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Pião

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Piões

Freestyle

Pião (ou pinhão, como é chamado em algumas partes do Brasil, em corruptela de pião;


[1]
 xindire, em Maputo; n'teco, em Nampula e mbila, no Niassa, em Moçambique[2]) é o
nome dado em português aos vários tipos de brinquedo que consistem, na brincadeira
clássica e antiga, em puxar uma corda enrolada a um objecto afunilado, geralmente
de madeira ou plástico e com uma ponta de ferro, colocando-o em rotação no solo,
mantendo-se erguido. Atualmente, há novos materiais para piões e esses materiais
permitem girá-los sem a utilização de uma corda. Nos piões mais antigos, a corda é o
intermerdiário que transmite a força motriz dos braços, fazendo girar o pião em
movimentos circulares em torno do próprio eixo que, em equílibro, gira (por causa
da inércia) até perder sua força e parar.
Os piões mais simples são feitos de plástico ou de madeira e giram apenas com a força
dos dedos (sem o auxílio e cordas ou molas), até pararem devido ao atrito com a
superfície. Quanto mais rápido o pião estiver girando, mais equilibrado ele fica.
Dependendo da superfície o pião pode não girar corretamente.
Ao longo da história, seu uso vem variando da mais simples brincadeira de criança até
instrumento de adivinhação e xamanismo. De fato, acredita-se que esta brincadeira (jogo),
de origem arcaica, está associada com rituais de adivinhação e interpretação de
presságios em certas épocas do ano, utilizando-se o pião para recriar o movimento
dos astros, dando possivelmente como fruto a perinola.[3]
Para as comunidades hispânicas (e também do Japão e anglófonas) existe uma ligeira
variante do pião, chamada de trompo, na verdade o mesmo pião com um corpo mais
bojudo, cuja nomenclatura pode variar segundo o lugar e a época. [4] Existem também
múltiplas denominações derivadas do termo "pião", consideradas incorretas em espanhol.
[5]
 Nos países lusófonos, entretanto, é adotado o termo pião para designar este brinquedo.
Foi um dos brinquedos mais populadores e difundidos na América Latina e no sul
da Espanha, sendo substituído gradativamente por jogos/brinquedos das novas gerações.
[5]
 Sem dúvida, na tentativa de subsistir a tradição, os fabricantes de piões revolucionaram
o conceito: atualmente encontram-se piões impulsionados por molas e métodos
de fricção diferentes da corda. Novos modelos de piões, como o Beyblade e o Levitron,
ainda possuem certa vigência no mercado e tem se desenvolvido uma estrutura em torno
deles que vão das tradicionais brincadeiras até elaboradas competições freestyle (estilo
livre).

Índice

 1História
 2Brasil e Portugal
o 2.1Terminologia
 3Estrutura do pião
o 3.1Corpo
 3.1.1Material e fabricação
 3.1.2Desenho
 3.1.3Ornamentação
o 3.2Ponta
 3.2.1Com ponta incrustada
 3.2.2Sem ponta incrustada
o 3.3Corda
 4Funcionamento
 5Jogos
o 5.1Individuais
o 5.2Coletivos
 6Tipos de pião
o 6.1Pião tradicional, ou  bearing
o 6.2Pião alemão
o 6.3Pião pequeno
o 6.4Pião coot
o 6.5Pião sede e pião peixe-ruivo
o 6.6Pião de Combate (Beyblade)
 7Ver também
 8Referências

História[editar | editar código-fonte]
A origem do pião é incerta ainda que se tenha conhecimento de sua existência desde o
ano 4000 a.C., já que foram encontrados alguns exemplares, elaborados com argila, nas
margens do rio Eufrates.[6] Há vestígios de piões em pinturas antigas e em alguns textos
literários que citam o brinquedo/jogo.[7] É citado também nos textos de Catão, o
Velho, político e historiador romano. Além disso, o pião aparece nos escritos de Virgílio,
destacando-se em sua obra Eneida (século I a.C.).[8] Da mesma forma, se tem encontrado
piões pertencentes à civilização romana. No Museu Britânico, é conservado o pião mais
antigo do mundo, encontrado em Tebas e datado de 1250 a.C..
A Platão o pião servia como metáfora do movimento e Aristófanes se confessava
aficionado pelo objeto.[9] O poeta romano Ovídio também menciona o pião em seus
poemas. Aulo Pérsio Flaco (34 - 62), outro poeta romano, dizia que "em sua infância teve
mais afeição ao pião do que aos estudos".[10] Durante umas escavações realizadas
em Troia foram encontrados alguns piões feitos de barro e outros exemplares têm sido
desenterrados em Pompeia.[10]

Um pião de origem japonesa

Os romanos e os gregos tinham este elemento como brinquedo. No entanto, as culturas do


Oriente - China e Japão - foram os responsáveis por sua introdução no Ocidente. [11] No
Japão, adultos e crianças brincam (jogam) com o pião convertendo este aspeto lúdico a
uma verdadeira arte e desta forma executam numerosos espetáculos, dentre estes
destaca-se aquele em que, juntamente depois de lançar o pião, utilizando um tipo de fita
para fazê-lo bailar na palma das mãos ou em tábuas duplas passando de uma a outra. [12]
Também há diversos exemplares de piões no México e na Argentina que são testemunhos
de sua permanência no tempo. [7]

"Criança com pião", pintura de Jean Siméon Chardin (óleo sobre tela, 1738)

Alguns pintores têm utilizado piões como motivo em seus quadros, como o
espanhol González Ruiz (1640 - 1706), que em sua obra Catedral de Toledo demonstra
uma partida de piões. O pintor e gravador chileno, Pedro Lobos (1919 - 1968) utilizou em
seus temas o pião. O alemão Manfred Bluth, em sua obra Quadro Familiar (1979),
de óleo sobre lona#Lona como material artístico, incorpora em primeiro plano um pião
musical[12]
Poetas chilenos têm se inspirado neste brinquedo, como Homero
Arce (1901 - 1977), Alejandro Galaz (1905 - 1938), que escreveu Romance de la infância
ou trompo de 7 colores ("Romance da infância ou pião de sete cores", em
português), Victoria Contreras Falcón (1908 - 1944) que escreveu Trompo dormido ("Pião
adormecido", traduzido), ou ainda María Cristina Menares, com Danza del trompo
multicolor ("Dança do pião multicolorido", traduzido), incluído em seu livro de poemas para
crianças Lunita Nueva ("Luazinha nova", traduzido).[12] Cita-se ainda, o peruano José Diez
Canseo que escreveu em seus Estamapas Mulatas em 1951 o conto El Trompo, onde
narra como Chupitos, um menino de dez anos, joga o pião com seus vizinhos
no bairro de Rímac em Lima.[13]

Este objeto moderno representa o sistema natural em que os piões giram, sempre dependentes de
um material que os una ao chão e que os permitam rodar

Além disso, existem selos postais que representam este jogo no Brasil (1979), Argentina


(1938), Suíça (1986), Espanha (1989) e Portugal (1989).[12] O pião tem sido considerado
como um dos brinquedos mais populares e conhecidos entre os adolescentes até o final
da década de 1980.[14] Na era moderna, como a maior parte dos jogos tradicionais, está
desaparecendo.[14] Graças ao aparecimento de outros tipos de piões como o beyblade e
o levitron, ainda possui certa vigência na indústria de brinquedos.[15] Além disso, têm sido
incorporadas novidades em seu desenho visando facilitar seu uso, como os PowerStart,
que em sua parte superior possuem um aparato no qual é inserido um dispositivo dotado
de um sistema que, ao ser retirado, produz uma força de giro no pião deixando-o cair,
evitando o desgaste de ter que recolocar (enrolar) o cordão inúmeras vezes. [16]

Brasil e Portugal[editar | editar código-fonte]


As tradições de jogo do pião e ainda mesmo em jogos de adivinhação, são bastante
semelhantes nos dois países lusófonos, como demonstram os estudos dos portugueses
Jaime Lopes Dias (Etnografia da Beira, VI, 166-167); Augusto César Pires de Lima (Jogos
e Canções Infantis, 26-27) e Rocha-Mandahil que, na "Revista Lusitana" (vol. XXVI, Porto,
1927) registrou ter o Arcebispo de Braga e irmão bastardo de Dom João V, Dom Jorge
(1703-1756) jogado de modo entusiasmado o pião; e do brasileiro Aluísio de Almeida (in:
Revista do Arquivo Municipal, CVIII, São Paulo, 1946) – como regista
o folclorista brasileiro Luís da Câmara Cascudo.[1]
Interessante cantiga evoca o pião e sua capa (o barbante), cantada em Portugal:
Para andar lhe pus a capa
E tirei-lha para andar,
Que ele sem capa não anda,
Nem com ela pode andar,
Com capa não dança,
Sem capa não pode dançar;
Para dançar se bota a capa,
Tira-se a capa para dançar.

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