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Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha

Questão de aula Biologia e Geologia 2019-2020


Geologia 10.º ano

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha de
respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

A margem continental portuguesa e a tectónica de placas

A tectónica de placas é a teoria unificadora das ciências da Terra sólida. Segundo a teoria da
tectónica de placas, a camada externa da geosfera encontra-se fragmentada em diversas placas
rígidas que se deslocam umas em relação às outras sobre uma camada mais dúctil. É nas zonas
de limite de placas que ocorre uma grande parte dos processos geológicos, entre os quais
atividade sísmica, processos vulcânicos e de formação de depósitos minerais.
A teoria da tectónica de placas foi desenvolvida, entre os anos 60 e 70 do século XX, por
cientistas como, entre outros, Tuzo Wilson, Jason Morgan, Dan Mckenzie e Xavier Le Pichon.
Desde o seu início que se percebeu que algumas margens continentais – zonas limite entre um
continente e um oceano – correspondiam a zonas de fronteira de placas, como no caso do
Pacífico. Estas denominam-se de margens ativas, caracterizadas por intensa e frequente
atividade sísmica. No entanto, no caso do Oceano Atlântico as margens dos continentes não
correspondem, em geral, a zonas de fronteira de placas e são por isso denominadas de margens
passivas, não revelando atividade sísmica significativa. O artigo no qual estes dois tipos de
margem foram definidos foi publicado em 1969 pelo geólogo Inglês John Dewey, da
Universidade de Cambridge, Reino Unido. No entanto, precisamente nesse ano, um sismo de
elevada magnitude (7.9) ocorreu ao largo da margem Atlântica do Sudoeste da Ibéria, com maior
intensidade em Lisboa, mas também sentido no sul e no norte de Portugal.
O sismo de 1969 não foi o único sismo de grande magnitude a ocorrer nesta região.
Anteriormente já tinha ocorrido o grande sismo de Lisboa de 1755. Logo nesse ano, em 1969,
os “pais” da tectónica de placas perceberam que algo de único poderia estar a ocorrer nesta
zona. Os geocientistas Yoshio Fukao e Michael Purdy, na altura jovens investigadores em
Cambridge, dedicaram-se a estudar esta área e concluíram que neste local poderia estar a
ocorrer um processo de início de subducção. Este processo estaria relacionado com a existência
da zona de fronteira de placas Açores-Gibraltar, ao longo da qual a placa africana poderia estar
a começar a mergulhar sob a placa euroasiática, no troço do Banco de Gorringe. Anos mais tarde,
o Professor António Ribeiro, da Universidade de Lisboa, propôs que esta zona de convergência
incipiente estaria a propagar-se ao longo da margem oeste portuguesa, local onde a margem
passiva se estaria a transformar numa margem ativa. Mas para que tal aconteça, as zonas
oceânicas das placas litosféricas terão de estar em processo de fraturação.
Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha

FIGURA 1. Mapa tectónico da margem sudoeste da Ibéria evidenciando a multiplicidade de falhas na região (adaptado de Duarte
et al., 2013).

O processo de reativação de margens passivas tem um papel fundamental na teoria da tectónica


de placas, em particular no conceito de ciclo de Wilson, segundo o qual os oceanos nascem,
crescem e morrem. Os oceanos nascem a partir da fraturação de supercontinentes, crescem
como resultado do alastramento dos fundos oceânicos mas, a determinado momento, a
litosfera oceânica torna-se demasiado densa e tem a propensão para se afundar no manto,
gerando novas zonas de subducção que irão acabar por consumir os fundos oceânicos.
Novos dados de tomografia revelaram que no sudoeste da Península Ibérica existe já uma
grande estrutura profunda que poderá corresponder a um pedaço de placa que já se encontra
a afundar no manto.

Extraído de :Duarte, J., (2019) Reativação tectónica, Rev. Ciência Elem., V7(2):027.

1. As placas tectónicas são constituídas ___ e derivam sobre ___.


(A) por crusta e parte do manto superior … a astenosfera fluida
(B) por litosfera … uma camada mais dúctil
(C) pela crusta e manto … a astenosfera
(D) por crusta oceânica e continental …. uma camada frágil
Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha

2. Nos limites tectónicos em que as placas ___ ocorre ___.


(A) divergem … acreção e o limite designa-se destrutivo
(B) convergem … subducção e o limite designa-se construtivo
(C) se movem lateralmente … atividade vulcânica eruptiva e o limite designa-se conservativo
(D) formam cadeias montanhosas … convergência de placas e o limite designa-se orogénico

3. De acordo com o Ciclo de Wilson,


(A) os oceanos formam-se a partir de um vale de rifte e são destruídos em fossas oceânicas.
(B) os supercontinentes fraturam por processos de subducção em vales de rifte.
(C) os oceanos formam-se a partir de fossas oceânicas e são destruídos em vale de rifte.
(D) os supercontinentes fraturam por processos de acreção em fossas oceânicas.

4. Atualmente a margem continental da Península Ibérica é uma margem passiva porque


(A) não há registos de atividade sísmica nesta área.
(B) a sua fronteira tectónica é a falha Açores-Gibraltar e a dorsal médio-atlântica.
(C) não apresenta manifestações primárias nem secundárias de atividade vulcânica.
(D) nela ocorrem manifestações significativas de atividade sísmica e vulcânica primária.

5. Os sismos de 1755 e de 1969, referidos no enunciado,


(A) apoiam a hipótese do sudoeste da Península Ibérica ser uma margem passiva.
(B) são consequência da libertação de energia sísmica acumulada na litosfera.
(C) são consequência da geodinâmica externa da geosfera.
(D) contrariam a hipótese do sudoeste da Península Ibérica ser uma margem ativa.

6. A elevada destruição de edifícios em Lisboa, aquando do sismo de 1755, esteve diretamente


relacionada com a propagação das ondas
(A) P, que são as ondas que se deslocam com maior velocidade de propagação.
(B) S, classificadas como ondas de corte e, por isso, altamente destrutivas.
(C) L, ondas de grande amplitude e com velocidade de propagação inferior às das ondas P e
S.
(D) P, S e L geradas no foco sísmico.

7. A multiplicidade de falhas existente a sudoeste da Ibéria deve-se


(A) ao ponto triplo do Açores.
(B) à convergência das placas africana e euroasiática.
(C) à elevada ductilidade da litosfera.
(D) à divergência das placas africana e euroasiática.

8. O Banco de Gorringe é uma falha tectónica


(A) integrada num limite tectónico mais amplo, o rifte da Terceira.
(B) onde a placa euroasiática mergulha sob a placa africana.
(C) com movimento de desligamento entre as placas africana e euroasiática.
(D) onde se está a iniciar a subdução da placa africana.
Guerner Dias, Paula Guimarães, Paulo Rocha

9. Explique, de acordo com os dados fornecidos, a evolução da margem continental do sudoeste


da Península Ibérica se esta vier a ser uma margem tectónica ativa.

10.No oceano Atlântico, ao nível da dorsal médio-oceânica, registam-se anomalias magnéticas


___ porque ___.
(A) positivas … o campo magnético terrestre atual é inverso.
(B) negativas … o campo magnético terrestre atual é normal.
(C) positivas … há formação de rochas de tipo basáltico.
(D) negativas … há formação de rochas de tipo granítico.

11.Tendo presentes os métodos de estudo do interior da geosfera, selecione opção que


classifica corretamente as afirmações I a III.
I. Se um dado corpo apresenta diferentes valores de aceleração da gravidade, em diferentes
pontos da geosfera, à mesma latitude e altitude, é porque a densidade dos seus
constituintes é variável.
II. A atividade sísmica e vulcânica das margens tectonicamente ativas permite o estudo
indireto da geosfera.
III. O grau geotérmico diminui com a aproximação à dorsal atlântica médio-oceânica.

(A) I e III são verdadeiras; II é falsa.


(B) I e II são verdadeiras; III é falsa.
(C) II é verdadeira; I e III são falsas.
(D) II e III são verdadeiras; I é falsa.

12.Nos limites de placas em que ocorrem processos de formação de depósitos minerais


metálicos, como por exemplo de ouro, com densidade da ordem dos 19 g/cm³, registam-se
anomalias gravimétricas. Classifique, justificando, estas anomalias.

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