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O grande Tabernáculo eterno, ou seja, a nova Jerusalém, a cidade santa

e celestial, capital do reino eterno do Senhor, está sendo construído pelo


próprio Deus (Jo 14.2; Ap 21.1-3), enquanto que o Tabernáculo terreno
fora “feito por mãos humanas” e é apenas “figura” do verdadeiro (Hb
9.24).

Parceiria

Êx 25.1-8; 35.5-9). De fato, o povo demonstrou grande prontidão e


liberalidade na contribuição: “Os filhos de Israel trouxeram oferta
voluntária ao Senhor, a saber, todo homem e mulher cujo coração se
dispôs para trazerem uma oferta para toda a obra que o Senhor havia
ordenado que se fizesse por meio de Moisés” (Êx 35.29). É bom quando
suavemente respondemos ao chamado de Deus e aceitamos ser
parceiros seus em sua obra!

Deus arquitetou o tabernáculo


Diferentemente do grande Templo nos dias dos reis de Israel, idealizado por
Davi e construído por Salomão, o Tabernáculo do deserto foi idealizado por
Deus e construído sob suas ordens e diretrizes. A construção do Tabernáculo
foi feita conforme “o manual do fabricante”, que revelou a Moisés no monte
Sinai todas as imagens quanto ao Tabernáculo e seus utensílios. “Segundo
tudo o que eu mostrar a você como modelo do tabernáculo e modelo de
todos os seus móveis, assim vocês o farão”, disse Deus a Moisés (Êx
25.9).

O plano térreo do tabernáculo


As dimensões do tabernáculo, incluindo o pátio cercado por cortinas, não era
imenso, mas relativamente pequeno: 50 metros de fundo por 25 metros de
largura. É inusitado refletirmos como Deus pôde ter dito que habitaria ali
naquela tão modesta tenda (Êx 25.8).

mas vejamos só: o infinito veio habitar no finito; aquele que nem mesmo
os céus podem contê-lo e diante de quem as colunas do céu
estremecem, veio habitar em tenda feita por mãos humanas, fabricada
de madeira, metais e pano. Deus é mesmo surpreendente!

Aplicação: DEUS HABITA EM NOS.

(a) Pátio ou Átrio. Era a parte externa do Tabernáculo, cercada por cortinas
brancas de “linho fino torcido” e que alcançavam os dois metros de altura.
Ninguém de fora podia ver o que acontecia ali, a menos que adentrasse com
uma oferta para o holocausto. No pátio estavam as duas primeiras peças: o
altar do holocausto (cujo fogo devia ser mantido acesso continuamente) e
também a pia de bronze onde os oficiais do culto (sacerdotes e levitas) se
lavavam. Mesas para o sacrifício de animais e bacias para o sangue ser
carregado também ficavam ali. Era o mais próximo que os homens comuns
podiam chegar do santuário propriamente.
(b) Altar do holocausto. De frente para a porta de entrada, feito de madeira
revestida em bronze, era o altar onde se queimavam as ofertas pelo pecado.
Sacrifícios eram oferecidos ali diariamente. Nem o sacerdote poderia entrar no
santuário, nem o sumo sacerdote poderia entrar no lugar Santíssimo, a menos
que se oferecesse oferta pelo pecado neste altar. Somente os limpos de
coração podem chegar a Deus! (Mt 5.8)
(c) Pia de bronze. Confeccionado com espelhos de bronze ofertados pelas
mulheres – Deus abençoe as colaboradoras femininas de sua obra! – a pia de
bronze era o lavatório dos oficiais do culto. Para entrar na presença de Deus é
preciso primeiro a lavagem “da água da palavra” (Ef 5.26).
(d) A tenda do testemunho. Era o tabernáculo propriamente dito, a casa
portátil, a “casa de ouro”, como chamou Jan Rouw e Paul Kiene, devido estar
revestida de ouro em seu interior. Dividida em dois ambientes: o lugar Santo e
o lugar Santíssimo, ou Santo dos Santos, separados por um grosso e pesado
véu. Como bem pontua a nota de rodapé para Êxodo 25.9 da Bíblia de Estudo
Pentecostal, “Era chamado o ‘Tabernáculo [ou tenda] do Testemunho’
(38.21) porque continha os dez mandamentos. Os dez mandamentos
lembravam sempre ao povo da santidade de Deus e das suas leis sobre
o viver do seu povo escolhido”.
(e) Lugar Santo. Primeiro ambiente do santuário, onde somente os
sacerdotes e sumos-sacerdotes podiam entrar e ministrar. Os demais levitas,
auxiliares do culto, só podiam trabalhar no pátio externo. No lugar santo
ficavam três utensílios revestidos de ouro: (1) candelabro, para manter o
ambiente iluminado, já que era todo fechado, sem ventilação e sem luz externa;
(2) mesa dos pães da proposição, com doze pães representando as tribos de
Israel e o alimento que Deus era para elas; (3) o altar do incenso, junto ao véu
que separava o Santo do Santíssimo, e onde especiarias aromáticas eram
oferecidas a Deus, exalando bom odor no santuário. Diariamente os sacerdotes
entravam nesse ambiente para ministrar ao Senhor.
(f) Lugar santíssimo. A parte que demandava maior reverência em todo o
Tabernáculo, porque ali estava guardada a arca de ouro, chamada de “arca da
aliança” ou “arca do testemunho”, que guardava em seu interior as tábuas dos
mandamentos, a vara de Arão que floresceu e um pouco do maná do deserto.
Por cima desta arca (literalmente caixão ou baú), estava a tampa do
propiciatório, com imagens de dois querubins alados esculpidas e sobre a qual
o apenas o sumo-sacerdote, e apenas uma vez ao ano no Dia da Expiação,
oferecia oferta a Deus por todo o povo.
III. A relação tipológica entre o
tabernáculo e a Igreja
1. O que é tipologia?
Uma das primeiras coisas de que precisamos nos inteirar nesse início de
trimestre é sobre a tipologia bíblica. Afinal, todos as nossas Lições
trabalharão com tipos de Cristo, da Igreja e do céu. Tipologia é o estudo
dos tipos, e o tipo bíblico é, nas palavras de Abraão de Almeida, “uma
representação pré-ordenada, pela qual pessoas, eventos e instituições
do Antigo Testamento prefiguram pessoas, eventos e instituições do
Novo Testamento. São figuras, ou lições, pelos quais Deus tem ensinado
a seu povo o seu plano redentor e seus elevados propósitos para a vida
cristã. São uma mostra de coisas vindouras e não a verdadeira imagem
dessas coisas (Cl 2.17; Hb 8.5; 10.1)” [2].
Tipos não são parábolas nem metáforas, mas pessoas, coisas ou fatos reais
que serviram para ilustrar verdades igualmente reais, porém, espirituais e
superiores aos próprios tipos. Os tipos são sombras que antecipam a realidade,
e a realidade é chamada de antítipo. Por exemplo, Adão é um tipo de Cristo,
logo, Cristo é o antítipo de Adão (Rm 5.14). A palavra grega
para tipo é typos, e pode ser traduzida por “exemplo”, “modelo” ou “figura”. No
estudo da tipologia bíblica, três coisas são importantes serem destacadas:
(1) Os tipos estão no Antigo Testamento, enquanto os antítipos estão no Novo
Testamento. Não há tipos no Novo Testamento;
(2) Os tipos foram idealizados por Deus e não são mera interpretação
teológica;
(3) É preciso moderação e cautela na interpretação dos tipos, buscando ater-
se ao máximo à revelação e iluminação neotestamentária, com vistas a
evitarmos interpretações abusivas e fantasiosas dos tipos
veterotestamentários.
Este último ponto requer muita atenção. Por exemplo, a Bíblia em ordem
cronológica (editora Vida), traz um estudo que, a nosso ver, exagera na
interpretação da tipologia bíblica ao afirmar que “Jesus nasceu na mesma
época em que nasciam os cordeiros da Páscoa”, devido João Batista tê-lo
chamado de “cordeiro de Deus”, e que “o ‘macho de um ano’ (Êx 12.5)
nascia no mês de abril, um ano antes da Páscoa”; sem uma conexão
necessária entre os fatos, o estudo segue dizendo que “o véu, então parte do
tabernáculo, foi levantado pela primeira vez no Sinai em 1° de abril de
1461 a.C. (Êx 40.17)”, e que em vistas do véu representar o corpo de Jesus
(Hb 10.5,10,20), o estudo conclui que “essa é uma evidência de que Jesus
nasceu em 1° de abril”. Confuso e exagerado! A tipologia bíblica não
pretende servir como régua definidora de doutrina, nem muito menos recurso
aferidor de datas, nomes de pessoas, lugares ou eventos secretos.
Definitivamente não é possível concluir, nem é adequado especular, o
nascimento de Jesus com base na tipologia, pois esse seria um uso abusivo
dos fatos e uma extrapolação dos limites do sentido de cada tipo.
2. A importância dos aspectos tipológicos do tabernáculo
Elienai Cabral destaca que “cada detalhe da estrutura física, seus objetos,
metais e madeiras, tecidos e bordados, peles e cores, estavam na mente
de Deus como significados simbólicos e tipológicos voltados para revelar
o seu caráter e a sua glória” [3]. Tanto o apóstolo Paulo quanto o autor da
carta aos Hebreus destacam o valor dos tipos do Antigo Testamento:
“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras [gr. typos], e estão escritas
para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1Co
10.11)
“Os quais servem de exemplo [gr. hypodeigma] e sombra [gr. skia] das
coisas celestiais, como Moisés divinamente foi avisado, estando já para
acabar o tabernáculo; porque foi dito: Olha, faze tudo conforme o
modelo [gr. typos] que no monte se te mostrou” (Hb 8.5)
Na famosa obra do início do século passado, Ada Habershon explica as razões
para estudarmos os tipos bíblicos:

O próprio Deus lhes atribui muito valor. Foi seu Espírito quem os
projetou; Hebreus nos ensina, pois, que na construção do Tabernáculo
todos os pormenores foram por ele planejados. Ao falar do véu que
dividia o Lugar Santo do Santo dos Santos, o escritor diz: ‘Com isto, o
Espírito Santo estava mostrando que ainda não havia sido manifestado o
caminho para o Santo dos Santos, enquanto ainda permanecia o
primeiro Tabernáculo’.
Havia significado naquele véu; não era mera cortina divisória entre as
duas partes do Tabernáculo, mas tinha o propósito de transmitir uma
lição grandiosa. [4]
De fato, como veremos ao longo deste trimestre, tanto os utensílios, como os
metais e tecidos, as cores e até o cumprimento de cada mobília ou ambiente
do tabernáculo prefiguravam pessoas ou eventos do Novo Testamento e da
eternidade.

3. A Igreja de Cristo é o tabernáculo de Deus na terra


A principal referência dos tipos é a própria pessoa do Senhor Jesus. Suas
obras e seu povo – a Igreja – também estão tipificados nos eventos do Antigo
Testamento. A eternidade de glória também está prefigurada, especialmente
pelo lugar santíssimo do Tabernáculo e a presença bendita de Deus que ali se
manifestava. Como pontuou Habershon, Aquele que é prefigurado nos tipos
não é um mero homem, mas é Iavé Deus – o grande EU SOU.
O apóstolo João diz que “O Verbo se fez carne e habitou entre nós, e
vimos a sua glória, glória como a do unigênito do Pai” (Jo 1.14). A palavra
grega para habitou é skenoo, que significa montar tenda ou tabernáculo.
Literalmente João está dizendo que Jesus tabernaculou entre nós! Assim
como Deus manifestava no tabernáculo de Moisés sua glória (hb. kabod, e
não shekinah, como se acostumou pensar devido uma tradição judaica extra-
bíblica), em Cristo Deus manifestou sua glória (gr. doxa) ainda mais poderosa.
Por isso é que João diz em seguida: “e vimos a sua glória, glória como do
unigênito do Pai”. Se Deus, de alguma forma se reduziu, para habitar no
tabernáculo de Moisés, Cristo, que é Deus encarnado, se esvaziou a si
mesmo (Fp 2.7), vestindo pele humana e sujeitando-se às limitações da vida
terrena. Com que objetivo? Aproximar-se ainda mais de nós! Já que o homem
feito à semelhança de Deus no Éden havia se vendido ao pecado, agora, o
próprio Deus se faz semelhante aos homens para resgatá-los do pecado e
compartilhar conosco a sua glória, glória maior que a do paraíso terreno nos
primórdios da criação!
Agora, é no interior de cada salvo que Cristo monta o seu Tabernáculo, a sua
casa (“Eu e o Pai viremos para ele e faremos nele morada” – Jo 14.23),
até que venha o Tabernáculo eterno de Deus, a cidade santa, a nova
Jerusalém, onde não mais provisoriamente, mas eternamente estaremos com o
Senhor! (Ap 21.2,3).
Conclusão
O trimestre está só começando. A Lição de hoje foi uma introdução a todo o
trimestre. Os pontos aqui abordados serão melhor detalhados a partir da
próxima Lição e aos poucos compreenderemos com o auxílio do Espírito Santo
a “profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus”
(Rm 11.33) no que concerne ao Tabernáculo de Moisés como prefiguração de
Jesus Cristo, de suas obras, de sua Igreja e do seu plano maravilhoso para
nossa salvação eterna!

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