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MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
Manual de Campanha
1ª Edição
2003
C 23-1
CAPÍTULO 3
3-1. GENERALIDADES
a. O tiro preciso é um conjunto de ações muito simples e interligadas. Os
fundamentos do tiro são aspectos básicos que devem ser perfeitamente compre-
endidos neste processo, sendo são apresentados na seqüência natural das ações
para realização de um disparo com o fuzil. Se o atirador executá-los corretamente,
terá maior êxito na realização de tiros em alvos de instrução e no combate. Os
fundamentos de tiro são a posição estável, a pontaria, o controle da respiração e
o acionamento do gatilho. Todos os fundamentos devem ser executados de forma
integrada. O atirador deve utilizar a estrutura óssea do corpo como apoio,
procurando amenizar a fadiga precoce dos músculos envolvidos na posição, em
especial na deitada e ajoelhada.
b. Os fundamentos de tiro de fuzil serão detalhados nos artigos a seguir.
ARTIGO I
POSIÇÃO ESTÁVEL
3-2. DEFINIÇÃO
É o sistema formado pela empunhadura e a posição de tiro, objetivando a
menor oscilação do conjunto arma-atirador. Sempre que possível, o atirador
deverá procurar utilizar qualquer tipo de apoio (sacos de areia, árvores, troncos,
pneus, colunas etc.) para a realização do tiro, pois, além de permitir uma posição
mais estável, poderá servir também de abrigo. Vale ressaltar que, em algumas
situações, o atirador não contará com apoios. Para manter uma boa estabilidade,
qualquer que seja a posição de tiro, é necessário uma força muscular que sustente
o peso da arma e tenha como resultante a firmeza da arma e da posição de tiro.
3-1
3-3/3-4 C 23-1
3-3. CONCEITOS
a. Arco de movimento - São movimentos constantes do corpo do atirador
que influenciam o grupamento de tiro e são notados durante a pontaria.
b. Estabilidade da posição - Situação ocorrida quando ao assumir a
posição de tiro, o atirador possui um arco de movimento reduzido.
c. Firmeza - É qualquer ação exercida sobre a arma ou musculatura que
resulte em estabilidade.
d. Contração - É a força muscular exercida sobre a arma ou musculatura
que resulte em instabilidade e fadiga precoce da musculatura, respectivamente.
e. Zona natural de pontaria - Ao assumir naturalmente a posição de tiro,
o fuzil do atirador aponta para uma determinada direção. A direção apontada e a
oscilação do corpo determinam a zona natural de pontaria. Caso esta zona não
coincida com o alvo, o atirador deve corrigir a posição de tiro para que isto
aconteça. Se o atirador forçar a posição de tiro na direção do alvo, diminuirá a
estabilidade da posição bem como a probabilidade de acerto. Quanto mais
freqüente for a prática do atirador, melhor será a capacidade de fazer com que a
zona natural de pontaria seja a região do alvo ao assumir a posição de tiro
naturalmente.
3-4. EMPUNHADURA
É o ajuste das partes do corpo à arma, proporcionando firmeza ao conjunto,
facilitando a realização da pontaria e o correto acionamento do gatilho.
a. Pontos de contato do corpo do atirador com a arma
(1) a mão que atira segura o punho da arma e pressiona o gatilho;
(2) a mão auxiliar segurando as placas do guarda-mão, no “V” da mão;
(3) o cavado do ombro prende a chapa da soleira;
(4) a cabeça do atirador pende sobre o delgado da coronha.
b. O atirador deve buscar
(1) não comprimir excessivamente a arma com a mão auxiliar, pois
somente a força muscular é suficiente para dar firmeza à posição estável;
(2) manter o fuzil firme no cavado do ombro;
(3) a cabeça pende ereta sobre o delgado da coronha;
(4) a mão que atira empunha a arma com firmeza.
3-2
C 23-1 3-4
3-3
3-5 C 23-1
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C 23-1 3-5
3-5
3-5 C 23-1
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C 23-1 3-5
3-7
3-6/3-7 C 23-1
ARTIGO II
PONTARIA
3-6. GENERALIDADES
a. A pontaria é o fundamento de tiro que faz com que o atirador direcione
sua arma para o alvo.
b. Apontar para o alvo significa alinhar os aparelhos de pontaria do fuzil
corretamente com o alvo.
c. O ser humano possui um de seus olhos com melhor capacidade de
apontar que o outro, denominado olho diretor. Este, sempre que possível, deve ser
utilizado para realizar a pontaria, desde que seja do mesmo lado que o atirador
prefira atirar em função da sua habilidade motora. Caso este lado não seja
correspondente ao olho diretor, o atirador deve escolher sua posição de tiro de
acordo com o lado que possui mais coordenação para disparar, não utilizando o
olho diretor para a pontaria.
d. A pontaria sempre será realizada no centro do alvo, por ser o local onde
há maior probabilidade de acerto devido à massa exposta e por ser região vital do
corpo humano.
3-8
C 23-1 3-7
LINHA DE
VISADA
3-9
3-7 C 23-1
4 DEDOS
3-10
C 23-1 3-7/3-8
ARTIGO III
CONTROLE DA RESPIRAÇÃO
3-11
3-8/3-9 C 23-1
ARTIGO IV
ACIONAMENTO DO GATILHO
3-12
C 23-1 3-9/3-11
3-11. ACOMPANHAMENTO
a. É a fase que se inicia após fuzil ser disparado. É um fundamento que
exige bom domínio dos demais para ser aplicado corretamente.
b. O acompanhamento consiste nas seguintes ações:
(1) procurar manter a linha de mira, com o foco na maça;
(2) continuar a acionar a tecla do gatilho até o final de seu curso da mesma
forma que vinha sendo feita antes do disparo;
(3) manter o apoio da cabeça na coronha;
3-13
3-11/3-12 C 23-1
ARTIGO V
AÇÃO INTEGRADA DE ATIRAR
a. A partir do momento em que o atirador tiver aprendido os fundamentos
de tiro, ele deve saber integrá-los. A ação integrada de atirar é uma seqüência
lógica de medidas que o atirador realiza para melhor harmonizar os fundamentos.
3-14
C 23-1 3-12
ARTIGO VI
ANÁLISE DO TIRO
ANTEC IPAÇ ÃO
3-15
3-12 C 23-1
ESQUIVA
GATILHADA
3-16
C 23-1 3-12
3-17
C 23-1
CAPÍTULO 4
O PREPARO PSICOLÓGICO
4-1. INTRODUÇÃO
Um disparo é um conjunto de procedimentos que requer do executante uma
grande habilidade motora fina. Como em toda atividade que envolve este tipo de
habilidade, é difícil executá-la em momentos em que o nível de ansiedade estiver
alto; por isso, é importante explorar a parte psicológica do tiro.
4-3. CONDICIONAMENTO
a. É importante o instruendo repetir várias vezes o tiro em seco na oficina
de acionamento do gatilho, para se criar uma automação do movimento de puxada
correta de gatilho. Com essa automação, o atirador deixará livre seu consciente
4-1
C 23-1
CAPÍTULO 5
ARTIGO I
FINALIDADE E ORGANIZAÇÃO
5-1. FINALIDADE
a. A IPT tem a finalidade de fazer com que os instruendos preparem-se para
o tiro real. Para isso, devem aplicar a técnica(Fundamentos de Tiro) e realizar
exatamente o que foi ensinado e demonstrado durante as instruções teóricas e
práticas.
b. As oficinas serão desenvolvidas atendendo os fundamentos de tiro
associado ao cuidado com o manejo do armamento.
5-2. ORGANIZAÇÃO
a. Toda a INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA PARA O TIRO deve ser, preferen-
cialmente, realizada no estande e, obrigatoriamente, antecedida por sessão
teórica sobre FUNDAMENTOS DE TIRO. Tudo isso visa aumentar o rendimento
das próximas instruções. A IPT é subdividida em 4 oficinas, sendo que uma delas
deverá ter, como responsável, um instrutor/Aux Instr/Mon que será encarregado
de conduzir o exercício. Inicia-se com a instrução de Fundamentos de Tiro,
preferencialmente, ministrada em uma única vez para todo o efetivo do dia, sendo
esta conduzida pelo oficial de tiro. Com isso, nivela-se a instrução para todos os
instruendos. Após essa instrução, o grupamento será dividido de forma que haja
um rodízio entre as oficinas no período da manhã e no da tarde.
b. Àqueles que apresentem deficiências deve ser dada atenção especial
para que sejam recuperados no mesmo dia da instrução ou antes da realização
5-1
5-2/5-3 C 23-1
Rodízio entre as
2º ao 4º oficinas: 2º ao 4º Execução do tiro 2º ao 4º Execução do
Tempo Posições de tiro Tempo com FAC Tempo tiro com o fuzil
e pontaria
Almoço Almoço Almoço
Rodízio entre as
oficinas: Conduta
5º ao 8º 5º ao 8º Execução do tiro 5º ao 8º Execução do
com o Armt e
Tempo Tempo com FAC Tempo tiro com o fuzil
acionamento do
gatilho
ARTIGO II
OFICINAS DA INSTRUÇÃO PREPARATÓRIA PARA O TIRO
5-2
C 23-1 5-3
5-3
5-3 C 23-1
5-4
C 23-1 5-3
5-5
5-3 C 23-1
5-6
C 23-1 5-3/5-4
(5) Observações
(a) A cabeça, a arma e o suporte devem permanecer imóveis.
(b) A sinalização deve ser feita somente por gestos.
(c) Na montagem da oficina, o alvo deve ser colocado a 10 metros de
distância da posição do atirador.
(6) Conclusão - Etapa a qual se refere uma crítica do desempenho e da
importância do exercício efetivado.
(7) Material empregado
(a) Um conjunto de material para cada dupla de trabalho, a saber:
Fig 5-7
5-7
5-4 C 23-1
c. Execução
(1) O monitor demonstra a posição de tiro.
(2) O instrutor faz as observações necessárias utilizando o monitor e/ou
o desenho da figura.
(3) Após cada demonstração, os instrutores são divididos em dois
grupos. Enquanto uma parte executa a posição ensinada, a outra permanece
observando.
(4) A empunhadura e a posição inicial são explicadas, sendo, executa-
das e verificadas simultaneamente com as posições de tiro.
(5) Os instruendos partirão da posição inicial para a execução de cada
exercício.
(6) O instrutor e monitor corrigem os instruendos.
(7) O instrutor deve seguir a seguinte seqüência para a demonstração das
posições de tiro:
(a) deitada;
(b) ajoelhada; e
(c) de pé.
d. Aprovação - O instruendo será aprovado mediante a execução correta
das três posições de tiro.
e. Observações
(1) A melhor posição de tiro é aquela em que o atirador sente-se estável
e confortável, permitindo uma correta empunhadura e uma boa pontaria, contribu-
indo assim para um bom acionamento.
(2) As posições de tiro aqui apresentadas são básicas e partem sempre
da posição inicial. Muitas vezes deverão ser adaptadas de acordo com a situação
do terreno, do inimigo ou dos meios disponíveis para apoio e abrigo. Da mesma
forma, pequenos ajustes podem ser feitos, de acordo com a individualidade
biológica de cada atirador. No entanto, em qualquer caso, os princípios básicos
não devem ser negligenciados.
f. Conclusão - Crítica da oficina, abordando o desempenho dos atiradores.
g. Material empregado
(1) Cartazes (nome da oficina e objetivos da instrução)
(2) Mural contendo o desenho das posições de tiro.
OBSERVAÇÃO: O mural das posições de tiro pode ser confeccionado
colocando-se as figuras das posições em uma transparência. Faz-se a projeção
dessa figura sobre um lisolene fixado em uma parede e, com uma caneta
apropriada, contorna-se o desenho projetado.
h. Pessoal empregado - Preferencialmente na oficina deve haver um
instrutor e um monitor, no mínimo.
5-8
C 23-1 5-5
5-9
5-5 C 23-1
5-10
C 23-1 5-5
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5-5 C 23-1
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C 23-1 5-5
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5-5 C 23-1
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C 23-1 5-5/5-6
5-15
5-6 C 23-1
c. Execução
(1) O atirador deverá fazer a pontaria no alvo; (Fig 5-16)
5-16
C 23-1 5-6
5-17
C 23-1
CAPÍTULO 6
TIRO DE COMBATE
ARTIGO I
REGULAGEM DO APARELHO DE PONTARIA DO FAL
6-1. DEFINIÇÃO
É uma regulagem que permite ao militar ajustar seu armamento de forma
a fazer coincidir o ponto visado com o ponto de impacto do projétil.
6-1
6-2 C 23-1
a. A regulagem em direção
6-2
C 23-1 6-2/6-3
6-3
6-3 C 23-1
6-4
C 23-1 6-3
Correções em Elevação
6-5
6-3/6-5 C 23-1
Correções em Direção
6-6
C 23-1 6-6
c. O alvo a ser utilizado será o alvo A6, ver IG 80-01 - IGTAEX - Pág 39-40
- Fig 9. O oficial de tiro e seus auxiliares farão uso de um corretor que lhes permitirá
obter as coordenadas para fazer as correções necessárias.
d. Serão realizadas até quatro séries de três disparos na posição deitada
apoiada. Para se iniciar o exercício; o aparelho de pontaria estará com a seguinte
regulagem inicial: alça de mira a 200 e a maça de mira com 15 cliques em elevação
(basta apertar toda a maça de mira e soltar 15 cliques). A alça de combate será
obtida quando o centro dos grupamentos coincidir com as coordenadas zero do
corretor. O oficial de tiro e seus auxiliares farão correções em altura e elevação
a cada série de tiro.
e. Estará apto aquele militar que obtiver um grupamento de 3 (três) impactos
dentro de um escantilhão de 5 (cinco) centímetros de diâmetro, estando o centro
deste grupamento de tiro, no centro do alvo.
f. É importante ressaltar que a alça de combate tem de ser obtida com a alça
de mira do fuzil em 200. Caso não haja recurso de regulagem na maça de mira,
será necessária a substituição da maça de mira por outra de numeração maior ou
menor, para que se possa obter a alça de combate sem deslocar a alça de mira
do 200. Detalhes sobre os tamanhos das maças de mira ver, T 23-200 - Fuzil 7,62
M 964 - Pág 3-20 e 3-21.
6-7
6-6 C 23-1
6-8
C 23-1 6-7/6-9
ARTIGO II
TÉCNICAS PARA SANAR OS INCIDENTES DE TIRO
6-7. GENERALIDADES
As técnicas para sanar os incidentes de tiro são compostas pelas ações
imediatas, que os militares desenvolverão, através de uma prática repetida, para
solucionar incidentes simples, que poderiam impedir o combatente de engajar e
abater alvos.
6-8. FUNDAMENTOS
As ações imediatas para sanar um incidente de tiro são as seguintes:
1º) travar a arma;
2º) retirar o carregador;
3º) executar 2 (dois) golpes de segurança, para extrair, se possível, e
ejetar um cartucho ou estojo que esteja na arma;
4º) examinar, cuidadosamente, a caixa da culatra, a câmara e a alma,
para ver se existe qualquer anormalidade;
5º) deixar o conjunto ferrolho-impulsor do ferrolho ir para sua posição mais
avançada;
6º) recolocar o carregador;
7º) acionar a alavanca de manejo para carregar a arma (introduzir um
carregador na câmara); e
8º) destravar e recomeçar o tiro.
Caso a arma não reinicie o seu funcionamento normal, repetir as 4 (quatro)
primeiras operações e, dentro dos exatos limites de cada escalão de manutenção
(1º, 2º, 3º, 4º ou 5º escalões), pesquisar as causas do que está ocorrendo.
Obs: a operação de travar arma foi colocada como sendo a primeira ação
imediata, a ser realizada pelo atirador, por se tratar de uma medida de segurança
imprescindível. Cabe ressaltar que a prática traz o aumento do discernimento ao
instrutor e atirador, agilizando o processo para sanar os incidentes.
6-9
6-9 C 23-1
1 ) F a lta d e re c uo o u i ns ufi -
ci ênci a de gases (o ferrolho
não recuou, ou o fez de modo 1) Reduzi r o escape de gases, por
i ncompleto, e não extrai u, ou meio do anel regulador do escape de
F a l h a n a a p r e - não ejetou, ou não levou outro g a se s.
sentação c a r t uc ho à c â m a r a d e c a r - 2) Aumentar o escape de gases.
regamento). 3 ) E xa mi na r, li mp a r o u sub sti tui r o
2) E xcesso de gases (o fer- carregador, após participar ao supe-
rolho recua violentamente). rior imediato.
3) C arregador sujo ou defei -
tuoso.
1) Câmara suja. 1) Limpar a câmara.
F a l h a n o c a r r e - 2) Arma suja. 2) Limpar a arma.
gamento 3) Cartucho defeituoso. 3) Retirar o cartucho defeituoso.
4) Ruptura do estojo. 4) Participar ao superior imediato.
1) Cartucho defeituoso. 1) Extrai r e ejetar o cartucho defei -
F a lha na p e rc us - 2) Defeito no trancamento da tuoso.
sã o arma, por sujeira. 2) Limpar a arma.
3) Percursor defeituoso. 3) Participar ao superior imediato.
1) Insuficiência de gases. 1) Reduzir o escape de gases.
2) Câmara suja. 2) Limpar a câmara.
Falha na extração
3) Estojo sujo. 3) Limpar a munição
4) Extrator defeituoso. 4) Participar ao superior imediato.
1) Insuficiência de gases. 1) Reduzir o escape de gases.
Falha na ejeção 2) Caixa da culatra suja. 2) Limpar a câmara.
3) Ejetor defeituoso. 3) Participar ao superior imediato.
1) Reduzir o escape de gases.
1) Insuficiência de gases. 2) Limpar a arma.
Falha no retém do
2) Retém do ferrolho sujo. 3 ) E xa mi na r, li mp a r o u sub sti tui r o
ferrolho
3) Carregador defeituoso. carregador, após participar ao supe-
rior imediato.
Outros i nci dentes
de ti ro semelhan-
tes aos citados no Ver capítulo 4 do T9-210 Ver capítulo 4 do T9-210
item 14 do Cap. 4
do T9-210
6-10
C 23-1 6-10/6-12
ARTIGO III
TÉCNICAS PARA CONDUÇÃO DO ARMAMENTO
6-10. GENERALIDADES
a. A condução refere-se ao transporte do armamento pelo atirador em
situação de combate, em simulação deste e, também, em postos de sentinela.
b. Fatores como a probabilidade de contato com o inimigo, o terreno, a
vegetação, os obstáculos, a adaptação do atirador e seu adestramento irão
determinar a forma mais adequada de conduzir o armamento a cada situação.
6-11. SEGURANÇA
a. Para a segurança do atirador e de seus companheiros, o dedo indicador
da mão que atira vai ao gatilho apenas no momento do tiro, permanecendo o
restante do tempo ao lado do guarda-mato.
b. A arma permanece travada quando em deslocamento e o destravamento
da arma se dará na tomada da posição para o tiro, na eminência para atirar, agindo
com o polegar da mão que atira; para esta execução é necessário intenso
treinamento.
6-11
6-12/6-13 C 23-1
6-12
C 23-1 6-13
6-13
6-14/6-15 C 23-1
ARTIGO IV
TÉCNICAS DE TIRO RÁPIDO
6-14. GENERALIDADES
Tiro rápido é a técnica utilizada para acertar em alvos próximos ao atirador
- em torno de 25 m - que surgem repentinamente, sendo necessária uma pronta
ação - primeiro tiro realizado em menos de um segundo. É muito empregado nos
fogos de assalto, fogos defensivos aproximados, fogos no interior da posição,
patrulhamentos e pelas sentinelas. A habilidade para agir com rapidez e com
precisão em um curto objetivo é considerada importante para as várias situações
que um soldado pode encontrar.
6-15. FUNDAMENTOS
Como o tempo para a execução do tiro é pequeno, então, todos os
fundamentos do tiro serão realizados com maior rapidez e com duplicidade, pois,
a cada vez que for empregado o tiro rápido, serão executados dois disparos.
A diferença fundamental entre o tiro rápido e os demais é que neste não se
faz a visada utilizando o aparelho de pontaria.
a. Posição estável
(1) Normalmente o tiro é executado na posição de pé, podendo também
ser executado nas demais posições de tiro, dependendo da situação. Para
treinamento será adotada a posição de pé.
(2) A tomada da posição é uma combinação de velocidade e precisão. A
velocidade é obtida colocando a chapa da soleira rapidamente no cavado do ombro
e atirando assim que ocorre a identificação do alvo. Em uma situação onde são
requeridos tiros adicionais, a chapa da soleira permanecerá no cavado do ombro
e continuará apontada na direção do objetivo, e serão executados mais dois
disparos.
(3) A precisão na tomada de posição é obtida realizando sempre a
mesma empunhadura, ou seja, pôr a arma no mesmo lugar todas as vezes. A parte
lateral da mandíbula estabelece contato firme com a coronha, a mão que atira
exerce pressão para a retaguarda, as placas do guarda-mão são empunhadas
firmemente pela mão auxiliar e a chapa da soleira está no cavado do ombro. A
empunhadura é bem firme ao corpo para que aumente a estabilidade do conjunto
atirador-armamento e absorva melhor o recuo da arma.
(4) O objetivo final da posição de tiro rápido é fazer com que a arma se
integre à parte superior do corpo. Arma e atirador devem compor um único
sistema. (Fig 6-20)
6-14
C 23-1 6-15
6-15
6-15/6-16 C 23-1
6-16. TREINAMENTO
a. Os treinamentos iniciais devem ser em seco com alvos em diversas
direções.
b. As armas devem estar travadas e são destravadas na tomada da posição.
Após o tiro são travadas novamente. O dedo indicador da mão que atira permanece
ao lado do guarda-mato, indo ao gatilho apenas no momento do disparo.
6-16
C 23-1 6-16/6-18
ARTIGO V
TÉCNICAS DE TIRO EM ALVOS MÓVEIS
6-17. GENERALIDADES
Para se abater alvos móveis a distâncias superiores ou iguais a 100 metros,
é necessário que o militar faça uma precessão no ponto de pontaria. Para tanto,
existem duas técnicas: o tiro de emboscada e o tiro de acompanhamento. É
importante que o atirador domine as técnicas de tiro em alvos móveis, pois, em
uma situação real, quase sempre os alvos possuirão movimentos.
6-18. FUNDAMENTOS
a. Precessão - É um ponto de pontaria à frente (precedente) do movimento
do alvo, ou seja, é o quanto o atirador terá de posicionar o seu ponto de pontaria
à frente do movimento do alvo. Assim, a precessão nada mais é do que a maneira
do atirador compensar o movimento do alvo.
b. Fatores que determinam a precessão
- Velocidade de deslocamento do alvo;
- Direção de deslocamento do alvo; e
- Distância do alvo.
OBSERVAÇÃO: este manual não tratará da influência das condições
atmosféricas, por pouco influenciarem no tiro de combate.
(1) Velocidade de deslocamento do alvo
Alvo Velocidade
Patrulha Lenta 0,3 m/s
Patrulha Rápida 0,6 m/s
Homem Lento 1,2 m/s
Homem Rápido 1,8 m/s
6-17
6-18 C 23-1
6-18
C 23-1 6-18
6-19
6-18 C 23-1
c. Cálculo da precessão
(1) Para se calcular a precessão usa-se a seguinte fórmula:
P=VxT
Onde: P = a precessão a ser realizada
V = a velocidade do alvo
T = o tempo gasto para o projétil atingir o alvo (Atenção: o
tempo será empregado de acordo com a distância do alvo).
(2) Exemplo: O soldado CICLANO encontra-se no campo de batalha
armado com o seu FAL, quando observa um mensageiro inimigo andando
lentamente em direção perpendicular a sua linha de visada. O Sd CICLANO avalia
que esse homem dista 300 metros de sua posição. Qual será a precessão a ser
empregada pelo referido militar a fim de que ele possa abater este alvo?
V = Homem lento = 1,2 m/s
T = Distância do alvo = 300 m > tempo gasto para o projétil atin-
gir o alvo = 0,43 s
P=VxT
P = 1,2 x 0,43 > P = 0,516 m >P ~ ~ 50 cm
Logo, o Sd CICLANO terá que fazer o seu ponto de pontaria 50
centímetros à frente do centro do alvo. Atenção: frente significa a posição futura
do alvo em relação ao seu deslocamento.
6-20
C 23-1 6-18/6-19
ALVOS
Precessão Precessão
100 m ½ Corpo 1 Corpo
nula nula
200 m ½ Corpo ½ Corpo 1 Corpo 1 e ½ Corpo
6-19. TREINAMENTO
É importante ressaltar que, para se realizar tiro em alvos móveis, o militar
deve estar bem adestrado nas técnicas de avaliação de distância, bem como na
determinação da precessão necessária para o tiro, pois estes procedimentos são
os primeiros a serem tomados na realização do tiro em alvos móveis.
a. Tiro de Emboscada (Fig 6-27 e 6-28)
1º - Avaliar a distância do alvo;
2º - Avaliar a velocidade do alvo;
3º - Calcular a precessão a ser empregada (utilizar o memento);
4º - Escolher um ponto nítido do terreno, que esteja à frente do movimento
do alvo (posição futura do alvo), para ser utilizado como ponto de pontaria;
5º - Fazer a pontaria no ponto nítido escolhido no terreno; e
6º - Realizar o disparo da arma quando a distância do alvo ATÉ o ponto
nítido do terreno for IGUAL à precessão calculada.
6-21
6-19 C 23-1
Posição futura
do alvo
Ponto nítido
no terreno Alvo em
deslocamento
6-22
C 23-1 6-19
6-23
6-19 C 23-1
6-24
C 23-1 6-19/6-21
ARTIGO VI
TÉCNICAS DE TIRO NOTURNO
6-20. GENERALIDADES
Todos os militares devem ser capazes de atirar e acertar alvos a curtas
distâncias em ambientes com restrição de luz. Para isto, é necessária a acuidade
visual em escuridão parcial e total, e aplicação correta dos fundamentos nestes
ambientes.
6-21. FUNDAMENTOS
Existem duas dificuldades na execução do tiro noturno: a identificação do
alvo e a pontaria do armamento.
a. Identificação do alvo - A correta identificação do alvo depende do uso
eficiente dos olhos durante a noite ou em condições de pouca visibilidade; isto
requer a aplicação dos princípios da visão noturna: adaptação à escuridão, visão
fora de centro e esquadrinhamento. (ver artigo III, Capítulo IV, C 21-74).
b. Pontaria - É realizada com os dois olhos abertos, com o foco visual no
alvo, por sobre o aparelho de pontaria. (ver artigo IV, tiro rápido). Tem por finalidade
6-25
6-21/6-22 C 23-1
evitar que a visão sobre a área do alvo seja limitada pelo aparelho de pontaria e
permite ao atirador aplicar corretamente o que preconiza a identificação do alvo.
c. Posição - A precisão na tomada de posição é obtida realizando sempre
a mesma empunhadura, ou seja, pôr a arma no mesmo lugar todas as vezes (ver
artigo IV, tiro rápido).
6-26
C 23-1 6-22
6-27
6-23/6-24 C 23-1
6-23. TREINAMENTO
a. Para executar o tiro noturno é necessário treinamento em diversas
condições de luz; para tanto, compreenderá exercícios com pouca iluminação
(área batida por tiro iluminativo, penumbra de lâmpadas vermelhas, ambiente com
lua cheia) e escuridão total.
b. Antes dos exercícios, devem ser observadas as prescrições relativas à
adaptação da vista para a visão noturna.
c. O atirador deve dominar as técnicas de tiro rápido pois servem como
treinamento para o tiro noturno.
ARTIGO VII
TÉCNICAS DE TIRO NAS OPERAÇÕS DEFENSIVAS E OFENSIVAS
6-28
C 23-1 6-24/6-25
ARTIGO VIII
TÉCNICAS DE TIRO EM AMBIENTE DE SELVA
6-25. GENERALIDADES
Devido ao ambiente de selva ser peculiar, alguns aspectos são importantes:
a. Tiro rápido - (ver capítulo III) É a forma mais apropriada para a execução
de tiro no interior deste ambiente.
b. Consumo de munição - É a maior preocupação do atirador devido à
dificuldade de ressuprimento; então o adestramento deve ser maior para que cada
tiro disparado atinja o seu objetivo.
c. Tiro a curtas distâncias - O tiro será limitado ao campo visual, que varia
em torno de 25 m, limitado pelos obstáculos naturais deste ambiente.
d. Túnel de tiro - O atirador deve procurar aberturas naturais dentre a
vegetação que possibilitem aumentar a visada, para bater alvos mais distantes.
Este tipo de tiro é muito utilizado em emboscadas, ou em operações defensivas.
e. Local da tomada da posição - O atirador deve tomar a posição de tiro
em local previamente reconhecido, para não se surpreender com galhos, raízes
ou, armadilhas, que iriam denunciar a posição ou dificultar a execução do tiro.
6-29
6-25/6-27 C 23-1
ARTIGO IX
TÉCNICAS DE TIRO EM AMBIENTE URBANO
6-26. GENERALIDADES
a. O tiro em ambiente urbano vem sendo muito utilizado no combate atual.
É utilizado para desalojar o inimigo de dentro de um local, onde esse inimigo
construiu suas posições defensivas.
b. Esses locais urbanos têm um campo de tiro reduzido, mas contém várias
posições onde um atirador pode ocupar para deter ou retardar o seu inimigo.
6-30
C 23-1 6-28/6-30
ARTIGO X
TÉCNICAS DE TIRO DE FUZIL COM LUNETA
6-30. GENERALIDADES
a. A luneta de tiro do fuzil tem por objetivo auxiliar o atirador a visualizar e
identificar seu alvo com mais facilidade. O uso da luneta causa uma falsa
6-31
6-30/6-31 C 23-1
6-31. FUNDAMENTOS
Os fundamentos de tiro de fuzil com luneta são os mesmos descritos no
Cap 2, com exceção à distância ocular da posição de tiro e da pontaria.
a. Pontaria - o alinhamento dos aparelhos de pontaria obtido através da
alça e massa de mira não ocorre na luneta. Um perfeito alinhamento acontece
quando o centro dos retículos da luneta coincidem com o centro do alvo. Ela não
pode ter sombras no contorno da ocular e suas bordas devem estar nítidas. O foco
de mira deve estar no alvo. (Fig 6-35 e 6-36)
6-32
C 23-1 6-31/6-33
6-32. REGULAGENS
a. Cada luneta possui sistemas de regulagens e características diferentes.
O oficial instrutor de tiro é responsável pela consulta aos manuais técnicos, IP,
ou mesmo os manuais dos fabricantes das lunetas utilizados pelo exército. Cabe
ainda ao instrutor a condução e a verificação da regulagem da luneta pelo atirador
responsável pela utilização deste material
b. Para a Luneta de Pontaria para Fuzil M “OIP” 3,6x, ver a IP 10/DAN para
informações a respeito de características, manutenção e regulagens.
ARTIGO XI
TÉCNICAS DE TIRO COM EQUIPAMENTOS ESPECIAIS
6-33
6-33/6-37 C 23-1
e. O tiro rápido serve como treinamento para o tiro com máscara contra
gases.
ARTIGO XI
POSIÇÕES DE TIRO
6-37. GENERALIDADES
Durante o combate, o militar deverá escolher a posição de tiro a ser tomada
de acordo com a Missão, Inimigo, Terreno e os Meios. Mas, para tanto, o
combatente tem de conhecer as peculiaridades e as variações de cada posição
de tiro, suas vantagens e desvantagens, empregando-as corretamente nas mais
diversas situações. Deste modo, além de conhecer as posições fundamentais de
tiro, o militar tem de conhecer também as posições alternativas.
6-34
C 23-1 6-38
6-35
6-38 C 23-1
6-36
C 23-1 6-38
6-37
6-38 C 23-1
6-38
C 23-1 6-38
6-39
6-38 C 23-1
6-40
C 23-1 6-39
6-41
6-39 C 23-1
6-42
C 23-1 6-39
6-43
6-39/6-40 C 23-1
6-44
C 23-1 6-40
6-45
C 23-1
CAPÍTULO 7
7-1