção de novas unidades habitacionais sem a implantação

de todos os serviços de infraestrutura. Confirma-se a previsão do PDU-2007, que

classificou essa região como área de Expansão Urbana Preferencial I e II.

Na porção Leste da cidade, os bairros Primavera e Lagoa das Flores, apesar

de estarem situados na periferia, não apresentam registros comprobatórios de que

tenha havido aumento de população. A explicação está nas características rurais

desses bairros, sobretudo a Lagoa das Flores e a porção Leste do bairro Primavera,

com pequenas propriedades, desenvolvendo cultivos de hortaliças flores e frutas, com

fins comerciais e de subsistência.

O bairro Universidade, Primavera e parte do Espírito Santo são locais com

baixa densidade populacional, constituídos de vazios urbanos, chácaras e rarefeita

ocupação urbana, com domicílios dispersos pelo setor. Lagoa das Flores é um bairro

de natureza rural, com pequenas propriedades, com poucas edificações, pequenos

comércios e serviços. No PDU-2007 as densidades projetadas foram estabelecidas

por zonas com especificidade nos bairros e as análises da densidade bruta foram

realizadas por setor censitário a partir dos dados apurados e sua relação com a

projetada. Os dados encontrados apresentaram uma elevada variação de densidade

em um mesmo bairro, revelando setores com altas concentrações populacionais, com

densidades próximas ou superiores as projetadas no PDU-2007. Em 2004 quando foi

elaborada a primeira versão do PDU, alguns bairros como Patagônia, Alto Maron,

Ibirapuera e Brasil, apresentavam desde 1991, setores com densidades superiores

as projetadas no Plano Diretor aprovado em 2007. Bairros de extensão territorial

como o Bateias, que possui no seu interior a Área de Conservação Ambiental do

Parque Municipal da Lagoa das Bateias, cercada por uma ocupação densa e

consolidada tem sua densidade diluída, quando estimada por bairro, não pontuando

39
áreas que devem ter sua expansão e adensamento controlados. Áreas próximas aos

grandes equipamentos como o Parque de Exposição, Ginásio de Esportes e o Estádio

de Futebol Lomanto Júnior sofrem essa mesma distorção ao se estimar a densidade

por bairro.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PDU-2007, ao estabelecer os valores de densidade demográfica por zonas,

uniformizou grandes unidades espaciais. Essas unidades quando analisadas por

setor censitário com dados de 2000, mostram que já havia áreas com densidade

superior a projetada pelo Plano em 2007. O crescimento acentuado dos

empreendimentos multiresidenciais, localizados, sobretudo no bairro Candeias, com

concentração próxima a uma faculdade particular, deverá aumentar a densidade

demográfica nessas áreas, elevando assim a relação hab/ha, que por sua vez refletirá

nos dados para esse indicador no futuro próximo. Esse bairro possui um grande

estoque de áreas vazias, e o adensamento está ocorrendo na área consolidada, com

infraestrutura já existente.

Embora o PDU-2007 estabeleça critérios de densidade para as áreas da

cidade, foi possível verificar que os valores estabelecidos em Lei desde 2004,

estavam sendo extrapolados. O PDU-2007 não define claramente como controlar o

adensamento urbano já que a população é dinâmica e a expansão urbana não é

monitorada em tempo real. O estudo da densidade demográfica fomenta várias outras

discussões como a especulação imobiliária nos loteamentos e parcelamentos não

edificados que permanecem como áreas vazias, bem localizadas no entorno e no

interior da mancha urbana, caracterizando áreas pouco densas, como no bairro da

Boa Vista e Candeias. Nesses bairros, os instrumentos da política urbana com o IPTU

40
progressivo, parcelamento e edificação compulsória deveriam ser aplicados. A falta

de cumprimento das metas no decorrer da aplicação dos instrumentos da política

urbana para conter a especulação imobiliária, inviabiliza as diretrizes de expansão e

adensamento traçadas no PDU-2007 e consequentemente na condução do

planejamento urbano do município.

Por outro lado, as áreas fora do anel viário consideradas pelo PDU-2007 como

restrição a expansão da malha urbana, devendo-se manter como áreas com baixa

densidade, observa-se que vários empreendimentos vêm sendo implantados nessas

áreas, sem nenhuma infraestrutura básica como: energia, água, esgoto, ruas e

pavimentação. De acordo com o PDU, poderá vir a ser contemplado com

infraestrutura apenas o local do empreendimento. Os espaços vazios no entorno

constituirão novas áreas de especulação imobiliária, elevando os preços das terras

em função dos possíveis investimentos que virão para o local. A expansão urbana se

mantém em um processo histórico de parcelamento do solo de forma dispersa e

descontínua, guiados predominantemente pelos interesses do setor privado.

Em cidades como Vitória da Conquista, que possui um histórico de

planejamento urbano acima de 30 anos, fica evidenciado o acúmulo de problemas

originados, principalmente pelo não cumprimento do que foi planejado, elaborado e

aprovado, tanto pelo Poder Público quanto pelos empreendedores. A insuficiência de

investimentos nos projetos imobiliários, destinados a infraestrutura urbana para os

loteamentos aprovados e a falta de fiscalização por parte do Poder Público em exigir

esse requisito, determinado em Lei, retrata a situação encontrada. Entre os problemas

destacam-se a descontinuidade das decisões e prioridades nas diferentes gestões

municipais, o crescimento desordenado e disperso à margem do planejamento e da

41
legislação em vigor, insuficiência e ineficácia nas ações para monitorar, revisar e

fiscalizar a aplicação do planejamento.

Nas cidades de pequeno e médio porte é mais fácil a implantação de um

sistema de controle e monitoramento integrado, uma vez que a complexidade dos

problemas é inferior aos grandes centros urbanos. Nesses casos, a execução do

planejamento elaborado funciona como instrumento de prevenção, objetivando o

equilíbrio dinâmico e sustentável, integrando o ambiente natural com os diferentes

atores sociais, econômicos e políticos que interagem na construção e crescimento

das cidades. A densidade populacional é apenas um, dos muitos indicadores

utilizados no planejamento urbano das cidades, contudo seu estudo continuado e

criterioso fomenta muitas análises aplicadas ao crescimento e desenvolvimento

urbano. Análises fundamentais que avaliam o planejamento das cidades, por mais

complexos e inexplicáveis que sejam as ações praticadas por todos os agentes

envolvidos na construção do ambiente urbano.

42
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urbana. Tadução de Claudio Acioly e Forbes Davidson. Rio de Janeiro: Mauad, 1998.

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43
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