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Antes de responder se o crente pode ou não perder a salvação, precisamos de analisar um pouco
as principais correntes teológicas sobre a Salvação
Após a análise resumida destas correntes teológicas, olhemos agora para a questão principal
O crente pode ou não perder a salvação? Existe o perigo da apostasia para quem já
cristão?
Esta pergunta nos remete ao assunto relacionado à “Preservacao” ou “A Perseverança dos
Salvos". Há uma linha de pensamento que afirma que são crentes verdadeiros àqueles que
perseveram até ao fim". Este posicionamento afirma que:
a) A perseverança é a prova da verdadeira conversão;
b) A demonstração de ser crente verdadeiro está no fim da carreira;
c) A perseverança até ao fim é a prova incontestável;
d) Nesta perspectiva não há possibilidade de um cristão genuíno apostatar-se da sua fé.
As bases bíblicas utilizadas para sustentar esta linha de pensamento são as seguintes:
“Eu lhes dou a vida eterna; JAMAIS PERECERÃO, e NINGUÉM AS ARREBATARÁ
DA MINHA MÃO. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém poderá arrebatar.” (Jo 10.28,29)
“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós HÁ DE
COMPLETÁ-LA ATÉ O DIA de Cristo Jesus.” (Fp 1.6)
“...porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para
GUARDAR O MEU DEPÓSITO ATÉ AQUELE DIA.” (II Tm 1.12)
Segundo esta linha de pensamento o homem não pode ser salvo hoje, perdido amanhã, salvo
depois de amanhã. Se for salvo mesmo, será salvo de uma vez para sempre. A perseverança será
a maior evidencia".
Por outro lado a Bíblia traz muitas advertências a respeito do perigo da apostasia. Apostasia
significa “revolta” contra Deus. Vejamos o que a Bíblia diz:
“...todavia, O MEU JUSTO viverá pela fé, e: SE RETROCEDER, nele não se compraz a
minha alma.” (Hb 10.38)
Aqueles a quem foram dirigidas estas palavras eram cristãos hebreus, que, desanimados e
perseguidos, estavam sendo tentados a “afastar-se do Deus vivo” (Hb 3.12). Por todas as
evidências, trata-se de pessoas regeneradas e não apenas cristãos nominais. Segundo este texto, a
dor causada a Cristo pela apostaria é comparada a uma nova crucificação (Hb 6.6). Não há
dúvida que o perigo aqui é evidente. Há outras advertências do apóstolo Pedro dirigidas
claramente a cristãos: “Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão,
ACAUTELAI-VOS; NÃO SUCEDA QUE, arrastados pelo erro desses insubordinados,
DESCAIAIS DA VOSSA PRÓPRIA FIRMEZA.” (II Pd 3.17 e 2.20-22)
Bem, parece que chegamos a um impasse. Por um lado parece que a Bíblia diz que não pode
perder, mas por outro lado mostra que é possível desviar-se, afastar-se de Deus e perder a
salvação.
Para resolver este impasse é necessário posicionar-se de forma equilibrada entre as duas
posições. É o que Myer Pearlman propõe e chama de “equilíbrio escriturístico” que pode ser
de grande auxílio, conforme vemos abaixo.
Por outro lado, a ênfase demasiada sobre a livre vontade e responsabilidade do homem, como
reacção contra o calvinismo, pode trazer as pessoas sob o jugo do legalismo e despojá-las de
toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos que devem ser evitados são: a ilegalidade e
o legalismo.
Quando Charles Finney ministrava em uma comunidade onde a graça de Deus havia recebido
excessiva ênfase, ele acentuava muito a responsabilidade do homem. Quando dirigia trabalhos
em localidades onde a responsabilidade humana e as obras haviam sido fortemente defendidas,
ele acentuava a graça de Deus. Quando deixamos os mistérios da predestinação e nos damos a
obra prática de salvar as almas, não temos dificuldades com o assunto. John Wesley era
arminiano e George Whitefield calvinista. Entretanto, ambos conduziram milhares de almas a
Cristo...” In Conhecendo as Doutrinas da Biblia, pag. 174 - Myer Pearlman
Salvação não se perde como se, se tratasse de algo difícil ou impossível de encontrar depois de
perdido. Salvação além de ser um acto de Deus, também é um estado em que o Homem é
colocado, mas pode ser abandonado por iniciativa e desobediência deste último, como
aconteceu com Adão e Eva no Jardim.
Note que as diversas histórias (parábolas) que Jesus contou na Bíblia, eram para mostrar a
actuação de Deus em relação a humanidade e como esta devia se posicionar diante da
divindade.
Para melhor ilustrar isso proponho a leitura de dois textos: o livro de Juízes, que retrata as
constantes quedas e os contínuos afastamentos do povo israelita, sendo sempre aceites por Deus,
quando se arrependiam; e a história do filho pródigo, em Lucas 15, àquele que saiu da casa do
pai (uma figura de Deus), mas foi recebido novamente porque o Pai nunca “deixou ele sair do
seu coração”.