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Em um contexto maior, existiu sim uma virada geral nas ciências humanas em relação à
abordagem historiográfica. Um livro importante como o Anthropology and History in the 1980s,
do estadunidense Bernard Cohn, questionou naquela época o fato da pesquisa antropológica –e,
de certo modo a etnomusicologica– havia se focado nas pesquisas de cultural não-ocidentais de
tradição oral e que, por esse motivo, o plano histórico dessas mesmas sociedades estudadas
tinha sido negligenciado como categoria epistemológica. Nesse sentido, o passado não era uma
variável a ser considerada nos trabalhos de campo e, na ausência de uma profundidade
cronológica, as análises encontravam explicações na comparação de práticas culturais
contemporâneas. Posteriormente, a cultura e os hábitos sociais de Ocidente influenciaram tanto
as mesmas comunidades pesquisadas que os estudos culturais antropológicos não tiveram outra
saída senão recorrer ao critério historiográfico, principalmente, para diferenciar o antes e o
depois das trocas interculturais.
São seus temas de interesse as histórias orais, a dissonância cognitiva e a memória cultural,
modernismo e esquemas narrativos na escrita histórica, reconstrução do passado musical
cultural, a distorção de explicações teleológicas, a relação da musicologia e a disciplina da
história, e a predição de possíveis futuros baseando-se em práticas do passado.
Na passagem da musicologia comparada para a etnomusicologia, a antropologia cultural
estadunidense centralizou o método e análise etnográfica desta última, enquanto a musicologia
ficou com a pesquisa histórica. Este divórcio também repartiu o objeto de pesquisa, entre as
músicas não europeias e a música “clássica”.
Nomes como Charles Seeger, Bruno Nettl, Curt Sachs, Carl Engel, e mais recentemente Stephen
Blum, Philip Bohlman e Daniel Neuman, figuram entre os estudiosos que fortaleceram a
etnomusicologia histórica enquanto abordagem metodológica.