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​Teste de avaliação de Português - 9º ano

Versão 2

Grupo I - Parte A

​Lê o texto seguinte.


Continuamos esmagados pelos Descobrimentos?
As descobertas são o período da história que hoje parece dizer mais aos
portugueses, mas nem sempre foi assim. Se a escola não mudar, aliás, elas correm o
risco de ser uma memória cada vez mais distante. Feita de glórias de navegadores,
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mas também do trabalho de homens comuns, de dúvidas e de corrupção.
Muitas são as perguntas que surgem quando procuramos explicar a relação especial que
os portugueses mantêm com os Descobrimentos, mas será que os conhecem? Será que é
10 por eles que o mar tem um papel tão importante na cultura portuguesa, no seu imaginário,
ou é só porque geograficamente Portugal é um país pequeno com uma costa grande?
Fizemos estas e outras perguntas a dois historiadores e a um poeta e ensaísta. Quisemos
saber, sobretudo, se os portugueses ainda estão, de alguma forma, “esmagados” pela
memória de uma época em que tinham outro papel no mundo. Uma época em que havia
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Portugal em todos os continentes.
Vasco Graça Moura, poeta e ensaísta, que entre 1988 e 1995 presidiu à Comissão
Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, reconhece que
continuamos “marcados” pelo que Portugal foi capaz de fazer a partir do começo do século
20 XV, mas que essa memória, tantas vezes de olhos fechados à dura realidade do dia a dia
do país nessa época e carregada de mitificações, não molda o que somos hoje nem limita
a leitura que fazemos do passado — ajuda, antes, a compreendê -lo.
“Temos um peso, uma carga histórica”, começa por dizer sentado no seu gabinete do
Centro Cultural de Belém, de que é hoje presidente. “Sabemos que tivemos importância
25 em relação ao mar, aos caminhos que ele abre. Isto mesmo quando não sabemos nada de
história e não lemos ​Os Lusíadas.​ Por outro lado, há um sentimento de impotência
disfarçada de que hoje só vivemos dificuldades e ainda não encontrámos uma maneira de
as ultrapassar, embora possamos pressentir que no mar pode estar a chave para a
solução de muitos problemas.”
Em tempos de crise como a que a Europa atravessa, com duros reflexos em Portugal, há
uma certa tendência para fazer comparações “disparatadas” entre um presente amargo e
um “passado de glória” que teve grandes protagonistas como o infante D. Henrique, Vasco
da Gama, Afonso de Albuquerque ou Fernão de Magalhães, lembra Graça Moura.

Lucinda Canelas, in ​Público online,​ 26 de setembro de 2009 (texto adaptado, acedido em janeiro de 2013).

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Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. ​As afirmações apresentadas de (A) ​a ​(G) correspondem a ideias-chave do texto de
Lucinda Canelas. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas
ideias aparecem no texto. Começa a sequência pela letra (G)​.

(A) Quando se procura entender a relação que os portugueses têm com os Descobrimentos,
surgem muitas perguntas.
(B) Um dos entrevistados reconheceu que os Descobrimentos, que tanto marcaram o povo
português, não alteram a nossa atual forma de ser.
(C) Hoje há a tendência para comparações irrealistas entre o tempo dos Descobrimentos e o
tempo presente.
(D) A crise da Europa tem reflexos em Portugal.
(E) Algumas personalidades da nossa cultura responderam a certas questões sobre a relação
que os portugueses têm com os Descobrimentos.
(F) Persiste a ideia de que as dificuldades do presente são inultrapassáveis, embora se acredite
no papel do mar como chave para os problemas nacionais.
(G) As descobertas dizem hoje muito aos portugueses, mas nem sempre foi assim.

2. Seleciona, para responderes a cada item (2.1 a 2.3), a única opção que permite obter
uma afirmação adequada ao sentido do texto.
2.1 Os Descobrimentos
(A) nunca foram importantes para os portugueses.
(B) sempre foram importantes para os portugueses.
(C) são hoje menos importantes para os portugueses do que noutras épocas.
(D) são hoje mais importantes para os portugueses do que noutras épocas.
2.2 Vasco Graça Moura defende que a memória dos Descobrimentos
(A) também é feita de mitos.
(B) engloba as dificuldades do país de então.
(C) considera a dureza da época e as mitificações.
(D) é feita de dureza e de mitos.
2.3 As comparações “disparatadas” que são feitas hoje entre o presente e o passado
devem-se
(A) à crise europeia, com reflexos em Portugal.
(B) ao facto de os heróis do passado serem incomparáveis aos do presente.
(C) à incapacidade que temos hoje em chegar à glória.
(D) ao facto de o presente ser totalmente oposto ao passado.
3. Seleciona as opções que correspondem às afirmações verdadeiras, de acordo com o
sentido do texto. Escreve o número do item e a letra que identifica cada opção escolhida.
(A) O pronome “elas” (l. 3) refere-se a “descobertas”.
(B) O pronome “os” (l. 7) refere-se a “portugueses”.
(C) O pronome “que” (l. 15) refere-se a “Vasco Graça Moura”.
(D) O pronome “ele” (l. 23) refere-se a “mar”.

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Parte B
Lê o texto e responde, de uma forma completa e bem estruturada, aos seguintes itens.
119 123
Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Tirar Inês ao mundo determina,
Que os corações humanos tanto obriga, Por lhe tirar o filho que tem preso,
Deste causa à molesta morte sua, Crendo co sangue só da morte indina
Como se fora pérfida inimiga. Matar do firme amor o fogo aceso.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua Que furor consentiu que a espada fina
Nem com lágrimas tristes se mitiga, Que pôde sustentar o grande peso
É porque queres, áspero e tirano, Do furor Mauro, fosse alevantada
Tuas aras banhar em sangue humano. Contra ~ua fraca dama delicada?
120 (...)
133
Estavas, linda Inês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto, Bem puderas, ó Sol, da vista destes,
Naquele engano da alma, ledo e cego, Teus raios apartar aquele dia,
Que a Fortuna não deixa durar muito, Como da seva mesa de Tiestes,
Nos saüdosos campos do Mondego, Quando os filhos por mão de Atreu comia !
De teus fermosos olhos nunca enxuto, Vós, ó côncavos vales, que pudestes
Aos montes ensinando e às ervinhas A voz extrema ouvir da boca fria,
O nome que no peito escrito tinhas. O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,
(…) Por muito grande espaço repetistes.

134 135
Assi como a bonina, que cortada As filhas do Mondego a morte escura
Antes do tempo foi, cândida e bela, Longo tempo chorando memoraram,
Sendo das mãos lacivas maltratada E, por memória eterna, em fonte pura
Da minina que a trouxe na capela, As lágrimas choradas transformaram.
O cheiro traz perdido e a cor murchada: O nome lhe puseram, que inda dura,
Tal está, morta, a pálida donzela, Dos amores de Inês, que ali passaram.
Secas do rosto as rosas e perdida Vede que fresca fonte rega as flores,
A branca e viva cor, co a doce vida. Que lágrimas são a água e o nome Amores.
Luís de Camões, ​Os Lusíadas

4. ​Na estância 119, Camões explicita o responsável pela morte daquela «Que despois de ser
morta foi Rainha» (est.​ ​118).
4.1. ​A quem atribui tal responsabilidade?
4.2. ​Como é caracterizada essa entidade? Ilustra com expressões do texto.
4.3. ​Que recurso expressivo é utilizado pelo Poeta para se dirigir a essa entidade?
5.​ Centra a tua atenção na estância 120.
5.1. ​Caracteriza a figura feminina física e psicologicamente.
6. ​Explica os versos 1-4 da estância 123.

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7. ​A estância 133 manifesta claramente a reprovação do Poeta perante o sucedido.
7.1. ​Fundamenta esta afirmação transcrevendo uma comparação presente na estrofe.
7.2. ​Identifica outros recursos expressivos nela presentes, explicitando a sua expressividade.
8. ​Atenta na caracterização da donzela, depois de morta, na estrofe 134 ​e explicita a comparação
estabelecida.
9.​ Refere a função da Natureza neste episódio.
9.1. ​Que recurso expressivo lhe está associado?
10. ​Identifica os indícios do destino trágico da protagonista presentes neste excerto.
11. ​Insere as estâncias de Os Lusíadas na estrutura externa e interna da obra.
11.1. ​Identifica o narrador e o narratário deste episódio.
11.2. Faz a escansão do seguinte verso: «Que os corações humanos tanto obriga,» e classifica-o
quanto ao número de sílabas.

GRUPO II

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são
dadas.
1.​ Identifica e classifica as orações subordinadas nas frases seguintes.
a)​ «Deste causa à molesta morte sua,/ Como se fora pérfida inimiga.​»
b)​ «Aos montes ensinando e às ervinhas /O nome que no peito escrito tinhas.»
2. Seleciona, para responderes a cada item, a única opção que permite obter uma afirmação
correta.
2.1. ​No verso « (…) com força crua,/ ​Que os corações humanos tanto obriga,/ Deste causa à
molesta morte sua,», a palavra destacada é
a) ​um pronome relativo. ​c) ​uma conjunção subordinativa causal.
b) ​uma conjunção subordinativa completiva. d) ​uma conjunção coordenativa
explicativa.

2.2 A oração subordinada introduzida pela palavra destacada em « (…) com força crua,/ Que os
corações humanos tanto obriga,/ Deste causa à molesta morte sua,» é
a)​ coordenada explicativa ​b)​ adjetiva relativa explicativa ​c)​ adverbial causal
d) ​adjetiva relativa restritiva​ e) ​substantiva completiva

3. ​Reescreve a expressão substituindo os elementos sublinhados pelo pronome pessoal


adequado.
Se tivessem vivido no século XIV teriam compreendido melhor ​a decisão do rei​.

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4. ​Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de
modo a identificares a subclasse dos verbos.

Coluna A Coluna B
a)​ O príncipe vingou a morte da sua 1. ​Verbo intransitivo
amada.
2. ​Verbo copulativo.
b) ​«A estas criancinhas tem respeito»
3. ​Verbo transitivo indireto.
c) ​A donzela todo o tempo suspirava.
4. ​Verbo transitivo direto
d) ​«Que lágrimas são a água e o nome
Amores.»
5. ​Identifica as funções sintáticas dos constituintes destacados nas frases seguintes.
a) ​Uma decisão foi exigida ​pelos carrascos e pelo povo ​ao rei.
b) ​«Bem puderas, ​ó Sol​, da vista destes,»

6. ​Reescreve a frase abaixo na voz ativa.


Séculos de literatura seriam inspirados pela legenda do túmulo da donzela.

7.​Reescreve a frase ​O professor tinha-me pedido que lesse este episódio aos meus colegas
na sala de aula
pronominalizando o complemento direto presente na oração subordinada substantiva
completiva.

8. ​Justifica a utilização da vírgula no verso: «O nome do seu Pedro, que lhe ouvistes,»

Grupo III
Nos livros, nos filmes, nas bandas desenhadas ou mesmo na nossa família ou no nosso ciclo de
amigos conhecemos personagens que nunca esquecemos e que, frequentemente, passamos a
considerar heróis.
Escreve um ​texto argumentativo, ​com um mínimo de 180 ​e um máximo de 220 palavras ​em
que apresentes a tua posição relativamente à importância dos heróis na nossa vida e no nosso
crescimento.
O teu texto deve incluir:
1.​ Introdução — apresentação do teu ponto de vista sobre este tema.
2. ​Desenvolvimento — apresentação dos teus argumentos e de eventuais exemplos.
3.​ Conclusão — reforço da tua opinião.
Revê cuidadosamente o teu texto.
Indica na folha de respostas o número de palavras utilizadas.

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