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FAMÍLIAS MOLDADAS PELA GRAÇA

Cl 3:12-19

Um propósito [maior e sublime] do casamento: Ser uma parábola, uma representação do amor de Cristo pela
igreja. Paulo chama isso de mistério [Ef 5:31-32, Gn 2:24]. O casamento tem como alvo apontar para a aliança
pactual entre Cristo e a igreja.

Cristo é o noivo ama a noiva e a se mesmo se entrega por ela, o povo de Deus, com o seu sangue ele a compra e
assim estabelece uma nova aliança com aqueles por quem morreu. O casamento, portanto, aponta para algo
além dele mesmo, é um drama do amor de Cristo pela sua igreja.

Sendo assim ele foi criado por Deus para expressar a graça gloriosa de Deus expressado em seu amor pactual
por sua igreja, seus eleitos. Como podemos expressar esse amor pactual em nosso casamento?

1. PRIMEIRAMENTE DEVEMOS EXPERIMENTAR/PROVAR/COMPREENDER A GRAÇA


MARAVILHOSA DE DEUS POR NÓS

Em Cl 2:14 Paulo lida com a obra da cruz que é a base ou fundamento da graça de Deus por nós. Deus cancelou
o registro da dívida devido nosso pecados, as mãos e os pés de Cristo traspassados cancelam nossos pecados [Is
53:5-6]. Essa é a base do perdão de Deus na cruz.

Enquanto não houver uma compreensão desta obra nossos relacionamentos com Deus e com o próximo
[casamento] estará distorcido. A graça de Deus deve moldar nosso relacionamento com Deus e com o próximo.

Então essa é o fundamento de toda a nossa vida, a partir disto é que podemos ter um relacionamento correto
com Deus e com os demais.

Paulo aponta para esta verdade em Cl 3:12, aqui está o fundamento, o alicerce para toda a nossa vida, a obra de
Cristo na cruz! Este é o fundamento da vida e do casamento! O nosso desafio principal da vida está aqui em
crer nisso, em confiar nisso, em moldar a partir toda nossa vida a partir disto.

Paulo faz 3 descrições impressionantes do que somos em Cristo, ele nos chama de eleitos, santos e amados.
Essa compreensão é fundamental para toda nossa vida, eis aqui nossa identidade em Cristo.

a. Eleitos - Antes da fundação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo. Por causa desta escolha graciosa e
soberana, estamos para sempre guardados e seguros. [Rm 8:33]. O que para muitos é um ponto de crise
e angustia, para mim é um porto seguro e maravilhoso, o fundamento do amor de Deus por mim. Minha
escolha por Deus é tão somente uma resposta da iniciativa divina que moveu minha vontade a fim de me
entregar livremente a ele.
b. Santos - Ele nos elege para um propósito: Ser um povo santo [I Pe 2:9]
c. Amados – Ele nos elegeu, nos separou e nos ama.

Aqui está a base, o fundamento de toda nossa vida e existência. Essa é a maior alegria e felicidade de um
cônjuge, aqui está nossa identidade. Diante desta preciosa verdade, mesmo que nossos cônjuges, familiares,
parentes não nos ame, não aceite, nos despreze, nos rejeite aqui está o fundamento para nossa vida, para não
cairmos numa crise existencial, no vácuo emocional, numa carência afetiva, numa depressão diante da falta ou
ausência de amor e compreensão do nosso cônjuge ou pais, ou filhos está aqui, antes de tudo e acima de tudo
somos eleitos, santos e amados imerecidamente por Deus, maravilhosamente, indestrutivelmente,
incansavelmente, apesar de nossos pecados, apesar de nossas faltas e falhas como marido, como esposa, como
pais e filhos, somos amados pelo ser mais belo do universo!

2. DEVEMOS EXPRESSAR A GRAÇA PARA OS NOSSOS CÔNJUGES


Com base nisto, diante desta condição oriunda da graça de Deus, somos exortados a um tipo de atitude
compatível e decorrente do fato de sermos eleitos, santos e amados. Paulo afirma “revesti-vos”, há uma
roupagem adequada para se viver em Cristo!

a. Ternos afetos de misericórdia e bondade

“Entranhas de misericórdia” [órgãos internos, sendo que as vísceras era sede da vida emocional] é o que vem de
dentro, o que nasce do nosso coração que foi alvo de tão grande amor, sendo que a bondade é a expressão
exterior deste afeto interno. Assim somos chamados a sermos misericordiosos e bondosos com todos. Tratem-se
misericordiosamente e bondosamente

b. Humildade e Mansidão

Humildade é o senso de insignificância, é a condição interior e a mansidão é a expressão exterior. Mansidão


expressa uma consideração para com os outros e uma disposição de abrir mão de direitos. Não é timidez,
covardia ou medo!

c. Longanimidade, tolerância e perdão.

Longanimidade é a condição interior, sendo que suportar e perdão é a expressão exterior. Longânimo é aquele
que demora a irar-se, aquele que tem um pavio longo [Tg 1:19]. Essa condição gera tolerância e perdão.

Suportar uns aos outros é suportar de forma graciosa aquelas atitudes que consideramos desagradáveis,
ofensivas e até mesmo pecaminosas da parte de nossos irmãos na fé. O verbo traduz a ideia que a repreensão, a
disciplina e a correção sejam adiadas, tanto quanto possível, visando permitir o ofensor reconhecer seus erros e
corrigi-los por ele mesmo.

Perdão, há duas palavras no NT para perdoar, aqui está sendo usada aqui se refere a dar livremente ou
graciosamente. Quando perdoamos, não exigimos pagamentos. Tratamos as pessoas melhor do que merecem.

Casamos com pecadores, pessoas caídas, egoístas e isso é um potencial para problemas. Além do mais há
pessoas que casaram com pessoas difíceis de se conviver, exigentes, ressentidas. Sem a graça que nos alcançou
não há como lidar com isso.

3. DEVEMOS USAR DA GRAÇA PARA MUDARMOS

A graça é a base da nossa redenção, é a base da nossa relação com o próximo, mas ela também é o poder para
mudar. A graça não somente nos capacita a suportar e perdoar os pecados cometidos contra nós, capacita-nos
também a vencer o pecado.

O fato da graça ser vital para mediar nossa relação com pessoas pecadoras no casamento, não significa que por
isso devemos permanecer irritantes, orgulhosos, autoritários, insubmissos, murmuradores, ciumentos, etc. Ela é
o poder de Deus para nossa mudança. Mudar é possível e é uma dádiva da graça.

Alguém aqui talvez que conviva com um cônjuge chato, irritante, ou que possua um comportamento
pecaminoso, requerendo do outro a graça para suportar e perdoar. Então um cônjuge vai dizer: “Graça a Deus
ele vai falar sobre mudar, porque senão meu cônjuge vai aproveitar essa mensagem e dizer está vendo você
deve sempre me suportar e me perdoar”

Para você que esteja pensando assim deixe eu dizer algo, não pense necessariamente naquilo que seu cônjuge
deve mudar, nos defeitos e pecados deles que você tem que suportar e perdoar, comece com você mesmo,
concentre-se primeiro em você, naquilo que você precisa mudar. Talvez seja você que peca mais do que ele,
talvez seja ele que procura suportar você mais e perdoar você mais. Lembre-se cada uma dará conta a Deus!
Claro que seu cônjuge precisa mudar, mas comece pensando em você.
O casamento precisa mudança, não apenas tolerância. Quando eu aconselho noivos eu falo sobre comunicação
e conflito, e digo que os conflitos conjugais têm frequência e intensidade. Frequência é aquele casal que vive às
turras, vive constantemente com pequenas intrigas, com discórdias e bate-bocas por qualquer coisa, nada
necessariamente grave, mas um constante clima de acirramento. Há outros que não tem isso, que parece
aparentemente viverem em harmonia, mas quando eles brigam, é um caos, uma guerra, uma discussão carnal e
pecaminosa, com gritarias, cóleras e até ameaça de divórcio.

Paulo aponta então os papeis dos cônjuges e os chama cada uma a cumprirem seus papeis mediados pela graça.

Tanto aqui como em Efésios [Carta Gêmea] Paulo apela para os papéis como aspecto central da vida conjugal,
eu entendo que Paulo vai a raiz de tudo, ele concentra-se nisso porque 100% dos problemas conjugais vem de
um não cumprimento adequado dos papeis do casamento.

a. As esposas são chamadas a submissão [v.18]

Infelizmente, se existe um "palavrão" na sociologia da família hoje, é a palavra "submissão". Principalmente


diante de um mundo contaminado pelo feminismo. Paulo não nos deixa sem um norte para a compreensão do
que é submissão - Como convém ao Senhor. Significa:

- Não significa colocar o marido no lugar de Deus [Cl 1:18]. As mulheres não estão obrigadas a se sujeitar a
toda exigência do marido. Esta autoridade procede de Deus e deve ser exercida sob sua vontade.

Exemplos Práticos: Proibir de ir à igreja [Hb 10:25]; proibir de educar os filhos sobre o Senhor [Ef 6:1-4]; pedir
para cometer imoralidade [I Co 6:20], pedir para mentir ou enganar [Ef 4:25]; proibi-la de repreender [crente]
quando estiver em pecado [Gl 6:1].

- Não significa inferioridade da mulher. [Gl 3:28]. Se existe escravidão no lar, o "escravo" é o homem e não a
mulher. Submissão feminina é, acima de tudo, uma questão funcional, não "essencial". [Ex. Trindade]. Em
termos de essência somos iguais aos olhos do Senhor. [Gl 3:28]

Exemplos Práticos: Não significa que a mulher não possa ter opinião, pensamento, ou venha a ser
intelectualmente estagnada, boas comunicadoras, mas comprometidas com o Senhor, não significa que deva ser
medrosa ou tímida. Não é deixar que seus dons se tornem ocultos e inativos. Não significa que não possa
influenciar [não manipular]

- Essa ordem é dada Efésios no contexto do enchimento do Espírito. A mulher não se submete ao marido
natural e espontaneamente. O problema da insubmissão não é feminino é humana devido à queda e somente o
poder do Espírito para operar esta mudança [Ef 5:18]

b. O homem é chamado a amar e não tratar com amargura [v.19]

A chamada para a natureza e a compreensão desse amor deriva do amor de Cristo pela igreja. [Ef 5:25]
É um amor que toma iniciativa [I Jo 4:19] sacrificial e imerecido. Não digno [Rm 5:8, Ef 5:25]. Perdoador [Cl
3:13] e é prático.

Exemplos Práticos: Dizendo-lhe [verbal e não verbal]; Aprecie – admirando-a. Ela não é sua empregada;
proporcione tempo; ouça-a; compartilhe sua vida e se comunica; cuide e zela [I Tm 5:8]; promova o
crescimento espiritual [Ef 5:26-27]. Semelhantemente esse chamado requer o poder do Espírito!

Há homens que ferem, pisam, subjugam e humilham sua esposa, amargurando sua esposa. Um casamento é
uma benção, mas um homem bruto e ignorante, insensível e frio, ríspido e rude gerará mulheres amarguradas.
Há espaço para firmeza e coragem. As esposas devem entender isto para não ficarem com melindre.

Conclusão: Oferecer conselhos:

1. Valorize e ame sua família.


Mesmo com suas imperfeições. Não viva frustrado e murmurando por causa de suas imperfeições conjugais,
não fique comparando sua família e frustrando-se por isso. Todas as famílias têm dificuldades, problemas e
pecados. Algumas seriam chamadas de problemáticas, disfuncionais, desequilibradas e desestruturadas.

- Adão e Eva, o primeiro casal desobedeceram a Deus (Gênesis 3). Eles não tinham nenhum problema que
potencialmente temos: dívidas, doenças, filhos, sogra... eles viviam no paraíso. Despois da queda, houve uma
outra tragédia, Caim come um fratricídio [Gn 4:8]

- Noé vemos o embriagado e sendo objeto de escarnio do seu próprio filho, Cão. [Gn 9]

- Abraão e Sara, Sara persuade a Abraão contra a vontade e a promessa de Deus e lhe dar Hagar para ter um
filho com ela. Isto tudo gera ciúme e abuso de Sara e Abraão fica passivo a tudo. Abraão mente para se livrar de
mais lençóis. [Gn 16]

- Ló, ao deixar Sodoma, uma cidade sexualmente promiscua, leva sua casa arrastado por anjos, perde sua
esposa que queria ficar e depois é seduzido pelas filhas que o embriaga e cometem incesto. [Gn 19]

- Isaque e Rebeca tem sua predileções e favoritismo com seus filhos gêmeos, que se tornam rivais,
protagonizando uma história de horrores: mentiras, enganos, fugas, ódio, desobediência... (Gênesis 25). Esaú
não tem discernimento. Ele vende sua primogenitura para a sopa (Gênesis 25), entristece seus pais ao se casar
com mulheres cananeias (Gênesis 26) e se torna um potencial assassino de seu irmão. Jacó, manipula e engana
a seu irmão pelo direito de primogenitura

- Eli tinha duas pestes em casa: Hofni e Fineias mortos pelo Senhor (1 Samuel 2-4),

- A família de Davi um desastre total (2 Samuel 11-18),

Mas impressionantemente Deus agiu e usou estas famílias! Portanto não propague a ilusão tola de que sua
família é perfeita. Não tente difundir esta ideia pretensiosa. Ela não é!

2. Sua família precisa da graça de Deus.

Sim não há família perfeita, mas não podemos acomodarmos numa autossatisfação e conformismo trágico.
Porque é possível termos famílias saudáveis. E mesmo que sua família seja problemática, Deus é especialista
em redimir.

Veja isto como uma oportunidade da graça. Deus é capaz de transformar sua família. Logo não se conforme
com as imperfeições, procure corrigir, procure mediante a graça de Deus e o poder dele mudar para a glória. A
nossa família pode ser transformada, mas primeiro nós precisamos experimentar a comunhão com Deus, um
compromisso real com Cristo e a confiança Nele. Em um mundo tão sujo pelo pecado, que nós possamos falar
como Josué, que vivia dias nada diferentes dos nossos e ainda sim declarou:

Se, porém, não agrada a vocês servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus
antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Mas
eu e a minha casa serviremos ao Senhor“. Josué 24:15

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