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XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16-setembro-2010, Bonito-MS

CONSTRUÇÃO DE CURVAS DE CAPACIDADE DE GERADORES SÍNCRONOS USANDO MATLAB

PEDRO DA COSTA JR., LUIZ GONÇALVES JR., CLAUDIO V. DE AQUINO,


ANDRÉ N. DE SOUZA, JOSÉ E. C. CASTANHO

Faculdade de Engenharia de Bauru, UNESP - Univ Estadual Paulista, DEE, LSISPOTI


Av. Eng. Luiz Edmundo C. Coube 14-01 – CEP 17033-360- Bauru - SP
costajr@feb.unesp.br, luizgjr@feb.unesp.br, aquino@feb.unesp.br,
andrejau@feb.unesp.br, castanho@feb.unesp.br

Abstract⎯ Computer support in engineering teaching is an important auxiliary resource either in the theoretical classes as in la-
boratory experiments. This paper presents an application of Matlab (Matrix laboratory) to help investigate the operative charac-
teristics of synchronous generators behavior in electrical engineering graduation courses. It consists of a new computational tool
that provides students, as well as professionals, the possibility of a straightforward evaluation of the behavior of synchronous ge-
nerators from proposed situations, even without previous knowledge of programming languages by the user. Examples presented
here illustrate an application made in Matlab to build synchronous generators capabilities curves.

Keywords⎯ Capability curve, electrical engineering teaching, Matlab, synchronous generators, power system control, machine
theory, power system stability.

Resumo⎯ O apoio do computador no ensino de engenharia elétrica vem se tornando um recurso auxiliar tanto em aulas teóricas
quanto em experimentos de laboratório. Este artigo apresenta a utilização do Matlab (Matrix laboratory) para investigar as carac-
terísticas de geradores síncronos para os possíveis modos de operação. Trata-se do desenvolvimento de uma nova ferramenta
computacional que proporciona aos estudantes e profissionais de engenharia elétrica a possibilidade de uma avaliação direta do
comportamento de geradores síncronos. Exemplos ilustram um aplicativo feito em Matlab para construir de curvas de capacidade
de geradores síncronos.

Palavras-chave⎯ Curva de capacidade, ensino de engenharia elétrica, Matlab, geradores síncronos, controle de sistemas de po-
tência, teoria de máquinas, estabilidade de sistemas de potência.

1 Introdução (Guimarães & Rangel 2006). Uma região é então


determinada para que esta máquina síncrona opere
dentro de condições estáveis e seguras, garantindo o
O ensino e aprendizado na atualidade vêm so-
fornecimento da potência entregue a uma linha de
frendo enormes mudanças. O uso dos métodos tradi-
alimentação. Esse processo pode ser bem acessível se
cionais expositivos em sala de aula tem se mostrado
apoiado por ferramentas gráficas que o representem
insuficiente para atender à demanda e necessidades
visualmente.
dos alunos e professores, frente ao volume de infor-
O ambiente de computação técnica Matlab é indicado
mação existente. As limitações destas técnicas tam-
para o desenvolvimento das ferramentas computa-
bém podem fazer com que os estudantes tenham um
cionais de análise e projeto nas mais diferentes áreas
baixo aproveitamento.
da engenharia por se tratar de um sistema interativo e
Assim, o emprego de recursos metodológicos e didá- uma linguagem de programação computacional bas-
ticos que aumentem a eficiência do aprendizado é tante simples e amigável (Matsumoto 2004). Tem um
altamente desejável. Resultados práticos de simula- amplo emprego, tanto para uso profissional como
ções computacionais, quando não substituem, com- para ensino (Dai Fen et al. 2009). Ele reúne a capaci-
plementam a realização de experimentos em labora- dade de programar aplicações matemáticas, permitir
tório (Sardar 2008) e melhoram a eficiência do ensi- a visualização gráfica dos resultados, permitindo
no. O ensino na área de Sistemas Elétricos de Potên- exprimir problemas e soluções em uma linguagem
cia apresenta inúmeras possibilidades de aplicação de matemática familiar. A imensa disponibilidade de
recursos computacionais para seu aprimoramento. procedimentos e objetos prontos proporciona maior
Vários autores vêm contribuindo com o desenvolvi- concentração do usuário no desenvolvimento da
mento de softwares para melhor estudar a dinâmica aplicação do que nos meios e estratégias necessárias
de sistemas elétricos de potência (Kolentini et al. para atingir seu objetivo.
2009; Vargas et al. 2008; Zhu zhiling et al. 2007) Este artigo apresenta uma ferramenta desenvolvida
Particularmente, a análise da potência fornecida por no ambiente Matlab, cuja finalidade é auxiliar na
um gerador síncrono demanda um diagrama de ope- compreensão e na análise de geradores síncronos e
ração não muito evidente de se construir e interpre- preenchendo uma lacuna de ferramentas nessa área.
tar, particularmente para o estudante de engenharia O artigo descreve ainda os modelos matemáticos
elétrica que se inicia no assunto. Um diagrama de necessários a representação e compreensão dos gera-
vetores girantes ou fasores do circuito de armadura é dores síncronos. Esses modelos e os vários modos de
construído em função dos possíveis modos de fun- operação do gerador são apresentados na seção 3
cionamento em regime permanente para este gerador juntamente com uma breve introdução do seu fun-

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cionamento na seção 2. Na seção 4 é apresentada a como a tensão terminal V& , as reatâncias de eixo
ferramenta desenvolvida no Matlab para análise e direto X d e em quadratura X q , assim como os pa-
visualização dos vários parâmetros de operação do
gerador síncrono. Finalmente, na seção 5 são apre- râmetros da carga, ou seja, a corrente I e o ângulo φ
sentadas conclusões sobre a ferramenta apresentada e do fator de potência.
suas possibilidades de aplicação. Para satisfazer as condições, admite-se a priori uma
equação fasorial para a tensão na armadura da forma
geral:
2 Geradores Síncronos
E& = V& + j I&d X d + j I&q X q (1)
Construtivamente, um rotor, no eixo do circuito
circular de armadura, possui um enrolamento de O segmento AF suporta a direção do vetor E& , for-
campo alimentado em corrente contínua, formando necendo a abertura δ para o ângulo de carga. A queda
pares de pólos magnéticos girantes. de tensão I q X q é a projeção do segmento AF sobre
Uma máquina síncrona pode operar como um motor a perpendicular a E& . Logo:
ou como um gerador. Operando como um gerador, o
movimento relativo do rotor em relação ao estator
produz um fluxo magnético variável no tempo que I q X q = IX q cos(ϕ + δ ) = AF cos(ϕ + δ ) (2)
induz uma força eletromotriz nos enrolamentos de Assim o segmento AF perpendicular ao vetor I
armadura. torna-se conhecido e dado por:
Quanto à geometria do rotor estas máquinas podem
AF = IX q (3)
ser classificadas como sendo de pólos lisos (rotor
cilíndrico) para grandes velocidades angulares ou de A direção do vetor E& é determinada e com ela a
pólos salientes para velocidades menores. decomposição da corrente de armadura. Através da
Neste artigo, restringimos a abordagem gráfica ape- equação (1), a força eletromotriz (fem) E& torna-se
nas para geradores de pólos salientes tendo em vista conhecida e o diagrama fasorial pode agora ser cons-
a maior complexidade e generalidade da obtenção do truído conforme mostrado na Figura 1.
diagrama de operação deste tipo de máquina. Na Figura 2, a menos do fator de proporcionalidade
V X d o segmento CB representa a potência ativa, de
3 Gerador Síncrono de Pólos Salientes acordo com a equação , enquanto que o segmento
AB corresponde à potência reativa, conforme equa-
ção .
A análise da operação de geradores de pólos sali-
V
entes é realizada a partir da teoria da dupla reação ou P= ⎡ E sen (δ ) + I q ( X d − X q ) cos (δ ) ⎤ (4)
da dupla reatância. A partir de considerações sobre o Xd ⎣ ⎦
diagrama fasorial do gerador de pólos salientes, ob-
V
têm-se os modos de operação e a correspondente Q= ⎡ I d X d cos (δ ) − I q X d sen (δ ) ⎤⎦ (5)
curva de capacidade (Lobosco, O. S. 1984). Xd ⎣
Para a construção do diagrama fasorial da Figura 1,
admitem-se conhecidos os parâmetros do gerador

xd I

C
xq I xd I q
F D
xq I q
E& φ
Iq δ xd I d M
φ V& A

I&
Id
Figura 1. Diagrama fasorial do gerador de pólos salientes.

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xd I

C
xq I ( )
I q xd − xq cos (δ )
E& ′ E&
F
xd I d E sen (δ )
δ δ′
δ
V A B N
φ
I xd I d cos (δ ) − xd I q sen (δ )
Figura 2. Relação entre diagrama fasorial da máquina de pólos salientes e potência fornecida pela máquina

E&
δ E0 sen (δ )
xd I
δ E& ′
D′
G
(
I q xd − xq ) δ′ ( )
I q xd − xq cos (δ )
O A
xd I d cos (δ ) − xd I q sen (δ )
Figura 3. Diagrama fasorial do gerador de pólos salientes: 1ª modificação

E 0 E&
xd I
G Xd I
I qI q((x
Xdd -−xXq)q )
δ
H O A

V ((x
V 1)
Xdd/ xXq q -−1) VV

Figura 4. Diagrama fasorial do gerador de pólos salientes: 2ª modificação.


.

Generalizando o diagrama da Figura 2, o efeito da ver as condições de funcionamento com qualquer


saliência dos pólos sobre a fem interna ângulo de potência, sem recorrer à decomposição da
Iq ⋅ ( X d − X q ) e sobre a potência ativa corrente pela teoria da dupla reatância em grandezas
I q ⋅ ( X d − X q ) ⋅ cos(δ ) é prontamente visualizado na de eixos. A partir do diagrama da Figura 4, é possível
reproduzir o diagrama de operação do gerador sín-
Figura 3. crono de pólos salientes. Para tanto, basta observar o
Adicionando-se ao diagrama da Figura 3 o semicír- comportamento deste diagrama para várias condições
culo de diâmetro O H = V ⋅ ( X d X q − 1) , obtém-se o de operação do gerador.
diagrama completo da Figura 4, que serve para pre- .

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C3 C2 C1 C
xd I 3 &0
x I EE
E&0
E
3 &0
EE
d 2 1
xd I 1
G3 2 D'3
G2
φ3 D'2
G1 φ1 D'1
φ2
δ3
δ1 δ2
B3 B2 B1 B

V (x d / xq - 1) V

V (x d / xq )
Figura 5. Operação com potência ativa constante.

cos φ cap cos φ ind

C2C1
CC3 1 0,9 0,9

0,6 C 1C1
C
C41 0,6

M O A
⎛x ⎞
V d −1
V (x⎜⎝d x/ qxq -⎟⎠1) V
⎛ xd ⎞
VV (x
⎜ dx/ x⎟q )
⎝ q⎠

Figura 6. Operação com potência aparente constante.

3.1 Operação com potência ativa constante e excita- 3.3 Operação com excitação constante e potência
ção variável variável.
Os limites de operação superior e inferior da turbina O limite de aquecimento do rotor bem como o
podem ser obtidos do diagrama da Figura 5 magnetismo residual pode ser obtido com a ajuda do
A contribuição da saliência dos pólos na potência diagrama da Figura 7.
T
ativa é representada pelos segmentos D1'B, D2'B e
D3'B , enquanto CD1', CD2' e CD3', representam a
potência ativa devida à excitação. Finalmente, AB1,
AB2, e AB3 são as potências reativas em cada caso.

3.2 Operação com potência aparente constante e


excitação variável.
H

O limite de aquecimento do estator pode ser obti-


do com a ajuda do diagrama da Figura 6.
Mantendo-se constante a potência aparente, a corren- Figura 7. Operação com excitação constante.
te também é constante em módulo. À medida que a
excitação é variada, o lugar geométrico da ponta C
do vetor AC = X d ⋅ I descreve então uma circunfe-
rência.

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A seguir, descreve-se a implementação em Matlab e


3.4 Limite de Estabilidade Teórico diversos exemplos de aplicação.
O limite de estabilidade teórico pode ser obtido
graficamente como ilustrado na Figura 8. 4 Implementação Computacional em Matlab
T R

O2 4.1 Diagrama Fasorial do Gerador de Pólos Salien-


H2 tes
Para possibilitar uma experiência dinâmica para
quem pretende entender o comportamento do gerador
O1 síncrono, foi implementada uma interface gráfica
H1 usando os recursos disponíveis em Matlab que possi-
H0 bilitam a visualização em tempo real dos diagramas
fasoriais do gerador síncrono ou de seu diagrama de
operação, conforme ilustrado a seguir.
H O A Como o aspecto dos diagramas fasoriais depende das
⎛x ⎞
V ⎜ d − 1⎟ V solicitações de carga e dos parâmetros elétricos da
⎝ xq ⎠
maquina, o usuário é convidado a experimentar o
Figura 8. Obtenção do limite de estabilidade teórico. efeito de diversos parâmetros sobre os diagramas
fasoriais através de controles deslizantes ou inserindo
A curva HT é obtida construindo-se vários círcu-
valores numéricos em p.u. (potência aparente da
los, de diâmetros iguais ao do circulo da saliência.
carga, reatância de eixo direto, reatância de eixo em
Todos os círculos tangenciam a reta OR nos pontos
quadratura e tensão terminal). O fator de potência
O1, O2, etc..
também pode ser alterado (numericamente entre 0 e
As linhas que unem H a O1, O2, etc. cortam os círcu- 1) e sua natureza também pode ser escolhida através
los em H1, H2, etc.. A curva traçada por H1, H2, etc. de botões de opção (indutiva ou capacitiva).
é o limite de estabilidade, passando por H e o ponto A Figura 10 apresenta um diagrama fasorial típico
H0, o qual corresponde à máxima potência para a onde os controles de parâmetros de carga e os contro-
les de parâmetros do gerador síncrono podem ser
máquina sem excitação.
visualizados. Como os parâmetros do gerador hidráu-
lico possuem valores típicos, o controle deslizante
3.5 Diagrama de Operação Completo que define o valor da reatância de eixo direto permite
valores p.u. na faixa de 0,6 a 1,5 e valores de reatân-
A combinação dos diagramas fasoriais preceden- cia de eixo em quadratura na faixa de 0,4 a 1,0 (Por-
tes, construídos com valores em p.u. e calibrados em tugal 2007; Kundur 1994). O diagrama fasorial apre-
potência através da multiplicação dos segmentos que senta vetores auxiliares das quedas de tensão nas
representam as tensões por V X d fornece o diagra- reatâncias de eixo direto e de quadratura, utilizados
ma de operação do gerador de pólos salientes, con- na determinação da direção do fasor de excitação
forme mostrado na Figura 9 interna, ou seja, o ângulo de carga δ.
A região de operação estável e segura do gerador é
contornada pela linha mais espessa no diagrama da
Figura 9.

1.4
Limite Teórico de Estabilidade
Limite de Aquecimento do Rotor
1.2
Limite Prático de Estabilidade

Limite de Aquecimento do Estator


1
Limite Máximo da Turbina
pu de MW

0.8

0.6

0.4

0.2 Magnetismo Residual Limite Mínimo da Turbina

0
-1 -0.5 0 0.5 1
pu de MVAr

Figura 9. Diagrama de capacidade completo do gerador de pólos salientes.

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Figura 10. Diagrama fasorial de gerador de pólos salientes

Também é possível visualizar os valores numéricos


calculados da excitação interna, do ângulo de carga δ
e do ângulo φ que define o fator de potência.
O efeito das mudanças nos valores da carga pode ser
rapidamente avaliado. A Figura 11 mostra o diagra-
ma fasorial resultante de uma redução da potência
aparente da carga de 1,0 p.u para 0,6 p.u. A excitação
do gerador deverá ser ajustada para manter a tensão
terminal do gerador em 1,0 p.u. Neste caso, a fem do
gerador deverá ser reduzida de 1,76 p.u. para
1,41 p.u. Simultaneamente, o ângulo de carga é redu-
zido de 25,77° para 17,72° Figura 12. Efeito da alteração do fator de potência.

4.2 Diagrama de Capacidade do Gerador de Pólos


Salientes
Usando os mesmos recursos gráficos disponíveis
em Matlab, foi implementada uma interface gráfica
capaz de possibilitar a visualização em tempo real
das alterações em diagramas de capacidade proveni-
Figura 11. Efeito da redução na potência aparente. entes de alterações dos vários parâmetros do gerador
síncrono de pólos salientes.
Da mesma forma, o estudante poderá analisar o efei-
A interface gráfica da Figura 13 fornece acesso direto
to da alteração do fator de potência da carga sobre a
a todos os parâmetros necessários à construção do
excitação do gerador. A Figura 12 mostra o diagrama
diagrama de capacidade do gerador síncrona. A regi-
fasorial resultante da alteração do fator de potência
ão mais escura do diagrama corresponde à zona de
para o valor unitário, mantendo-se os demais parâ-
operação segura do gerador síncrona.
metros constantes. Neste caso, o aumento do fator de
potência de 0,9 para a 1,0 exige uma redução da
excitação de 1,76 p.u. para 1,45 p.u. Ao mesmo tem-
po, o ângulo de carga sofre um incremento de 25,77°
para 34,99°.

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Figura 13. Interface do software construtor de diagramas de capacidade de máquinas síncronas de pólos salientes.

O eixo vertical corresponde à potência ativa (p.u. de A área de operação segura diminui significativamen-
MW) enquanto que o eixo horizontal corresponde à te quando comparamos o diagrama da Figura 14 com
potência reativa (p.u. de MVAr). Para efeito de com- o diagrama de referência da Figura 13.
paração, os parâmetros do gerador fornecidos na Além das opções apresentadas pelos controles desli-
Figura 13 são considerados parâmetros de referência zantes e botões de opção, o software desenvolvido
para os demais exemplos contidos neste artigo. apresenta recursos de impressão e exportação do
Nesta interface é possível verificar o efeito dos valo- diagrama para outros aplicativos de editoração, faci-
res de reatância do gerador, da tensão terminal, limi- litando a confecção de relatórios pelos usuários.
tes de operação da turbina, de aquecimento do esta- Para facilitar a identificação dos limites da máquina,
tor, aquecimento do rotor, magnetismo residual e o usuário é convidado a clicar o ponteiro do mouse
margem de segurança do limite de estabilidade sobre as curvas coloridas. Quando isto acontece,
A construção do lugar geométrico dos limites de automaticamente uma descrição da curva aparece
estabilidade teórico e prático representa a maior informando o respectivo limite de operação. A Figu-
dificuldade na construção do diagrama de capacidade ra 15 ilustra esta funcionalidade do software.
para geradores com pólos salientes. O software de- O diagrama na Figura 15 também mostra a diminui-
senvolvido permite ao usuário uma imediata visuali- ção da área de operação estável quando diminuímos
zação do efeito da alteração dos parâmetros X d e o valor da tensão interna máxima de 2,0 p.u. para
X q sobre os limites do gerador. Para ilustrar este 1,8 p.u., conservando os demais parâmetros da Figu-
ra 13 inalterados.
recurso, o valor de X d é aumentado de 1,1 p.u. para
1,5 p.u.

Figura 15. Descrição dos Limites de Operação.


Figura 14. Diagrama de capacidade para X d = 1, 5 p.u.

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Para verificar se o gerador está dentro da área de Referências Bibliográficas


operação segura e estável, o usuário conta com recur-
sos para visualizar uma condição desejada. Por con- Dai Fen et al., 2009. MATLAB simulation
troles deslizantes, escolhe-se a potência aparente e o application in Signal & System course. In IT in
fator de potência da carga e um asterisco indica o Medicine & Education, 2009. ITIME '09. IEEE
lugar geométrico da extremidade do fasor de potên- International Symposium on. pp. 716 - 718.
cia aparente, explicitando se o mesmo encontra-se Guimarães, C.H.C. & Rangel, R.D., 2006. Diagramas
dentro ou fora da região de operação estável. A Figu- Operacionais de Unidades Geradoras. In Anais
ra 16 ilustra uma situação em que a situação da carga do X Simpósio de Especialistas em
extrapola o limite prático de estabilidade e o limite Planejamento da Operação e Expansão Elétrica.
de aquecimento do estator. No caso ilustrado, a carga X Simpósio de Especialistas em Planejamento
é de 1,2 p.u. de MVA com fator de potência 0,5 ca- da Operação e Expansão Elétrica. Florianópolis,
pacitivo. SC.
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Síncronos Conectados a Grandes Sistemas de
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Janeiro.
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Science, Engineering and Technology, 39, 392-
O software apresentado neste artigo tem empre- 400.
go imediato como ferramenta didática e de treina- Vargas, R. et al., 2008. A Matlab-based tool for
mento profissional. Porém, os conceitos utilizados e power system dynamics analysis: A comparison
a implementação também podem ser aproveitados with PSS/E. In Universities Power Engineering
para utilização na supervisão e controle da geração Conference, 2008. UPEC 2008. 43rd
de energia em tempo real. International. Universities Power Engineering
Embora as vantagens de ferramentas gráficas sejam Conference, 2008. UPEC 2008. 43rd
evidentes, é interessante a realização de testes mais International. pp. 1-5.
detalhados para verificar o impacto do uso da ferra- Zhu zhiling, Yang Shulian & Fang Xiang, 2007.
menta proposta no aprendizado de alunos cursando Using Powergui Capabilities of Matlab in
disciplinas de máquinas elétricas e controle. Teaching of Electric Power Engineering. In
A inclusão de módulos para visualização de outras Electronic Measurement and Instruments, 2007.
características do gerador tais como curvas de satura- ICEMI '07. 8th International Conference on.
ção e curvas V deverá ser realizada na sequência do Electronic Measurement and Instruments, 2007.
projeto. ICEMI '07. 8th International Conference on. pp.
Uma evolução natural do sistema proposto consiste 3-683-3-686.
em adaptar o algoritmo desenvolvido em Matlab para
possibilitar seu uso através da internet facilitando o
ensino à distância, empregando, por exemplo, applets
Java.

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