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Resumo Módulo 5 PDF
Resumo Módulo 5 PDF
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Módulo 5
O Liberalismo - ideologia e
revolução, modelos e práüicas
nos séculos )fflll e XIX
1. A Flevolução Americana, uma revolução
fundadora
2. A Flevolução Francesa - paradigma das
revoluÇões liberais e burguesas
3. A geografia dos movimentos revolucionários
na primeira metade do século XIX: as vagas
revolucionárias liberais e nacionais
4. A implantaÇão do Liberalismo em Portugal
5. O legado do Liberatismo na primeira metade
do século XIX
M5, o Liberalismo - ideologia e revolução, modelos e práticas nos séculos XVlll e XÍX
Sistematizar conhecimentos
1. A Revolução Americana, uma revolução fundadora
38
/À HevoluÕao AmeÍ 'evoluÇão fundado ft
0bjectivo 3. Mostrar como esse conftito adquiriu um carácter potítico
O conflito económico ganhou contornos políticos quando os colonos americanos tomaram
consciência de que, apesar de serem cidadãos britânicos, não estavam representados no
Parlamento de Londres. Como tal, não consideravam legais os impostos votados. Os aconteci-
mentos que se seguiram agravaram a controvérsia entre as colónias e a metrópole. Eis as prin-
cipais etapas do processo de independência americana:
- em 1765, realizou-se um congresso em Nova lorque contra a imposição de leis;
- em 1770, face aos protestos, os impostos foram abolidos, à excepção daqueles que diziam
respeito ao chá, cujo monopólio de venda era entregue à Companhia das Índias;
- em 1773, em Boston, os colonos revoltaram-se contra o imposto sobre o chá, atirando ao mar
os carregamentos da Companhia das Índias (BostonTea Party). O rei Jorge lll reagiu com
medidas repressivas;
- em 1774, no primeiro congresso de Filadélfia, os colonos ainda tentaram uma solução nego-
cial; porém, nas ruas, organizava-se um movimento revolucionário armado;
- em I775, em Lexington, defrontaram-se em combate as tropas inglesas e os milicianos ame-
ricanos: este recontro violento marcou o fim da possibilidade de negociação, o que levou
Thomas Paine a escrever "A palavra está nas armas. [...] O sangue dos nossos mortos e a
própria natureza gritam-nos "abaixo a lnglaterra"";
- a 4 de Julho de 1776 (dala oficial da independência dos EUA), os delegados de todas as
colónias aprovaram a Declaração de lndependência no segundo Congresso de Filadélfia.
Em 1787, a Constituição definiu o modelo político do novo estado independente: foi instituída
a República dos Estados Unidos da América, um conjunto de Estados federados com alguma
autonomia mas obedientes a um Estado Central forte.
Neste diploma Íoram aplicados, na prática, pela primeira vez, os ideais iluministas.
- A divisão tripartida dos poderes, pensada pelo filósofo iluminista Montesquieu, foi aplicada
da seguinte forma: o poder legislativo foi entregue ao Congresso, composto pela Câmara
dos Representantes e pelo Senado (que reunem no edifÍcio do Capitólio, em Washington);
o poder executivo coube ao Presidente dos Estados Unidos da América (residente na Casa
Branca, em Washrngton, desde 1800) e o poder judicial passou a pertencer a um Tribunal
Supremo e a tribunais inferiores;
- foram consignadas as liberdades e garantias dos cidadãos;
- foi consagrada a soberania nacional, nomeadamente pela possibilidade de exercer o direito
de voto.
Em resumo, a Revolução Americana deu início a uma vaga de revoluções liberais que ocorre-
ram entre os séculos XVlll e XIX e que puseram fim ao sistema de Antigo Regime baseado no
absolutismo e na sociedade de ordens. Estes movimentos instituíram a soberania popular, a
separação de poderes, a livre iniciativa económica, a tolerância religiosa e a descolonizaçáo.
Sabia que, na cidade de Boston, as ruas do centro histórico foram assinaladas através de uma
linha, pintada no chão, que percorre os principais lugares da luta pela independência? Esse
percurso, que o turista ou o habitante da cidade podem visitar, é denominado por The Freedom
Trail (o trilho da liberdade).
E se pudesse pintar uma linha que unisse os principais pontos de referência do espaço onde
vive? Por onde passaria? Onde sugeriria que o visitante se detivesse? Depois de uma breve
pesquisa e de, em função desta e dos seus interesses, delimitar um período cronológico, tente
delinear o seu próprio trilho. Assinale-o, em seguida, num mapa da sua terra, com a respectiva
legenda. Descobrirá que uma boa caminhada também pode significar Íazer História!
40
Í. A Revolução Amer"icana, uma revolução fundadona a?
Esquema
13 COLONIAS
NA AMERICA DO NORTE
. Sobrecarga fiscaI
. Desejo de expansão para território índio
. Fa[ta de [iberdade comercia[ [teoria do exctusivo cotoniaL]
. Ausência de representatividade no Parlamento britânico
Sisüematizar conhecimentos
42
@
Foi num clima de agitação popular e de oposição polÍtica das ordens privilegiadas que Luís XVI
resolveu convocar os Estados Gerais (reunião dos representantes das diversas ordens sociais),
enquanto se elaboravam os Cadernos de Queixas (registo dos anseios da sociedade francesa).
43
a?
44
Objectivo 8. Descrever a passagem da monarquia à repúbtica
A República foi proclamada em Setembro de 1792. Dois factores, em especial, precipitaram o
fim do regime monárquico na França:
- a tentativa de fuga do rei, em 1791, com o objectivo de ser acolhido no estrangeiro por um
país de regime absoluto, e o seu regresso humilhante a Paris, apenas serviram para acele-
rar a instituição da República, forma de governo que, até, então, não fora defendida;
- a guerra da França, em Abril de 1792, contra os estados absolutistas que queriam restituir o
poder a Luís XVI (Austria, Prússia) agravou os problemas económicos e contribuiu para o
radicalismo polÍtico: os federados (milícias defensoras da Revolução) acorreram a Paris,
assaltaram as Tulherias e o rei foi suspenso pela Assembleía Legislativa em Agosto de 1792,
terminando, assim, a monarquia constitucional.
O fim da monarquia virra a consumar-se em 1793 quando, após um julgamento de 26 horas,
Luís XVI foi condenado à morte na guilhotina (pena aplicada, também, à rainha Maria Antonieta,
no mesmo ano).
45
@ modêlos e práticas nos séculos XVlll e XIX
possuírem "o certificado de civismo", por serem "familiares dos nobres" ou porque haviam eml-
grado. Após um julgamento sumário (breve e sem hipótese de defesa, uma vez que nem sequer
eram inquiridas testemunhas) as vÍtimas do Terror eram encarceradas e, na maior parte das
vezes, executadas pela guilhotina (inventada em 1789).
Uma outra faceta do Terror consistiu na política de descristianização (movimento anti-religio-
so). O governo revolucionário instituiu um Estado lalco (não religioso). As marcas do cristianis-
mo foram apagadas: o poeta Fabre Eglantine criou um novo calendário, que situava o ano I na
data da proclamação da República pela Convenção (1792) e criava novos nomes para os meses
do ano; a hierarquia religiosa era ridicularizada, os padres refractários eram perseguidos, o culto
dos santos foi substituído pelo culto aos mártires da revolução (por exemplo, a Marat, herói dos
sans-culottes, assassinado no banho por uma jovem girondina), o casamento religioso passou a
acto civil, o divórcio foi autorizado (através da Lei do Casamento e do Divórcio).
Para compensar a aniquilação do cristianismo, Robespierre criou um culto ao Ser Supremo,
porém, uma boa parte da população francesa, fiel à religião católica, afastou-se da revolução.
Os confrontos fizeram-se sentir, em 1793, na região da Vendeia, onde monárquicos e católicos
tentaram a contra-revolução (sem sucesso).
46
ã, A Bevolucão Fnancesa - paradigrna das nevoluÇÕes liberais e burguesas
')ft
No entanto, Napoleão não abandonou o cargo de primeiro-cônsul ao fim de dez anos, como
estava prevlsto; conseguiu que a Constituição de 1802 o tornasse cônsul vitalício e, em 1804, foi
proclamado lmperador, autocoroando-se na lgreja de Notre-Dame, em Paris. lniciava-se, então,
a etapa do lmpério Napoleónico (1804-1815).
Figura de contornos míticos na historia mundial, Napoleão teve um percurso polÍtico pautado
por vitórias militares (destacando-se as campanhas da ltália, em 1796197 e do Egipto, em
1798), e derrotas sucessivas (1812-1815), acabando por se retirar da cena política e exilar-se
de França.
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Flelax ar fazendo Hisüória
Vamos "arrumar" as ideias? O léxico habitualmente associado à Revolução Francesa é exten-
so e vai sentir-se mais relaxado(a) se o dominar. Eis um pôqueno exercício de correspondência
entre os conceitos e as suas definiçÕes.
Conceitos:
1. Federados a) Milícia criada pela burguesia.
b) Sistema em que o povo delega a sua soberania numa
2. Assinados assembleia de deputados.
c) Milícias, que incluíam as Guardas Nacionais de Paris e
3. Guarda Nacional da províncra, criadas para defender a revolução dos
invasores prussianos.
4. Cadernos de Queixas d) Queixas das ordens sociais ao rei sobre o estado da
Nação.
5. Monarquia Constitucional
e) Canção entoada pelos federados de Marselha que se
tornou o hino nacional de França desde 1795.
6. Estados Gerais
0 Forlaleza parisiense para os presos políticos.
7. Bastilha s) Reunião dos representantes das ordens sociais.
h) Direito de voto reservado, apenas, a quem paga um
8. Sufrágio censitário certo montante de impostos.
Deputados mais moderados da Convenção, maiorita-
9. Constituição riamente oriundos do departamento da Gironda.
i) Títulos de papel-moeda cuja garantia eram os bens do
1 0. Sistema representativo clero, postos à disposição da Nação.
Reunião da elite burguesa revolucionária com o objec-
11. Convenção tivo de discutir a polÍtica.
m) Membros das classes populares urbanas que obtive-
12. Sans-culottes
ram o protagonismo durante a etapa da Convenção.
n) Deputados mais radicais da Convenção, que se senta-
13. Clube dos Jacobinos
vam no ponto mais elevado da sala.
14. Girondinos o) Documento fundamental de um Estado que define os
direitos e os deveres dos cidadãos.
15. Montanheses p) Nova assembleia que sucede à assembleia legislativa;
etapa mais radical da revolução francesa.
í6. Marselhesa q) Sistema político em que o rei tem a sua autoridade limi-
tada por uma Constituiçào.
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2. A Revolucão Francesa - paradigma das revolucões liberais e burguesas
Esquema
Crise económico-financeira
. Maus anos agrícolas
. Quebra da produção têxtiI
. Défice nas receitas do Estado
lmpério [1804-1815]
. Conquistas miLitares
. Derrotas e abdicação de NapoLeão t1812-18151
Europa napoteónica
49
M5. O Liberalismo - ideologia e revoluÇào, modelos e práticas nos séculos )$lll e XIX
Sistematizar conhecimentos
3. A geografia dos movimentos revotucionários na
primeira metade do século XIX: as yagas revolucionárias
liberais e nacionais
50
3. A geografia dos movimentos revolucionários na primeira metade do seculo XIX:
âs vãgas revolucionárias liberais e nacionais
Esquema
REVOLUÇÃO FRANCESA
5'l
M§ I O Liberalismo * idaologia e revolüçâo, motlaloe e práticês nos sêculoe )(Vlll a XIX
§istematizar conhecimentCI§
4. implantação do Liberatismo em Portugat
^
4.1. Antecedentes e conjuntura í1807-1820!
Liberalismo de tipo radicalista, que vigorou em Portugal através da Constituição, entre 1822 e
1826, muito embora ameaçado por golpes absolutistas desde 1823. A acção do Vintismo carac-
terizou-se, no essencial, pelas seguintes medidas:
- elaboração da Constituiçáo de 1822 e instituição do parlamentarismo;
- instituição da liberdade de expressão: a lnquisição acabou, a censura foi abolida (com efei-
tos importantes sobre a imprensa e o ensino),
- eliminação de privilégios do clero e da nobreza: foram abolidos o pagamento da dÍzima à lgreja
e os privilégios de julgamento; a reforma dos forais (1821) libertou os camponeses da presta-
ção de um grande número de direitos senhoriais; a "Lei dos Forais" (1822) reduziu (mas não
eliminou) as rendas e pensões que os camponeses tinham de pagar aos senhores das terras.
54
4. A implantaÇôo do Liberalismo em Portugal, @
José Xavier Mouzinho da Silveira, ministro da Fazenda (finanças) e da Justiça durante a regên-
cia de D. Pedro (1832-1833), promulgou decretos fundamentais para a consolidação do Libera-
lismo, atacando as estruturas de Antigo Regime:
- na agricultura, aboliu os dízimos, os morgadios e os forais, libertando os camponeses das
dependências tradicionais;
- no comércio, extinguiu as portagens internas e reduziu os impostos sobre a exportação, de
maneira a retirar os entraves à actividade comercial;
- na indústria, acabou com os monopólios, nomeadamente o da Companhia das Vinhas do
Alto Douro;
- na administração, dividiu o país em províncias, comarcas e concelhos; também instituiu o
Registo Civil para todos os recém-nascidos, retirando a questão do nascimento da alçada
da lgrela;
- na justiça, organizou o país segundo uma hierarquia de circunscriçÕes (divisÕes territoriais),
submetendo todos os cidadãos à mesma lei;
56
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- nas Íinanças, criou um sistema de tributaÇão nacional, eliminando a tributação local que
revertia, em grande parte, a favor do clero e da nobreza; substituiu o Erário Regio (criado
pelo Marquês de Pombal) pelo Tribunal do Tesouro Público para controlar a arrecadação de
impostos;
- na cultura, mandou abrir aulas e instituiu a Biblioteca Pública do Porto.
Ferreira Borges desempenhou, igualmente, um papel importante na liquidação do Antigo
Regime em Portugal, ao elaborar o Codigo Comercialde 1833, onde se aplicava o princÍpio Íun-
damental do liberalismo económico: o livre-câmbio, ou seja, a livre circulação de produtos (por
oposição ao proteccionismo), através da abolição de monopólios e de privilegios, bem como da
eliminação do pagamento de portagens e de sisas.
Joaquim António de Aguiar, ministro da Justiça, mereceu o epíteto de "mata-frades" pela sua
intervenção legislativa (1834-1835) contra os privilégios do clero, em particular do clero regular,
identificado com o projecto miguelista:
-aboliu o clero regular, através do Decreto de Extinção das Ordens Religiosas que acabava
com "todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e quaisquer casas de religiosos de
todas as Ordens Regulares" masculinas; as ordens religiosas femininas eram, indirectamen-
te, aniquiladas por meio da extinção dos noviciados (preparação para o ingresso numa
ordem religiosa);
- os bens das ordens religiosas foram confiscados e nacionalizados,
-em 1834-1835, esses bens, juntamente com bens da Coroa, das Rainhas e do lnfantado,
foram vendidos em hasta pública - beneficiando a alta burguesia - e o produto da venda foi
utilizado, pelo ministro da Fazenda (Silva Carvalho), para pagar dívidas do Estado.
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0bjectivo 10. Mostrar que o Cabratismo se identificava com o projecto cartista da atta
burguesia
Entre 1842 e 1851, vigorou a ditadura de António Bernardo da Costa Cabral. O país enveredou,
novamente, pela via mais conservadora: enquanto o Setembrismo se inspirava na Constituição de
1822, o Cabralismo repôs em vigor a Carta Constitucional de 1826, identificando-se, assim, com o
período do Cartismo (1834-1836). E, tal como aconteceu com o Cartismo, as medidas tomadas
durante o período do Cabralismo favoreceram, em primeiro lugar, a alta burguesia. Destacam-se,
nomeadamente:
- o fomento industrial (fundação da Companhia Nacional dos Tabacos, difusão da energia a
vapor);
- o desenvolvimento de obras públicas (criação da Companhia das Obras Públicas de Portugal
para a construção e reparação de estradas; construção da ponte pênsil sobre o rio Douro);
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4. A implantaÇão do Liberalismo em Portugal.
Relacionados com o tema da implantação do Liberalismo em Portugal, não deve deixar de ler
dois livros apaixonantes: De corpo e alma - o Porto no coração de D. Pedro, de Maria do Carmo
Seren (lCEP, 1998), sobre D. Pedro lV e O Filho da Rainha Gorda (Quetzal Editores, 2004) de
Maria Filomena Mónica, sobre D. Maria ll, a tal "rainha gorda" e o seu filho D. Pedro V
Conseguirá, assim, perceber a(s) história(s) de três reinados, contadas com muita argúcia e
sentido de humor.
E, só para "aguÇar o apetite", aqui fica um pequeno excerto de cada um destes livros:
"Com o envio de instruçÕes casamenteiras e da Carta Constitucional D. Pedro julgara ter resol-
vido os problemas dos Portugueses e resgatado a dívida moral que tinha para com o seu país
de origem. Dourara também o seu ego romântico e procedera como um Simão Bolívar, oferecen-
do a liberdade a um povo faminto dela.
As coisas não correram aÍinal como esperava; nem podiam, sequer, correr bem. Os grupos de
dominância, antagónicos e inflexíveis, eram os mesmos; o povo, na sua aparente pacatez, pre-
feria a gloria de uma monarquia distante e, por isso mesmo, dourada, a um bando irreconhecÊ
vel e sempre em movimento, de maçÕes sem Deus; era o que o padre da freguesia esclarecia
com fervor."
in De corpo e alma - o Porto no coração de D. Pedro, pp.31-32.
'Tinha D. Maria 9 anos quando o pai lhe disse: "Eu sei que es muito novinha, mas vais ter de
casar com o teu tio D. Miguel.. ElaÍez uma careta, ao que o pai respondeu: "Está bem, é velho,
Íeio e mau, mas como eu tenho de ficar aqui, no Rio de Janeiro, aÍazer de lmperador, alguém
terá de ir governar Portugal e vais tu, mais ele, casados um com o outro." A mãe de D. Maria já
tinha morrido, de maneira que ela não tinha ninguém que a deÍendesse nem que lhe explicasse
o que se estava a passar, desde o dia em que, de Lisboa, lhe tinham chegado notÍcias, em 1820,
de uma coisa chamada Revolução Liberal, e, logo a seguir, em 1822, quando lhe disseram que
o Brasil já não era uma colónia, mas um país independente."
in O Filho da Rainha Gorda, p.7.
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Esquema
. Descontentamento da burguesia
comercia[, macónica, intetectuaL
ffi. anriL.o.
[ taza, I
. 1828; restauração do absoLutismo ID. Miguet); repressão dos Iiberais e da Carta ConstitucionaI
. 1832: desembarque de D. Pedro em Pampetido IMindeLoJ
. 1832-34: Cerco do Porto petas forças absotutistas
. 1834: Convenção de Evora-Monte; vitória dos Liberais; restauração da Carta ConstitucionaL
Sisüematizar conhecimentos
para nos apercebermos de como os cidadãos ditos "passivos" podiam inÍluenciar de Íorma
determinante o rumo da governação.
Pela sua importância, estes direitos apareceram consignados nos diplomas fundamentais do
Lrberalismo:
- a Declaração de lndependência dos Estados Unidos da América(1776) apresenta como jus-
tificação para romper os laços polÍticos com a lnglaterra os "Direitos inalienáveis, entre os
quais a Vida, a Liberdade e a procura da Felicidade";
- a Constituição dos Estados Unidos da Ameilca (1787) tem como objectivo assegurar "os
beneÍícios da liberdade';
- a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789) refere, no seu artigo 1.",
que "Os homens nascem e são livres e iguais em direitos" e, no artigo 2.' que os direitos natu-
rais do homem "são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressâo",
- a Carta Constitucional de 1814 esclarece, no Artigo 1.o, que "Os Franceses são iguais peran-
te a lei [...]", embora apresente, seguidamente, todas as nuances a esse direito característi-
cas de um liberalismo moderado (bicameralismo, sufrágio censitário, autoridade real refor-
çada, liberdade de expressão e de religião relativizadas);
- a primeira Constituição Portuguesa (1822) explicita, logo no seu artigo 1.o, que "tem por
objectivo manter a liberdade, a seguranÇa e a propriedade de todos os Portugueses.",
-a Carta Constitucional portuguesa (1826), partidária de um liberalismo mais moderado,
remete a enunciação dos direitos para o fim do diploma constitucional, referindo, no artigo
45.' que "A inviolabilidade dos direitos civis e polÍticos dos cidadãos portugueses, que tem
por base a liberdade, a seguranÇa individual e a propriedade, é garantida pela constituição
do Reino".
62
5. 0 legado do Lrbena|smo na pnimeira nletade do século XIX @
Objectivo /.. Retacionar a secularização das instituicões com a defesa, peto Estado, dos
direitos individuais
Um dos aspectos mais polémicos da implantação do Liberalismo foi a questâo religiosa.
A defesa dos direitos individuais dos cidadãos previa o direito à liberdade religiosa; porém, na
maior parte dos países que adoptaram o Liberalismo, as estruturas da lgreja católica Íoram
declaradamente atacadas por serem consideradas coniventes com o regime absolutista depos-
to. Em França, por exemplo, subordinou-se o clero ao Estado através da Constituição Civil do
Clero, procedeu-se a uma campanha de descristianizaçâo e à promulgação da Lei do
Casamento e do Divorcio que substituía o sacramento do matrimónio por um contrato civil, pas-
sível de dissolução. A laicização do Estado (emancipação do Estado da influência religiosa)
passou, também, pelas seguintes medidas:
- instituição do registo civil para os nascimentos, casamentos e obitos, substituindo os regis-
tos paroquiais;
- criação de escolas e hospitais públicos;
-exproprração e nacionalizaçáo dos bens das ordens religiosas, muitas das vezes extintas.
Devido à secularização (sujeição às leis civis) das instituiçÕes, o clero viu perder, num curto
espaÇo de tempo, os privilegios de que havia beneÍiciado desde a ldade Média; o anticlerica-
lismo chocou uma parte da sociedade civil, a qual chegou mesmo, por vezes, a identificar-se,
de novo, com o Absolutismo - foi o que aconteceu em França, na revolta da Vendeia, ou em
Portugal, na adesão popular a D. Miguel.
64
5. O legado do Liberalismo na primeira metade do sêculo XIX ft
- revivalismo do folclore musical (nomeadamente, com Grieg e Sibelius);
- afirmação da ópera (graças aos exemplos incontornáveis de Puccini, Verdi e Wagner).
65
GUEHAl 1-05
Relaxar fazendo História
Cinco atitudes românticas
Já deve ter concluído, por esta altura, que não basta oferecer um ramo de flores para se ser
romântico. Da seguinte lista, assinale com um V (verdadeira) as afirmações que lhe parecem
próprias do movimento romântico e com um F (falsa) aquelas que não identifica com o
Romantismo:
1- Decorar toda uma divisão da casa (paredes, móveis, etc.) com as iniciais da mulher amada.
2 - Combater numa revolução pelos direitos do povo.
3 - Ser preso por envolvimento com uma mulher casada.
4 - lr viver para o Taiti para fugir da civilização europeia e pintar telas de cores garridas.
5 - Gostar de História.
:selsodsaU
66
5. O legado ds Libenalisrns na primeira melade do século XX
Esquema
. Romantismo:
- Va[orização do
. sujeito emotivo
Constituição /
Carta Consti-
- Busca das
raízes nacionais
tucionaI . . Livre-cambis-
. DeÍesa dos . Íinteresse peta
Separação Secu[arização
direitos naturais mo; iniciativê ldade Médial
tripartida dos das instituições
poderes
do cidadão privada - Comprometi-
. mento político
Soberania
do artista
nacional
- Gosto pe[o
foLc[ore e peto
exótico
67
Teste de Avaliacão
coNJUNTo 1 - REVoLUcÃo aMERrcaNA E REVoLuÇÃo rnarucESA: A IDEoLoGIA LIBERAL EM
acçÃo
Documento 1:
Documento 2:
"Artigo I - Secção I - Todos os poderes legislativos concedidos pela presente lei serão
confiados a um Congresso dos Estados Unidos, que se comporá de um Senado e de uma
Câmara de Representantes [...].
Artigo II - Secção I - O poder executivo é conferido a um presidente dos Estados Unidos
da América. Ficará em funções durante um período de quatro anos [...].
Artigo III - Secção I - O poder judicial dos Estados Unidos será confiado a um Tribunal
Supremo e aos tribunais inferiores que o Congresso julgue necessário criar e estabelecer [...].
Constituição dos EUA aprovada na Convenção de Filadélfia, em 7787
Documento 3:
"Artigo 1.": - Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só
podem fundar-se na utilidade comum.
Artigo 2."- O fim de toda a associação política é a conservação dos direitos naturais e
imprescindíveis do Homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a
resistência à opressão.
Artigo 3.'- O princípio de toda a soberania reside essencialmente na Nação. [...]
Artigo 6." - A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de con-
correr, pessoalmente ou através dos seus representantes, para a sua formação. Ela deve
ser a mesma para todos, quer se destine a proteger quer a punir. Todos os cidadãos são
iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos
públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes
e dos seus talentos [...].
Artigo 17." - Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode
ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir evi-
dentemente e sob a condição de justa e prévia indemnização."
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Agosto de 1789
68