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[1] POSTURA OU POSICIONAMENTO:

Tudo começa por aqui, pois antes de empunhar a arma, o atirador


chega à linha de tiro e se posiciona diante do alvo.
Existem diversos posicionamentos de tiro, que também podem ser
chamados de posturas de tiro. Vou me deter apenas em dois deles, os
mais comuns no mundo todo para as armas curtas.
Os dois posicionamentos, ou posturas, mais comuns para armas curtas
são: Waever e Isósceles.
[1.1] Weaver: posição ou postura de tiro desenvolvida pelo Xerife Jack
Weaver, de Los Angeles, Califórnia, EUA, no final da década de 1950,
para competições de estilo livre com armas curtas. Esta técnica possui
dois componentes básicos.
[A] Como primeiro componente, destaca-se que é uma técnica de duas
mãos, para buscar mais estabilidade com a arma curta, pois neste
equipamento não há apoio para o ombro. A mão que efetua o disparo é
usada para segurar a arma, enquanto a outra mão envolve a primeira.
O cotovelo do braço que faz o disparo fica ligeiramente dobrado, quase
esticado, enquanto o cotovelo do braço de suporte fica um pouco mais
dobrado. O atirador deve empurrar para frente a mão que fará o disparo,
enquanto puxa para trás a mão de suporte, exercendo o que é chamado
de “tensão isométrica” sobre a arma. O objetivo da tensão isométrica é
o de diminuir o tempo de recuperação da visada do atirador,
possibilitando sequencias mais rápidas de disparos.
[B] O segundo componente é o posicionamento dos pés do atirador, em
postura quadrangular, com o pé correspondente à mão de suporte um
pouco mais à frente do pé correspondente à mão que efetua o disparo.
O pé correspondente à mão que efetua o disparo, além de estar um
pouco mais para trás, também deve estar um pouco virado para fora,
fazendo um ângulo de aproximadamente 45 (quarenta e cinco) graus
com a linha de visada do atirador. O tronco do atirador deve estar
ligeiramente angulado, com o ombro correspondente à mão que faz o
disparo um pouco mais para trás, em relação ao ombro correspondente
à mão de suporte. Para buscar a estabilidade da base, os joelhos do
atirador devem estar ligeiramente flexionados e o tronco um pouco
inclinado para frente, como se o atirador estivesse esperando ser
empurrado para trás.
Posicionamento (ou postura) do tipo Weaver. Note que nenhum dos
braços fica totalmente esticado, os pés não ficam paralelos, o ombro da
mão de suporte fica mais para frente do que o ombro da mão
dominante. A posição busca a estabilidade na estrutura muscular do
atirador.

[1.2] Isósceles: posição ou postura de tiro que se tornou popular a partir


da década de 1980, quando os atiradores Brian Enos e Rob Leatham
começaram a utilizá-la, com muito êxito, nas provas de IPSC,
modalidade de tiro prático.
Assim como a Weaver, a Isósceles é uma postura que segura a arma
curta com as duas mãos, para melhor estabilizá-la. A mão que efetua o
disparo segura a arma, enquanto a mão de suporte envolve a primeira.
Os dois braços ficam completamente esticados, com os cotovelos
travados nesta posição. Vista por cima, esta posição faz o desenho de
triangulo isósceles, composto pelos dois braços do atirador, de igual
tamanho, ambos formando os dois catetos maiores, com o cateto menor
do triângulo formado pelo tórax do atirador.
A pressão exercida pelas mãos do atirador não é uniforme: a mão de
suporte deve ser responsável por aproximadamente 70% (setenta por
cento) da força de estabilização da arma. Resta para a mão que efetua
o disparo apenas 30% (trinta por cento) da força de estabilização da
arma.
A postura Isósceles busca sua estabilidade na estrutura óssea do
atirador, ao contrário da Weaver, que busca estabilidade na estrutura
muscular.
Os pés ficam posicionados paralelamente, ambos apontados para
frente, com os joelhos levemente flexionados e com o tronco um pouco
inclinado para frente, como se o atirador estivesse esperando um
empurrão para trás.
Quase todas as posturas existentes, com exceção das posturas que
seguram a arma curta com apenas uma das mãos, são variações ou
modificações dessas duas posturas básicas.

O atirador deve experimentar ambos os posicionamentos e decidir qual


deles se adequa melhor às suas necessidades, assim como à postura
natural de seu corpo.

Posicionamento (ou postura) do tipo Isósceles. Note que os braços e o


tórax do atirador formam o desenho dos catetos de um triângulo
isósceles. A posição busca a estabilidade na estrutura óssea do
atirador.
[2] EMPUNHADURA:

Estou falando de armas curtas, empunhadas com as duas mãos,


portanto fico restrito às duas empunhaduras utilizadas: uma para os
revólveres e outra para as pistolas. Sim, elas são diferentes e a
utilização da empunhadura inadequada para a arma é capaz de arruinar
o resultado dos tiros, podendo até lesionar o atirador.
[2.1] Revólver:
O revólver deve ser empunhado com a mão dominante, com o dedo
fora do gatilho, depois disso, a mão dominante deve ser envolvida pela
mão de suporte, buscando-se preencher os espaços vazios que
“sobraram” na empunhadura da arma. O polegar da não dominante
deve ficar flexionado, quase apontado para o chão, com o polegar da
mão de suporte posicionado sobre o polegar da mão dominante.

Empunhadura de duas mãos correta para o revólver. Note os polegares


cruzados, com o polegar da mão dominante flexionado, quase
perpendicular ao chão, enquanto o polegar da mão de suporte repousa,
também flexionado, sobre o polegar da mão dominante.
[2.2] Pistola:
Deve ser empunhada com a mão dominante, com dedo fora do gatilho,
depois disso a mão de suporte deve envolver a mão dominante,
buscando o preenchimento dos espaços que “sobraram” na
empunhadura da arma. O polegar da mão dominante deve ficar
esticado, apontado para frente, em direção ao alvo, podendo também
ser descansado sobre a trava de polegar da arma (se a arma tiver essa
trava, como a 1911), ou sobre o apoio que algumas pistolas possuem
para o polegar. A mão de suporte deve ficar torcida para baixo, com o
polegar igualmente apontado para o alvo. A pistola corretamente
empunhada apresenta os dois polegares sobrepostos, ambos
apontados para o alvo.

Empunhadura de duas mãos correta para pistola. Note os polegares


esticados de forma sobreposta, ambos apontados para o alvo, com o
polegar da mão dominante repousando sobre o polegar da mão de
suporte.
[3] VISADA:

Em primeiro lugar devo deixar claro que o atirador precisa buscar atirar
sempre com os dois olhos abertos, optando por fechar um deles em
último caso, se realmente não puder obter uma imagem razoável com
ambos abertos. O ser humano possui visão binocular, com ambos os
olhos voltados para frente, dispostos desta forma para capacitá-lo à
percepção de profundidade. Atirar sem a percepção de profundidade é
perfeitamente possível, mas desaconselhável, pois toda a percepção
de tridimensionalidade fica muito prejudicada, podendo até ficar
totalmente obliterada.
A visada é uma linha reta que parte dos olhos do atirador, passando
pelo aparelho de pontaria da arma (neste caso, assumo ser a alça e a
massa de mira, por ser o aparelho mais comum) e terminando na parte
do alvo que se busca acertar com o projétil.
Destra forma, o atirador fica com três planos de visão sobrepostos à
sua frente: o mais próximo, onde está a alça de mira, o intermediário,
onde está a massa de mira, e, finalmente, o mais distante, onde está o
alvo.
Os olhos humanos são capazes de focar em apenas um desses três
planos de visão! Então, em qual deles devo focar minha visão em busca
de um disparo acurado? A resposta é: na massa de mira!
A visada corretamente efetuada deve mostrar a alça de mira fora de
foco, a massa de mira perfeitamente focada e o alvo desfocado.
A imagem mais à direita mostra a visada correta. Note que apenas a
massa de mira está nitidamente focada pelos olhos do atirador.
[4] RESPIRAÇÃO:

A respiração implica necessariamente na oscilação da postura do


atirador, pois os ciclos de inspiração e expiração provocam grande
variação no volume do tórax, fazendo com que a posição dos braços
sofra grande variação em altura.
Por isso, o ideal seria parar de respirar para atirar com mais precisão.
Mas isso é impossível, pois com apenas poucos segundos de
respiração presa, a pressão arterial do atirador começa a subir e ele
passa a tremer, perdendo a estabilidade e o ponto de visada.
A respiração não deve parar, mas sua cadência deve ser controlada
pelo atirador, diminuindo a frequência e permanecendo um pequeno
intervalo de tempo com os pulmões vazios, sem, contudo, parar de
respirar.

Deve-se buscar o disparo neste momento, de pouca oscilação do tórax,


quando os pulmões estão vazios, antes da próxima inspiração. Caso a
respiração atrapalhe a estabilidade da postura e da visada, não atire,
em vez disso, respire novamente e tente efetuar o disparo no próximo
momento de pouca oscilação do tórax.
[5] CONTROLE DO GATILHO:

Este é o fundamento mais difícil de dominar, é a técnica mais essencial


para o bom disparo e o momento em que quase todos os atiradores,
iniciantes ou experientes, estragam o disparo.

Ao premer do gatilho, inicia-se uma série de movimentos mecânicos,


assim como uma série de reações químicas e/ou físicas, que devem
culminar na expulsão do projétil. Para a percepção humana, o disparo
acontece em um só momento, quando tudo ocorre instantaneamente.
Nada poderia estar mais equivocado! A grande sequência de
acontecimentos entre o premer do gatilho e a expulsão do projétil é tão
longa e demorada, que permite a ocorrência da maior parte dos erros
capazes de empobrecer o resultado obtido pelo atirador. Não cabe aqui
discorrer sobre tudo que acontece nesse momento, acredite, o texto
ficaria muito longo. Em vez disso, vou passar ao fundamento para o
bom acionamento do gatilho, que deve ser treinado exaustivamente,
durante toda a vida do atirador:
O dedo do atirador deve tocar o gatilho com a porção compreendida
entre a última falange do indicador e o pomo digital do dedo indicador.

O primeiro desenho mostra como o gatilho deve ser espremido, com a


força sendo exercida apenas para trás. Os demais desenhos, com setas
vermelhas, mostram formas erradas de acionamento do gatilho, o que
ocasiona o deslocamento do ponto de impacto para os lados direito ou
esquerdo do ponto visado. Note que o ponto de contato entre o dedo e
o gatilho é de fundamental importância: se o dedo entrar demais, a arma
é puxada para o mesmo lado da mão dominante, e, se entrar pouco, a
arma é empurrada para o lado da mão de suporte.
O gatilho deve ser lentamente espremido num movimento gradual e
constante para trás, tomando-se todo o cuidado para jamais exercer
forças com componentes diagonais, capazes de puxar ou de empurrar
a arma para os lados.

O atirador não deve comandar o momento do disparo, pois isto gera a


antecipação do recuo, deslocando a arma para cima ou para baixo,
antes mesmo do projétil sair pela boca do cano. Em vez disso, o atirador
deve ser surpreendido pelo momento do disparo, pois a surpresa evita
qualquer reação antecipada ao recuo, mantendo a arma estável em
suas mãos.
O diagrama abaixo demonstra os erros mais comumente cometidos, por
falta de controle do gatilho:

Diagrama usado para relacionar os erros mais comuns com os pontos


de impacto dos projéteis nos alvos.

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