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Faculdade de Direito
Licenciatura em Direito
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Licenciatura em Direito
1
Capítulo 1 CONTRATO DE COMPRA E VENDA
A compra e venda é-nos definida no art. 874º do código civil, onde se dispõe: Compra
e venda é o contracto pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou outro direito,
mediante um preço3.
2 Regime jurídico
o regime juridico para o contrato de compra e venda encontram desde os arts. 879º a 938º do
Código civil Moçambicano. O art. 874º que tem a noção de compra e venda, o art. 875º que
1
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.11.
2
LEITAO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das Obrigações: contractos em especial, Vol., III, 7ª Edição,
Almedina, Coimbra, 2010. Pág. 12.
3
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
4
Este contracto não esta previsto no código, mas porem por forca do art. 939º que permite que a este contracto
lhe seja aplicável as regras do compra e venda excepto na parte relativa ao preço.
2
tem a forma. Os efeitos do contrato de compra e venda estão previstos no art. 879º e ss., as
modalidades de compra e venda encontram-se dos art. 923º a 938º
3 Requisitos
A venda será AD CORPUS quando se tratar de bem vendido como corpo certo,
individualizado por suas características, não sendo de extrema importância a medida do imóvel
pelo que não será determinante do preço
Os ascendentes não podem vender aos descendentes sem o consentimento expresso dos
outros descendentes. Salvo no regime de separação de bens, é necessária anuência
(concordância) exp ressa do consorte (cônjuge) para a venda do bem imóvel.
3
874. º e ss.), quer no âmbito do Direito comercial (arts. 463 e ss.). encontra-se aimda um regime
especial para a venda de bens de consumo.5
A compra e venda é, por outro lado um contrato um contrato real quoad effectum uma
vez que produz a transmissão de direitos reais.8
5
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 14.
6
Idem, ob. Cit.
7
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, ob. Cit. Pág. 15.
8
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 15.
4
4.5 A compra e venda como contrato oneroso
O contrato de compra e venda é oneroso porque existe uma contrapartida pecuniária em
relação a transmissão dos bens, importando asim um sacrificio económico das ambas partes. A
compra e venda não exige que ocorra uma equivalência de valores entre o direito transmitido
e o preço respectivo, não deixando por isso de se aplicar as regras da compra e venda se o
comprador consegue descontos significativos em vitude das boas relações que possui com o
vendedor. Contudo, se a intenção das partes é atribuir efectivamente um enriquecimento ao
alienante ou adquirente a situação já não corresponderá a uma verdadeira compra e venda, mas
antes a um contrato misto (indirecto) de venda e doação. 9
4.7 A compra e venda como contrato normalmente comutativo, sendo por vezes
aleatório
A compra e venda é um contrato comutativo, uma vez que ambas as atribuições
patrimoniais se apresentam como certas, não se verificando incerteza nem quanto à sua
existência (an) nem quanto ao seu conteúdo (quantum). Em certos casos a lei admite que a
compra e venda de bens futuros, frutos pendentes e partes integrantes, a que as partes atribuem
esse carácter (art. 880.º, n.º2), na venda de bens de existência ou titularidade incerta (881.º), na
venda de herança ou de qinhão hereditário.11
9
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, ob. Cit. Pág. 16.
10
Quanto a esta há que fazer referência ao regime especial constante do art. 886.º.
11
A venda de herança ou quinhão hereditário sem especificação de bens constitui nitidamente um contrato
aleatório, já que o vendedor não responde pelos bens existentes na herança,mas apenas pela sua qualidade de
herdeiro e o comprador sucede integralmente nos encargos da herença.
5
apesar do seu fraccionamento em diversos periodos de tempo, este apenaas determina a forma
de realização da prestação, não influenciando o seu conteúdo e extensão.12
A esta regra não se faz a excepção a compra e venda. Ela pode ser celebrada através de
qualquer das formas admitidas, por lei, para a declaração negocial (arts. 217.º a 220.º do CC.14
Apenas nalguns casos pontuais foram estabelecidas pelo legislador certas exigências de forma.
De entre esses casos destaca-se a compra e venda de bens imóveis, sujeita a escritura
pública. Só depois de realizada esta formalidade se deve considerar concluído o contrato de
compra e venda de bens imóveis. Sem escritura pública a transmissão da propriedade sobre os
bens imóveis não pode operar e a compra e venda é nula.
Mas não basta a celebração de escritura pública para que fiquem cumpridas todas as
formalidades relativas à compra e venda de bens imóveis. O código de registo predial torna
indispensável, enquanto condição de eficácia face a terceiros, o registo dos factos jurídicos que
determinem a aquisição da propriedade sobre bens imóveis.15
Uma vez feito o registo não é possível impugnar judicilmente o contrato de compra e
venda sem, ao mesmo tempo, pedir o cancelamento do referido registo.
6 Generalidades
O art 874. ° estabelece:
12
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 16.
13
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.13.
14
LIMA, Pires e VARELA, Antunes, Código Civil anotado, vol. II e III, 3ª edição, revista e actualizada, Coimbra,
1986, Pág. 168.
15
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág. 14.
16
Do registo deve igualmente contar a cláusula de reserva de propriedade quando inserida em contrato cujo
objecto seja coisa imóvel ou móvel sujeito a registo.
6
A transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito;
A obrigação de entregar a coisa;
A obrigação de pagar o preço.
A compra e venda é um contrato pelo qual se transmite uma coisa ou um direito
contra o recebimento de uma quantia em dinheiro (preço). Assim, o resultado final do negócio
consistirá na aquisição por parte do comprador do direito de propriedade sobre o bem vendido, à
qual acrescerá como efeito subordinado a aquisição da posse, bem como a aquisição por parte do
vendedor do direito de propriedade sobre determinadas espécies monetárias. A compra e venda
só se encontrará definitivamente executada quando se verificarem estas duas alterações na
situação jurídica patrimonial dos contraentes.17
No entanto, o art. 874.° vem estabelecer dois processos técnicos distintos para a
obtenção desse mesmo resultado. Em relação à aquisição das quantias em dinheiro, bem como em
relação à aquisição da posse da coisa vendida, a lei socorre-se do instrumento da constituição de
obrigações, quer por parte do comprador, quer por parte do vendedor, apenas considerando
definitiva a aquisição após o cumprimento das mesmas. Mas já em relação à aquisição da
propriedade sobre o bem vendido, esse processo deixa, porém, de ser utilizado, dispensando a lei,
pelo menos na venda de coisa específica, o cumprimento da obrigação considerando a aquisição
da propriedade como uma simples consequência automática da celebração do contrato (cfr. art.
879.° a) e 408.°, n.° 1 C.C.). Não há assim, no âmbito da compra e venda o surgimento de uma
obrigação de dare em sentido técnico, verificando-se o efeito translativo automaticamente com a
perfeição do acordo contratual.18
Temos por esse motivo, que distinguir, no contrato de compra e venda, entre os
seguintes efeitos:
17
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 21.
18
Idem, Ob. Cit., Pág. 22.
7
coisa e de pagar o preço).19
O primeiro consagra em termos gerais a eficácia real dos contratos cujo objecto seja a
constituição ou transferência de direitos reais sobre coisa determinada. A articulação destes três
artigos não é isenta de dificuldades.
Se a palavra “mero” for tomada como simples reforço ativo da ideia expressa na primeira parte
do n.° 1 do art. 408.° do CC deve entender-se que:
19
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 22,
20
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
21
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.17.
22
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.18.
8
No caso específico da compra e venda teríamos, assim:
como regra uma venda dotada de eficácia real;
como excepção a venda obrigatória.23
Na venda de bens alheios uma vez adquirida pelo ven- dedor a propriedade da coisa
ou do direito vendido a venda consolida-se e a titularidade da coisa ou direito vendido
transfere-se para o comprador (art. 895.° CC). O vendedor está obrigado a sanar a nulidade da
venda, através da aquisição da propriedade da coisa ou direito vendido (art. 897.°). Porém,
não tem qualquer obrigação de transmitir. O comprador adquire como simples efeito do
contrato.
Na venda com reserva de propriedade (art. 409.°) a transmissão pode ficar subordinada
ou dependente de um acto do comprador (nomeadamente o pagamento do preço). Mas não de
acto do vendedor (2°).24 Só o contrato pode, pois, ter por efeito a referida transmissão.
Na venda sujeita a condição suspensiva é o próprio contrato que fica paralizado nos seus
efeitos essenciais e não apenas a transferência da propriedade. Trata-se, assim, uma vez mais
de um caso de venda bem distinta da venda obrigatória.
7 OS EFEITOS OBRIGACIONAIS
23
Idem, Ob. Cit., Pág.19.
24
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
9
a obrigação que recai sobre o vendedor de entregar a coisa;
a obrigação que impende sobre o comprador de pagar o correlativo preço.
O Código Civil contém um único artigo relativo à obrigação de entrega da coisa: o art.
882.°.25
Nalguns casos porém, não é possível determinar qual o estado da coisa ao tempo da
celebração do contrato de compra e venda. Recorde-se a venda de coisas futuras ou de coisa
indeterminada. Em qualquer destas duas hipóteses hão se pode apurar qual o estado, ao tempo
da venda, da coisa vendida. Num caso ela nem sequer existe na altura da venda. No outro
ainda não se encontra determinada. Em situações como estas o momento relevante para
determinar o estado em que a coisa deve ser entregue terá de ser respectivamente o do
começo da. existência da coisa futura — na verdade de coisas futuras — e do da especifi-
cação da coisa indeterminada — na venda de coisa indeterminada.27
Determinado o estado em que a coisa tem de ser entregue o vendedor deve observar duas
espécies de condutas.
25
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
26
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.22.
27
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.22.
10
Outra positiva, traduzida na obrigação de fazer o necessário para a conservação da coisa no seu
estado ao tempo da
A falta de clareza do n.° 2 do art. 882.° não nos permite, porém, determinar sem
dificuldades, quais as partes integrantes, frutos pendentes e documentos abrangidos pela
obrigação de entrega da coisa. Assim, e nomeadamente no tocante aos frutos pendentes, o
texto da lei não nos diz se abrangidos pela obrigação de entrega são apenas os frutos
pendentes ao tempo da venda, ou também os frutos produzidos depois desta e pendentes à
data da entrega. Devidamente interpretado é, porém, possível extrair do art. 8£2.°, n.° 2 as
seguintes conclusões:
o momento relevante para fixação do âmbito da obrigação de entrega é o
correspondente à data da venda;
deste modo, abrangidos pela obrigação de entrega são apenas as partes integrantes ou
frutos pendentes ao tempo da venda;
excluem-se as partes integrantes ligadas à coisa em momento ulterior ao da venda. O
mesmo vale para os frutos produzidos depois desta data.29
8 Modalidades
28
cc
29
CORDEIRO, António Menezes, ob. Cit., Pág. 23.
30
Idem. Pág. 37.
11
Ocorrendo a transferência da propriedade sempre em virtude da celebração do contrato
no momento dessa celebração, a transmissão dos bens seja extraordinariamente facilitada em
prejuízo dos interesses do alienante.31
O novo proprietário pode alienar a coisa mesmo que a este não lhe tenha sido entregue
a coisa ou o preço respectivo ainda não esteja pago. Ao vendedor resta apenas a possibilidade
de cobrar o preço. Este é um mero direito de crédito que não atribui a ele qualquer preferência
no pagamento.
A compra e venda a crédito é como um negócio que envolve riscos elevados para o
vendedor, pois a celebração deste contrato faz com que haja mudanças para o vendedor , de
uma situação de proprietário de um bem para a de um mero credor comum sem garantias
especiais e nem sequer sobre o bem vendido.
Esta modalidade de compra e venda esta definida no art. 927.º que dispõe « Diz-se a retro
a venda em que se reconhece ao vendedor a faculdade de resolver o contrato».34
31
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág.54.
32
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 54.
33
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág. 39.
34
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
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propriamente uma função de permuta de bens conta dinheiro, mas uma função creditícia em
relação ao vendedor e uma função de garantia em relação ao comprador.35
Existem limites legais à estipulação do prazo para a resolução, na medida em que o art. 929º
determina que a resolução só pode ser exercida no prazo de dois ou cinco anos a contar com a
venda quando se trate de coisas moveis e coisas imoveis, prazo que se pode reduzir a esses
limites se for estipulado em âmbito superior (art. 929º n.º2).
35
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Ob. Cit., Pág.83.
36
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 87.
37
Idem, Ob. Cit. Pág. 88.
38
Idem, pág. 89.
13
A outra modalidade é a venda sujeita a prova a qual o contrato não se tornará definitivo
sem que o comprador averigue, através de um prévio uso da coisa, que ela é idónea para o fim
a que é destinada e tem as qualidades asseguradas pelo vendedor.
O principio geral regulador das dividas cuja liquidação pode ser fraccionada ou noutros
termos das dividas liquidaveis em prestações, consta do art. 781.º que dispõe que se uma
obrigação puder ser liquidada em duas ou mais prestações a não realização de uma delas
importa o vencimento de todas, existem porém regras especiais na compra e venda. Trata-se
dos artigos 886º, 934º e 935º do CC. O artigo 886.º aplica-se de uma forma geral para todos os
casos de não pagamento pelo que o comprador e estabelece transmitida a propriedade da coisa,
e feita a sua entrega, o vendedor não pode via regra, resolver o contrato por falta de
pagamento.41
39
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 91.
40
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991, Pág.43.
41
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro.
14
O art. 935.º define o regime da clausula penal no caso de o comprador não cumprir. A
estipulação de uma clausula penal e admitida para os diversos contratos, e de forma generica,
no art. 810.º do CC como meio de fixação prévio de uma indemnização pelo não cumprimento
de obrigações.42
Diferentemente dos outros ordenamentos jurídicos que definem a doação como sendo
um acto uma vez que não se considera indispensável a expressão da aceitação do donatário,
que geralmente e presumida no âmbito das doações manuais, conforme o CC no art. 947º no
seu nº 244, no entanto o nosso legislador entende a doação como sendo expressamente um
contracto isso por forca da aceitação do donatário, que aliás é normalmente presumida no
âmbito das doações manuais cfr. art. 947.°, n.° 2.
O carácter contratual da doação não é, no entanto, absoluto, uma vez que a lei prevê
expressamente a desnecessidade da aceitação no caso de doação pura efectuada a incapaz.
Efectivamente, o art. 951.°, n.° 2, determina que essas doações produzem efeitos,
independentemente de aceitação, em tudo o que aproveite ao donatário, o que implica que o
negócio se forma sem aceitação, sendo, por isso, neste caso a doação um negócio unilateral e
não um contracto
2 Regime jurídico
No entanto, a formação do contracto de doação está sujeita a um regime diferente do
regime geral da formação dos contratos, regulado nos arts. 224.° e ss. do Código Civil.
Efectivamente, em face desse regime, estabelecem-se no art. 228.° prazos muito curtos de
vigência da proposta, findo os quais esta caduca se, entretanto, não tiver sido aceite.
42
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes,Ob. Cit, Pág. 45.
43
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
44
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
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Pelo contrário, no âmbito da doação este regime não se aplica, dado que o art. 945.°,
n.° 1 determina que a proposta apenas caduca se não for aceite em vida do doador (arts. 945.°,
n.° 1 e 969.°, n.° 2). O donatário tem assim, o tempo correspondente, à vida do doador para
aceitar a proposta de doação, salvo se o doador, entretanto, a revogar (art. 969.°, n.° 1). A lei
atribui por essa via à declaração contratual do doador um período de vigência muito mais
extenso do que aquele que é comum no âmbito da formação do contracto.
3 Requisitos
Os incapazes podem receber doação, desde que o seu representante legal não obste. Os
nascituros, desde que seus pais aceitem a doação. As pessoas indeterminadas, como
a prole eventual de um casal, desde que este aceite a doação.
Doação dos pais aos filhos: dispensam a autorização dos demais filhos, ao contrário
da compra e venda, mas consideram-se adiantamento de legítima. Art. 544, CC – Deve
ser suscitada a doação por meio do instituto da colação.46
Doação de bens imóveis – Pessoa casada. Outorga uxória: Para doar bens imóveis,
marido e mulher necessitam da autorização um do outro. O defeito será leve, e o ato
poderá ser anulado até dois anos após o término da sociedade conjugal.
Vedada a doação do cônjuge adúltero: art. 550, CC. Trata-se da doação do cônjuge
adultero a sua amante poderá ser anulada pelo outro cônjuge ou seus herdeiros
necessários (descendentes e ascendentes do doador) até dois anos depois de dissolvida
a sociedade conjugal. Prazo decadencial.
45
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 113.
46
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 114.
16
Doações recíprocas entre cônjuges: As doações de um cônjuge ao outro não são
proibidas, desde que não visem a burlar o regime de separação de bens.
O mandatário para doar coisa do mandante deve ter poderes especiais, constantes
da procuração com o nome do donatário.
Os administradores em geral não podem doar coisas sob sua administração. Tal é o
caso dos representantes legais dos incapazes.
Vedada a doação de coisa alheia; O doador deve doar coisa própria. Além disso, o
doador deve possuir o poder de disposição da coisa.
São proibidas as doações a título universal: ocorre quando uma pessoa doa todo o
seu patrimônio, sem ficar com bens suficientes para seu sustento,
Vedada as doações acima da legítima dos herdeiros necessários: são as doações que
ultrapassem 50% do patrimônio do doador. Assim, se uma pessoa tiver herdeiros
necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), não poderá doar mais do que 50%
de seus bens. Os outros 50% são a herança legítima dos herdeiros necessários.
A doação de bens futuros é válida: uma pessoa pode doar, por exemplo, os filhotes
de sua cadela que ainda estão por nascer. É, todavia, inválida a doação de bens
pertencentes a herança de pessoa viva.
Em regra a doação é a escrita por instrumento público, no caso de imóveis. Sendo móvel
o bem doado, a doação será sempre escrita se o valor do for alto.
Poderá, todavia, ser verbal quando o objeto for móvel, de pequeno valor e se lhe seguir
in continenti a tradição.
17
4 Efeitos
4.1 Generalidades
O art. 954. ° indica os seguintes efeitos da doação:
a) a transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito;
b) a obrigação de entregar a coisa;
c) a assunção da obrigação, quando for esse o objecto do contracto.
Desta norma é possível inferir uma variação de efeitos nas doações, consoante o objecto
do contracto corresponda à transmissão de uma coisa ou direito ou antes à assunção de uma
obrigação.47
No primeiro caso, a doação é um contracto real quoad effectum, gerando, nos termos
do art. 408° n.º 1, do CC a transmissão automática da propriedade da coisa ou da titularidade
do direito art. 954°, a) do CC, e ficando o doador obrigado a entregar a coisa correspondente
art. 954° b)48.
47
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 116.
48
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
49
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LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 197
18
qual pode, porém, ocorrer previamente com a verificação do constituo possessório arts. 1263°
c) e1264° ambos do CC.51
Contudo, antes dessa aceitação, porém, e sabendo-se que esta pode ocorrer muito
posteriormente à emissão da proposta do doador, não há qualquer oneração deste com esse
dever de custódia, pelo que se a coisa se deteriorar ou perder no período que decorre entre a
emissão da proposta de doação e a sua aceitação pelo doador, não haverá qualquer
responsabilidade53.
51
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
52
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Ob. Cit., Pág. 198.
53
Idem, Pág. 198.
19
nos termos da qual o doador assume, por espírito de liberalidade, uma obrigação para com o
donatário54
Neste caso estão preenchidos os requisitos do art. 940°, uma vez que a assunção de uma
obrigação para com o donatário diminui o património do doador, em virtude do aumento do
passivo correspondente, e produz um enriquecimento do donatário, que vê aumentar o seu
passivo em virtude da constituição do crédito a seu favor. Dessa forma, sendo essa atribuição
realizada por espírito de liberalidade, estar-se-á naturalmente perante uma doação55.
Apesar de o art. 954.° não o referir, a doação pode ter como efeito, não apenas a
constituição de uma obrigação, mas também a sua extinçãoEfectivamente, o art. 863,°, n,° 2,
refere que a remissão do crédito, se tiver o carácter de liberalidade, é havida como doação, na
conformidade dos arts. 940.° e ss. Aqui também estão preenchidos os requisitos do art.940.°,
uma vez que a extinção de um crédito provoca no doador a diminuição do seu activo e produz
no donatário a diminuição do seu passivo, preenchendo-se assim respectivamente os elementos
do empobrecimento do doador e do enriquecimento do donatário56.
54
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 200
55
Idem, Pág. 201
56
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
57
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 180.
20
5.3 A doação como contrato primordialmente consensual
O contrato é primordialmente consensual, uma vez que a lei prevê expressamente a
existência de uma obrigação de entrega por parte do doador (art. 954.º b)), o que significa que
não associa a constituição do contrato à entrega da coisa, admitindo a sua vigência antes de a
coisa ser entregue. Essa situação é exceptuada em relação à doação verbal de coisas móveis,
cuja validade faz depender da ocorrência concomitante da tradição da coisa doada, o que
implica constituir esta um contrato real quoad constitutionem.58
5.6 A doação como contrato que tanto pode ser de execução instantânea como
periódica
A doação é normalmente contrato de execução instantânea, uma vez que a atribuição
patrimonial do doador não em, em principio, o seu conteúdo e extensão delimitado em função
do tem. No art. 943º, a lei admite porém a possibilidade a doação abranger prestação periódicas,
caso em que naturalmente estaremos perante um contrato de execução periódica.61
58
Idem, Ob. Cit., Pág. 180.
59
Idem, Ob. Cit., Pág. 181.
60
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 181.
61
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 203
21
6 Forma do contrato de doação
Resulta do art. 947º, conforme referiu que a doação é num caso especial, um contrato
normalmente sujeito a forma especial, sendo consequentemente nulo se não respeitar essa
forma (art. 220.º).
Se o contracto de doação tiver por objectos bens imóveis determina que só é válido quando
for celebrado por escritura pública ou documento particular autenticado. Esta regra aliás
extensiva a todos os actos que importem reconhecimento, constituição, modificação, divisão
ou extinção dos direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, superficie ou servidão sobre
coisas imóveis e aos actos de alienação, repúdio e renúncia de herança ou legado, de que façam
parte coisas imóveis.62
A doação de bens imóveis pode, porém, ainda ser realizada através do procedimento
especial de transmissão, oneração e registo de imóveis.
Se a doação tiver por objecto bens móveis, a lei exige a forma escrita, a menos que
ocorra a tradição da coisa concomitante ao acto ( art. 947.º nº 2). A dispensa de forma escrita
apenas ocorre na doação de coisas móveis acompanhada de tradição da coisa, constituindo,
porém, nesse caso a tradição uma formalidade essencial ao contrato, não se podendo considerar
válida a doação se esta não se verificar.
62
Idem, Ob. Cit., Pág. 203
22
serviço, leva-o a querer remunerar quem lho prestou, ainda que em termos jurídicos a isso não
seja obrigado.63
É essencial, para que haja doação remuneratória que a remuneração dos serviços
prestados não possa corresponder a qualquer obrigação por parte do recepgtor. Se o benefiário
dos serviços se limita à restituição do enriquecimento que lhe causou a recepção dessa
prestação (arts. 473º e 479º), ou procede apenas à remuneração de uma gestão de negócios, nos
casos em que a lei atribui esse direito ao gestor (arts. 464.º e 470.º), naturalmente que não se
está perante uma doação remuneratória.64
A lei proíbe em principio a doação por morte (art. 946, nº 1), com o que se pretende evitar
pressões sobre o autor da sucessão, manter-lhe a disponibilidade dos seus bens enquanto estiver
vivo, e evitar decisões precipitadas, que não poderiam ser livremente revogáveis, ao contrario
do que sucede com as disposições testamentárias. A doação por morte levantaria o problema
de, apesar de se estabelecer que a aquisição só se verificará por morte do doador, no entanto o
respectivo contrato de doação vem a ser celebrado em vida deste, com a aceitação do donatário.
Atenta a regra da estabilidade dos contratos (art. 406.º nº 1), a doação por morte, uma vez
celebrada, não poderia mais ser livremente revogada, assim se defraudando a regra expressa
quanto ao testamento, que é a da sua livre revogabilidade (art. 2179º nº1), a qual é irrenunciável
(art. 2311.º).
63
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 204.
64
Idem, Ob, Cit. Pág. 204.
23
em que este assume o encargo de pagar aos outros presumidos herdeiros legitimários, com o
acordo destes, o valor em dinheiro correspondente à parte que lhes caberia.65
O conceito jurídico de ingratidão do donatário tem muito pouco a ver com o seu
correspondente significado na linguagem comum, sendo muitíssimo mais restrito.
Efectivamente, o art.º 974° vem nos referir que " a doação pode ser revogada por ingratidão,
quando o donatário se torne incapaz, por indignidade, de suceder ao doador, ou quando se
verifique algumas das ocorrências que justificação a deserdação". Assim, apenas se admite a
revogação por ingratidão se ocorrer, relativamente ao donatário uma situação que caso se
verificasse em relação a um herdeiro, pudesse ser qualificada como justificativa de indignidade
(2034°) ou de deserdação (2166°).67
a) O donatário ter sido condenado como autor ou cúmplice de homicídio doloso, ainda
que não consumado, contra o doador ou contra o seu cônjuge, descendentes,
ascendentes, adoptante ou adoptado;
b) Ter o donatário sido condenado por denúncia caluniosa ou falso testemunho contra as
mesmas pessoas, relativamente a crime a quem corresponda pena de prisão superior a
dois anos, qualquer que seja a sua natureza;
c) Ter o donatário, por meio de dolo ou coacção, induzido o doador a fazer, revogar ou
modificar o testamento, ou disso o impedir;
65
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 220
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República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
67
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d) Ter o doador dolosamente subtraído,ocultado, inutilizado, falsificado ou suprimido o
testamento, antes ou depois da morte do doador, ou se ter aproveitado de algum desses
factos.68
Por sua vez relativamente as situações que justificam a deserdação, são igualmente
fundamentos de revogação de doação por ingratidão do donatário:
a) Ter sido o donatário condenado por algum crime doloso cometido contra a pessoa, bens
ou honra do doador ou do seu cônjuge, ou de algum descendente, ascendente, adoptante
ou adoptado, desde que ao crime corresponda pena superior a 6 meses da prisão;
b) Ter sido o donatário condenado por denúncia caluniosa ou falso testemunho contra as
mesmas pessoas;
c) Ter o donatário, sem justa causa, recusado ao doador ou ao seu cônjuge os devidos
alimentos.
a) As doaçõespara casamento;
b) As doações remuneratórias;
c) O doador haver perdoado ao donatário.
As doações para casamento, previstas nos artigos 1753° e ss: são, conforme sereferio,
aquelas que são feitas a um dos esposados ou ambos em vista do seu casamento. Estas
constituem uma modalidade especifica de doações, que tem como causa jurídica o casamento,
pelo que são sujeitas a um regime especial (1753° n° 2 )70 no qual se inclui a exclusão da sua
revogação por ingratidão do donatário.71
68
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág.234
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71
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 235-236
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Também as doações remuneratórias não são revogáveis por ingratidão do donatário. O
legislador entendeu que, tendo presidido a doação não e simples espírito de liberalidade, mas
ainda a intenção de remunerar os seus serviços recebido pelo doador que não tenha a natureza
de devida exigível (art.º 941°), justificava se excluir a possibilidade de revogação por
ingratidão do donatário.
A acção de revogação da doação por ingratidão esta sujeita a prazo específicos, referidos
no art.º 976°. Efectivamente, dispõe esta norma que " a acção de revogação por ingratidão não
pode ser proposta, nem depois da morte do donatário, nem pelos herdeiros do doador, salvo o
caso previsto no n 3 e caduca ao cabo de um ano, contado desde o facto que lhe deu causa ou
desde que doador teve conhecimento desse facto".73
8.2 A colação
Colação ou conferência de bens doados, previsto no art.º 2104° ss. Consiste esta na obrigação
que é imposta aos descendentes que pretenda entrar na sucessão do ascendente de restituir a massa da
herança, para efeito de igualação da partilha, os bens ou valores que lhe foram doados por este (art.º
2104° n°1).
A colação constitui assim uma causa de extinção das doações em vida, que é estabelecida
para efeitos de reconstituição do património da herança, pretendendo-se que os donatários
participem na partilha com os outros herdeiros como se não tivessem recebido quaisquer
doações.74
72
República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
73
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 236.
74
236-237
26
afecte a legitima que lhes cabe como herdeiros legitimarios, bastando para isso que efectue a
doação por conta da quota disponível. Por esse motivo, a lei estabelece a possibilidade de o
doador dispensar a colação no acto de doação ou posteriormente (art.º 2113 n 1). No entanto,
se a doação tiver sido acompanhada de alguma formalidade externa, só pela mesma forma, ou
por testamento, pode ser dispensada a colação (art.º 2113° n°2) em qualquer caso, a colação
presume se sempre dispensada nas doações manuais e nas doações remuneratórias (art.º 2113°
n° 3).75
A legitima consiste na porção de bens que o autor da sucessão não pode dispor, por a lei
destinar ao seu cônjuge, descendentes ou ascendentes (art.º 2156° e 2157°). Esta corresponde
a metade da herança se apenas existir cônjuge (art.º 2158°) ou se, não existindo este, houver
apenas um filho (art.º 2158° n° 2). A legitima eleva se porem, a dois terços se existir tanto
cônjuge como filhos ou mais do que 1 filho (art.º 2159°). Havendo descendentes de 2 grau e
seguintes, estes apenas tem direito a legitima que caberia ao seu ascendente (art.º 2160°). Não
havendo descendentes, mas antes ascendentes, se estes concorrerem com o cônjuge, a legitima
é de dois terços da herança (art.º 2161, n° 1). Se apenas houver ascendentes, a legitima é de
metade ou de um terço da herança, conforme forem chamados os pais ou os ascendentes do
segundo grau e seguintes (art.º 2161° n° 2).
Para o cálculo da legítima, deve atender se ao valor dos bens existentes no património
do autor da sucessão a data da sua morte, ao valor dos bens doados, as despesas sujeitas a
colação e as dívidas da herança (art.º 2162° n° 1). Assim, se a data da morte do doador se
verificar que a doação que ele fez ultrapassa o montante da quota disponível da herança, vindo
a ofender a legitima, esta é considerada inoficiosa, podendo o herdeiro legitimario ou os seus
sucessores requerer que a liberalidade seja reduzida (ou mesmo totalmente eliminada) entanto
75
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág. 260
76
Idem, Ob. Cit., Pág. 260.
27
quanto for necessário para que a legitima seja preenchida (art.º 2169°) exigindo se, no entanto,
que tenha aceite a herança (art.º 2178°). 77
Pode suceder que a inoficiosidade não resulte apenas de doações efectuadas em vida do
autor da sucessão, mas também de disposições testamentárias, oque ocorre sempre que o
doador tenha feito também um testamento.
Nesta hipótese, a lei considera que as doações efectuadas em vida devem ser as últimas
liberalidades a ser reduzidas, abrangendo a redução em primeiro lugar as disposições
testamentárias a título de herança, em segundo lugar os legados, e só se após a eliminação
destas liberalidades não estiver ainda preenchida a legitima se vai efectuar a redução das
doações em vida (art.°2171°).
77
LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág.241-242
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República de Moçambique, Decreto lei nº 47 344 de 25 de novembro
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LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág.242-243
28
Verificando-se a redução, a liberalidade extinguir-se-á na medida desta, revertendo
esses bens, no todo ou em parte, para a herança. A forma de se proceder a redução é sujeita, no
entanto, há regras especiais, constantes dos art.º 2174° e ss. Assim, se os bens doados forem
divisíveis, a redução será efectuada separando deles a parte necessária para preencher a
legitima (art.º.2174°, n° 2). A reposição daquilo que se despendeu gratuitamente a favor dos
herdeiros legitimários em consequência da redução é feita igualmente em dinheiro (art.°2174°,
n° 3).80
Se os bens doados tiverem perecido por qualquer causa ou tiverem sido alienados ou
onerados, o donatário ou os seus sucessores são responsáveis pelo preenchimento da legitima
em dinheiro, até ao valor desses bens (art.°2175°). Se, no entanto, se verificar a insolvência dos
responsáveis, o encargo de redução não se transmite aos donatários anteriores (art.°2176°).
Efectivamente, a insolvência do devedor é um risco do credor, pelo que não pode ser transferido
para outros donatários, cujas doações, segundo a ordem da redução, já não se poderiam
considerar inoficiosas.
Em relação aos frutos e bem feitorias, o donatário é considerado possuidor de boa féaté
a data do pedido de redução (art.°2177°). Consequentemente, faz seus os frutos naturais
perecidos até esse momento e os frutos civis correspondentes ao mesmo período (art.°1270°,
n°1). Para além disso tem direito ao reembolso dos bens feitorias necessárias, bem como a
levantar as bem feitorias úteis efectuadas na coisa, se o poder fazer sem detrimento dela, ou a
sua restituição segundo o enriquecimento por despesas, na hipótese contrária (art.º 1273°).
Quanto as bem feitorias voluptuarias, o seu levantamento dependera de este poder ser feito sem
detrimento da coisa (art.º 1275°).
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LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das obrigações (contractos em especial), 7ª edição, Vol. III,
Almedina, Coimbra, 2010, pág.243-244
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Quantos aos efeitos reias não se reproduziu no contracto de doação a disposição do art.
882.°, n.° 3, que, relativamente aos documentos que contêm outras matérias de interesse para
o alienante, obriga este a entregar pública-forma ou fotocópia desses documentos. Esses
documentos são assim excluídos da obrigação de entrega, o que bem se compreende, pois sendo
a doação um contrato gratuito não se justifica impor ao doador encargos suplementares que
deverão ser antes suportados pelo donatário. Caberá a este assim recorrer à solicitação de
apreensão e reprodução dos documentos, nos termos dos arts. 575° e 576º.
Quanto aos dois contratos pudemos perceber que os efeitos destes plasmados nos arts.
879º e 954º são iguais mas estes doiscontratos tem regimes diferentes. Ainda no ambito dos
dois contratos pudemos perceber que a doação ou venda de bens alheios é nulo.
No contrato de Doação pudemos perceber que este pode ser extinto de várias maneiras.
30
Conclusão
Com o presente trabalho pudemos concluir que estes dois contratos o de compra e venda
e o contrato de doação tem algumas semelhanças no que concerne aos efeitos e aos requisitos
e que mesmo com algumas semelhanças estes contratos seguem regimes jurídicos totalmente
diferentes. Estes contratos tem modalidades diferentes, caracteristicas diferentes, mas seguem
a mesma forma quando se trata de bens imóveis que deve ser este contrato feito por via de
escritura pubica ou por escrito particular.
No contrato de compra e venda este pode ser feito em prestações e que o regime de falta
de cumprimento esta prevista nos arts. 934º e 935º. E a venda sobre documentos pode ficar
resolvido o contrato com a mera entrega dos documentos dacoisa não sendo assim necessaria
a entrega da coisa, por exemplo quando entrega-se o livrete de um carro.
Em ambos contratos a venda ou doação de bens alheios torna estes contratos nulos pelo
simples facto de se estar a transmitir uma propriedade que não lhe pertence fazendo assim com
que haja um vicio de vontade nesse ontrato e assim o terceiro que estiver de Boa fé fica ele
protegido e tendo assim o direito a restituição.
No contrato de compra e venda pudemos constatar que Pais e Avós não podem vender
coisas aos seus filhos netos sem o consentimento dos outros filhos e netos porque fica assim
anulavel esse negócio juridico.
Contudo pudemos concluir que estes contratos tem algumas semelhanças e algumas
diferenças, são ambos contratos sinalagmáticos e negocios juridicos bilaterais.
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Referencias bibliograficas
Legislação:
Manuais:
CORDEIRO,António Menezes, Direito das obrigções, vol. III, 2ª edição, AATDL, 1991.
LEITAO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito das Obrigações: contractos em especial,
Vol., III, 7ª Edição, Almedina, Coimbra, 2010.
LIMA, Pires e VARELA, Antunes, Código Civil anotado, vol. II e III, 3ª edição, revista e
actualizada, Coimbra, 1986.
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