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Guia DTM - Para dentistas e acadêmicos VICTORFERZELI

1
Guia DTM - Para
Copyright dentistas
© 2019 e acadêmicos
por Victor Ferzeli VICTORFERZELI

Olá,
sou Victor Ferzeli,
cirurgião dentista,
especialista em DTM
e Dores Orofaciais.
Com esse ebook, você (em
qualquer especialidade) terá
mais confiança na hora de
avaliar pacientes com DTM.

Vai estar mais preparado para


abordar esse tipo de situação
para saber explicar ao paciente
esses sintomas. 2
Diagramado por Vinícius N. Ferzeli
Guia DTM - Para dentistas e acadêmicos VICTORFERZELI

Conteúdo
01 O que é ATM?

02 O que é DTM?

03 Por que saber identificar uma DTM?

04 Sinais e sintomas da DTM

05 Questionário

06 Prováveis causas dos sintomas

07 Exames de imagem da ATM

08 Tratamentos

09 Tratamento ortodôntico e a DTM

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Guia DTM - Para dentistas e acadêmicos VICTORFERZELI

O que é a ATM?
Articulação [1]

Temporomandibular
Uma articulação situada a frente do ouvi-
do de ambos os lados, que você percebe
seu movimento ao tocar com seus dedos
indicadores, fazendo qualquer movimento
com sua boca na abertura ou simule uma
mastigação e sinta.

Ela é responsável pelos movimentos bu-


cais, desde pequenos até abertura total,
passando por movimentos de lateralidade
quando numa mastigação, por exemplo.

Encontra-se dentro de uma cápsula, pos-


suindo diversas estruturas internas: A de-
pressão, concavidade ou loja onde ela tra-
balha, denomina-se de fossa mandibular
(fm) a frente do conduto auditivo (ca) ou
ouvido.

[2]
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O osso que trabalha dentro dessa fossa Todas essas estruturas ficam dentro de
chama-se Côndilo (CO), parte mais alta uma cápsula, chamada de ligamento cap-
da mandíbula que irá se movimentar para sular (LC) que possui um líquido que as lu-
frente e para baixo ou para frente, para bai- brificam denominado líquido sinovial.
xo e para dentro.
CO
CO
LC

[5]

A todo movimento de abertura bucal, es-


sas estruturas estão simultaneamente em
concordância e em alguns movimentos,
uma articulação trabalha mais que outra,
daí a complexidade dessa articulação.

Desde a fase intrauterina essa articulação


[3] tem seu início até a fase adulta quando
todo o complexo está formado.
Para que essa estrutura óssea não se atri-
te com o osso da fossa, existe uma estru-Todo esse complexo de estruturas é emol-
tura fibrocartilaginosa denominada de dis-
durado por músculos que atuam direta-
co articular (DA) que se interpõe a essasmente na movimentação da mandíbula
estruturas para facilitar os movimentos. e consequentemente de formas de aber-
turas bucais, exemplo: para bocejar, para
Existem também estruturas denominadas cortar, mastigar alimentos, para engolir
de ligamentos (LG), essas estruturas são (deglutir), etc. Esses músculos devem atu-
limitadoras de movimentos cuja função ar normalmente sem qualquer atividade
evita p.ex. movimentos extensos da man- mais forçada caso contrário desposicio-
díbula. nam as estruturas na qual estão ligados.
Existem músculos que atuam na articula-
FM
DA
CO

LG
[4] [6]
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ção de forma indireta pois ajudam a po-


sicionar melhor a cabeça para que todo
esse conjunto “funcione” corretamente,
são os chamados músculos cérvico-cra-
niofaciais ou também chamados de mús-
culos posturais.

Eles são importantes, pois uma vez em


hiperatividade desposicionam a cabeça e
consequentemente a ATM e podem de-
senvolver sintomas.

Quanto aos músculos chamados elevado- [7]

res uma atenção especial aos músculos


temporal e masseter, pois são eles, os de
maior sintomatologia (dor) quando em hi-
peratividade. Esse assunto é melhor abor-
dado em DTM”.

TEMPORAL

MASSETER

[8]
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O que é a DTM?
Disfunção/Desordem
Temporomandibular
Uma vez você se inteirado do que é ATM Esses sinais e sintomas acima citados po-
(Articulação Temporomandibular), cabe dem ter características de Desordens Mus-
explanar algumas informações sobre as culares e/ou Articulares.
desordens que a comprometem.
Desordens Musculares
Elas podem provocar sinais e sintomas ca-
racterísticos, como: Afetam os músculos que fazem parte do
complexo cabeça-pescoço normalmente
• Dores de cabeça na região temporal (cefaleias por hiperatividade, ou seja, usar muitos os
primárias do tipo tensional); músculos além do seu limite (ex.: chicletes,
• Cansaço muscular na região do músculo mas- ou bruxismo em vigília, etc.) ou de forma
seter inadequada (ex.: postura errada à frente do
• Dor de fundo de olho; computador no seu uso estendido, dormir
• Dores no pescoço, nuca, ombros; sempre sobre o mesmo lado, apoiar a ca-
• Dores na região do ouvido; beça com as mãos, etc.)
• Coceira, além de maior produção de cera no
ouvido; A etiologia ou causa, são várias por isso
• Pressão e diminuição na audição (barohipoa- diz-se multifatorial. Descrevem-se aqui
cusia); as mais comuns: Emocional que desen-
• Zumbido em um ou nos dois ouvidos; cadeiam hábitos parafuncionais, e como
• Vertigem; fatores pré-disponentes: Postural, Oclusal
• Estalos nas articulações; (mordida) e estrutural (anatômica).
• Desvios ou limitação de abertura bucal;
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[9]

Em muitas pesquisas observam-se como ma citados, são eles: bruxismo excêntrico


uma das mais frequentes, algum tipo de - ato de ranger os dentes friccionando (ran-
alteração emocional. Normalmente pa- gendo) os superiores contra os inferiores.
cientes muito perfeccionistas, altamente Outro é o bruxismo cêntrico - ato de pres-
irritados, com alteração no sono (intran- sionar os dentes superiores e inferiores en-
quilo), com ansiedade, com depressão ou tre si de forma cêntrica, sem movimentos,
tendência a mesma, ou passando por pro- apenas apertando-os, situação essa muito
blemas emocionais em casa ou no traba- comum em momentos de estresse emo-
lho. Observam-se também, muitos jovens cional e tensão.
em fase de concursos (vestibular, etc.) com
muitas Desordens da ATM, normalmen-
te são pacientes que desenvolvem hábi-
tos parafuncionais como: mordiscar lápis,
tampa de caneta, roer unha (onicofagia),
mascar chicletes. Outras questões impor-
tantes são erros posturais (frente a tela de
computadores por longo período de forma
incorreta), além de dormir sempre do mes-
mo lado debruçado em cima das mãos.

Abre-se aqui um parêntese importante so-


bre os hábitos tão nocivos quanto aos aci-
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Por que saber


identificar?
Você precisa estar atento aos pacientes que
estão chegando, cada vez mais, nas clínicas
odontológicas com problemas relacionados
às Desordens da ATM.

Hoje o estilo de vida está cada vez mais Hoje a falta de profissionais que entendem
estressante. Muitas pessoas estão sendo e tratam as Disfunções da ATM abre um
cobradas ou cobrando de si mesmas um leque de oportunidades, inclusive financei-
estilo de vida que acaba desencadeando ras para os profissionais que cuidam des-
problemas como as DTMs. ses problemas, principalmente cirurgiões-
-dentistas e fisioterapeutas.
Por isso, é preciso aprender e saber explicar
para os pacientes sobre esses problemas.
Isso é bom para ele, que não passará, em
vão, por consultórios médicos ou odonto- “oportunidade de ser
lógicos procurando a solução para suas
dores; e para você, que terá uma oportuni-
bem visto pelo paciente
dade de ser bem visto pelo paciente, além e, até, de iniciar um
de, quem sabe, iniciar um tratamento clíni-
co conservador como eu realizo há muitos tratamento clínico”
anos.
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Sinais e sintomas
Duas palavras que às vezes,
se referem ao mesmo tópico,
mas há diferenças.

Um sinal é aquilo que é percebido por ou-


tra pessoa (profissional ou próximos do
paciente) sem a comunicação
do paciente.

Já um sintoma é a queixa vinda do próprio


paciente, que por sua vez, são subjetivos e
estão sujeitos à interpretação do paciente
e do profissional.

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Questionário
Em seguida você verá todas as perguntas O uso dele, de forma despretensiosa em
que levam à possibilidade de identificar pacientes, novos ou não, pode te ajudar a
uma Desordem da ATM. elucidar como as DTM’s se manifestam.

Elas foram baseadas no livro de Jeffrey


Okenson, mas foram adaptadas por mim,
através da minha própria experiência clíni-
ca na área, durante mais de 27 anos.

Junto com esse ebook, você recebeu uma


cópia desse questionário, pronto para ser
impresso e utilizado no seu consultório.

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Qu es t i o ná r i o

01 muita
Você tem dores de cabeça com
freqüência?
02 Quando está com dor de cabeça, sente
dores de fundo de olho?
obs: obs:

03 04
obs:
obs:

05 06 Dores na nuca, pescoço ou


nos ombros?
obs: obs:

07 Você tem dores na região do ouvido? 08 Você tem pressão ou sensação de


entupimento no ouvido?
obs:
obs:

09 amplitude
Sensação de redução ou aumento da
da acuidade auditiva?
10 Coceira no ouvido e/ou aumento da
produção de cera?
obs: obs:

11 Tontura ou vertigem? 12 Zumbido?


obs: obs:

13 Você tem limitação de abertura bucal?


Fechada ou aberta?
14 Você tem movimento irregular ou
estranho na abertura da boca?
obs: obs:

15 16 escutou?
Ruídos nas articulações? Alguém já
Estalos, crepitações, amassa-
mento ao abrir a boca?
obs: obs:

17 Você sofreu alguma lesão ou trauma


em sua cabeça, pescoço ou na mandí-
18 Você tem notado quaisquer mudanças
recentes em sua mordida?
bula? obs:
obs:

19 20 Você tem preferência de algum lado


para mastigar os alimentos?
obs:

obs:
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Bruxismo
Em vigília
É o ato de contrair os músculos da mas-
tigação, principalmente os masseteres, hi-
perativando-os, com ou sem necessaria-
mente contatos dentais. Quando há esses
contatos, podemos chamar de bruxismo
cêntrico ou apertamento dental.

[10]

Excêntrico ou rangimento
Quando existe um rangimento entre os
dentes normalmente desencadeando ba-
rulhos, observados por outras pessoas.
Pode ocorrer tanto em vigília
quanto noturno. [11]

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[12]

Dor de cabeça/
fundo de olho
Hiperatividade no músculo Temporal
São sintomas normalmente associados as
hiperatividades musculares em temporal,
pois, sendo um músculo elevador da man-
díbula, poderá um bruxismo em vigília (ran-
gimento, apertamento dental ou apenas
contratura muscular sem toque dental) ou
bruxismo do sono ser a causa da cefaléia
tensional e, por dor referida, desencadear
a dor de fundo de olho.
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[13]

Cansaço na
mandibula
Hiperatividade no músculo elevador Masseter
Cansaço muscular em masseter inclu-
sive durante refeições: hiperatividades
em músculo masseter por prováveis
hábitos parafuncionais.

[10]
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[14]

Nuca, pescoço,
ombros
Em bruxismo em vigília (apertamento den-
tal ou apenas contratura muscular sem to-
que dental) ou bruxismo do sono, o pacien-
te realiza uma anteriorização de cabeça
com rotação posterior de crânio (cabeça
vem para frente e gira para trás. Base do [9]

crânio sobrecarrega c1 (Atlas) e c2 (Axis) Esses sintomas também são relaciona-


podendo desposicioná-la, rotacionando, dos à posturas viciosas que sobrecarre-
fazendo trigger points (pontos gatilho) para gam determinada estruturas esqueletais e
áreas adjacentes. musculares, desposicionando a cabeça
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[15]

Na região do
ouvido
Sintomas otológicos são característicos
devido à proximidade da cabeça da man-
díbula com a parede posterior da fossa
mandíbular, que é a parede anterior do con-
duto auditivo, principalmente se o paciente
apresenta desordem de disco articular.

[16]
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[17]

Barulhos na ATM
Estalos
Disco anteriorizado de sua posição normal
e que no momento da abertura é captura-
do pela cabeça da mandíbula. Caracteri-
zando um DDACR (Deslocamento de dis-
co Articular Com Redução.

Crepitações
Deformações na anatomia do disco, como
se o côndilo trepidasse na sua excursão.

DDACR: Deslocamento de disco articular com redução


DDASR: Deslocamento de disco articular sem redução [18]
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DDACR

Desvio
[19]

Há pacientes, que, quando abrem a boca, fazem um movimento


irregular de abertura, caracterizando um possível Deslocamento
de Disco Articular Com Redução (DDACR). O côndilo perde velo-
cidade na excursão para captura o disco (desvio), porém depois
dessa captura, pode voltar ao trajeto normal, terminando na linha
mediana da abertura.

DDASR

Deflexão
[20]

Há pacientes, que, quando abrem a boca, fazem um movimento


irregular de abertura, caracterizando um possível Deslocamento
de Disco Articular Sem Redução (DDASR). O côndilo perde velo-
cidade na excursão na tentativa de abertura máxima, ele é defle-
tido, formando um arco, desviando a linha mediana totalmente
para o lado afetado.
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Limitação na
[21]

abertura bucal
Esse sintoma pode estar ligado a duas pro- teriorizados e não conseguem retornar à
váveis causas. A primeira refere-se a um sua posição regular na abertura. Esse es-
problema muscular, um fator de co-con- tágio é chamado de DDASR (Deslocamen-
tração protetora, por dor crônica, com hi- to de Disco Articular Sem Redução).
peratividade nos masseteres, deixando-o
encurtado, e podendo desencadear Malo-
clusão súbita.

Outra possível causa é de característica


articular, quando os discos articulares de
ambas articulações do paciente estão an-
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Exames: solicitar
ou não?
As informações contidas nesse ebook fo- mais graves é interessante realizar uma
ram colhidas durante anos de atendimento ressonância magnética, que é o único exa-
clínico. Geralmente, os pacientes já estão me capaz de mostrar a cabeça da man-
sofrendo com a situação e querem come- díbula e a posição do disco articular, com
çar o tratamento o mais rápido possível. boca fechada, abertura mínima e abertura
máxima.
Considerando que a maioria das situações
que encontramos em nossa clínica são Em casos de dificuldade na evolução do
facilmente diagnosticadas clinicamente, tratamento e na movimentação da man-
é interessante não depender de laudos de díbula, é prudente solicitar tal exame (RM),
exames para iniciar um tratamento. além de uma tomografia com reconstru-
ção para diagnosticar provável processo
Evidentemente que, situações mais críti- degenerativo da articulação.
cas como limitação de abertura, deslo-
camento de disco sem redução e casos
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Imagens
Qual estrutura se quer observar?
Estrutura óssea (forma anatômica do côn-
dilo, processos degenerativos, osteoartro-
se, sinais de fratura, osteófitos, néo-forma-

da ATM çoes que alteram a morfologia da cabeça


da mandíbula. Para isso uma tomografia
ou tomo de reconstrução é o padrão ouro
Quando se pensa em imagens Nesse exemplo abaixo de uma tomografia
da ATM, o principal objetivo temos as seguintes características:
deve ser:

[22]

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Quando o objetivo é ver apenas a excursão


da cabeça da mandibula:
Radiografia em 3 posições

[23]

Ressonância Magnética da
ATM (R.M.)

Quando o objetivo é mais refinado e dese-


ja se observar estruturas mais detalhadas ,
tais como: disco articular (cortes coronal e [24]

sagital), ligamentos, derrame articular (efu-


são), músculos: o padrão ouro é a resso-
nância magnética

Parâmetros T1:
• Delimitação exata das estruturas.

Parâmetros T2:
• Comprovação de infecções
• Edemas
• Extravasamento articular

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ATM normal
Logo abaixo você verá uma ATM normo-
posicionada, ou seja, o paciente não pos-
sui uma DTM articular, o disco faz o trajeto
sem interferências.

Boca fechada Abertura mínima Parcialmente aberta Abertura máxima

[25]
DDACR
Nessa situação o disco articular está ante-
riorizado, quando o paciente abre a boca,
o disco é capturado.

[26]

DDASR
Nessa situação o disco está anteriorizado
com a boca fechada e permanece à frente
do côndilo na abertura máxima. [27]

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Tratamentos
Na literatura científica inúmeros tratamen- • Terapias suporte: Farmacoterapias. Na
tos são propostos, cada qual com seu “mo- farmacoterapia, o uso de ansiolítico muito
dus operandi” e técnicas relativas ao tipo usado são os benzodiazepínicos, entre os
de tratamento proposto. Neste ebook ire- quais o diazepam (Valium) recebe maior
mos citá-los e nos aprofundar numa única atenção. Ele pode ser prescrito diariamen-
técnica. te, mas, por causa da potencial dependên-
cia, não deve ser usado por mais de sete
dias consecutivos.
Tipos de tratamento • Uma única dose (2,5 a 5 mg) de diaze-
pam é frequentemente útil na hora de dor-
• Toxina Botulínica: Não deve ser a pri- mir para relaxar os músculos e talvez di-
meira opção de tratamento para a maioria minuir a atividade parafuncional noturna.
das desordens dolorosas dos músculos Quando se prescreve esta única dose, a
mastigatórios. Deve-se sempre lembrar duração de seu uso pode se estender por
que a toxina botulínica não relaxa perma- duas semanas.
nentemente os músculos e, dessa forma, • Dois outros benzodiazepínicos que po-
não é considerada uma terapia definitiva. dem ser usados em certas desordens dos
(Okeson, J.). Na área das DTMs, algumas músculos mastigatórios são o clonaze-
desordens dolorosas musculares crônicas pam
podem ser boas candidatas às injeções de • Quando acompanhada de distúrbio do
toxina botulínica por inativar músculos.Até sono é recomendável se administrar anti-
mesmo a dor miofascial deve ser primei- depressivos tricíclicos, por exemplo, 10 a
ramente controlada pelas técnicas mais 20 mg de amitriptylina por noite.
comuns. No entanto, nos casos em que • Apesar de não eliminar a causa das zo-
a dor muscular persiste mesmo após as nas de gatilho, relaxantes musculares po-
terapias iniciais terem sido tentadas, a utili- dem ser administrados, tais como ciclo-
zação da toxina botulínica pode ser consi- benzaprina 10mg (flexeril) antes de dormir.
derada.
• Procedimentos invasivos e Cirurgias
• Agulhamento a seco: No agulhamento na ATM: utilizadas como último recurso
a seco, uma agulha é inserida, através da quando uma desordem de disco articular
pele, e se aprofunda em direção ao centro é diagnosticada. dentre elas: Artrocentese
do Ponto Gatilho Miofascial para se conse- (irrigação no interior da cápsula articular
guir uma rápida despolarização das fibras com solução salina). Viscossuplementa-
musculares envolvidas, associada à con- ção : quando para melhor a cinemática na
tração reflexa. cápsula articular, injeta-se hialuronato de
sódio.
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• Já a cirurgia visa capturar cirurgicamen-


te o disco articular e retê-lo através de mi-
ni-ancoras na parede posterior ca cabeça
da mandíbula.
[28]

[29]

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• Fisioterapias: Termoterapia: calor su- Estabilizadoras:


perficial (aumenta a circulação sanguínea) Dão condições
- por resfriamento (vapor de fluormetano para que as estru-
por 5 seg, também nos ligamentos). turas que envolvem
• Estimulação elétrica transcutânea. a dinâmica da atm
• Acupuntura, laserterapia, ultrassom. (músculos, discos
• Manipulativa: por massagem, alonga- articulares e con-
mento muscular passivo e gentil (com dor sequentemente a
deve-se interromper). mandíbula) se es-
• Osteopatia, rpg, etc. tabilizem dentro de
• Permissivas e Direcionadoras: um critério buscan-
do suas normo-posiçoes com suas carac-
terísticas próprias de tonicidade ideal em
seus músculos. Tipos:
Placas Oclusais
1. Front-plateau: Dispositivo totalmen-
Permissivas: permite que a mandíbula te plano horizontalmente confeccionado
com a ATM como um todo, se estabilizem para dar liberdade para movimentação da
com liberdade disponibilizada através de mandíbula sem toques nos dentes pos-
suas plataformas lisas com funções esta- teriores pois é confeccionado somente e
bilizadoras e desprogramadoras, no máximo de canino a canino.Indicadas
para pacientes com limitação de abertura
[30] bucal impedindo moldagens
• Permite movimento horizontal e vertical
dos côndilos sem interferência;
• Pode ser confeccionada diretamente
na boca para liberar movimentos;
• Uso por tempo limitado, podendo em
pacientes com aparelho ortodôntico com-
pleto ser usado por mais tempo;
• Primeiro passo para placa total oclusal.
[31]

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feccionadas nesta posição e consequen-


2. Placas Totais : Estabilizadoras - despro- temente ajustadas no paciente na sua
gramadoras oclusão habitual próxima ou então em RC
• Função: objetivar uma tentativa de cap- quando esta for mais favorável
tura do disco articular para reduzir estalos - Na ortodontia: para se manter o pa-
muito frequente em grande parte da popu- ciente após um tratamento de DTM numa
lação com disfunção. posição próxima ou em RC para poder se
• aliviar sintomas dolorosos no sist. esto- planejar com segurança este tratamento
matognático, melhorar limitação nos mo- sabendo-se com segurança qual a sua real
vimentos mandibulares classificação. E depois de iniciado o trata-
(Dawson, P.) mento sempre desprogramá-lo nas mais
variadas técnicas a cada sessão para se
Objetivos: prosseguir e finalizar em RC.
1. Estabilizar dentes comprometidos
2. Distribuir forças oclusais Requisitos para uma placa estabilizado-
3. Redução de desgastes ra/desprogramadora:
4. Estabilizar dentes sem antagonistas O caso tem que estar montado em articu-
5. Equilíbrio do sistema estomatognático ladores semi-ajustáveis e a placa ser es-
6. Eliminação da disfunção (dor e quando culpida em cera , seguindo planejamentos
possível os estalidos) a ser conseguidos:

Como devem ser: Guia anterior e guia condilar variável con-


Igual intensidade nos pontos oclusais sobre forme o caso
a placa, respeitando-se também a oclusão
mútua (bilaterais, simultâneos e estáveis) Exemplos:
• Fácil instalação e retirada pelo paciente, DTM Muscular:
pressão exagerada em determinados den- Paciente CL II angle - guias anteriores mais
tes podem movimentá-los ou provocar dor leves na placa
nos mesmos (pericementite), Paciente CL III angle - guias médios na pla-
• Bordos arredondados, não trazem trau- ca inferior
ma a mucosa jugal Paciente CL I angle - guias médios sempre
que possíveis superiores.
Placa estabilizadora com função despro-
gramadora: Este tipo de recurso permite DTM Articular:
uma vez estabilizado todo o sistema, man- Deslocamento de disco Articular com Re-
ter o paciente pelo menos após 3 meses dução (DDACR): guias mais fechados pos-
de uso ininterrupto em uma posição de síveis
RC entendendo-se que com o disco nor-
ma-posicionado. Critérios para ajustes de placas oclusais
Ajustes criteriosos estáveis bilaterais, si-
Utilização da desprogramação: multâneos e estáveis.
- Nas reabilitações totais a serem con-
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Exemplo de enceramento
de placa superior com guias
laterais e anteriores [32]

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Exemplo de placa
confeccionada a partir do
enceramento montado em
articulador semi-ajustável

[33]

[34]

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[35]

[36]

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Tratamento
ortodôntico e a DTM
Muito tem se discutido sobre a possibilida-
de de um tratamento ortodôntico ser uma
etiologia para uma DTM. Sabe-se que a
instabilidade oclusal, natural e necessária,
de uma movimentação ortodôntica pode
coincidentemente estar num momento em
que o paciente por fatores emocionais, por
exemplo, pode desencadear a DTM, sendo
este último o principal fator etiológico.

• Caso o paciente apresente DTM duran-


te o tratamento ortodôntico: Interrompe- [37]
-se por completo a movimentação e sem
remover o aparelho, inicia-se o tratamen-
to da DTM utilizando-se de uma placa por
sobre o aparelho

[38, 39]

34
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Qual a importância de placas oclusais no 4. A desprogramação se mantem durante


tratamento de ortodontia? todo o tratamento. Observe o exemplo de
um paciente em MIH e depois em RC.
1. Indicado somente para pacientes que
passaram por DTM
2. Mantem esses pacientes “frágeis” na
ATM protegidos durante todo o tratamen-
to ortodôntico
3. A movimentação ortodôntica no arco
oposto ao da placa oclusal ocorre mais ra-
pidamente por nao haver tentativa de ocluir,
motivo este que emperra (mantem lento)
esse movimento. [40; 41]

[42; 43]

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Para conteúdos sobre DTM, oclusão e


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Prof. Victor Ferzeli


Cirurgião-dentista
Mestre em Prótese
Especialista em prótese e em DTMDOF
Medicina do Sono

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Referências
Apesar desse link ser apenas um dispositivo de - DTM- diagnóstico funcional e princípios terapêuticos
orientação a comunidade ligada a internet, não serve – Alex Bauman & Ulrich Lotzmann;
como fonte para trabalhos; nessas explicações - Fundamentos de Oclusão e DTM- Okeson,J;
que se seguem, foram extraídas dos livros abaixo, - Anatomical Atlas of TMJ Nakazawa,K.;
da qual agradeço a valiosa elaboração. Se você - Oclusão Clínica –Atlas Santos Jr, José;
se deparar com alguma informação ou referência - TMJ teacher –SmileSistem Inc.;
equivocada, por favor, entre em contato através do - Disfunções da ATM e dos músculos da mastigação-
email professor@victorferzeli.com. Zarb – Carlssonn – Sessle – Mohl.
- Tratamento das desordens temporomandibulares e
oclusão - Jeffrey Okeson

Imagens
Acervo Dr. Victor Ferzeli de casos clínicos [10]; [11]; Disc Repositioning - Does it Really Work? João Ro-
[19]; [20]; [22]; [23]; [25]; [26]; [27]; [31]; [32]; [33]; [34]; berto Gonçalves, DDS, PhDa,*, Daniel Serra Cassano,
[35]; [36]; [37]; [38]; [39]; [40; 41]; [42; 43]. DDSa, Luciano Rezende, DDS, MSca, Larry M. Wol-
ford, DMDb - Oral Maxillofacial Surg Clin N Am 27
Tratamento das desordens temporomandibulares e (2015) 85–107: [28] [29]
oclusão - Jeffrey Okeson: [4]; [5]; [6]; [7]; [24]. Adap-
tação: Vinícius N. Ferzeli Sem referência encontrada, adaptação Vinícius Nés-
poli Ferzeli: [2]; [15]; [16].
Imagens adaptadas do software DentalArt3D: [17];
[18]. Adaptação: Vinicius N. Ferzeli Unsplash.com e ilustração de Vinícius N. Ferzeli: [21].

Imagens adaptadas do software 3D4Medical: [3]; [9];


[30]. Adaptação: Vinicius N. Ferzeli

Imagens adaptadas da plataforma Kenhub.com: [12];


[13]; [14]. Adaptação: Vinicius N. Ferzeli
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