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DIREITO CONSTITUCIONAL

Princípios Fundamentais II
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PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS II

Art. 2º. SEPARAÇÃO DOS PODERES

• Poderes da União: Executivo, Legislativo e Judiciário.


Segundo a Constituição, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são
independentes e harmônicos entre si.

• Posicionamento constitucional do Ministério Público, da Defensoria


Pública e do Tribunal de Contas:
De forma quase pacífica, a doutrina entende que o Ministério Público não
pertence a nenhum dos Poderes e, portanto, seria independente e autô-
nomo, bem como o Tribunal de Contas, que auxilia o Poder Legislativo,
mas não se subordina a ele.

Os membros do Congresso Nacional (Deputados e Senadores) são auxilia-


dos pelos membros do TCU e, em crime comum, é o Supremo Tribunal Federal
que os julga.
No âmbito estadual, há a Assembleia Legislativa, composta por Deputados
Estaduais, e também o Tribunal de Contas do Estado. O Deputado Estadual é
julgado pelo Tribunal de Justiça, e o membro do Tribunal de Contas, pelo Supe-
rior Tribunal de Justiça.
No DF, igualmente: o Deputado Distrital é julgado pelo Tribunal de Justiça,
mas o Conselheiro do TCDF, pelo STJ.
No que diz respeito à Câmara dos Vereadores, o Vereador não tem foro espe-
cial, logo, quem o julga é um Juiz de Primeiro Grau.
A Câmara dos Vereadores tem auxílio do TCE ou do TCM, e o Conselheiro do
TCM é julgado pelo STJ.

Atenção!
Para provas de concurso, o posicionamento que mais interessa é o da
Defensoria Pública.
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A Defensoria Pública é uma instituição que tem ganhado muita relevância,


havendo inúmeras emendas constitucionais recentes sobre ela, embora o Poder
Executivo não legitime a sua importância crescente.
Em caso do STF, a Defensoria encaminhou um orçamento dentro dos limites
da LDO para o Governador de determinado Estado, que promoveu cortes nele e,
não satisfeito, inseriu a Defensoria dentro da Estrutura da Secretaria de Justiça.

 Obs.: Todo órgão encaminha seu orçamento para ser gerenciado pelo Poder
Executivo. No âmbito federal, é o Presidente da República e, no âmbito
estadual, o Governador.

Sabe-se, no entanto, que o Governador só pode promover cortes no orça-


mento quando este está fora dos limites da LDO e que as Secretarias são como
os Ministérios. Assim, a Secretaria de Justiça de um Estado faz parte do organo-
grama do Poder Executivo.
Na visão do Governador daquela Unidade de Federação, a Defensoria estava
dentro da Secretaria de Justiça, fazendo parte do Poder Executivo.
Ao julgar esse caso (muito incidente em provas de concurso), o STF aceitou
uma ADPF (arguição por descumprimento a preceito fundamental), ou seja, uma
ação do controle concentrado, e decidiu que havia violação a um princípio fun-
damental – o princípio da autonomia da Defensoria Pública –, que deveria ser
respeitado pelo Governador.
Assim, o posicionamento do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da
Defensoria também são independentes. Nenhum deles tem relação de subordi-
nação aos demais Poderes da República.
De forma ilustrada, eles seriam como satélites gravitando em torno dos pla-
netas, que corresponderiam aos Poderes.

• Teoria dos freios e contrapesos (checks and balances – Montesquieu):


Montesquieu desenvolveu a teoria dos freios e contrapesos, que também
recebe outros nomes: checks and balances, checks and counters checks,
pesos e contrapesos, freios e contrafreios.
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De acordo com essa teoria, nenhum Poder se sobrepõe a outro, mas todos
vivem em relação de interdependência e harmonia.
Há três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário, e nenhum domina o outro.
O Ministro do Supremo Tribunal Federal é escolhido pelo Poder Executivo,
por meio do Presidente, e trabalha no Judiciário.
O Senado Federal, representando o Poder Legislativo, faz a sabatina do nome.
Em relação ao aumento da remuneração dos Servidores da Câmara, que faz
parte do Poder Legislativo, uma proposta deve ser iniciada pelo próprio Legisla-
tivo. Aprovando-se o Projeto de Lei pela Câmara e pelo Senado, ele vai para o
Executivo, para sanção ou veto.
Se o Presidente tiver sancionado, ainda há participação do Judiciário, que
pode declarar a norma inconstitucional.
Portanto, um Poder sempre freia a ação do outro.
A teoria de Montesquieu assevera que cada Poder tem funções típicas (fun-
ções principais), mas também exerce funções atípicas ou secundárias (funções
do outro Poder).
Assim, a função típica do Executivo é executar ou administrar, do Legislativo
é legislar e também fiscalizar, e do Judiciário, julgar.
Apesar disso, todos exercem também a função do outro: o Executivo não só
administra, mas legisla (por meio de medida provisória, decreto autônomo e lei
delegada) e julga (fazendo PAD de seus servidores); o Legislativo administra (con-
cedendo hora extra, por exemplo) e julga (Presidente da República em crime de
responsabilidade), e o Judiciário também administra (concedendo férias ou licença
aos seus servidores, por exemplo) e legisla (redigindo seu regimento interno).

PODER FUNÇÕES TÍPICAS FUNÇÕES ATÍPICAS


L: MP/DA/LD
Executivo Administrar
J: PAD Serv
A: Hora Extra
Legislativo Legislar e Fiscalizar
J: PR em CR
A: Férias
Judiciário Julgar
L: RI
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Atenção!
Os artigos mais importantes dentro dos Princípios Fundamentais são os artigos
1º e 2º, que dominam a maior parte de questões de prova.

Art. 3º – OBJETIVOS INTERNOS DA RFB


Os objetivos internos são metas distribuídas pelo constituinte. Ao mesmo
tempo em que se reconhece que determinado objetivo não foi alcançado, busca-
-se atingi-lo, a fim de se construir uma sociedade livre, justa e solidária (CON);
garantir o desenvolvimento nacional (GA); promover o bem-estar de todos (PRO);
erradicar a pobreza (ER) e reduzir as desigualdades (RE).
Mnemômico: CON – GA – PRO – ER – RE

O pulo do gato
Algumas bancas, como a Fundação Carlos Chagas (FCC), cobram a literalidade
da Constituição: copiam texto Constituição, alterando apenas uma pequena
parte, para enganar o candidato.
Outras bancas promovem a substantivação dos verbos, substituindo, por
exemplo, o texto “construir uma sociedade livre, justa e solidária” por “a
construção de uma sociedade livre, justa e solidária”. Assim, construir se torna
construção; promover, promoção, e erradicar, erradicação.
Por essa razão, o candidato deve ter em mente que não importa se o texto
utiliza verbo ou substantivo, basta ser uma meta, para se concluir que trata de
um objetivo.

• Normas de caráter programático

É importante destacar que as normas do artigo 3º, 4º e 6º são normas de


caráter programático.
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O professor José Afonso da Silva distinguiu as normas entre normas de efi-


cácia plena, contida e limitada, e diferenciou essa última em: normas de eficácia
limitada de princípio institutivo e de caráter programático, ou seja, as programá-
ticas são “filhas” das limitadas.
Na Constituição, as normas de caráter programático são: artigos 3º (Objeti-
vos Internos), 4º (Princípio nas Relações Internacionais), 6º (Direitos Sociais da
Constituição), 196 (Saúde) e 205 (Educação).
As normas programáticas são caracterizadas por serem dirigidas ao gover-
nante e não aos cidadãos. A saúde e a educação, por exemplo, são deveres do
Estado e direitos de todos.
Dessa forma, cabe ao Estado implementar políticas públicas para garantir a
saúde, a educação e os direitos sociais, bem como erradicar a pobreza e reduzir
a desigualdade.

Art. 4º – PRINCÍPIOS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

• Concessão de asilo político


• Diferenciação entre asilo e refúgio

O refúgio é um gênero, e o asilo está dentro dele. O primeiro é dado para


perseguição política, étnica, social, sexual e religiosa, e o segundo, para perse-
guição meramente política.

• O caso “Cesare Battisti”

No caso “Cesare Battisti”, o Brasil deferiu refúgio político para o italiano, e a


Itália ingressou com pedido de extradição.
No Direito Administrativo, existem atos vinculados e atos discricionários. A
concessão de refúgio é um ato vinculado, conforme o STF. Na hipótese, esse
Tribunal afirmou que não estariam presentes os requisitos para se conceder o
refúgio, afastando, portanto, o refúgio que havia sido concedido pelo governo
brasileiro.
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O italiano havia cometido quatro crimes de homicídio, sendo necessário dis-


cernir se eram crimes comuns ou políticos, uma vez que, na primeira situação,
pode-se extraditar, e na segunda, conceder asilo.
O Supremo Tribunal Federal entendeu que os crimes cometidos por Cesare
Battisti tinham natureza complexa, ou seja, dois caracteres ao mesmo tempo:
do comum e do político. Todavia, mesmo nesses casos, deveria prevalecer uma
natureza, de acordo com o Tribunal.
A decisão de extraditar, ou não, é própria do Presidente da República, sendo
ato soberano. Na sua decisão, o Presidente está vinculado ao Tratado Interna-
cional por ventura existente. No caso concreto, existia um Tratado Internacional,
que conectava o Brasil e a Itália.
Porém, mesmo vinculado e existindo Tratado Internacional, o Presidente em
questão não tinha a obrigação de extraditar. Sendo assim, atendendo à orien-
tação da Advocacia Geral da União – AGU, ele manteve o italiano no Brasil,
usando uma das exceções previstas no Tratado Internacional: a grave persegui-
ção pessoal.
Irresignada, a Itália recorreu ao Supremo Tribunal Federal, que atestou que a
decisão do Presidente da República é um ato soberano da República Federativa
do Brasil e, portanto, é insindicável, ou seja, não pode ser questionada por outro
país.

• Repúdio ao Terrorismo e ao Racismo


• A questão do Antissemitismo e do Antissionismo

O povo brasileiro é pacífico e não prega a intervenção nos Estados, pelo con-
trário.

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Dois princípios nas Relações Internacionais têm alta incidência em provas: a
concessão de asilo político e o repúdio ao Terrorismo e ao racismo.
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Um caso do Supremo Tribunal Federal tratou da escrita de livros ofensivos


aos judeus por determinado autor.
Ao ganhar repercussão, porquanto o livro foi para as bancas, o autor alegou
que tinha liberdade de expressão e, portanto, sua atitude não se caracterizaria
crime. A liberdade de expressão, no entanto, não autoriza que se pratique crimes
se valendo de um livro.

 Obs.: Existem dois crimes imprescritíveis no Direito brasileiro, o racismo e o


golpe de Estado (Ação de Grupos Armados Civis ou Militares contra o
Estado Democrático de Direito), o que significa que o Estado nunca perde
o direito de punir.

Na hipótese, não houve racismo, uma vez que o escritor não fez a afirmação
de que os judeus não pertenciam à raça humana, porém a conduta do autor se
assemelha à prática de antissemitismo (contra os judeus, povo semita) e antis-
sionismo (judeu = povo da terra de Sion).
Assim sendo, o STF alegou que o antissemitismo e o antissionismo são equi-
parados ao racismo, sendo correta, portanto, a afirmação de que o antissemi-
tismo é imprescritível.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Aragonê.

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