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ART BERNADINO - Arte Tec Intersecções PDF
ART BERNADINO - Arte Tec Intersecções PDF
palavras-chave: Sendo a tecnologia uma constante na história da arte, que se constituiu essencialmen-
arte; criação; te por imagens, procura-se perceber em que medida a tecnologia digital, vista aqui
imagem; tecnologia
como um ponto de mudança na posição do sujeito face à produção criativa, interfere
nos processos artísticos quanto a novas formulações a respeito do posicionamento do
observador e do autor. Da intersecção que resulta dessa tecnologia com a criatividade,
vemos a ideia da produção partilhada ganhar força e se constituir cada vez mais como
uma vontade inerente à própria atitude do ato criativo. A obra ao ser revelada no desejo
da interatividade, que se vai afirmando na requisição da participação do outro como
elemento fundamental para a sua concretização, enuncia um posicionamento que se
diferencia na forma e no resultado que se vincula pelos meios tecnológicos, quer em
relação ao espaço quer em relação aos procedimentos. No campo dos estudos das artes,
adivinha-se cada vez mais importante uma procura empenhada na constituição de um
fio condutor, neutro e de alcance o mais universal possível, com o intuito de compre-
ender uma componente ideológica que se pode revelar na atitude ideológica inerente à
utilização das novas tecnologias. Procura-se perceber como é que o significado das ima-
gens é coordenado e porque razão necessitamos, queremos e precisamos das imagens;
por fim, envereda-se pelos procedimentos do sujeito face aos adventos digitais, na imi-
nência de perceber de que modo somos afetados pela tecnologia digital e de que modo
a interação interfere no posicionamento do sujeito face aos aspectos da criatividade.
keywords: Being technologies always present throughout the art history, which is mainly consti-
art; creation; tuted by images, we will try to understand in which extent digital technology, considered
image; technology
to us as a main structure in the way the viewer faces creative production, interferes
with the artistic procedures. We will centre our attention in new formulations accord-
ing to positioning of the author and the observer. The result of the intersection between
technology and interactivity drives us to perceive the development of the idea of shared
production that spreads out as will inherent to the attitude of the creative act. The
work, on being revealed in the aspiration of interactivity enounces a positioning that is
linked to the technological means, on space and proceedings issues. In the art studies, it
is further growing the importance of a quest for a neutral, universal guide line, in order to
assimilate an ideological component the reveals itself in the attitude inherent to the use of
these new digital technologies. We will try to understand how is the meaning of the images
coordinated, and why do we need and seek for images. To finish we will endeavor to the
proceedings of the viewer before the digital innovations, in order to understand in which
way the interaction affects the positioning of the subject in relation to aspectos of creativity.
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and 2) to enable men and século XX têm provocado na sociedade um afastamento progressivo dos
computers to cooperate
in making decisions
indivíduos (isolando-os cada vez mais) e das referências que se prendem
and controlling complex quer com o tempo, quer com o espaço. Pois quando se fala de ciberespaço
situations without
a primeira noção que nos ascende à consciência caracteriza-se pelo fato
inflexible dependence
on predetermined de remeter a noção deste para a ausência, arrastando consigo a ideia
programs. In the de algo que não é físico/real, algo que é em si a constituição imaterial,
anticipated symbiotic
partnership, men will set um lugar distante da realidade palpável, onde relações sociais, culturais
the goals, formulate the etc., ao serem estabelecidas nos remetem para a imaterialidade, para
hypotheses, determine
the criteria, and perform uma concepção subjetiva, virtual do espaço e do tempo. Onde o virtual
the evaluations. No seu não se opõe ao real, é uma extensão do real, onde sobretudo as imagens
progresso, lança a base
da ideia que acabou fazem a mediação da realidade, transformando a concepção de espaço,
por convergir nos anos que antes era concreto, material, numa grandeza imaterial provocando
1990, onde se alicerça
a própria noção que dá a consciência de outra realidade – o que nos torna inevitavelmente
o leitmotiv para todo dependentes da tecnologia para compreender a “nova realidade”.
o desenvolvimento da
tecnologia que reflete a Ao imergir nos ambientes virtuais, dos quais o ciberespaço é
convergência dos nossos aquele mais comum e que, de uma forma geral, todos nós, pelo menos
dias entre homem e
computador na base da esse, já experimentamos, transmite-nos uma sensação de dependência
simbiose. Inclusive, o da tecnologia, quer pela “ausência” do espaço, quer pela ausência de
aparecimento de artistas
que explorando esse presenças físicas à nossa volta (geralmente a ação de “navegar” na internet
conceito deram corpo à coloca-nos numa situação de “solitário” – que, por consequência, nos
extensão da tecnologia
como parte do corpo faculta um anonimato precioso, como iremos verificar já abaixo):
aparelhado (o artigo pode
ser baixado em: ‹http:// De forma abstrata, não é nada mais do que incontáveis bilhões
memex.org/licklider.pdf›). de bits armazenados nos meandros dos computadores que existem
na rede universal. A um nível intermédio – o do programador –
3. O Sketchpad, de Ivan isso resulta numa estrutura ampla e complexa de sites, endereços
Sutherland, desenvolvido e ligações. E ao mais alto nível – o da interface do usuário –
em 1963, apelava já, reinventa-se o corpo, a arquitetura, e a complexa relação dos dois
como o seu próprio
a que chamamos lugar-habitação6.
nome indica, para a
noção da utilização
gráfica remetendo à Passamos a circular num território transnacional, desterritorializado,
linguagem a ser utilizada
na interação homem- no qual todas as referências que percorremos, em termos de lugares visitados
máquina para o campo e caminhos percorridos, podem-se modificar substancialmente7, colocando-
do visual. Para melhor
perceber esta “relação
nos entre o lugar8 e o “não lugar”9. Este paradoxo é aparente, na medida em
homem máquina” que, o não lugar, em termos de ciberespaço, é em si um lugar em forma de
veja-se no Capítulo I, o
ponto I.1.4 Electrónica
“localidade ausente”10, que só acontece no consciente individual, que por
e digital (pós-moderna si faz com que assente as relações de identidade que o utilizador constrói,
e contemporânea),
da minha tese de
na sua capacidade abstrata de se relacionar com a ausência, através das
Doutoramento. Cf. imagens que vê projetadas na tela.
BERNARDINO, Paulo.
Pela apologia do anonimato, temos assistido a um grande
Intersecção das novas
tecnologias na criação desenvolvimento de sociabilidade que foge ao controle social imposto pelo
da imagem nas artes mundo do real, formando assim uma contracultura que se concretiza de
plásticas no final do
séc. XX: a imagem, a uma maneira não convencional – procurando um imaginário coletivo que
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cuja função é mapear Lévy, este tipo de novo espaço, ciberespaço, é o meio ideal para consolidar
precisamente o caminho
percorrido em termos uma tecnocracia – uma nova formação de “estados” geridos pela tecnologia
físicos pela ligação digital capaz de desenvolver comunidades ligadas a grupos de indivíduos,
efetuada entre dois
pontos da www, observa-
com preferências comuns, que formam territórios imaterializados – que nas
se que para me ligar de palavras de Bragança de Miranda favorecem uma sociedade do controle que
A a B, vou por H e por L
etc., num minuto e no
se configura como uma relação “política” mediada tecnicamente:
minuto imediatamente a
seguir vou por F, X, D etc., Com a libertação da técnica que ocorreu na modernidade, a técnica
portanto, as referências acabaria por pôr em causa o próprio espaço onde funcionava,
de lugar desvanecem-se. dominando-o crescentemente. Com as tecnologias da informação
[traceroute - (trās´rowt) a técnica determina a realização dentro de processos de controle
(n.) A utility that traces abrangentes. Daí que o virtual emirja explicitamente, confundindo-se
a packet from your
agora não com o espaço “real”, mas com o espaço de controle13.
computer to an Internet
host, showing how many
hops the packet requires
to reach the host and how
A estrutura dessas sociedades remete para o rizoma [o rizoma
long each hop takes. If é um termo figurativo usado por Gilles Deleuze e Felix Guattari para
you’re visiting a Web site
descrever todos os tipos de redes com uma estrutura não hierárquica]:
and pages are appearing
slowly, you can use
traceroute to figure out Ao contrário da árvore, o rizoma não é objeto de reprodução, nem a
where the longest delays reprodução externa como árvore-imagem, nem reprodução interna como
are occurring. - Definição estrutura-árvore. O rizoma é uma antigenealogia. É uma memória de
no dicionário On-line curto prazo, ou antimemoria. O rizoma funciona por variação, expansão,
Webopedia – ‹http://www. conquista, captura, ramificações. Ao contrário das artes gráficas, desenho
webopedia.com/›.
ou fotografia, ao contrário de traçados, o rizoma se refere a um mapa que
deve ser produzido, construído, um mapa que é sempre desmontável,
8. O lugar é uma associação
conectável, reversível, modificável, e tem múltiplas entradas e saídas assim
que fazemos em termos
materiais, onde se jogam com as suas próprias linhas de voo. É o traçado que deve ser colocado no
relações de caráter mapa e não o contrário. Em contraste para centrar sistemas hierárquicos
identificativo – o lar. (mesmo policêntricos) de vias de comunicação preestabelecidas, o
rizoma é um sistema, não central, não hierárquico, não significante, com
9. Que precisamente um General mas sem memória organizadora ou central de automação,
identificam o lugar, unicamente definido por uma circulação de estados14.
veja-se AUGE, Marc.
Não lugares: introdução
a uma antropologia da Portanto, uma multiplicidade de ligações sem sujeito nem objeto,
supermodernidade.
logo um simulacro do espaço.
Campinas: Papirus,
1994, p. 73-77. Augé Consideremos agora o seguinte cenário: 1997, encontro entre
inclui na categoria de
Gary Kasparov e “Deep Blue” (IBM Corporation)15. Nesse cenário,
não lugar os locais de
passagem, onde as encontrava-se o campeão do mundo de xadrez contra quem? O Homem
pessoas não se retêm e versus a máquina: o Deep Blue fazia jogadas baseadas em algoritmos
que, por consequência,
são carregados de avaliando a posição das peças no tabuleiro, contemplando uma relação
ausências de identidades entre a guarda do rei e o tempo despendido (jogadas necessárias), para
sentidas pelas pessoas
que os frequentam, imobilizar o rei adversário (tudo na base dos milhares de ciclos por
como por exemplo as segundo16. Desta batalha resulta a inevitabilidade de medirmos uma
autoestradas, os hotéis,
os aeroportos etc. possível dependência tecnológica, que sub-repticiamente se vai colocando
na sociedade atual como uma luta a ser travada algures no futuro.
10. Sabemos que existe
mas não sabemos a
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constructed, a map that suas capacidades que acabaram por produzir uma inexorável reforma social
is always detachable,
connectable, reversible, resultando em mais inovações da tecnologia. Neste sentido, os produtos da
modifiable, and has tecnologia ao inovarem transportam, na sua constituição, a tecnologia que
multiple entryways and
exits and its own lines
lhes deu corpo e procuram mascarar essa própria tecnologia através das
of flight. It is tracings promessas de possibilitar aos utilizadores, por vários meios, traçarem os seus
that must be put on the
map, not the opposite. In
próprios sentidos, na utilização da tecnologia26.
contrast to centered (even Na designação aplicada aos produtos, por parte de quem produz com
polycentric) systems
as tecnologias ao dispor/utilizadas nas artes visuais/plásticas, encontramos
with hierarchical modes
of communication and sempre a enfatização dos aspectos visuais, que se articulam com uma des
preestablished paths, the
crição do foro operacional da técnica utilizada, do tipo: sequenced media,
rhizome is an acentered,
nonhierarchical, time-based media, aural design, information engineering, interface design,
nonsignifying system with interactive design, 3D computer modeling/animation, e motion graphics27;
a General and without
an organizing memory o que reflete a imposição da própria técnica envolvida na utilização dos
or central automation, produtos resultantes das novas tecnologias.
defined solely by a
circulation of states. Razão que em si cria uma dicotomia entre o objeto tradicional
e uma obra que se apresenta mediada por um computador (seja todo
15.Para saber mais, veja-
se: ‹http://www.research. um espaço controlado ou mesmo uma simples projeção). Num (objeto
ibm.com/deepblue/›. tradicional) temos um comportamento interiorizado que nos conduz,
16. “Deep Blue can supostamente, a um estado de contemplação e reflexão, com o intuito
examine and evaluate de “entender” a obra; noutro (new media) o comportamento é esperado,
up to 200,000,000 chess
positions per second. de um ponto de vista cultural, de outra forma, onde para além do estado
Garry Kasparov can acima referido para os objetos tradicionais, somos impelidos a participar
examine and evaluate up
to three chess positions no objeto complementando o seu conteúdo, tornando-o algo pessoal.
per second” (‹http:// Nesta sua nova forma de ser objeto, segundo Lev Manovich con
www.research.ibm.
com/deepblue/meet/ clui que os new media objets28 são em si objetos culturais. O que realça
html/d.2.html›). o fato de estarmos perante um cenário em que estamos dependentes da
17. Pode-se encontrar os
tecnologia, como se pode verificar nas palavras de Lev Manovich, com
dados, assim como uma a introdução da tecnologia no campo da criação artística, já no início da
cópia (com possibilidade
de se fazer download)
arte eletrônica, tornamos a situação irreversível:
do artigo publicado na
Electronics, Volume 38, Na década de 1960, os artistas do vídeo começaram a construir os
Number 8, April 19, 1965, sintetizadores de vídeo baseados no mesmo princípio. O artista já não
intitulado “Cramming era um gênio romântico gerando um novo mundo puramente fora
More Components Onto de sua imaginação, ele se tornou um técnico girando um botão aqui,
Integrated Circuits”, pressionando um botão acolá – um acessório da máquina29.
referente à “Moore’s
Law” em ‹http://www.
intel.com/research/ Acreditamos que arte é uma atividade que une intenção e descoberta
silicon/mooreslaw.html›.
sob a tutela da realização. Uma das suas tarefas mais primordiais, como
18. DREXLER, Eric. a própria realidade que tem um caráter múltiplo e complexo, é libertar a
Engines of Creation:
capacidade humana dos esquemas limitativos da vida prática. A arte não está
The Coming Era of
Nanotechnology. Nova isolada do resto da realidade; entre a arte e as outras atividades do homem
Iorque: Anchor Books,
não há um abismo, há antes uma passagem gradual, níveis diferentes de
1987, p. 6. No original:
inventividade. Da execução técnica30 de um projeto à invenção mais original,
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própria tecnologia sistema das interfaces, para a metáfora da janela.
através da simulação/
ilusão, onde os meios A imagem digital veio acentuar a dicotomia do “dentro” e do “fora”,
digitais (mascaram-se) proporcionando, em termos de contexto, uma procura (uma afirmação
tentam parecer o mais
analógico possível.
dentro da sua afirmação) e uma base de comprometimento ótimo para o
Assim vemos acontecer, desenvolvimento da realidade virtual – com as suas consequentes nuances
sobremaneira, no
cinema, uma cena que
de “augmented reality” e “mixed reality” e com a mais-valia acarretada pela
parece o mais possível via da interatividade e da imersão, proporcionando uma verdadeira revolução
ter sido realizada
na colocação do sujeito44. De fato, as imagens nasceram da necessidade de
(filmada e acontecida)
num local físico, representar e segundo assinala Berger:
existente. Para tal ser
crível, são colocados As imagens foram feitas, de princípio, para evocar a aparência de algo
todos os elementos ausente. Pouco a pouco, porém, tornou-se evidente que uma imagem
(da cor/iluminação à
podia sobreviver àquilo que representava; nesse caso, mostrava como
perspectiva) em função
de um cenário “real”. algo ou alguém tinham sido – e, consequentemente, como o tema
havia sido visto por outras pessoas. Mais tarde ainda, a visão específica
27. O uso das do fazedor de imagens foi também reconhecida como parte integrante
expressões em inglês do registro. A imagem tornou-se um registro de como X tinha visto Y.
é aqui pertinente uma Constituiu isto o resultado de uma crescente tomada de consciência
vez a sua maioria ser da individualidade, acompanhada de uma crescente consciência da
a que se encontra no
vocabulário utilizado
história. Seria ousado pretender datar com rigor este último avanço.
entre profissionais das No entanto, pode afirmar-se com certeza que esta consciência existe
áreas das tecnologias na Europa desde o início do Renascimento45.
em Portugal.
Toda uma redefinição sustentada no desenvolvimento tecnológico
28. Throughout the book,
I use the term new media é central ao problema que se expõe hoje na enunciação da criatividade. O
object, rather than product,
que levanta um problema na diferenciação das fronteiras entre obras de
artwork, interactive media
or other possible terms. A arte criadas pelos meios tradicionais – onde o homem, enquanto elemento
new media object may be produtivo, é o centro da questão – e as obras produzidas e mediatizadas
a digital still, digitally com-
posited film, virtual 3-D pelos aparelhos tecnologicamente capacitados para tal – onde o aparelho,
environment, computer enquanto elemento plurifacetado, é o centro da questão.
game, self-contained
hypermedia DVD, hyper- Com o desenvolvimento, especialmente da tecnologia, verificou-
media Web site, or the se, de acordo com o discurso da semiologia, que as imagens indexavam
Web as a whole. The term
thus fits with my aim of a realidade e enquanto signos de existência dessa realidade eram provas
describing the general em si daquilo que apresentavam – na medida em que, pela presença do
principles of new media
that hold true across all aparato técnico, eram a prova evidente que o objeto da representação
media types, all forms havia existido realmente. Porém, toda a produção pós-industrial, que
of organization, and all
scales. I also use object to usa a imagem como veículo privilegiado, evidenciou, nas obras que
emphasize that my concern produziu, novas formas de se relacionar com a realidade, remetendo a
is with the culture at large
rather than with new media prova evidenciada pelo aparato para uma crise de autenticidade:
art alone, in MANOVICH,
Lev. Op. cit., p.14. A imagem, diz a fenomenologia, é um nada de objeto. Ora, na
fotografia, o que eu estabeleço não é apenas a ausência de objeto;
29. Ibidem, p.126. No é também, simultaneamente e na mesma medida, que esse objeto
original: In the 1960s, existiu realmente e esteve lá, onde eu o vejo. É aqui que reside a
video artists began to
loucura, porque, até este dia, nenhuma representação podia garantir-
build video synthesizers
me o passado da coisa, a não ser através de circuitos. Mas, com a
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ou da técnica. Tecnologia, A imagem digital que nos permite a intervenção em qualquer ponto
assim como técnica, tinha da superfície da imagem tão livremente como o artista pode intervir
ligação com a arte até na tela para dar forma a cada parte da imagem, como eu desejo,
o século XIX. Os termos
não apenas libertar a arte feita através de aparatos da sua tortuosa
técnica e tecnologia
migraram do campo da e mecânica opressão, mas também liberta o nosso pensamento por
arte para o campo da imagens, por excelência, das suas muitas limitações50.
indústria e da ciência
(conforme estas duas
esferas cresceram em O que se reforça pela chamada de atenção proposta por William
importância e atuação na John Mitchell quando apela para a inerente mutabilidade da imagem digital,
sociedade ocidental). Por
outro lado, arte tinha uma que apelida ironicamente de bricolage eletrônica (eletrobricollage):
relação com a técnica
e com a ciência mais Uma imagem digital pode ser feita parte por digitalização de uma
evidente até a separação fotografia, parte por imagem sintetizada no computador e parte
das duas esferas em cam- por “pintura” eletrônica – tudo suavemente fundido num todo
pos praticamente opostos aparentemente coerente. Ela pode ser fabricada a partir de arquivos
a partir do século XVIII.
encontrados, lixos do disco, detritos do ciberespaço. A imagética
31. O objeto e o método digital dá sentido e valor aos ready-mades computacionais por
da Estética dependem apropriação, transformação, reprocessamento, e recombinação;
do modo como se define entramos na idade da bricolagem-electrônica51.
arte. Por essa razão
filósofos-estetas desde a
Grécia Antiga até o século Ou seja, “ferramentas computacionais para transformar,
XX elaboraram diferentes combinar, alterar e analisar imagens são tão essenciais para o artista
tratados estéticos. Um
ponto comum seria a
digital como pincéis e pigmentos são para um pintor, e o entendimento
investigação acerca do que dessas é fundamental para o ofício da imagem digital”52.
é o belo, o belo capaz de
proporcionar prazer aos
Nesse sentido, Lev Manovich alerta para a mudança operada
sentidos ou ao espírito. pela tecnologia ser tão decisiva para a produção de obras (no cinema em
Com a dilatação do
conceito de arte a partir
particular, segundo a sua análise) como o foi a mudança/passagem da
da segunda metade do utilização do afresco e da têmpera para o óleo, operada na Renascença,
século XVIII, o conceito de
permitindo novas narrativas:
belo também muda. Antes
do advento dos produtos
industrializados, a beleza A mudança para o óleo veio grandemente liberar os pintores,
era vista como harmonia permitindo-lhes criar rapidamente composições muito maiores
das partes, perfeição e era (pensemos, por exemplo, nas obras de Veronese e Ticiano), assim
dissociada da utilidade. como ter mais tempo para modificá-las quando necessário. Essa
A partir do século XIX, mudança na tecnologia de pintura levou os pintores renascentistas
começa-se a pensar
a criar novos tipos de composições, novos espaços pictóricos e
na beleza enquanto
adequação a um fim. novas narrativas. Similarmente, ao permitir que um cineasta possa
tratar a imagem do filme como uma pintura a óleo, redefine o que
32. A forma como os pode ser feito no cinema através da tecnologia digital53.
gregos se colocavam
perante o teatro, damos
conta disso, razão pela
Arlindo Machado54 considera artistas-digitais aqueles que entendem e
qual Aristóteles falava na interferem na linguagem do meio digital. Segundo Machado, a informática introduz
“catarse” – pois para ele
a obra de arte podia ser
um dado novo em relação à produção simbólica anterior: os programas ou softwares
vista, por um lado, como que se interpõem entre a máquina (hardware) e o usuário. O produto final é então
um parasita, e, por outro,
resultado das atualizações desses programas; nesse sentido, pode-se dizer que o que
como um desparasitante
de foro psicológico. Aris- importa não é tanto o produto gerado mas aquilo que permitiu gerá-lo.
tóteles justifica a tragédia O problema da criação e da invenção em computação gráfica é uma
we have come to see formas da imagem que se afirma, mais adequadamente, o mundo da arte.
the world by means of
Ao coligar-se sujeito, técnica, experiência, comunidade e espírito temporal,
mediated vision, and, as
we have done so, we have afasta-se a ideia de que a forma artística não nasce apenas do desenvolvimento
increasingly been able
tecnológico58, mesmo quando as implicações de tais desenvolvimentos
to distance and detach
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ourselves from contact possam afetar o comportamento na produção de obras de arte59.
with its reality. And, of
course, it is no longer a Veja-se o caso da produção artística em vídeo (videoarte), não
question of seeing and pelo seu diferencial técnico do cinema, mas pelo seu papel subsidiário de
monitoring the proximate
world: new visual media
outros gêneros artísticos que vão desde a performance até à instalação:
have progressively
expanded the field of vision. Nauman é um bom exemplo de um artista que passou a utilizar o vídeo
With the development of apenas como um outro meio de sua prática artística. Para Nauman e
global television, there is, para outros de sua geração, novos modos de expressão eram constante
it seems, the capacity for e impiedosamente perseguidos a fim de “descobrir como continuar”,
unlimited observation of
como ele diz. Não interessado em simplesmente recolocar os problemas
the world’s events.
da pintura tradicional (surpreendido com o modo como De Kooning
38. LEVINE, Donald N. explorava nas pinturas as suas próprias reações a Picasso), Nauman
(Ed.). Georg Simmel: estava “interessado no que a arte pode ser, não apenas no que a pintura
on Individuality and pode ser”. Os materiais eram colocados, portanto, imediatamente sem
Social Forms. Chicago: importância e o mais importante era que não havia limitações sobre o
University of Chicago que poderia ser usado para fazer arte60.
Press, 1971.
39. Entendido como a Temos portanto, e cada vez mais, um diluir de fronteiras entre
“dimensão da gratuiti- arte e tecnologia, onde se verifica de algum modo que a existência de duas
dade”, o kitsch tende a
anestesiar a função em comunidades diferenciadas – os cientistas, por um lado, e os artistas, pelo
proveito de uma neces- outro – tendem a se associar61. As designações inerentes à tecnologia digital
sidade mais ou menos
luxuosa de imagens, (referenciadas acima no texto) encobrem a importância desses novos formatos
satisfações visuais, e suas consequências na nossa cultura visual, pelo fato de assentarem a sua
sonhos e símbolos. É
o mundo das formas diferença fundamental, em relação aos meios tradicionais, nas características
aberrantes, o discurso físicas que lhes permitem a manipulação total pelo computador. O que,
errático dos objetos
insensatos, supérfluos, por seu lado, e de forma paradigmática, devido à sua suscetibilidade à
obsessivos – fator de um alteração/manipulação, não é nenhum garante do original62. Onde, inclusive
sistema fundamentado
pelas necessidades de a sua relativa facilidade reprodutiva, como imagens, está sujeita às várias
uma compensação lúdi- interpretações em termos de brilho, contraste, tonalidade e cor, emprestadas
ca implícita ou explícita,
se não por uma atitude pelos meios em que são mostradas – a tela essencialmente.
ativa ou contemplativa. As imagens, pela sua facilidade manipulativa através do com-
Afirmando-se na década
de 1870, onde o termo putador, que se afirma na ferramenta63, inserem no seu processo pro-
aparece para qualifi- dutivo toda uma apropriação, toda uma recombinação e transformação
car as reproduções de
arte baratas, o kitsch que fazem da produção uma “re-produção”, colocando o discurso da
inscreve-se na tríade objetividade científica da imagem aparelhada na mão da subjetividade
industrialização – mas-
sificação – consumo (co-
do discurso artístico. Até pela sua facilidade manipulativa, as imagens
nhecendo uma primeira tratadas digitalmente conseguem tecnicamente esconder a sua origem
maturidade em redor do
modern style dos anos
(analógica ou digital), pois através das ferramentas digitais ampliou-se
1900, uma segunda re- dramaticamente o uso de imagens, onde o acesso às ferramentas por seu
apropriação em volta do
lado é extremamente fácil assim como o seu uso, permitindo a qualquer
styling de 1935, seguida
de um terceiro momento, indivíduo aplicá-las e tornar as fontes quase impossíveis de detectar.
contemporâneo da pop
Tudo aquilo que acreditamos ser importante tecnicamente
art nos 1960. O objeto
kitsch tenta de alguma na constituição de uma pintura, uma escultura, uma fotografia ou até
forma compensar duas mesmo de uma obra em vídeo – seleção, manipulação, composição etc.
54 ARS Ano 7 Nº 16
41. Sistema baseado no por um lado, essas imagens traduzirem o meio pelo qual foram produzi-
conceito de Karl Marx
(1818-1883), segundo das e, por outro, ao transformarmos os instrumentos em máquinas, pas-
o qual é a produção samos, em parte, a funcionar em função da máquina, levantando dessa
dos bens materiais que
condiciona, de modo
forma a suspeita de que a tecnologia se pode converter numa forma de
geral, a vida política, constrangimento para o ato criativo66.
social e intelectual.
É certo que temos assistido, nos passos dados entre a técnica (pin-
42. Adorno privilegiou tura), a tecnologia (fotografia) e as novas tecnologias (digital), a uma mar-
conceitos acerca da
ginalização/afastamento do sujeito. Através das novas tecnologias vemos in-
produção ignorando
qualquer análise de crementar atitudes/tendências enunciadas nas vanguardas que delineavam
como os materiais
um novo campo estético – pense-se na desmaterialização do objeto/produ-
culturais são recebidos
e usados; o seu gosto, to, na transformação do trabalho com o objetivo de deixar o individual e
inclusive, revela-se abarcar o coletivo, portanto na ideia de passar do privado para o coletivo.
em muitos aspectos
burguês (o culto do Muitos trabalhos recentes não são mais objetos puros e simples,
grande artista sozinho mas campos de possibilidades, obras em transformação derivadas da uti-
do alto do seu pedestal,
indiferente e autônomo lização de novas ferramentas digitais. Nesse sentido podemos dizer que
na sua inspiração que a criação de um software específico no tratamento das imagens assume
conduz à sua criativida-
de, não deixa de ser um grande importância convertendo o engenheiro-programador num indiví-
produto do liberalismo duo próximo do artista67.
romântico que procura-
va combater). Mesmo a Essa é uma opinião que pode e deve ser discutida, uma vez que,
sua análise da indústria os programas se alteram por solicitação dos próprios usuários/artistas
cultural acaba por ser
bastante monolítica, havendo, nesse caso, uma interatividade. A essa questão soma-se o
uma vez que não se fato de que com a interatividade, os receptores tornam-se mais ativos e
ocupou dos conflitos e
das contradições entre possíveis coautores. Essa questão coloca em xeque a noção de obra de
e dentro das várias for- arte normalmente aceita como sendo a criação de uma única pessoa — o
mas de produção, não
vendo a dependência do artista. Os artistas que trabalham com as novas tecnologias necessitam
mercado por parte das da assessoria de engenheiros, técnicos e até empresas de grande porte,
ditas industrias (que
produzem novos estilos
e todos contribuem e são imprescindíveis para favorecer a criatividade,
e novas formas). Prisio- aperfeiçoar a percepção e abrir as portas do imaginário, desde que seu
neiro do seu contexto
histórico e social, assim
caráter lúdico não seja esmagado pelas finalidades pragmáticas.
como acadêmico tradi- Vemos aparecer a efetivação do trabalho em parceria, que mais
cional, privilegiou sem-
pre o individual sobre
se adequava, pelas suas inerências, ao universo das competências tecno-
o colectivo, o objetivo lógicas68, pelo fato de os artistas, de um modo geral, não dominarem sufi-
sobre o sentimento.
cientemente a tecnologia (hardware e software), situação que se torna um
43. Segundo Peter Weibel, problema relativo, uma vez que acaba, por outro lado, por proporcionar con-
arte produzida durante o tribuições de outras sensibilidades, o que converge/auxilia na caracterização
século XX, é a grande res-
ponsável pela emancipa- da experiência na arte contemporânea. Deste modo, vemos a necessidade de
ção de imagem, que ele vê desmistificar valores convencionais69 e encarar, quer produtos quer proces-
como um acontecimento
em duas fases: a primeira sos, na arte contemporânea como resultado de algo que não parte apenas da
fase na primeira metade manifestação de um sujeito, individualmente motivado, mas como o produ-
do século XX através
do futurismo, cubismo, to de uma equipe que trabalha em grupo, e que por esse motivo questiona
suprematismo, dadais- a autoria individual70.
58 ARS Ano 7 Nº 16
de - como a título de Usando as estratégias da interação vemos a criatividade em inter-
exemplo a autora diz
que o Davi de Michelan- secção com a própria vida do público. De tal forma que permite ao indivíduo
gelo não seria trans- reparar em algo que ainda não tinha reparado, porque não prestou atenção,
ferível para o ready-
made. “Na obra, como
ou mesmo a ir para além da experiência intelectual, impelindo para si o
objeto apropriado e não ato criativo através da participação (mesmo que não se aperceba disso, pois
produzido, não ficam
traços do gesto ou da
enquanto participador, através da sua performance, vai encontrando algo,
mão que faz; a autoria deduzindo e implicitamente, não necessariamente de um modo racional,
não se confunde com o
mas de forma que parta do geral para o particular, da causa para o efeito).
estilo, ou o estilo com a
habilidade da mão”. Desta forma criam-se conexões entre coisas/elementos que se vão somando,
remetendo o trabalho para um campo onde se excede o conteúdo específico
56. CRUZ, Maria
Teresa. Experiência e da mensagem.
Experimentação: Notas O processo criativo separou-se da aura teológica em grande
Sobre Euforia e Disforia
a Respeito da Arte e da medida devido ao uso da tecnologia, nas palavras de José Jiminez78. A
Técnica, Comunicação questão coloca-se, do ponto de vista do interesse, em termos de como
e Linguagem nº 25/26,
Lisboa, 1999, p. 429. cada um dos intervenientes pode ver mais do que o que esperava ver. O
modo como a subjetividade do observador se amplia para lá do patamar
57. A forma artística,
nomeadamente pela habitual da sua experiência perante a obra de arte, fazendo com que o
ação da imagem, nasce momento da produção e o da recepção se convertam num ato criativo:
de modo intrínseco
associada ao desenvol-
vimento da técnica, que São homens e mulheres quem interatuam no processo aberto. A
se reporta a um estado proposta artística deixa de ser um produto final, enclausurado,
epocal, agregando o in- para se converter num ponto de partida, aberto ao estímulo mútuo
divíduo e a comunidade e à recriação das sucessivas instâncias de intervenção dos distintos
com o espírito temporal
sujeitos que se aproximam a ela79.
como sendo uma cons-
telação (um conjunto de
esferas agrupadas de Através das várias formas das interações (instalações, happenings ou
tal modo que possibi-
litam a imaginação do
performances, dependendo mais ou menos da tecnologia) encontramos um
todo). potencial criativo imprevisível para a ocorrência de novas experiências, que
58. A tecnologia tem
com certeza excedem as expectativas do simples observador (nomeadamente
vindo a ser assimilada se estes estiverem abertos ao desafio). Criam-se condições capazes de revelar
pela produção artística
contemporânea a tal
novas relações entre o conhecido e o desconhecido, proporcionando um novo
ponto que encontramos espaço para novas formas se desenvolverem. Novos territórios são instaurados,
de forma dissimulada,
onde o participador (observador que deixou de ser passivo e passou a ser
aparentemente invisível,
aspectos tecnológicos nas ativo), pode mover/atuar sobre os fragmentos constituintes, proporcionando,
mais variadas produções de forma cabal, o estado de work-in-progress. O que, mais uma vez, vem
que vão desde o uso do
vídeo até à impressão demonstrar que o autor já não pertence à visão romântica do artista que parte
de painéis de grande para a expedição em busca da originalidade. Podemos até arriscar a ideia de
dimensão.
que a arte se tornou num campo (tal como uma tecnologia) que permite ao
59. O desenvolvimento da utilizador uma mutação, permitindo a si mesmo descobrir novas possibilidades
tecnologia que deu origem
ao aparelho fotográfico para a sua condição e através disso expandir a sua consciência do mundo que
não foi, nem é, condição o rodeia, ou como expõe o José Bragança de Miranda, que a questão central
autossuficiente para dar
forma a uma nova forma da arte deve ter como critério absoluto a interatividade.
60 ARS Ano 7 Nº 16
admired the way De Kooning peculiarly unconcerned constructing views pelo técnico), centra-se
explored in paintings his with their brother men, from certain positions à volta de máquinas e
own reactions to Picasso), in a deep sense anti- and frequently opt for de processos técnicos,
Nauman was “interested intellectual, anxious viewpoints and gaze deixando aquilo que se
in what art can be, not just to restrict both art and directions that result in produz efetivamente com
what painting can be.” The thought to the existential relatively straightforward esses dispositivos, de
materials, therefore, were moment”, fazendo com one-point or two-point uma forma geral, abaixo
at once unimportant and all o campo da arte seja o views. Photographers face das expectativas.
important in that there were mundo da subjetividade, the problems of finding
no limitations on what could enquanto que a ciência, physically possible places 67. Como nos demonstra
be used to make art. no que lhe diz respeito, to stand, of avoiding Arlindo Machado na sua
persegue o mundo occluding foreground obra (Op. cit.).
61. Segundo o estudo objetivo, utilizando para objects, of finding
levado a cabo por Charles tal o método racional. moments when the light 68. Serve como exemplo
Percy Snow, em 1959, SNOW, Charles Percy. The is right, and face the sintomático a peça de
a noção de que a nossa Two Cultures. Cambridge: limitations of the lenses Jeffrey Shaw, The Legible
sociedade, o seu sistema Cambridge University and other equipment City (1988/91), onde a con-
educativo assim com Press, 1993, p. 5. that they happen to be cepção e realização ficou
a sua vida intelectual, carrying. Sometimes they cargo de Jeffrey Shaw,
é evidenciada por uma 62. Garante pretendido must use cumbersome o texto a cargo de Dirk
divisão existente entre por William J. Mitchell, aids like tripods and Groenewald, o software
duas culturas – ciência e quando afirma que, camera cranes. But foi da responsabilidade de
arte – bem diferenciadas “digital images seem computer perspectivists Gideon May e Lothar
que se caracterizam por even more problematic, can station themselves Schmitt, enquanto o
terem perdido as suas since they do not even wherever they want hardware da responsabi-
raízes comuns, assim have unique negatives. in their virtual worlds lidade de Huib Nelissen.
como a capacidade de An image file may be and can set their virtual E já fora do contexto que
comunicarem entre copied endlessly, and the cameras in whatever ways aqui pretendo justificar,
si. Segundo Snow, o copy is distinguishable they desire. mas com relevo do ponto
paradigma científico from the original only de vista informativo quan-
em que assenta a sua by its date since there 65. FLUSSER, Vilém. to ao esforço financeiro
interrogação com base na is no loss of quality”. Ensaios Sobre a desse tipo de obras, a
razão e no reducionismo, MITCHELL, William Fotografia: Para uma cooperação do Ministro
ou seja, o método John. The Reconfigured Filosofia da Técnica. da Cultura da Holanda
científico – redução de Eye: visual truth in the Lisboa: Relógio D’Água, – dados recolhidos de
uma coisa complexa post-photographic era. 1998. SCHWARZ, Hans-Peter.
aos elementos de que é Cambridge: The MIT Media Art History. Karls-
formada, noção segundo a Press, 1994, p. 49. 66. De fato, não é ruhe: ZKM – Center for Art
qual uma ideia complexa necessário irmos muito and Media, 1997, p. 148.
se pode compreender, 63. Veja-se o Capítulo longe para verificarmos
se se compreender 3, The Operations, uma padronização de 69. Adquiridos da forma
cada um dos conceitos particularmente os soluções nos produtos tradicional de produzir
simples que entram na pontos, “Menus, Filters, apresentados quando a obra, que mais não é
sua formação – é que deu Plug-ins” e “Composing” vemos festivais do que a continuação
origem a este divórcio, (p. 123-160), do livro, de tecnologia (Ars renascentista do gênio,
pois enquanto que o MANOVICH, Lev. Op. cit. Electrónica, Siggraph, onde o produto (a
cientista trabalha com a Imagina etc.), navegamos obra) é o resultado da
realidade e com a lógica, 64. MITCHELL, William na internet (onde hoje criatividade individual.
ao artista é mais cara John. Op. cit., p.132. impera o Flash), ou
a ideia da utilização da No original: Computer mesmo se folhearmos 70. Se pegarmos o
imaginação e da emoção, perspectivists have qualquer revista de exemplo da Mona Lisa
“the non-scientists have a far greater freedom tecnologia, e ficamos (1963) de Andy Warhol,
rooted impression that the in choosing viewing com a sensação de tudo verificamos que a
scientists are shallowly parameters than ser feito pelo mesmo imagem da obra de
optimistic, unaware of either painters or indivíduo ou empresa, e Leonardo Da Vinci aparece
man’s condition. On the photographers. na sua grande maioria o multiplicada e não reclama
other hand, the scientists Painters and traditional nível produzido, quer de para si um suporte
believe that the literary architectural delineators obras quer de discurso singular, convertendo-
intellectuals are totally are constrained by the (neste caso muitas vezes se numa imagem
lacking in fore-sight, technical difficulty of substituído o estético metafórica, perdendo
62 ARS Ano 7 Nº 16
81. MANOVICH, Lev. Op.
cit., p.125. No original:
All in all, selecting from
a library or menu of
predefined elements or
choices is a key operation
for both professional
producers of new media
and end users. This
operation makes the
production process more
efficient for professionals,
and it makes end users
feel that they are not just
consumers but “authors”
creating a new media
object or experience.
Étienne-Jules Marey,
pássaro munido
de dispositivo que
registra o movimento
descrito pela ponta de
sua asa, 1886.
Paulo Bernardino nasceu na cidade do Porto em 1963, é Doutor (PhD) em Estudos de Arte
e Professor (diretor) do programa de pós-graduação em Criação Artística Contemporânea na
Universidade de Aveiro. Enquanto artista começa por utilizar, como meio de expressão, técnicas
mais tradicionais enquadradas pelas disciplinas do desenho e da escultura, estando atualmente
direcionado para os meios de produção tecnológicos, através da imagem, procura intersectar, na
sua obra, a tecnologia digital como ponto de fusão.