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18744-Texto Do Artigo-22275-1-10-20120523 PDF
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R. História, Sao Paulo, n. 129-131, p. 271-321, ago.-dez./93 a ago.-dez./94.
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narcisistica men te nas relações sociais para estar de acordo com as normas
sociais. £ mais: as relações sociais narcisistas produziram uma nova classe
social que é composta por pessoas que realizam um trabalho quase técnico e
funcional - por exemplo, os programadores de computação - onde "os limites
entre o eu e o mundo são apagados porque aquela posição de trabalho parece
ser um espelho do poder pessoal" (p. 399).
Parodiando Max Weber, Sennctt alega que o narcisismo é a ¿tica
protestante dos tempos modernos, e nesta sociedade "é apenas natural que o
artifício e a convenção pareçam suspeitos. A lógica de uma tal sociedade será
a destruição desses meios de cultura. E ela o fará em nome de uma remoção
das barreiras entre as pessoas, de uma aproximação entre elas, mas só conse-
guirá fazer com que as estruturas de dominação na sociedade sejam transpos-
tas para termos psicológicos" (p. 409). Precisamente af reside o que este
historiador norte-americano chama de tiranias da intimidade. Elas estão
presentes em nossa vida diária e constituem intrínsecamente o que denomi-
namos modernidade. Elas são sutis e, talvez exatamente por este motivo, têm
um fantástico poder de coerção.
Enfim, a questão que perdura após a leitura de O Declínio... 6: será que
podemos destruir essas tiranias da intimidade? Sim, entretanto, ferir essa
nova ética da modernidade implicaria em modificar as relações sociais, ou
seja, ferir o próprio cerne do sistema capitalista, atitude que não está muito
em voga... mas que, novamente, precisa ser colocada na ordem do dia.
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