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Tribunal de Contas da União

Número do documento:
DC-0533-32/01-P

Identidade do documento:
Decisão 533/2001 - Plenário

Ementa:
Representação formulada por sindicato. Possíveis irregularidades na
ECT. Concorrência. Transporte aéreo de malas postais no âmbito do
projeto Rede Postal Aérea Noturna. Contratação de empresas aéreas
devedoras da fazenda pública e da seguridade social. Análise da
matéria. Conhecimento. Ilegalidade do Procedimento Especial de
Negociação utilizado pela ECT na contratação direta dos serviços. Prazo
para início do processo licitatório. Determinação. Consideradas
cumpridas as determinações da Decisão 194/94. Ciência ao Congresso
Nacional, Procuradoria da República e Ministério das Comunicações.

Grupo/Classe/Colegiado:
Grupo I - CLASSE VII - Plenário

Processo:
000.585/1996-3

Natureza:
Representação

Entidade:
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT

Interessados:
Interessado: Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias ¿ SNEA

Dados materiais:
ATA 32/2001
DOU 05/09/2001

INDEXAÇÃO Representação; Sindicato; ECT; Concorrência; Seguridade


Social; INSS; Dispensa de Licitação; Contratação Direta; Congresso
Nacional; Comissão Parlamentar;

c/ 3 volumes

Processos apensados: TC 015.461/1995-5 (c/ 1 volume),


TC 000.705/1996-9 (apensado: TC 010.925/1996-1),

TC 009.246/1997-5 e TC 008.391/2000-8

Sumário:
Representação acerca de irregularidades na contratação de companhias
aéreas para a operacionalização da Rede Postal Aérea Noturna ¿ RPN.
Inabilitação da maior parte das empresas participantes, tendo em vista
a sua condição de devedoras junto à Fazenda Pública e ao sistema de
seguridade social, inviabilizando a adjudicação de 23 das 30 linhas
licitadas. Contratação das empresas antes inabilitadas por meio de
Procedimento Especial de Negociação, com regras distintas das
estabelecidas na Lei nº 8.666/93. Notícia nos autos de superveniente
regularização dos débitos por parte das companhias aéreas. Proposta da
Unidade Técnica, chancelada pelo Ministério Público, no sentido da
irregularidade do procedimento alternativo de contratação engendrado
pela ECT. Ilegalidade do procedimento instituído pela estatal. Fixação
de prazo para realização de certame licitatório. Comunicação.
Arquivamento.

Relatório:
Adoto como Relatório a instrução de fls. 246/260, da lavra da AFCE
Lisaura Cronemberger M. Pereira, verbis:

"Trata-se de representação formulada pelo Sindicato Nacional das


Empresas Aeroviárias ¿ SNEA contra possíveis irregularidades na
aplicação da Lei no 8.666/93 na Concorrência no 044/95-CEL/AC,
realizada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ¿ ECT, para
contratação de transporte aéreo de malas postais no âmbito do projeto
Rede Postal Aérea Noturna ¿ RPN (fls. 01/20).

1.1 As questões levantadas pelo representante são as seguintes:

a)não realização de audiência-pública, em descumprimento ao disposto


no art. 39 da Lei no 8.666/93, uma vez que o valor total da licitação
superaria em 100 (cem) vezes o limite estabelecido no art. 23, inciso
I, alínea "c", da mesma Lei;

b)adoção de tipo de licitação não previsto em lei, considerando-se


que, apesar de o Edital da Concorrência no 044/95 estabelecer o tipo
"menor preço", na verdade, seria de "preço-base";

c)desobediência aos princípios da isonomia e igualdade, uma vez que a


ECT estaria aplicando "regime diferente a pessoas que se acham numa
mesma situação objetiva e impessoal" (fls. 15);

d)ausência de divulgação dos orçamentos dos serviços a serem


contratados, em desacordo com o art. 40, § 2o, inciso II, da Lei no
8.666/93;

e)norma de divulgação das modificações do Edital, estabelecida no


subitem 2.11 do mesmo, em desacordo com o art. 21, § 4o, da Lei no
8.666/93;

f)ausência de justificativas para a utilização dos índices contábeis


estipulados no Edital, como forma de aferir a qualificação
econômico-financeira dos licitantes;

g)excesso de exigências quanto à qualificação técnica, em desacordo


com o disposto no art. 30, § 6o, da Lei no 8.666/93.

2. De acordo com a primeira análise efetuada pela 9a SECEX (fls.


87/90), foram consideradas improcedentes as questões registradas nas
alíneas "b", "c" e "f" acima. Quanto às demais questões, acrescida de
outra não levantada pelo representante ¿ previsão de critério de
prorrogação da vigência do contrato em desacordo com o art. 57, § 4o,
da Lei no 8.666/93 ¿ foi realizada audiência dos membros da Diretoria
da ECT, a fim de que apresentassem as respectivas justificativas. Além
disso, foi efetuada diligência à entidade, para obter esclarecimentos
necessários ao aprofundamento do exame da matéria.

2.1 Conforme consta da instrução de fls. 128/130, foi levantada outra


questão por parte da 9a SECEX, relativa à viabilidade técnica e
econômica das linhas de transporte aéreo BA-01, BA-02, SP-01, SP-02 e
SP-03, as quais estariam incluídas na Concorrência no 044/95.

2.1.1 As linhas BA-01 e BA-02 foram objeto de análise durante a


execução de Auditoria Operacional no Sistema de Transporte Aéreo da ECT
(TC no 017.706/93-9), cuja conclusão foi pela operação deficitária e
desnecessária das mesmas, ocasionando prejuízos aos Correios.

2.1.2 Quanto às linhas SP-01, SP-02 e SP-03, considerou a Unidade


Técnica que, "embora apresentem um nível de utilização ótimo e sejam
rentáveis, poderiam ser operadas por via terrestre mantendo-se a mesma
qualidade ora praticada" (fls. 129).

2.1.3 Em vista disso, foi realizada nova diligência à ECT solicitando


informações sobre a situação da Rede Postal Noturna ¿ RPN e seus
contratos, bem como justificativas e estudos de viabilidade técnica e
econômica para as linhas BA-01, BA-02, SP-01, SP-02 e SP-03 (fls. 131).

2.2 A análise das justificativas apresentadas em atendimento à


audiência (item 2) e às diligências realizadas (item 2 e subitem 2.1.3)
consta da instrução de fls. 169/193, cujas conclusões foram pela
procedência das questões relativas à não realização de audiência
pública e desobediência aos princípios da isonomia e igualdade (alíneas
"a" e "c" do subitem 1.1), e à falta de viabilidade técnica e econômica
das linhas de transporte aéreo BA-01, BA-02, SP-01, SP-02 e SP-03
(subitem 2.1). Quanto às demais questões ¿ alíneas "b", "d", "e", "f" e
"g" do subitem 1.1 e critério de prorrogação da vigência do contrato em
desacordo com a Lei no 8.666/93 (item 2) ¿, foram consideradas
improcedentes. Em razão disso, foi proposta a adoção das providências
elencadas às fls. 192/193, a seguir transcritas, diante da qual
manifestaram-se de acordo o Diretor e o Secretário da 9a SECEX (fls.
194):

"I - conhecer da presente Representação, formulada nos termos do art.


113, § 1º da Lei nº 8.666/93, para, no mérito, considerá-la procedente,
em parte;

II - determinar à ECT:

a) abster-se da utilização de serviços de transporte aéreo de malas


postais sem a celebração de contratos, atentando para as formalidades e
formas estabelecidas nos arts. 60, PU c/c 62 caput e § 3º, inciso II da
Lei nº 8.666/93 (parágrafo 54 da instrução);

b) anular o Edital da Concorrência nº 044/95 CEL/AC, em razão das


ilegalidades apontadas nos parágrafos 10, 17-20 e 40-48 desta instrução
(descumprimento do art. 39 da Lei nº 8.666/93 e restrição do mercado),
procedendo à sua correção e agindo de conformidade com o art. 39 da Lei
de Licitações e Contratos, de modo a concluir o processo licitatório no
menor lapso de tempo permitido em lei;

c) reavaliar a conveniência, sob o aspecto financeiro, mercadológico e


operacional, para a manutenção das linhas SP-01, SP-02 e SP-03, que
poderão ser atendidas satisfatoriamente por via terrestre com menor
custo para a Empresa (parágrafos 73 e 74);

d) excluir as linhas BA-01 e BA-02 da RPN, sob pena da instauração de


Tomada de Contas Especial para apurar o prejuízo decorrente de sua
operação (parágrafos 57-72);

e) redimensionar as linhas A, C, F, G, H, I, J, N, O, Q, R, T, U, X e
Y, à vista da possibilidade oferecida pelo art. 65, § 1º da Lei nº
8.666/93 e do nível de ociosidade constatado no Quadro II dessa
instrução, objetivando a redução de custos operacionais da RPN
(parágrafos 75-78);

f) alterar a redação do subitem 4.2 do Manual de Encaminhamento


(MANENC) que assinala "a ocupação nas aeronaves em um dos trechos
deverá atingir pelo menos 70% da sua capacidade contratada" para "a
ocupação nas aeronaves em todos os trechos deverá atingir pelo menos
70% da capacidade contratada" (parágrafos 76-78);

g) fiscalizar a execução de seus contratos de duração continuada,


atentando para a necessidade de a cada pagamento efetivado pela
administração contratante, haver prévia verificação da regularidade da
contratada com o Sistema de Seguridade Social, sob pena de violação do
disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal, conforme Decisão
nº 705/94 - TCU/Plenário, proferida na Sessão de 23.11.94, publicada no
D.O.U. de 06.12.94 à página 18.599 (parágrafo 100);

h) acompanhar a execução dos contratos da RPN de modo a não extrapolar


o limite de redução ou acréscimo de até 25% permitido no art. 65, § 1º
da Lei de Licitações e Contratos, zelando sempre pela redução dos
custos da Rede e atentando para a vedação do § 2º do mesmo artigo
(parágrafos 75-78);

i) incluir na cláusula segunda da minuta do contrato dispositivo que


torne obrigação da contratada manter, durante toda a execução do
contrato, em compatibilidade com as obrigações por ela assumidas, todas
as condições de habilitação e qualificação exigidas para a licitação,
conforme assentado no art. 55, inciso XIII da Lei nº 8.666/93
(parágrafo 100);

j) acrescentar na clausula nona da minuta de contrato, dispositivo que


permita à ECT rescindir unilateralmente o contrato pelo não cumprimento
de cláusulas contratuais, por parte da contratada, conforme mandamento
inserto no art. 78, inciso I da Lei nº 8.666/93;

k) observar a exata adequação do tipo de impulsão e da capacidade de


carga das aeronaves atendendo, estritamente, às necessidades da ECT, de
modo a reduzir os custos da RPN (parágrafo 101);

l) incluir no novo Edital cláusula estabelecendo a necessidade de


prestação de garantia pelas contratadas da RPN, nos moldes do art. 56,
§ 1º da Lei nº 8.666/93 (parágrafos 35-37);
m) rever a sua posição em relação à restrição do certame apenas às
empresas aéreas concessionárias do serviço público de transporte aéreo
regular, com vistas a reproduzir no novo Edital aquelas condicionantes
contidas no subitem 3.2.3 e suas alíneas "a" e "b" e subalíneas "b.1",
"b.2", "b.2.1" e "b.2.2", do Edital de Concorrência nº 028/94 (fls.
01-67 - Vol. I), de modo a afastar a restrição ora levantada, garantir
o princípio constitucional da isonomia e resguardar os interesses da
Empresa (parágrafo 47);

III - recomendar à ECT que faça gestão junto ao DAC com vistas a
proteger os seus interesses e a esclarecer a questão da competência
deste para estabelecer preços para os serviços de transporte aéreo de
malas postais e, ainda, quanto a adequação desses limites de preço à
realidade de estabilização de preços atual e, se for o caso, buscar
solução judicial para dirimir a questão (parágrafos 16 "b" e 23-24);

IV - seja dado conhecimento da Decisão, Relatório e Voto que vier a ser


prolatada por esta Corte à signatária desta Representação, identificada
na folha 1 dos autos do TC-000.585/96-3, ao Presidente da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos, ao Deputado Federal Valdemar Costa
Neto, ao Exmo. Ministro de Estado das Comunicações, Senhor Sérgio
Motta, ao Exmo. Procurador-Geral da República, Senhor Geraldo Brindeiro
e à CISET/MC para supervisão; e

V - sejam os autos juntados às contas de 1996 para exame em conjunto e


em confronto, nos termos do art. 194, §§ 1º e 3º do RI/TCU."

2.3 Conforme Despacho do Relator à época, Exmo. Sr. Ministro FERNANDO


GONÇALVES, os autos foram novamente encaminhados à 9a SECEX, para que
fosse realizada diligência junto à ECT, a fim de obter esclarecimentos
dos seguintes pontos, "relevantes para a melhor formulação de um juízo
no tocante à matéria em apreciação" (fls. 195):

"a) resultado final da Concorrência no 44/95-CEL/AC, indicando os


trechos adjudicados e as empresas vencedoras, bem assim os licitantes
desqualificados na fase de habilitação e os desclassificados na fase de
julgamento, com a respectiva motivação;

b) ocorrência de recursos administrativos contra as decisões da


Comissão de Licitação e, eventualmente, da Diretoria da ECT, juntando
cópia das Atas das Reuniões nas quais hajam sido proferidas essas
decisões;

c) informação quanto à instauração de novo procedimento licitatório por


parte da ECT para contratação de serviços de transporte aéreo para a
Rede Postal Noturna, esclarecendo a fase em que se encontra atualmente
(solicitar cópia do Edital, se já divulgado)."

2.4 Em resposta à diligência efetuada, a ECT apresentou os documentos


de fls. 197/231, contendo as informações solicitadas, esclarecendo que
o resultado da Concorrência no 044/95 permitiu a adjudicação de apenas
sete linhas, do total de trinta licitadas. Segundo consta dos
documentos, treze das dezesseis empresas desqualificadas na fase de
habilitação tiveram como motivo comum a irregularidade fiscal. Em razão
disso, a ECT, a fim de evitar o comprometimento operacional dos
serviços da Rede Postal Noturna, optou por contratar diretamente a
operação das linhas não adjudicadas, com fundamento no art. 24, inciso
V, da Lei no 8.666/93, por meio do denominado Procedimento Especial de
Negociação (Volume 3).

2.4.1 O citado art. 24, inciso V, da Lei no 8.666/93 estabelece, in


verbis:

"Art. 24. É dispensável a licitação:

........................................................................
...........................

V ¿ quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta,


justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições
preestabelecidas;"

2.5 A análise da resposta da ECT à mencionada diligência encontra-se


às fls. 232/235, onde são destacados dois pontos:

2.5.1 Em primeiro lugar, a nova figura de contratação criada pela ECT


que, além de não prevista em lei específica, é vedada pelo § 8o do art.
22 da Lei no 8.666/93, o qual proíbe a criação de outras modalidades de
licitação ou a combinação das referidas naquele artigo. Considera a 9a
SECEX que, embora a Empresa estivesse procurando estabelecer critérios
objetivos para a contratação direta, o Procedimento Especial de
Negociação não pode ser fundamentado no art. 24, inciso V, da Lei no
8.666/93, uma vez que acudiram interessados à licitação anterior e não
foram mantidas as condições estabelecidas no Edital da Concorrência no
044/95.

2.5.2 Em segundo, é ressaltada a difícil situação da ECT,


relativamente aos contratos da RPN. A Empresa simplesmente não pode
deixar de prestar seus próprios serviços, dependendo de transporte
aéreo para um grande volume de carga (aproximadamente 630 ton/dia), o
que requer a utilização de aeronaves de grande porte, por questões de
ganho de escala, bem como de um grande número de aeronaves, "número
este que nenhuma empresa aérea nacional pode disponibilizar sozinha
(mesmo considerando as empresas regulares e as não-regulares de
transporte de carga e carga e passageiro)" (fls. 234).

2.5.2.1 Considera a Unidade Técnica que "a situação se assemelha aos


casos de fornecedor exclusivo impedido de contratar com a Administração
Pública por encontrar-se em débito com a Seguridade Social (art. 195, §
3o), agravado com o fato de ser o 'fornecimento' imprescindível para a
administração" (fls. 234).

2.5.3 Diante disso, foi ratificada a proposta de fls. 192/193 (v.


subitem 2.2), acrescida das seguintes (fls. 235):

a)que fosse julgada regular da solução encontrada pela ECT,


"compreendida na esfera do poder discricionário do administrador, uma
vez que encontra-se perfeitamente subordinada aos interesses superiores
da Empresa";

b)determinação à ECT para que buscasse junto às empresas contratadas


mediante o Procedimento Especial de Negociação a consignação de um
percentual de cada fatura em favor do Fisco Federal, do INSS, do FGTS e
das Fazendas Estadual e Municipal, conforme o caso, com o objetivo de
quitar os respectivos débitos;

c)inclusão nos contratos a serem celebrados, cláusula que obrigasse as


contratadas a buscar solução definitiva para seus débitos fiscais e
sociais, durante a vigência do primeiro período do contrato,
condicionando sua prorrogação ao cumprimento dessa obrigação; e

d)determinação à CISET/MC para que fiscalizasse a execução dos


contratos advindos do Procedimento Especial de Negociação,
especialmente quanto ao cumprimento das cláusulas econômicas,
financeiras, de obrigações e penalidades.

2.6 O Ministério Público, por meio de Parecer de fls. 237/240,


reconhece o impasse criado entre a necessidade de a ECT manter o
serviço postal com os níveis de qualidade satisfatórios e a
impossibilidade de contratar empresas em débito com a seguridade social
e a fazenda pública: "o texto Constitucional diz que compete à União
manter o serviço postal. Contudo, para mantê-lo, com os níveis de
qualidade, necessita dos serviços das companhias aéreas, as quais devem
ser contratadas mediante licitação. Ocorre que, por estar em débito com
o fisco e com o sistema de seguridade social, grande parte das empresas
aéreas está impedida de participar da licitação" (fls. 239).

2.6.1 Ressalta o MP que, "ainda que estivessem presentes os


pressupostos para a contratação direta, nos termos dos arts. 24 e 25 da
Lei no 8.666/93, os interessados deveriam comprovar a ausência de
débito para com a seguridade social, por absoluta imposição no texto
constitucional" (fls. 239).

2.6.2 Em conclusão, manifesta-se de acordo com as proposições de fls.


192/193 (v. subitem 2.2), à exceção do item II, alíneas "b" e "f": "a
primeira, por entender que houve perda do objeto devido à conclusão do
processo licitatório, sendo que a anulação dos contratos decorrentes
poderia acarretar maiores prejuízos à ECT; a segunda, por considerar
que o índice de ocupação das aeronaves em cada trecho deve ser definido
consoante critérios estabelecidos pela própria empresa, desde que
observado o pressuposto da economicidade", acrescidas das seguintes
determinações (fls. 240):

"I ¿ à ECT:

a) que proceda, de imediato, à abertura de nova licitação, com vistas à


contratação das linhas restantes da Rede Postal Noturna ¿ RPN, de
acordo com o disposto no art. 37, XXI, da Constituição Federal e na Lei
no 8.666/93, mantendo-se os contratos firmados mediante o 'Procedimento
Especial de Negociação' estritamente pelo período necessário à
realização do referido procedimento licitatório;

b) exigir das empresas contratadas a regularização de sua situação


perante a seguridade social, bem como levar ao conhecimento do INSS a
situação de inadimplência das mesmas; e

c) que para a efetivação das contratações dessas empresas inadimplentes


com o INSS, deve haver a autorização prévia da autoridade máxima do
órgão, acompanhada das devidas justificativas.

II ¿ à CISET/MC:

- que fiscalize o cumprimento das determinações resultantes deste


processo, fazendo referência, em item específico, na prestação de
contas da empresa."

2.7 Conforme Despacho do Relator, Exmo. Sr. Ministro ADYLSON MOTTA, os


presentes autos foram encaminhados a esta Secretaria, em virtude da
mudança de clientela determinada pela Portaria no 61/99-TCU, ocasião em
que a ECT passou a ser unidade jurisdicionada à 1a SECEX, a fim de que
fossem obtidas informações atualizadas acerca dos contratos de
transporte de malas postais pela Rede Postal Noturna, "inclusive no que
diz respeito à permanência da situação de débito fiscal e
previdenciário das companhias aéreas e à eventual existência de nova
licitação em curso" (fls. 241).

2.7.1 Além disso, solicitou o Sr. Relator, em função dos novos


subsídios obtidos, "o reexame da matéria em causa, com vistas à
aferição da conveniência de ser mantidas as propostas formuladas nos
pareceres de fls. 192/3, 235 e 240".

2.8 Em cumprimento ao referido Despacho, foi realizada diligência à


ECT (fls. 242), cuja resposta encontra-se às fls. 244/245.

2.8.1 Informou a Empresa que, de todas as empresas aéreas que prestam


serviços à RPN, apenas a TAF Linhas Aéreas S/A não dispunha, no mês de
fevereiro do corrente ano, da documentação necessária à comprovação de
regularidade com o INSS. Informou ainda que, das 28 linhas aéreas
contratadas, a TAF opera apenas a linha "U", correspondente ao trecho
Recife/Natal/Recife.

2.8.1.1 Em vista disso, o pagamento da fatura relativa ao mês de


fevereiro encontrava-se sobrestada até que a TAF regularizasse a
situação previdenciária. Ressaltou a ECT, no entanto, que a prestação
dos serviços permanecia sendo executada, sem prejuízo operacional à
demanda de cargas e a terceiros usuários.

2.8.2 De acordo com a Empresa, todos os contratos celebrados com as


empresas aéreas que prestam serviços relacionados à RPN estão vigentes,
não havendo perspectiva, a curto prazo, de realização de nova licitação
"a não ser, em caso de substituição fortuita de alguma(s) linha(s), em
que a empresa aérea se apresente, circunstancialmente, impedida de
continuar mantendo as relações contratuais assumidas". Por fim,
registrou a ECT que, havendo a realização de novo procedimento
licitatório, a 1a SECEX seria prontamente informada (fls. 245).

TC 015.461/95-5

3. Trata de acompanhamento do cumprimento dos item 8.3 e 8.4 da


Decisão no 194/94-Plenário, relativa a Relatório de Auditoria
Operacional realizada no Sistema de Transporte Aéreo da ECT (TC no
017.706/93-9).

3.1 A citada Decisão estabelece, dentre outras providências (v. fls.


126/127 do TC no 000.585/1996-3):

"8.1 ¿ assinar prazo de 15 (quinze) dias para que a ECT adote


providências com vistas a sanar o prejuízo causado pelas seguintes
ocorrências:

a)operação deficitária ou desnecessária das linhas B, V, MG-01, PR-01,


K-02, BU, BA-01, BA-2, BA-03, BA-04, BA-05, P-1, P-2, R e F-2, da Rede
Postal Aérea Noturna (RPN), prejuízos estes da ordem de US$ 9,6 milhões
anuais;

........................................................................
...........................

8.3 ¿ determinar à ECT que comunique ao Tribunal sobre as providências


adotadas em relação aos subitens anteriores;

8.4 ¿ determinar à ECT que, no prazo de 90 (noventa) dias, apresente ao


Tribunal os estudos que forem promovidos com vistas à:

a) redução dos custos das linhas A-1, B-1, C-1, D-1, K-1 e G-1 da RPN;

b) fixação de critérios para a criação de linhas ou trechos de linhas,


de modo a garantir a sua viabilidade econômica (ou social, quando
plenamente justificada);

c) estabelecimento de critérios técnicos para fixação de padrões de


entrega, por categorias de serviços, para as diversas localidades, de
forma a possibilitar a avaliação da viabilidade econômica das linhas e
evitar as injunções políticas no sistema;

d) correção das distorções existentes na estrutura tarifária dos


malotes SERCA e do SEDEX, de forma a fazer com que as receitas sejam
apropriadas mais proporcionalmente aos custos, e posterior apresentação
dos resultados desse estudo aos órgãos competentes, para aprovação e
homologação;

8.5 ¿ ordenar que seja realizada Inspeção Extraordinária na Empresa


Brasileira de Correios e Telégrafos ¿ ECT, por intermédio da 9a SECEX,
com a colaboração da SAUDI e da SEINF e a supervisão da SEGECEX, tendo
por objeto a identificação dos responsáveis e a quantificação do valor
total dos prejuízos mencionados no subitem 8.1 supra, para fins de
aplicação, se for o caso, da multa prevista no art. 57 da Lei n
8.443/92;"
3.2 De acordo com instrução de fls. 23/31 do TC no 015.461/95-5, após
a análise dos elementos apresentados pela ECT, foi proposto que o
Tribunal considerasse satisfatórias as justificativas e informações
prestadas acerca das providências adotadas pela Empresa para sanar os
prejuízos e corrigir as falhas apontadas no mencionado Relatório de
Auditoria Operacional, tornasse insubsistente o subitem 8.5 da Decisão
no 194/94, referente à realização de inspeção extraordinária na ECT, e
determinasse a juntada daquele TC a este processo.

3.2.1 O Ministério Público, em Parecer de fls. 33, manifestou o


entendimento de que "diversas ações foram empreendidas pela direção da
Empresa no sentido de sanar as falhas apontadas na auditoria, sendo que
os resultados demonstram o acerto das medidas implementadas, haja vista
a minimização de custos e a otimização do sistema de transporte como um
todo" e que, em essência, a Decisão no 194/94 foi cumprida de forma
satisfatória, concordando com a proposta formulada pela Unidade
Técnica.

3.2.2 O Relator, Exmo. Sr. Ministro ADYLSON MOTTA, considerando os


pareceres uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público,
determinou a juntada dos autos, para exame em conjunto.

3.3 Após exame dos elementos apresentados pela ECT (fls. 14/22 do TC
no 015.461/95-5), entendemos que as determinações contidas na Decisão
no 194/94 foram cumpridas satisfatoriamente, razão pela qual
ratificamos a proposta de fls. 31 do citado TC, no sentido de que o
Tribunal considere satisfatórias as justificativas/informações
prestadas pela ECT e torne insubsistente o subitem 8.5 da Decisão no
194/94, relativo à realização de inspeção extraordinária na Empresa,
tendo em vista a perda do seu objeto.

TC nº 000.705/1996-9

4. Trata de denúncia apresentada pelo Deputado Federal Valdemar Costa


Neto, Líder, à época, do Bloco PL/PSD/PSC, atual Líder do Bloco
PL/PST/PSL/PSD, acerca de supostas irregularidades na suspensão da
Concorrência no 028/94, para contratação de transporte aéreo para a
Rede Postal Noturna, na conseqüente contratação direta de empresas em
débito com o INSS e no Edital da posterior Concorrência no 044/95, para
o mesmo objeto.

4.1 De acordo com a Decisão no 153/96-Plenário (fls. 122 do TC no


000.705/1996-9), o Tribunal decidiu, dentre outras providências,
determinar a juntada daqueles autos a este processo para análise em
conjunto e em confronto, a realização de diligências junto ao Ministro
de Estado das Comunicações e ao Presidente da ECT para obter maiores
esclarecimentos acerca dos fatos denunciados.

4.2 A análise das informações prestadas em cumprimento à mencionada


Decisão encontra-se às fls. 188/191 deste processo, cujas conclusões
foram pela improcedência da denúncia apresentada pelo Parlamentar.

4.3 Cabe observar que juntado ao TC no 000.705/1996-9 encontra-se o TC


no 010.925/1996-1, versando sobre solicitação do Procurador-Geral da
República, Exmo. Sr. Geraldo Brindeiro, de informações e documentos
acerca dos fatos constantes da denúncia apresentada pelo Deputado
Valdemar Costa Neto, a fim de subsidiar a instrução, no âmbito da
Procuradoria-Geral da República, de representação formulada pelo mesmo
Parlamentar contra atos do então Ministro de Estado das Comunicações,
Sr. Sérgio Motta.

4.3.1 Conforme Decisão no 047/97-Plenário (fls. 46 do TC no


010.925/1996-1), o Tribunal decidiu conhecer da solicitação para,
dentre outras providências, informar que a matéria encontrava-se em
exame, determinando a juntada daquele processo ao TC no 000.705/1996-9,
"para oportuna ciência ao interessado da deliberação que vier a ser
proferida".

4.4 Após o exame dos elementos constantes dos autos, e considerando a


análise já efetuada pela 9a SECEX, ratificamos a proposta no sentido de
que o Tribunal considere improcedente a denúncia apresentada pelo
Deputado Federal Valdemar Costa Neto.

TC nº 009.246/97-5

5. Trata de solicitação da Comissão de Fiscalização Financeira e


Controle da Câmara dos Deputados, por intermédio de seu então
presidente Deputado Arlindo Chinaglia, no sentido de que lhe fosse
remetida "cópia de todos os relatórios, finais ou não, de processos que
tramitaram ou tramitam nessa Corte de Contas, relativos à Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos ¿ ECT e às empresas privadas de
transporte aéreo", tendo em vista o Relatório Prévio no 175/96, de
autoria do Deputado Valdemar Costa Neto, aprovado naquela Comissão.

5.1 De acordo com a Decisão no 497/97-Plenário, exarada naqueles


autos, o Tribunal decidiu, dentre outras providências, encaminhar à
mencionada Comissão cópia de peças de processos, já encerrados e ainda
em tramitação, referentes ao assunto, inclusive deste TC no
000.585/96-3. Além disso, foi esclarecido à Comissão que, relativamente
aos processos em tramitação, as manifestações contidas nas respectivas
peças possuíam caráter meramente opinativo, não expressando o juízo
definitivo sobre a matéria, sendo que tão logo tais processos fossem
apreciados, ser-lhe-ia encaminhada cópia dos Relatórios, Votos e
Decisões proferidos.

Análise

6. Após o relato efetuado, temos as seguintes considerações a fazer.

6.1 As questões levantadas pelo representante já foram, a nosso ver,


examinadas com suficiente profundidade na instrução de fls. 169/193,
restando, entretanto, algumas ressalvas quanto às propostas efetuadas
(v. subitem 2.2).

6.1.1 Quanto às determinações à ECT:

6.1.1.1 Alínea "a" ¿ não utilizar serviços de transporte aéreo de


malas postais sem a celebração de contratos: de acordo com informação
da Empresa (fls. 244/245), todas as empresas aéreas que prestam
serviços para a RPN possuem contratos em vigor.

6.1.1.2 Alínea "b" ¿ anular o Edital de Concorrência no 044/95:


providência desnecessária, uma vez que o processo licitatório já foi
concluído e os contratos dele resultantes estão encerrados. O
Ministério Público já havia alertado para a perda do objeto dessa
determinação (subitem 2.6.2).

6.1.1.3 Alínea "c" ¿ reavaliar a conveniência da manutenção da linhas


SP-01, SP-02 e SP-03, que poderiam ser atendidas de forma satisfatória
por via terrestre, com menor custo: consideramos aceitável a
justificativa apresentada pela Empresa (fls. 134), no sentido de que a
manutenção de tais linhas se fundamenta no alto nível de ocupação das
aeronaves, destacando que, por meio delas, são transportadas quase que
exclusivamente carga de conexão em Guarulhos, já que o transporte de
carga com origem/destino São Paulo é realizado em horário que permite a
utilização alternativa de transporte de superfície. Além disso, a
operação das linhas é lucrativa, como assinala a própria 9a SECEX (fls.
186).

6.1.1.4 Alínea "d" ¿ excluir as linhas BA-01 e BA-02 da RPN, sob pena
de instauração de tomada de contas especial: providência desnecessária,
uma vez que tais linhas já foram canceladas em agosto/95 (v. fls. 27 do
TC no 015.461/95-5).

6.1.1.5 Alínea "e" ¿ redimensionar as linhas A, C, F, G, H, I, J, N,


O, Q, R, T, U, X e Y, em razão do nível de ociosidade das mesmas,
objetivando a redução dos custos operacionais da RPN: deixa de ser
cabível a determinação, uma vez que as considerações acerca da
ociosidade das linhas foram feitas com base no desempenho daquelas
licitadas por meio da Concorrência no 044/95 (fls. 187), cujos
contratos decorrentes já foram encerrados.

6.1.1.6 Alínea "f" ¿ alterar a redação do subitem 4.2 do Manual de


Encaminhamento da Empresa, que estabelece critérios de ocupação da
capacidade contratada das aeronaves: consideramos que a determinação
configura ingerência nos atos da ECT. O Ministério Público já havia
alertado para o fato de que os critérios devem ser definidos pela
Empresa, desde que observado o pressuposto de economicidade (subitem
2.6.2).

6.1.1.7 Alínea "j" ¿ acrescentar na minuta de contrato dispositivo que


permita à ECT rescindi-lo unilateralmente, pelo não cumprimento de
cláusulas contratuais: consideramos dispensável a determinação, uma vez
que, independentemente de previsão no instrumento contratual, é
prerrogativa legal da Administração a rescisão unilateral do contrato,
sendo que o não cumprimento de cláusulas contratuais constitui um dos
motivos para tal, estabelecidos no art. 78 da Lei no 8.666/93. Ademais,
o citado dispositivo não configura cláusula essencial do contrato,
conforme estabelece o art. 55 da mencionada Lei.

6.1.1.8 Alínea "l" ¿ incluir no novo edital cláusula estabelecendo a


necessidade de prestação de garantia pelas contratadas da RPN:
entendemos dispensável a determinação, uma vez que o art. 56, § 1o, da
Lei no 8.666/93 estabelece que poderá ser exigida prestação de garantia
nas contratações, a critério da autoridade competente (grifo nosso),
portanto, providência no âmbito do poder discricionário do gestor.

6.1.1.9 Alínea "m" ¿ rever a posição em relação à restrição do certame


apenas às empresas aéreas concessionárias de serviço público de
transporte aéreo regular: consideramos que tal restrição encontra-se
dentro do âmbito do poder discricionário do gestor, o qual poderá
estabelecer exigências julgadas necessárias para garantir a boa
prestação dos serviços a serem contratados, desde que devidamente
justificadas. Ademais, tendo em vista informação constante do site do
Departamento de Aviação Civil ¿ DAC na internet (www.dac.gov.br) no
sentido de que existem, atualmente, 22 empresas concessionárias de
transporte aéreo regular no Brasil, não se observa, em razão da
mencionada condição estabelecida no Edital da Concorrência no 044/95,
restrição ao caráter competitivo da licitação.
6.1.2 No que se refere à recomendação à ECT para que fizesse gestões
junto ao DAC, com vistas a proteger os seus interesses e a esclarecer a
questão da competência do Departamento para estabelecer preços para os
serviços de transporte aéreo de malas postais e à adequação desses
preços e, se for o caso, buscar solução judicial para a questão (item
III): cabe informar que o DAC, criado pelo Decreto no 60.521, de
31/03/67, é o Órgão Central do Sistema de Aviação Civil do Ministério
da Aeronáutica ¿ MAER, ao qual incumbe assegurar a consecução dos
objetivos da Política Aeronáutica Nacional, no setor dos transportes
aéreos civis, públicos e privados, planejando, orientando,
incentivando, coordenando, controlando e apoiando as suas atividades.
Cabia ao DAC, dentre outras competências, a proposição de normas
referentes à conceituação e utilização dos serviços aéreos ressarcidos
pelas tarifas aéreas e preços específicos, bem como para as multas por
infração ao Código Brasileiro de Aeronáutica, conforme estabelece o
Regulamento do órgão, aprovado pela Portaria no 339/GM3/MAER, em vigor
à época.

6.1.2.1 Desde 01/07/94, o reajuste e a revisão dos preços públicos e


das tarifas de serviços públicos são realizados conforme atos, normas e
critérios fixados pelo Ministério da Fazenda, de acordo com o disposto
no art. 70 da Lei no 9.069, de 26/06/95 (Lei do Real).

6.1.2.2 Verifica-se, assim, que não há o que questionar quanto à


competência do DAC em propor normas sobre tarifas aéreas,
ressaltando-se que cabe ao Ministério da Fazenda aprová-las. Cabe
destacar que, em nenhum momento, a ECT questionou a competência do DAC
para dispor sobre a matéria, nem alegou que seus interesses estariam
sendo feridos, razão pela qual entendemos dispensável a determinação.

6.1.3 Quanto à proposta de juntada dos autos às contas da ECT,


exercício de 1996 (item V), fica prejudicada em razão de que tais
contas já foram julgadas regulares com ressalvas, dando-se quitação aos
responsáveis (TC 007.308/97-3, Relação no 40/98 ¿ 2a Câmara, Sessão de
20/08/98, Ata no 27/98). Apesar das ressalvas efetuadas, foi
dispensada, em caráter excepcional, a formulação de determinações,
visto que a CISET/MC estava comprometida junto à Empresa na solução dos
problemas identificados no Relatório de Gestão, e em razão de o
Tribunal, nas contas do exercício de 1995, já ter fixado prazo para a
solução dos problemas verificados naquele exercício, os quais foram
também observados no exercício de 1996. As determinações realizadas
anteriormente referem-se, basicamente, a aspectos contábeis, não
havendo menção às contratações da Rede Postal Noturna.

6.2 Comentários à proposta de fls. 235 (v. subitem 2.5.3):


6.2.1 A essência da proposta é de que se considerasse regular a adoção
do Procedimento Especial de Negociação, por meio do qual a ECT, diante
da impossibilidade constitucional e legal de contratar empresas em
situação de irregularidade fiscal, contratou diretamente a prestação
dos serviços da RPN.

6.2.2 No entanto, a despeito da louvável tentativa da Empresa de


estabelecer critérios objetivos para a contratação direta, como
ressaltou a 9a SECEX, o Procedimento Especial de Negociação (Volume
III) não pode ser considerado regular, uma vez que não se trata de
licitação a que está constitucionalmente obrigada a ECT (art. 37,
inciso XXI, da CF), nem contém todos os princípios e procedimentos
estabelecidos na Lei no 8.666/93, como se observa a seguir:

a)não há qualquer exigência relativa à situação econômico-financeira,


nem à regularidade fiscal das empresas participantes para a habilitação
no Procedimento;

b)não está estabelecido o prazo de duração da prestação dos serviços;

c)não há previsão para interposição de recursos contra decisões da


Comissão Especial de Negociação.

6.2.2.1 Além disso, outros aspectos do Procedimento merecem destaque:


os subitens 6.5 e seus desdobramentos, 7.2 e 7.3, a seguir transcritos:

"6.5. Dentro de cada grupo estabelecido no anexo XXV, buscar-se-á uma


distribuição equitativa das linhas entre os vários concorrentes,
mantendo-se sempre o menor preço ofertado.

6.5.1. A distribuição equitativa em cada grupo, basear-se-á no número


médio de linhas por proponente;

6.5.2. Buscar-se-á contemplar cada empresa com o número médio de


linhas;

6.5.3. A empresa que apresentar o menor preço para todas as linhas do


grupo, poderá ser contemplada com um quantitativo de linhas duas vezes
superior ao número médio;

6.5.4. No agrupamento de linhas por proponente, buscar-se-á o maior


equilíbrio possível, considerando-se o faturamento mensal previsto para
cada linha; e,
6.5.5. Na distribuição, terão prioridade as empresas que apresentarem a
segunda menor proposta para as linhas, observando-se, para efeito de
contratação, sempre o menor preço ofertado."

"7.2. Nessa ocasião [adjudicação das linhas] as empresas deverão


apresentar documentação relativa à capacidade jurídica e regularidade
fiscal que demonstrem que estão habilitadas a contratar com o Poder
Público.

7.3 Ocorrendo alguma inabilitação, a ECT buscará alternativas que


permitam a contratação da(s) linha(s) que estaria(m) sendo atribuída(s)
à inabilitada, tais como a subcontratação por meio de outra habilitada,
a formação de pool de empresas, a criação de nova empresa ou, ainda, a
contratação de empresa do mesmo grupo empresarial."

6.2.2.2 Verifica-se, dos itens 6.5 e seus desdobramentos, que a


prioridade não é a contratação da empresa que tenha apresentado o menor
preço para a linha, mas o rateio, entre as empresas interessadas, dos
recursos disponíveis para as contratações.

6.2.2.3 No que concerne aos itens 7.2 e 7.3, é uma incoerência que a
apresentação de documentação relativa à capacidade jurídica e
regularidade fiscal seja exigida quando da adjudicação das linhas para
a assinatura do contrato, já que não havia sido na fase de habilitação.
Ademais, a realização do Procedimento Especial de Negociação se mostrou
necessária justamente pela ausência de empresas adimplentes com o fisco
e a seguridade social que pudessem ser qualificadas na Concorrência no
044/95.

6.2.2.4 Mais grave, a nosso ver, são as alternativas apresentadas para


a contratação de empresa inadimplente: a própria ECT oferece os
artifícios para que seja burlada a Constituição (art. 195, § 3o), a
qual proíbe o Poder Público de contratar com empresa em débito com a
seguridade social.

6.2.2.5 Assim, o Procedimento Especial de Negociação deve ser


considerado irregular, uma vez que estabeleceu formas de rateio da
contratação da prestação dos serviços relativos à RPN e ofereceu meios
ilícitos para a contratação de empresas inadimplentes com o fisco e a
seguridade social, em desobediência aos princípios da legalidade,
moralidade, economicidade e probidade administrativa.

6.2.3 Quanto às propostas no sentido de ser consignado um percentual


de cada fatura à quitação dos débitos fiscais das contratadas e
inclusão de cláusula nos contratos futuros obrigando as empresas a
solucionar a questão dos débitos e condicionar a prorrogação do
instrumento contratual ao cumprimento dessa obrigação, não vemos
maneira de serem implementadas, ante à falta de previsão legal que
estabeleça a competência da ECT em dispor sobre a matéria. Além disso,
uma vez que a proposta da 9a SECEX foi no sentido de se considerar
regular o Procedimento Especial de Negociação, concebido justamente
para que empresas inadimplentes pudessem ultrapassar a fase de
habilitação e ser contratadas, a nosso ver, não há razão para se exigir
a regularidade fiscal das mesmas quando do pagamento das parcelas
contratuais.

6.2.4 Acerca da proposta de determinação à CISET/MC para que


fiscalizasse a execução dos contratos advindos do Procedimento Especial
de Negociação, consideramos dispensável, uma vez que tais contratos são
irregulares, pois advindos de um Procedimento irregular, e devem,
portanto, ser encerrados.

6.3 Comentários à proposta de fls. 240 (v. subitem 2.6.2):

6.3.1 Quanto às determinações à ECT:

6.3.1.1 Alínea "a" ¿ abertura imediata de nova licitação, mantendo os


contratos oriundos do Procedimento Especial de Negociação apenas pelo
período necessário à realização do certame: a nosso ver, é a
providência mais adequada, considerando informação da Empresa no
sentido de que todas as empresas que prestam serviços à RPN, à exceção
de uma, encontravam-se regulares com o INSS (subitem 2.8.1).

6.3.1.2 Alínea "b" ¿ exigir das empresas contratadas a regularização


dos débitos e levar ao conhecimento do INSS a inadimplência das mesmas:
nossa única ressalva é de que a ECT não teria instrumentos para exigir
a regularização dos débitos das empresas, por falta de amparo legal.

6.3.1.3 Alínea "c" ¿ exigir autorização prévia da autoridade máxima do


órgão, acompanhada das devidas justificativas, para a efetivação das
contratações de empresas inadimplentes com o INSS: a providência está
em desarmonia com o contido na alínea "a" acima, uma vez que, realizada
licitação, é impossível a contratação de empresa inadimplente, já que a
mesma será desqualificada em cumprimento ao disposto nos arts. 29,
incisos III e IV, e 43, inciso II, da Lei no 8.666/93.

6.3.2 No que se refere à determinação à CISET/MC para que fiscalize o


cumprimento das determinações, fazendo referência em item específico na
prestação de contas da ECT, consideramos que deva ser feita, ainda que
as determinações a serem propostas nesta instrução sejam distintas.
Conclusão

7. O impasse criado entre a necessidade de a ECT manter a continuidade


na prestação dos serviços e a impossibilidade de contratar empresas em
débito com a seguridade social e a fazenda pública deu origem ao
Procedimento Especial de Negociação, cujos contratos estão em vigor.

7.1 A situação verificada durante a realização da Concorrência no


044/95, quando não foi possível completar o procedimento em vinte e
sete das trinta linhas licitadas para a RPN, em razão da
desqualificação de dezesseis empresas, sendo que treze delas por
irregularidade fiscal, colocou a ECT em ameaça de solução de
continuidade na prestação de um serviço público que, por princípio, não
pode parar. A fim de contornar o impasse, a Empresa lançou mão do
comentado Procedimento Especial de Negociação, repleto de vícios.

7.2 A Constituição estabelece que compete à União manter o serviço


postal (art. 21, inciso X), sendo assim, a continuidade da sua
prestação é um interesse público maior, uma vez que interrompido,
traria grandes prejuízos à sociedade. Dessa forma, e considerando que
não foi possível a contratação por meio de licitação, não havia outra
alternativa além da contratação direta de uma empresa inadimplente,
ainda que a mesma Constituição a proíba (art. 195, § 3o).

7.3 Entendemos que o fato de a ECT ter contratado diretamente as


empresas para a RPN, dentro das circunstâncias excepcionais da falta de
empresa qualificada na Concorrência no 044/95, não representa, a
princípio, irregularidade, tendo em vista a imposição do interesse
público maior, como mencionado anteriormente. Todavia, as distorções
verificadas no Procedimento Especial de Negociação inviabilizaram a
obtenção da proposta mais vantajosa para todas as linhas, uma vez que,
na prática, o Procedimento formalizou um rateio de linhas e
faturamentos (v. subitens 6.2.2 a 6.2.2.4).

7.4 Se à época da realização da Concorrência no 044/95 havia a


necessidade e a justificativa para a contratação direta das empresas de
transporte aéreo, isso não mais se verifica atualmente.

7.4.1 De acordo com informações prestadas pela própria ECT, todas as


empresas que hoje prestam serviços à RPN, à exceção de uma,
encontram-se em dia com o INSS (subitem 2.8.1). Assim, conclui-se que
voltou a existir a possibilidade de competição, já que a maioria das
empresas tem condições de ser qualificada em uma licitação.
7.4.2 Assim, e tendo em vista a urgência de regularizar a situação dos
contratos da Rede Postal Noturna, consideramos necessária determinação
no sentido de estabelecer prazo para que a Empresa realize novo
certame.

8. Ante o exposto, submetemos os presentes autos à consideração


superior, propondo que o Tribunal conheça da presente representação,
formulada nos termos do art. 113, § 1o da Lei no 8.666/93, para, no
mérito, considerá-la procedente em parte e:

I ¿ julgar irregular o Procedimento Especial de Negociação utilizado


para a contratação direta dos serviços relativos à Rede Postal Noturna
¿ RPN, por desobediência aos princípios da legalidade, da moralidade,
da economicidade e da probidade administrativa, em razão de estabelecer
formas de rateio dos mencionados serviços e oferecer meios ilícitos
para a contratação de empresas inadimplentes com o fisco e a seguridade
social, assinando o prazo de 90 (noventa) dias para que a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos ¿ ECT dê início ao processo de
licitação para contratação dos serviços da RPN, mantendo os atuais
contratos estritamente pelo período necessário à conclusão do processo
licitatório e informando o Tribunal acerca das providências adotadas.

II ¿ determine à ECT que:

a)fiscalize a execução de seus contratos de duração continuada,


atentando para a necessidade de, a cada pagamento efetivado pela
administração contratante, haver prévia verificação da regularidade da
contratada com o Sistema de Seguridade Social, sob pena de violação do
disposto no § 3o do art. 195 da Constituição Federal;

b)acompanhe a execução dos contratos da Rede Postal Noturna ¿ RPN de


modo a não extrapolar o limite de redução ou acréscimo de até 25%
permitido no art. 65, § 1º, da Lei de Licitações e Contratos, zelando
sempre pela redução dos custos da Rede e atentando para a vedação do §
2º do mesmo artigo;

c)inclua nos contratos a serem firmados dispositivo que torne


obrigação da contratada manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ela assumidas, todas as condições
de habilitação e qualificação exigidas para a licitação, conforme
disposto no art. 55, inciso XIII, da Lei no 8.666/93;

d)observe a exata adequação do tipo de impulsão e da capacidade de


carga das aeronaves, atendendo estritamente às necessidades da ECT, de
modo a reduzir os custos da RPN;
e)atente para a realização de audiência pública, sempre que o valor
estimado para a licitação ou para o conjunto de licitações simultâneas
ou sucessivas for superior a cem vezes o limite previsto no art. 23,
inciso I, alínea "c", da Lei no 8.666/93, conforme estabelece o art. 39
da mesma Lei;

f)leve ao conhecimento do INSS a eventual inadimplência de empresas


contratadas.

III ¿ determine à CISET/MC que fiscalize o cumprimento das


determinações efetuadas, fazendo referência, em item específico, na
prestação de contas da Empresa.

IV ¿ considere cumpridas as determinações contidas na Decisão no


194/94-Plenário, adotada na Sessão de 06/04/94, quando da apreciação de
Relatório de Auditoria Operacional realizada no Sistema de Transporte
Aéreo da ECT (TC no 017.706/93-9, Ata no 11/94), e torne insubsistente
o subitem 8.5 da mesma, relativo à realização de inspeção
extraordinária na Empresa, tendo em vista a perda do seu objeto.

V ¿ conheça da denúncia apresentada pelo Deputado Federal Valdemar


Costa Neto (TC no 000.705/96-6), para, no mérito, considerá-la
improcedente;

VI ¿ dê conhecimento da Decisão que vier a ser proferida, bem como do


Relatório e Voto que a fundamentarem:

a) ao representante;

b) ao Deputado Federal Valdemar Costa Neto;

c) ao presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da


Câmara dos Deputados;

d) ao Procurador-Geral da República, Exmo. Sr. Geraldo Brindeiro;

e) ao Ministro de Estado das Comunicações, para conhecimento".

O Diretor da 3ª Divisão Técnica e o titular da 1ª SECEX aquiesceram a


essa proposta (fl. 261).

Em nova manifestação, o Ministério Público, em cota singela, opinou


pelo acolhimento da proposta da Unidade Técnica (fl. 263).
Finalmente, tendo em vista solicitação dirigida ao Tribunal pelo
Subprocurador-Geral da República Miguel Guskow, Coordenador da 3ª
Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria Geral da República
(TC-008.391/2000-8, fl. 01), autorizei a remessa àquele órgão de cópia
de peças dos autos (fl. 264).

É o Relatório.

Voto:
A questão de fundo sobre a qual se controverte no presente feito diz
respeito à contratação pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
de companhias aéreas para a operacionalização da sua chamada Rede
Postal Aérea Noturna - RPN, a portentosa malha de transporte que está
na base do elevado padrão de qualidade, no que se refere ao prazo de
encaminhamento da carga postal, alcançado já desde há quase três
decênios pelo nosso serviço postal.

A singularidade dessa questão é que quase todas as empresas em condição


de prestar os serviços de que dependem os Correios, notadamente as
concessionárias do serviço público de transporte aéreo regular de porte
nacional, têm sido devedoras históricas, e em valores significativos,
da Fazenda Pública e do sistema de seguridade social.

Daí o conflito permanente: a União, para dar cumprimento à obrigação


constitucional de "manter o serviço postal" (CF, art. 21, X),
constituiu uma empresa pública específica; essa empresa pública, para
executar aquele serviço no padrão mínimo compatível às necessidades da
sociedade e do próprio sistema produtivo, depende de uma eficiente rede
de transporte que, tendo em vista a extensão do nosso território,
baseia-se fundamentalmente nas ligações aéreas entre as principais
cidades brasileiras; a sua vez, a estruturação desse sistema de
transporte aéreo pressupõe a utilização dos serviços de companhias
aéreas que estão proibidas de ser contratadas pelo Poder Público, seja
por força de mandamento constitucional, no caso de débito junto à
seguridade social (CF, art. 195, § 3º), ou legal, no caso de débito
junto à Fazenda Pública ou ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(Lei nº 8.666/93, art. 29, incisos III e IV).

Como informado pela própria estatal (fls. 197/200), no caso ora


apreciado, das 30 linhas licitadas apenas 7 linhas, das quais apenas 2
de grande porte (linha B ¿ Belo Horizonte/Brasília/Belo Horizonte e
linha O ¿ Belo Horizonte/Rio de Janeiro/Belo Horizonte), puderam ser
contratadas. Dessas, 4 foram adjudicadas à TAM ¿ Transportes Aéreos
Regionais, 2 à Total Linhas Aéreas e 1 à Brasil Central Linhas Aéreas.
Das 16 empresas inabilitadas no certame, 13 o foram em razão de débitos
junto à Fazenda Federal e ao INSS, entre elas, a VARIG, a VASP, a
TRANSBRASIL, a Rio Sul Serviços Aéreos Regionais e a Nordeste Linhas
Aéreas Regionais.

Diante desse quadro, para evitar o seu colapso operacional, a ECT


instituiu um assim denominado "Procedimento Especial de Negociação à
Contratação, pela via direta, da Rede Postal Aérea Noturna (RPN)". Para
tanto, a estatal se julgou amparada no preceito do art. 24, inciso V,
da Lei nº 8.666/93, segundo o qual a licitação é dispensável "quando
não acudirem interessados à licitação anterior e esta,
justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a
Administração, mantidas, neste caso, todas as condições
preestabelecidas".

Antes ainda de examinarmos a pertinência da invocação à espécie do


mencionado preceito legal, impõe-se destacar aqui dois entre os
diversos aspectos do procedimento de contratação engendrado pela ECT
que se afiguram divergentes ou conflitantes com o Estatuto das
Licitações. Nesse particular, ressalte-se desde logo que não procede a
observação da Unidade Técnica no sentido de que deixou de ser
estabelecido o prazo de duração da prestação dos serviços, uma vez que
a Cláusula Décima-Segunda do contrato-padrão (Anexo XXVII do
"Procedimento Especial de Negociação") prevê que os contratos
efetivados terão a "vigência de 01 (hum) ano, a contar data de sua
assinatura, podendo ser prorrogado por iguais períodos até o limite de
05 (cinco) anos".

Em primeiro lugar, em oposição ao que se objetiva com um certame


licitatório ¿ "selecionar a proposta mais vantajosa para a
Administração", na dicção do art. 3º, caput, da Lei nº 8.666/93 ¿, a
sistemática adotada pela ECT preocupou-se antes com a
institucionalização de um mecanismo formal de negociação que permitisse
uma distribuição "eqüitativa" das linhas a serem contratadas entre as
diversas empresas participantes, em cada um dos dois grupos de linhas
previstos pela estatal. É o que se depreende dos critérios
estabelecidos no instrumento, o "edital", que disciplinou esse
"Procedimento Especial de Negociação à Contratação" (Anexo 3, fls. 05 e
07/09):

"6.1 Para a avaliação das propostas, serão estabelecidos grupos de


linhas, conforme definido no Anexo XXV, em função da disponibilidade de
carga demandada e da velocidade de cruzeiro exigida com o objetivo de
permitir uma melhor organização do processo de contratação.

6.2 A avaliação das propostas será feita individualmente para cada


linha, sendo as negociações correspondentes realizadas dentro de cada
grupo de linhas estabelecido.

(...)

6.4 Somente se iniciará o processo de negociação quando houver, no


mínimo, uma proposta dentro dos limites de preço considerados
aceitáveis pela ECT, para a execução de todas as linhas do mesmo grupo.

6.5. Dentro de cada grupo estabelecido no anexo XXV, buscar-se-á uma


distribuição eqüitativa das linhas entre os vários concorrentes,
mantendo-se sempre o menor preço ofertado.

6.5.1. A distribuição eqüitativa em cada grupo, basear-se-á no número


médio de linhas por proponente;

6.5.2. Buscar-se-á contemplar cada empresa com o número médio de


linhas;

6.5.3. A empresa que apresentar o menor preço para todas as linhas do


grupo, poderá ser contemplada com um quantitativo de linhas duas vezes
superior ao número médio;

6.5.4. No agrupamento de linhas por proponente, buscar-se-á o maior


equilíbrio possível, considerando-se o faturamento mensal previsto para
cada linha; e,

6.5.5. Na distribuição, terão prioridade as empresas que apresentarem a


segunda menor proposta para as linhas, observando-se, para efeito de
contratação, sempre o menor preço ofertado".

Em segundo lugar, o procedimento adotado pela ECT não contém requisitos


atinentes à qualificação econômico-financeira das empresas
participantes, muito menos da comprovação da sua condição de
regularidade com respeito às obrigações fiscais, previdenciárias e
junto ao FGTS. Obviamente, quanto a esse segundo aspecto, diferente não
poderia ser, porquanto esse Procedimento Especial foi criado exatamente
para permitir à ECT contornar a impossibilidade jurídica de contratar
mediante licitação regular as companhias aéreas em débito para com o
Poder Público.

A esse respeito, como bem observou a Unidade Técnica, é paradoxal que,


tendo em vista essa manifesta motivação que está na origem da
sistemática instituída pela ECT, tenha sido incluída no subitem 7.2 do
Procedimento Especial a exigência segundo a qual, no momento da
celebração dos contratos, "as empresas deverão apresentar documentação
relativa à capacidade jurídica e regularidade fiscal (sic) que
demonstrem que estão habilitadas a contratar com o Poder Público". Ora,
se as empresas poderiam comprovar a sua regularidade fiscal,
previdenciária etc, para efeito de contratação mediante esse
Procedimento Especial, porque não puderam fazê-lo quando da tentativa
de contratação pela ECT mediante o certame licitatório?

E, talvez, para contornar a "inabilitação", que se antevia como


provável, das empresas escolhidas no processo de negociação é que se
dispôs ainda no subitem 7.3 que "ocorrendo alguma inabilitação, a ECT
buscará alternativas que permitam a contratação da(s) linha(s) que
estaria(m) sendo atribuída(s) à inabilitada, tais como a subcontratação
por meio de outra habilitada, a formação de pool de empresas, a criação
de nova empresa ou, ainda, a contratação de empresa do mesmo grupo
empresarial".

Portanto, já por essas razões, não há como se considerar que a


sistemática adotada pela ECT se conforme sequer com os princípios que
devem nortear as contratações levadas a efeito pela Administração
Pública.

II

Passemos ao exame do fundamento legal invocado pela ECT, é dizer, o


art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/93.

O intento da ECT de se valer desse permissivo legal para alcançar uma


solução jurídica para a sua situação kafkiana fora pela primeira vez
aventado ao ensejo de Consulta que o então titular da Pasta das
Comunicações, Ministro Sérgio Motta, dirigira ao Tribunal
(TC-005.821/1997-7). Naquela ocasião, foram submetidas ao exame do
Tribunal duas questões que, a despeito do seu aparente caráter
abstrato, como, por óbvio, se impunha numa Consulta, incontestavelmente
diziam respeito ao drama da RPN. Ei-las:

"I - Para fins do disposto no art. 24, inciso V da Lei n° 8.666/93, em


um processo licitatório que comporte apresentação de propostas para
frações ou para o total do seu objeto, a ausência de interessados
abrange, inclusive, as hipóteses de comparecimento fático de licitante,
mas que não preenche requisitos jurídicos de habilitação ou de
formulação de propostas?

II -Havendo ausência de comparecimento, nos moldes descritos no item


anterior, em relação a partes do objeto licitado, estaria configurada a
hipótese de que trata o referido dispositivo legal (art. 24, inciso V,
da Lei n° 8.666/93), para efeito de CONTRATAÇÃO DIRETA das parcelas
alcançadas pelo não comparecimento, se justificadamente, não puder ser
repetida a licitação sem prejuízo para a Administração?".

Tendo em vista a desistência formalmente manifestada pelo interessado,


aquela Consulta foi arquivada. Não obstante, a ECT entendeu-se
legitimada a aplicar o disposto no art. 24, inciso V, da Lei de
Licitações para a contratação de companhias aéreas em débito para com o
Poder Público para a operação da RPN.

A primeira das questões então articuladas na Consulta tem ainda


relevância para o deslinde da matéria em pauta, é dizer, saber se
enseja a aplicação do aludido preceito legal tanto a situação de real
ausência de interessados no certame licitatório, como parece defluir da
literalidade daquela norma, quanto a situação na qual aqueles que
comparecem à licitação não atendem aos requisitos para habilitação ou
apresentação de propostas. Como se sabe, essas duas situações são
tradicionalmente referidas e distinguidas na doutrina como hipóteses de
licitação deserta, no primeiro caso, e de licitação fracassada, no
segundo caso (cf. por todos Temas Polêmicos sobre Licitações e
Contratos, Zanella Di Pietro et all., p. 81, MALHEIROS, 1995).

Ora, penso que podemos todos concordar que o fundamento jurídico


último, a ratio juris, do inciso V do art. 24 da Lei na 8.666/93 é
obstar a ocorrência de algum prejuízo à Administração por conta da
injustificada repetição de um procedimento licitatório, autorizando-se
a contratação direta quando a licitação anteriormente realizada, por
razões alheias à ação do Poder Público, não logra êxito. Aliás, nunca é
demais repetir, a razão de ser da própria licitação é a "satisfação do
interesse público, pautando-se pelo princípio da isonomia" ( Licitação
e Contrato Administrativo: Estudos sobre a interpretação da lei, Eros
Roberto Grau, p. 14, MALHEIROS, São Paulo, 1995).

Em sendo assim, forçoso é reconhecer que está a reclamar a tutela da


lei, com vistas à proteção do superior interesse público ¿ na
eventualidade de risco de prejuízo à Administração com a renovação do
procedimento licitatório ¿, não apenas a hipótese de licitação deserta
mas igualmente aquela em que o certame fracassa por força do
comparecimento apenas de licitantes que não se revestem das
qualificações necessárias à habilitação ou à apresentação de propostas.
Somente com uma inteligência dessa índole ¿ que, de rigor, estará
meramente reconhecendo que a expressão verbal do preceito não alcançou
todo o espírito da norma, que o legislador disse menos do que pretendia
¿ é que se estará conferindo à norma do inciso V do art. 24 da Lei
8.666/93 um sentido que melhor responda à consecução do resultado que
se quer obter.

Por evidente, essa alegada possibilidade de ocorrência de prejuízo à


Administração por conta da repetição do certame, assim como a
presumível eliminação daquele prejuízo com a imediata contratação
direta, deverá ser convincentemente demonstrada por parte do órgão ou
entidade desejoso de contratar. É o que inequivocamente deflui do
preceito legal em comento ao aludir à licitação que, "justificadamente,
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração".

Por igual, só é possível cogitar-se da dispensa de licitação sob a


guarida do aludido preceito legal se o desinteresse por parte dos
eventuais licitantes não tiver sido determinado por condições
injustificadamente restritivas inseridas pela Administração nas regras
regentes do certame. É que seria um contra-senso aceitar que a dispensa
da observância do procedimento estatuído na Constituição Federal como
regra nas contratações ( art. 37, XXI) fosse provocada pela própria
Administração, nessa hipótese em que ela mesma inviabiliza a
participação dos possíveis interessados, fixando exigências
desarrazoadas e inibidoras da competitividade da licitação. Aceitar uma
tal dispensa de licitação seria como premiar aquele que se pauta de
maneira antijurídica, o que é de todo incompatível com a moralidade
administrativa.

A esse respeito, bem assentou este Plenário por ocasião do julgamento


de Consulta formulada Ministro da Aeronáutica (TC-016.731/95-6) que,
"uma vez cumpridas todas as formalidades legais pertinentes que
garantam a ampla participação dos licitantes (...), é cabível a
aplicação do disposto no art. 24, inciso V, da Lei n° 8.666/93"
(Decisão n° 655/95, Ata 58/95).

Registre-se que também esse é o entendimento dominante na doutrina.


Marçal Justen Filho, por exemplo, em parecer citado nos autos do
TC-005.821/1996-7, averbou

"A licitação se configura como deserta quando não comparecem


interessados em participar do certame. Nas exatas e precisas condições
previstas no ato convocatório, a Administração pode promover a
contratação direta, desde que preenchidos os demais requisitos legais ¿
consistentes, basicamente, na impossibilidade da reiteração do
procedimento sem prejuízo para a Administração .

A ausência de comparecimento abrange, inclusive, as hipóteses onde


houve comparecimento fático de licitante, mas que não preenche
requisitos jurídicos de habilitação ou de formulação de propostas.
Neste sentido, manifestou-se JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES, apontando
(com toda procedência) que 'não se pode acolher como interessado aquele
que comparece sem ter condições jurídicas para contratar' (Contratação
Direta sem Licitação, Brasília Jurídica, 1995, p. 178)".

Da mesma forma, comentando o equivalente preceito do Decreto-lei nº


2300/86, Hely Lopes Meirelles assentara:

"O desinteresse pela licitação anteriormente realizada é motivo para


sua dispensa na contratação subseqüente, mantidas as condições
preestabelecidas no edital ou convite, desde que não possa ser repetida
sem prejuízo para a Administração (Estatuto, art. 22, VI).
Caracteriza-se o desinteresse quando não acode à licitação nenhum
licitante, ou todos são inabilitados ou nenhuma proposta é
classificada, muito embora, neste último caso, a Administração possa
convidar os proponentes para reformular suas ofertas (art. 38,
parágrafo único)".

Portanto, consolidando o até aqui exposto, entendo legítimo concluir


que em tese seria possível a invocação do inciso V do art. 24 da Lei
8.666/93 para respaldar a contratação direta também nas hipóteses de
licitação fracassada.

Todavia, como passo a demonstrar, não poderá jamais essa possibilidade


alcançar a hipótese de se contratar por dispensa de licitação as mesmas
empresas que foram anteriormente desqualificadas do certame competitivo
por não se revestirem de condições para firmar contrato com o Poder
Público.

Como se vem de mencionar, o dispositivo legal em comento exige que na


contratação direta levada a efeito sob a sua proteção sejam mantidas
"todas as condições preestabelecidas". É daí que decorre a necessidade
de se atentar para uma diferença decisiva entre a hipótese de licitação
deserta e a hipótese de licitação fracassada.

Note-se que, diversamente do que se verifica na licitação deserta ¿ em


que a real ausência de interessados impede que se faça alguma
inferência acerca da habilitação daqueles para uma subseqüente
contratação ¿, na licitação fracassada, a eliminação dos licitantes,
por não atendimento das condições para habilitação no certame, gera uma
presunção de impossibilidade de posterior contratação sob dispensa do
mesmo licitante inabilitado. Com efeito, como vimos, nessa ulterior
contratação, deverão ser mantidas "todas as condições
preestabelecidas", inclusive, portanto, aquelas atinentes à habilitação
dos licitantes e que teriam dado causa à sua desqualificação. Como se
assentou na antes mencionada Decisão n° 655/95, é "cabível a aplicação
do disposto no art. 24, inciso V, da Lei n° 8.666/93, (...) mantidos
todos os critérios de habilitação, preço mínimo e demais condições
fixadas no edital que deu início ao certame".

Também a doutrina abraça esse entendimento, como se depreende do


comentário de Jorge Ulisses Jacoby Fernandes no tocante à disposição em
apreço: "Impõe a lógica jurídica que a Administração mantenha as
condições ofertadas e exigidas na licitação anterior, pois se houver
qualquer alteração ficará irremediavelmente comprometido o requisito
'ausência de interesse' em participar na licitação. Efetivamente, não
pode a Administração alterar as exigências estabelecidas para a
habilitação, nem tampouco as ofertas constantes do convite ou edital"
(op. cit., p. 180).

E diferente não haveria de ser, pois que acolher tese contrária seria
admitir o disparate de legitimar-se a contratação daquele que não
logrou demonstrar habilitação para sequer participar da anterior
licitação que precisamente objetivava "selecionar a proposta mais
vantajosa" (Lei n° 8.666/93, art. 3°) para a contratação por parte do
Poder Público.

Logo, se o próprio preceito legal exige que a eventual contratação


direta observe "todas as condições preestabelecidas" no certame que não
teve êxito, anuir à possibilidade de contratação direta de um mesmo
licitante anteriormente inabilidado, tão-só porque configurado um dos
requisitos ¿ o fracasso da licitação ¿ autorizadores de tal
contratação, seria tolerar que, mediante malabarismos exegéticos, se
extraísse da disposição de lei resultado exatamente contrário ao por
ela colimado.

Perpetrar-se-ia assim, inequivocamente, uma fraude à lei, consistente,


segundo Francesco Ferrara, "na observância formal do ditame da lei, e
na violação substancial do seu espírito: tantum sententiam offendit et
verba reservat. O fraudante, pela combinação de meios indiretos,
procura atingir o mesmo resultado ou pelo menos um resultado
equivalente ao proibido; todavia, como a lei deve entender-se não
segundo o seu teor literal, mas no seu conteúdo espiritual, porque a
disposição quer realizar um fim e não a forma em que ela pode
manifestar-se, já se vê que, racionalmente interpretada, a proibição
deve negar eficácia também àqueles outros meios que em outra forma
tendem a conseguir aquele efeito" (Interpretação e Aplicação das Leis,
ARMÉNIO AMADO EDITOR, Coimbra, 1987, p. 151).
Concluo, portanto, o exame dessa questão entendendo que a interpretação
sistemática dessa matéria impõe que os licitantes eliminados do certame
em face do não atendimento dos requisitos de qualificação previstos nos
arts. 27 a 33 do aludido diploma legal estarão, em princípio,
impossibilitados de ser contratados diretamente sob o amparo do inciso
V do art. 24 da Lei n° 8.666/93. Uma tal presunção só poderá ser
afastada, a meu ver, se à ocasião da contratação direta a empresa em
questão comprovar que não mais subsistem as razões impeditivas à sua
anterior qualificação para o certame licitatório.

Em definitivo, quem não é idôneo para ser contratado mediante licitação


também não o é para ser contratado mediante dispensa de licitação.

III

De se reconhecer essa inaplicabilidade à hipótese dos autos do preceito


do art. 24, inciso V, da Lei nº 8.666/93 não decorre que se esteja
aqui positivisticamente, ingenuamente, a desconsiderar a
impossibilidade fática de que a ECT, ao mesmo tempo, obedeça aos
ditames legais e execute os serviços que, por força de preceito
constitucional, lhe são cometidos. Não, não é essa pretensão utópica
que nos orienta nesta oportunidade em que examinamos essa matéria, nem
muito menos um fundamentalismo jurídico que só se satisfaz com a
literal observância dos preceitos do direito, não importa a que custo,
na linha do fiat justitia pereat mundus.

Ao meu ver, as situações em que a realidade suscita conflitos


normativos para os quais não existe uma solução fácil, ou nas quais a
solução que parece se apresentar como decorrente da aplicação lógica do
direito aos fatos conduz a resultados estapafúrdios, indesejados,
contrários ao interesse social ou a moralidade convencional, devem ser
honestamente, sinceramente, assumidas como tais, e não pintadas com
cores mais agradáveis de modo a dar a impressão de que o direito está
sendo obedecido quando de fato o que se perpetra é a sua completa
violação.

Acolhendo o que Hart classicamente assentou com respeito aos conflitos


entre os valores morais e o direito positivo, "as ocasiões em que a
vida nos força a escolher o mal menor devem ser entendidas com a
consciência de que elas são o que elas são". Elas não devem nos
conduzir ao "otimismo romântico de que todos os valores que em última
estância acalentamos se enquadrarão em um sistema único, que nenhum
deles tem que ser sacrificado ou compromissado para acomodar um outro"
(Positivism and the Separation of Law and Morals, Harvard Law Review,
p. 618,. vol. 71, fev/1958).
Se a ECT, sem outra alternativa, tem que prestar os serviços postais, e
se, para fazê-lo em condições adequadas, também sem outra alternativa
razoavelmente factível, tem que dispor dos serviços de empresas que
estão proibidas de contratar com o Poder Público, esse quadro
embaraçoso tem que ser forçosamente reconhecido e necessariamente com
consideração a ele é que deve honestamente ser buscada a solução
jurídica que, a não ser a melhor, seja a mais aceitável à comunidade.

É apenas a ilusão positivista de que os fatos da vida sempre se


ajustarão harmonicamente à normatividade jurídica que faz com que se
acredite que a melhor solução para resolver um hard case como esse de
que ora nos ocupamos é refinar a realidade, construindo, mediante
malabarismos jurídicos, uma nova "realidade" na qual se tenha a
impressão de que a Administração Pública está contratando com
obediência às normas aplicáveis, enquanto se procede, sob a aparência
da legalidade, à consecução do mesmo resultado que antes o direito
repudiava.

Por essas razões, não vejo como deixar de acolher o encaminhamento


proposto pela 1ª SECEX, ao qual anuiu o Ministério Público, no sentido
da ilegalidade do procedimento especial instituído pela ECT, com a
fixação de prazo para a adoção de medidas com vistas à contratação,
mediante regular licitação, das companhias aéreas necessárias à
operação da RPN. Aliás, menciona-se nos autos que algumas dessas
empresas já teriam equacionado os débitos que as impediam de contratar
com a estatal.

Com essas considerações e acolhendo no mais as outras proposições da


Unidade Técnica, Voto no sentido de que seja adotada a Decisão que ora
submeto à apreciação deste Plenário.

Sala das Sessões, em 08 de agosto de 2001.

ADYLSON MOTTA

Ministro-Relator

Assunto:
VII - Representação

Relator:
ADYLSON MOTTA
Representante do Ministério Público:
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Unidade técnica:
1ª SECEX

Quórum:
Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (Presidente), Marcos
Vinicios Rodrigues Vilaça, Iram Saraiva Adylson Motta (Relator),
Walton Alencar Rodrigues, Guilherme Palmeira, Ubiratan Aguiar e os
Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo e Lincoln
Magalhães da Rocha.

Sessão:
T.C.U., Sala de Sessões, em 8 de agosto de 2001

Decisão:
O Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE:

8.1 conhecer da presente Representação, para julgar ilegal o


Procedimento Especial de Negociação utilizado pela Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos ¿ ECT para a contratação direta dos serviços
relativos à Rede Postal Aérea Noturna ¿ RPN, por não se adequar à
hipótese de dispensa de licitação prevista no art. 24, inciso V, da Lei
nº 8.666/93, bem assim por contemplar critérios conflitantes com os
previstos no mencionado diploma legal no que se refere aos requisitos
de qualificação dos participantes e à sistemática de escolha das
propostas mais vantajosas, dando ensejo à contratação de empresas
inadimplentes com a Fazenda Pública e o sistema seguridade social;

8.2 fixar o prazo de 90 (noventa) dias para que a Empresa Brasileira de


Correios e Telégrafos ¿ ECT adote as medidas com vistas ao início do
processo de licitação para contratação dos serviços da RPN, mantendo os
contratos eventualmente ainda vigentes estritamente pelo período
necessário à conclusão do processo licitatório e informando o Tribunal
acerca das providências adotadas;

8.3 determinar à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ¿ ECT que:

8.3.1 fiscalize a execução de seus contratos de duração continuada,


atentando para a necessidade de, a cada pagamento efetivado, haver
prévia verificação da regularidade da contratada com o Sistema de
Seguridade Social, sob pena de violação do disposto no § 3o do art. 195
da Constituição Federal;
8.3.2 acompanhe a execução dos contratos da Rede Postal Noturna ¿ RPN
de modo a não extrapolar o limite de redução ou acréscimo de até 25%
permitido no art. 65, § 1º, da Lei de Licitações e Contratos;

8.3.3 inclua nos contratos a serem firmados dispositivo que torne


obrigação da contratada manter, durante toda a execução do contrato, em
compatibilidade com as obrigações por ela assumidas, todas as condições
de habilitação e qualificação exigidas para a licitação, conforme
disposto no art. 55, inciso XIII, da Lei no 8.666/93;

8.3.4 observe a exata adequação do tipo de impulsão e da capacidade de


carga das aeronaves, atendendo estritamente às necessidades da ECT, de
modo a reduzir os custos da RPN;

8.3.5 atente para a realização de audiência pública, sempre que o valor


estimado para a licitação ou para o conjunto de licitações simultâneas
ou sucessivas for superior a cem vezes o limite previsto no art. 23,
inciso I, alínea "c", da Lei no 8.666/93, conforme estabelece o art. 39
da mesma Lei; e

8.3.6 leve ao conhecimento do INSS a eventual inadimplência de empresas


contratadas;

8.4 determinar à Secretaria Federal de Controle Interno/MF que


fiscalize o cumprimento das determinações efetuadas, dando conhecimento
ao Tribunal, no prazo de 90 (noventa) dias;

8.5 considerar cumpridas as determinações contidas na Decisão no


194/94-Plenário, adotada na Sessão de 06/04/94, quando da apreciação de
Relatório de Auditoria Operacional realizada no Sistema de Transporte
Aéreo da ECT (TC no 017.706/93-9, Ata no 11/94), e torne insubsistente
o subitem 8.5 da mesma, relativo à realização de inspeção
extraordinária na Empresa, tendo em vista a perda do seu objeto.

8.6 conhecer da Denúncia apresentada pelo Deputado Federal Valdemar


Costa Neto (TC no 000.705/96-6), para, no mérito, considerá-la
improcedente;

8.7 dar conhecimento da presente Decisão, bem como do Relatório e Voto


que a fundamentam, ao representante, ao Exmo. Sr. Deputado Federal
Valdemar Costa Neto, ao presidente da Comissão de Fiscalização
Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, ao Procurador-Geral da
República e ao Ministro de Estado das Comunicações; e

8.8 arquivar os presentes autos.

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