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Parceiria
mas vejamos só: o infinito veio habitar no finito; aquele que nem mesmo
os céus podem contê-lo e diante de quem as colunas do céu
estremecem, veio habitar em tenda feita por mãos humanas, fabricada
de madeira, metais e pano. Deus é mesmo surpreendente!
(a) Pátio ou Átrio. Era a parte externa do Tabernáculo, cercada por cortinas
brancas de “linho fino torcido” e que alcançavam os dois metros de altura.
Ninguém de fora podia ver o que acontecia ali, a menos que adentrasse com
uma oferta para o holocausto. No pátio estavam as duas primeiras peças: o
altar do holocausto (cujo fogo devia ser mantido acesso continuamente) e
também a pia de bronze onde os oficiais do culto (sacerdotes e levitas) se
lavavam. Mesas para o sacrifício de animais e bacias para o sangue ser
carregado também ficavam ali. Era o mais próximo que os homens comuns
podiam chegar do santuário propriamente.
(b) Altar do holocausto. De frente para a porta de entrada, feito de madeira
revestida em bronze, era o altar onde se queimavam as ofertas pelo pecado.
Sacrifícios eram oferecidos ali diariamente. Nem o sacerdote poderia entrar no
santuário, nem o sumo sacerdote poderia entrar no lugar Santíssimo, a menos
que se oferecesse oferta pelo pecado neste altar. Somente os limpos de
coração podem chegar a Deus! (Mt 5.8)
(c) Pia de bronze. Confeccionado com espelhos de bronze ofertados pelas
mulheres – Deus abençoe as colaboradoras femininas de sua obra! – a pia de
bronze era o lavatório dos oficiais do culto. Para entrar na presença de Deus é
preciso primeiro a lavagem “da água da palavra” (Ef 5.26).
(d) A tenda do testemunho. Era o tabernáculo propriamente dito, a casa
portátil, a “casa de ouro”, como chamou Jan Rouw e Paul Kiene, devido estar
revestida de ouro em seu interior. Dividida em dois ambientes: o lugar Santo e
o lugar Santíssimo, ou Santo dos Santos, separados por um grosso e pesado
véu. Como bem pontua a nota de rodapé para Êxodo 25.9 da Bíblia de Estudo
Pentecostal, “Era chamado o ‘Tabernáculo [ou tenda] do Testemunho’
(38.21) porque continha os dez mandamentos. Os dez mandamentos
lembravam sempre ao povo da santidade de Deus e das suas leis sobre
o viver do seu povo escolhido”.
(e) Lugar Santo. Primeiro ambiente do santuário, onde somente os
sacerdotes e sumos-sacerdotes podiam entrar e ministrar. Os demais levitas,
auxiliares do culto, só podiam trabalhar no pátio externo. No lugar santo
ficavam três utensílios revestidos de ouro: (1) candelabro, para manter o
ambiente iluminado, já que era todo fechado, sem ventilação e sem luz externa;
(2) mesa dos pães da proposição, com doze pães representando as tribos de
Israel e o alimento que Deus era para elas; (3) o altar do incenso, junto ao véu
que separava o Santo do Santíssimo, e onde especiarias aromáticas eram
oferecidas a Deus, exalando bom odor no santuário. Diariamente os sacerdotes
entravam nesse ambiente para ministrar ao Senhor.
(f) Lugar santíssimo. A parte que demandava maior reverência em todo o
Tabernáculo, porque ali estava guardada a arca de ouro, chamada de “arca da
aliança” ou “arca do testemunho”, que guardava em seu interior as tábuas dos
mandamentos, a vara de Arão que floresceu e um pouco do maná do deserto.
Por cima desta arca (literalmente caixão ou baú), estava a tampa do
propiciatório, com imagens de dois querubins alados esculpidas e sobre a qual
o apenas o sumo-sacerdote, e apenas uma vez ao ano no Dia da Expiação,
oferecia oferta a Deus por todo o povo.
III. A relação tipológica entre o
tabernáculo e a Igreja
1. O que é tipologia?
Uma das primeiras coisas de que precisamos nos inteirar nesse início de
trimestre é sobre a tipologia bíblica. Afinal, todos as nossas Lições
trabalharão com tipos de Cristo, da Igreja e do céu. Tipologia é o estudo
dos tipos, e o tipo bíblico é, nas palavras de Abraão de Almeida, “uma
representação pré-ordenada, pela qual pessoas, eventos e instituições
do Antigo Testamento prefiguram pessoas, eventos e instituições do
Novo Testamento. São figuras, ou lições, pelos quais Deus tem ensinado
a seu povo o seu plano redentor e seus elevados propósitos para a vida
cristã. São uma mostra de coisas vindouras e não a verdadeira imagem
dessas coisas (Cl 2.17; Hb 8.5; 10.1)” [2].
Tipos não são parábolas nem metáforas, mas pessoas, coisas ou fatos reais
que serviram para ilustrar verdades igualmente reais, porém, espirituais e
superiores aos próprios tipos. Os tipos são sombras que antecipam a realidade,
e a realidade é chamada de antítipo. Por exemplo, Adão é um tipo de Cristo,
logo, Cristo é o antítipo de Adão (Rm 5.14). A palavra grega
para tipo é typos, e pode ser traduzida por “exemplo”, “modelo” ou “figura”. No
estudo da tipologia bíblica, três coisas são importantes serem destacadas:
(1) Os tipos estão no Antigo Testamento, enquanto os antítipos estão no Novo
Testamento. Não há tipos no Novo Testamento;
(2) Os tipos foram idealizados por Deus e não são mera interpretação
teológica;
(3) É preciso moderação e cautela na interpretação dos tipos, buscando ater-
se ao máximo à revelação e iluminação neotestamentária, com vistas a
evitarmos interpretações abusivas e fantasiosas dos tipos
veterotestamentários.
Este último ponto requer muita atenção. Por exemplo, a Bíblia em ordem
cronológica (editora Vida), traz um estudo que, a nosso ver, exagera na
interpretação da tipologia bíblica ao afirmar que “Jesus nasceu na mesma
época em que nasciam os cordeiros da Páscoa”, devido João Batista tê-lo
chamado de “cordeiro de Deus”, e que “o ‘macho de um ano’ (Êx 12.5)
nascia no mês de abril, um ano antes da Páscoa”; sem uma conexão
necessária entre os fatos, o estudo segue dizendo que “o véu, então parte do
tabernáculo, foi levantado pela primeira vez no Sinai em 1° de abril de
1461 a.C. (Êx 40.17)”, e que em vistas do véu representar o corpo de Jesus
(Hb 10.5,10,20), o estudo conclui que “essa é uma evidência de que Jesus
nasceu em 1° de abril”. Confuso e exagerado! A tipologia bíblica não
pretende servir como régua definidora de doutrina, nem muito menos recurso
aferidor de datas, nomes de pessoas, lugares ou eventos secretos.
Definitivamente não é possível concluir, nem é adequado especular, o
nascimento de Jesus com base na tipologia, pois esse seria um uso abusivo
dos fatos e uma extrapolação dos limites do sentido de cada tipo.
2. A importância dos aspectos tipológicos do tabernáculo
Elienai Cabral destaca que “cada detalhe da estrutura física, seus objetos,
metais e madeiras, tecidos e bordados, peles e cores, estavam na mente
de Deus como significados simbólicos e tipológicos voltados para revelar
o seu caráter e a sua glória” [3]. Tanto o apóstolo Paulo quanto o autor da
carta aos Hebreus destacam o valor dos tipos do Antigo Testamento:
“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras [gr. typos], e estão escritas
para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1Co
10.11)
“Os quais servem de exemplo [gr. hypodeigma] e sombra [gr. skia] das
coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para
acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o
modelo [gr. typos] que no monte se te mostrou” (Hb 8.5)
Na famosa obra do início do século passado, Ada Habershon explica as razões
para estudarmos os tipos bíblicos:
O próprio Deus lhes atribui muito valor. Foi seu Espírito quem os
projetou; Hebreus nos ensina, pois, que na construção do Tabernáculo
todos os pormenores foram por ele planejados. Ao falar do véu que
dividia o Lugar Santo do Santo dos Santos, o escritor diz: ‘Com isto, o
Espírito Santo estava mostrando que ainda não havia sido manifestado o
caminho para o Santo dos Santos, enquanto ainda permanecia o
primeiro Tabernáculo’.
Havia significado naquele véu; não era mera cortina divisória entre as
duas partes do Tabernáculo, mas tinha o propósito de transmitir uma
lição grandiosa. [4]
De fato, como veremos ao longo deste trimestre, tanto os utensílios, como os
metais e tecidos, as cores e até o cumprimento de cada mobília ou ambiente
do tabernáculo prefiguravam pessoas ou eventos do Novo Testamento e da
eternidade.